Um dia desses, após reler Micro de Michael Crichton morto em 4 de novembro de 2008, enquanto
escrevia esse livro, fiquei pensando naqueles autores que morreram durante o
processo de criação de suas obras, deixando-as, portanto, inacabadas. Alguns
desses enredos foram lançados incompletos, mas na maioria das vezes tiveram as
suas conclusões pelas mãos de familiares, amigos ou de outras pessoas próximas
do morto.
No post de hoje quero escrever sobre esses escritores
que morreram deixando incompletos os seus livros, mas apesar disso, as obras
acabaram indo parar nas prateleiras das livrarias concluídas ou semi-
concluídas.
Vamos conferir:
01 – Micro (Michael Crichton)
O norte-americano Michael Crichton, autor de Mundo perdido, e O parque dos dinossauros, entre outros best-sellers, estava escrevendo Micro quando faleceu, em 2008.
Pouco tempo depois de sua morte, familiares diretos do
autor descobriram o original do novo livro.
Crichton já havia escrito um-terço de Micro.
Foi então que essas pessoas responsáveis pelo espólio do autor procuraram
Richard Preston, amigo pessoal da família, para saber de seu interesse em dar
sequência ao enredo iniciado pelo autor falecido. Preston concordou, houve
interesse da editora e pronto: Micro
já estava confirmado como o mais novo lançamento de Crichton.
"Michael estava escrevendo em sua melhor forma,
com um grande senso de aventura, em um mundo estranho que parece quase além da
imaginação", disse, "Para mim foi um desafio irresistível terminar a
história e fui guiado por um desejo de honrar o trabalho e a criatividade de um
dos autores mais visionários." Disse Preston que é conhecido por um livro
de não ficção sobre o vírus Ebola: The
Hot Zone.
O enredo estilo montanha-russa de Micro descreve a aventura de sete promissores estudantes, cada um deles, graduado em determinado campo da ciência (aracnologia, entomologia, bioquímica, envenenamento, etc) que são miniaturizados e enviados para uma floresta tropical povoada de insetos, aranhas, formigas, centopéias e outros bichinhos inofensivos. Bem... inofensivos para nós leitores, mas letais para eles que estão tãaaao pequeninos.
O objetivo desses cientistas é recolher amostras para
serem utilizadas na fabricação de medicamentos que futuramente poderão acabar
com moléstias incuráveis. Mal sabe eles
que tudo não passa de uma conspiração.
02
- Alabardas, Alabardas (José Saramago)
Alabardas, Alabardas! ou Espingardas, Espingardas! – traduzido para o português - é um livro inacabado que José Saramago tinha começado no final de 2009 e tinha prosseguido em fevereiro de 2010. No entanto, quatro meses depois, o escritor português morreu na Ilha de Lanzarote (as Canárias, Espanha) aos 87 anos.
Trata-se de uma obra que contém os três primeiros
capítulos, do que seria o próximo romance do escritor, acompanhado pelas suas
anotações à obra e, ainda, por dois textos de Fernando Gómez e Aguilera e
Robertto Saviano, que comentam este romance.
Alabardas!
Alabardas! é uma referência à obra Exortação da Guerra de Gil Vicente. O texto de 130 páginas indaga
as contradições entre um homem obsessivo com as armas e uma mulher que as
detesta. Ambos, que são marido e mulher, vivem uma trama com outros personagens
relacionados com o mundo das armas e sua indústria.
A jornalista Pilar del Río, viúva de Saramago e
tradutora para o espanhol, explicou à Agência EFE que o livro é uma mensagem
contra "a violência, a guerra e a barbárie" em um mundo no qual cada
vez há mais presença de armas, tanto na Europa, como na América Latina e no
Oriente Médio. Ela garantiu que os textos foram publicados como estavam e
sustentou que os capítulos deixados pelo escritor funcionam perfeitamente como
um relato.
03
- Súplicas atendidas (Truman Capote)
Súplicas atendidas é o explosivo livro que Truman Capote, autor da obra prima A Sangue Frio, deixou inacabado. Na introdução da obra, o editor americano de Capote, Joseph M. Fox, narra minuciosamente as peripécias destes originais que – perdidos ou simplesmente não acabados – espalharam verdadeiro terror no jet set internacional apenas pela prévia que foi apresentada nos jornais.
Os milionários, socialites e celebridades em geral
jamais perdoariam Truman pela ousadia de revelar os segredos de alcova do grand
monde. Afinal ele era um deles e essas revelações foram consideradas traição. A
verdade é que Capote morreu e o livro ficou sem final. Ele jurava que havia
escrito a obra inteira, mas o restante dos originais jamais apareceu.
Anunciado por Capote cerca de vinte anos antes da data
em que viria a ser efetivamente lançado, este livro transformou-se pouco a
pouco numa das obras mais esperadas deste autor, a ponto de ter sido
considerado o mais famoso romance não publicado da literatura norte-americana.
Segundo release da LP&P, editora responsável pelo
lançamento do livro no Brasil, na fase em que chegou a assinar um contrato
relativo à publicação da obra, Capote classificou-o como "um equivalente
contemporâneo da obra-prima de Marcel Proust, Em busca do tempo perdido, adiantando que o seu objetivo era
constituir um estudo acerca do mundo dos muito ricos da Europa e da costa leste
dos Estados Unidos.
Capote queria fazer dele uma crítica corrosiva à alta
sociedade nova-iorquina: referências sexuais, fixações, fantasias, taras,
manias; identificando os personagens ou não, ele deixou indícios que permitiam
reconhecê-los.
Pouco antes de morrer, o escritor entregou à sua amiga
íntima Joanne Carson a chave de um cofre onde estaria depositado o manuscrito
de Súplicas atendidas. Porém, o cofre
estava vazio. O que aconteceu ao certo com a obra ninguém sabe: as páginas e
páginas que ele declarou ter escrito simplesmente não foram encontradas. A
versão do enredo que acabou sendo publicado contém três capítulos, que seguem a
saga de um escritor-massagista e suas aventuras pelo jet set, esbarrando com
personagens reais, como Montgomery Clift e Dorothy Parker.
04
– O Mistério de Edwin Drood (Charles Dickens)
O romancista inglês da era vitoriana morreu subitamente, aos 58 anos de idade, antes de poder acabar O Mistério de Edwin Drood. Seu imenso e fiel público leitor ficou desolado, visto que era sua primeira incursão pelo nascente gênero da literatura policial.
Embora o romance tenha o nome do personagem Edwin
Drood, ele se concentra mais no tio de Drood, John Jasper, um tutor, mestre de
coro e viciado em ópio, que está apaixonado por sua pupila, Rosa Bud. A Srta.
Bud, a noiva de Edwin Drood, também chamou a atenção do animado e temperamental
Neville Landless. Landless e Edwin Drood passam a antipatizar-se imediatamente.
Mais tarde, Drood desaparece em circunstâncias misteriosas.
A história se passa em Cloisterham, uma Rochester
levemente disfarçado.
Com a morte de Dickens em 9 de junho de 1870, o romance ficou inacabado, apenas seis dos doze episódios planejados foram publicados. Dickens não deixou nenhum plano detalhado para os episódios restantes, ou solução para o mistério do romance, e muitas adaptações e continuações posteriores por outros escritores tentaram completar a história.
Li vários textos na internet que também afirmam que
dois anos depois de sua morte, Dickens retornava, através da mediunidade de um
médium norte-americano chamado Thomas P. James para finalizar o trabalho.
05
– O Processo (Franz Kafka)
O Processo foi publicado postumamente por Max Brod, amigo pessoal de Franz Kafka que ignorou o desejo do autor de ter seus manuscritos destruídos.
O autor começou a escrever O Processo (Der Prozess) na segunda semana de agosto de 1914. Tal
escrita do romance se deu de forma instável e fragmentária, pois pouco tempo
antes, Kafka duvidava da própria capacidade de continuar escrevendo. No
entanto, depois desta crise criativa antes de O Processo, ele retoma seus
projetos, mas opta por interromper a obra, trocando-a por outros enredos.
O livro conta a história de um gerente bancário chamado Joseph K. que, sem explicação, se vê uma manhã surpreendido por três homens que o querem prender. A história tem um fim, embora seja apresentada de forma fragmentada, chegando mesmo um dos capítulos a terminar a meio de uma cena.
Em 1998 o manuscrito de O Processo foi a leilão e viria a ser adquirido, pelo equivalente a
cerca de milhão e meio de euros, pelo Ministério da Cultura alemão.
Independente desses cinco livros terem sido publicados
inacabados ou pelas mãos de outros autores, todos eles alcançaram grande
sucesso.
Inté galera!
Postar um comentário