Após ter lido Medicina
Macabra de Thomas Morris lançado em 2020 pela editora DarkSide cheguei à
conclusão de como a medicina, de fato, era macabra nos séculos XVII e XVIII. Agora
se você me perguntasse como ficaria o século XVI nesse angu todo, olha...
prefiro nem responder, é melhor. Por isso, nunca a DarkSide escolheu um título
tão perfeito para uma obra como esse. Cara, cada caso tresloucado, cada médico
e até mesmo cada paciente sem noção. Caráculas! Agora entendi o porquê daquela
época ter ficado conhecida como a “Era da Medicina Heróica”. Muitos
procedimentos, principalmente cirúrgicos eram realizados na raça e na coragem.
Para se ter uma ideia do contexto médico daquela
época, a anestesia ainda não tinha sido descoberta, portanto as cirurgias eram
realizadas a sangue frio e em alguns casos com a ajuda do próprio paciente!
Ahahahaha! Juro que quase me deu um tilt quando soube disso lendo o livro de
Morris. Tem um caso, inclusive, descrito pelo escritor e pesquisador onde um paciente
que está tendo um dos braços amputados acaba sendo o brigado a ajudar o próprio
médico na cirurgia! Acredite: ele desempenhou o papel de instrumentista.
Quer mais? Sabem como era o tratamento para as vítimas
de afogamento? Ok, eu conto, mas já aviso que a resposta é ‘braba’ e pode
causar uma crise de risos nos leitores mais sensíveis: o primeiro socorro por
parte dos médicos para as pessoas do século XVII que tinham a infelicidade de se
afogarem era soprar a fumaça de um cachimbo no ânus da vítima. Ahahahaha!!
Avisei que você não iria aguentar né?!
Por essas e outras, que aconteceram no período em que
a medicina ainda estava engatinhando, é que o livro Medicina Macabra é deliciosamente gostoso de se ler. Além do texto
fluido, a obra ainda traz várias ilustrações feitas à mão.
O livro é dividido em sete capítulos: “Vergonha
Alheia”, “Insólita Medicina”, “Remédios Irremediáveis”, “Cirurgias Macabras”, “Curas
Extraordinárias”, “Histórias Macabras” e “ “Perigos Escondidos”.
Cada capítulo tem em torno de dez casos narrados por
médicos daquele período e que foram publicados posteriormente em revistas e
outras publicações médicas dos séculos XVII e XVIII. Achei super criativa a
idéia de dividir esses capítulos em casos curtos com depoimentos de médicos e
até mesmo de pacientes que passaram por determinados procedimentos.
O capítulo “Vergonha Alheia” é um show à parte e com
certeza deixarão os leitores de boca aberta com as atitudes impensadas de
alguns pacientes como foi o caso de um sujeito
que em 1724 teve um garfo engolido pelo ânus. Segura só o motivo: como ele
estava com prisão de ventre, decidiu utilizar o cabo de um garfo para
desobstruir as vísceras ou seja, desentupir o ânus. Contudo tendo o talher
escorregado para além do alcance de suas mãos, tornou-se impossível
recuperá-lo. Ele permaneceu com o objeto estranho em seu intestino por sete
meses com vergonha de procurar um médico, mas chegou um momento que as dores
começaram a perturbá-lo, então o tal sujeito decidiu passar ‘óleo de peroba na
cara’ e contar a verdade para o seu médico. Fico imaginando a cara desse doutor
(rs). Como o profissional conseguiu retirar o talher? Não vou contar porque
você não acreditaria; melhor ler o livro.
Este caso é apenas um aperitivo para os leitores do
blog, há muitos outros que prendem a nossa atenção como uma teia de aranha.
Como já disse acima, esses casos são deliciosamente gostosos de se ler.
Recomendo a obra que além de ter uma narrativa fluida,
ainda nos brinda com um layout de encher os olhos o que, afinal, já é uma marca
registrada da DarkSide. Capa dura, páginas amareladas e em material de
altíssima qualidade, corte colorido na tonalidade vermelho e fita-marca página
personalizada compõem o pacote.
Para ler e colecionar.
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