Se eu tivesse que dar um conselho para alguém que
pretendesse assistir ao filme Psicose
de Alfred Hitchcock, eu diria na lata: “Deixe o filme e leia o livro”. Vejam
bem, não estou querendo dizer com isso que o livro escrito por Robert Bloch em
1959 é melhor do que a produção cinematográfica de 1960. Não, não! Longe disso.
Na verdade, ambos se equivalem, são verdadeiras obras primas. Ocorre que livro
e filme são semelhantes.
Hitchcock achou o enredo desenvolvido por Bloch tão
fantástico, tão perfeito, que optou por não mudar quase nada em sua adaptação
para o cinema, incluindo o final bombástico de derrubar o queixo da galera.
Sendo assim, livro e filme tem finais semelhantes.
Portanto, o leitor de “Psicose” que já assistiu a produção cinematográfica irá
degustar a obra já conhecendo a reviravolta que acontece no final. E apesar de
Hitchcock quase não ter mexido no enredo original, o livro de Bloch tem um
clima mais macabro e tenso do que o filme. Exemplo disso é a famosa cena do
chuveiro, onde o assassinato da personagem durante o banho é muito mais
sinistro e violento. Enquanto no filme, a vítima é morta a facadas, no livro, o
assassino utiliza um cutelo de açougueiro, além de promover um desmembramento
do corpo. Arghhhh! Bloch narra essas cenas de uma maneira tão peculiar e
realista que chega a perturbar o leitor. A carga psicológica é muito grande.
O Norman Bates do livro também é diferente do personagem interpretado por Anthony Perkins no filme da década de 60. Na minha opinião, o Bates das páginas é mais sinistro e desequilibrado do que o Bates dos cinemas.
No livro, Norman Bates é um homem de 40 anos, de rosto
gorducho, óculos sem aro, rosado, couro cabeludo visível sob os cabelos ralos e
amarelados. Resumindo: um homem nada atraente; ao contrário do personagem
vivido por Perkins que é magro, jovem e até certo ponto, atraente.
Um detalhe que faz com que o livro se torne mais
interessante do que o filme é a riqueza dos diálogos, principalmente entre
Norman Bates e sua mãe idosa, doente e maluca que vive humilhando o filho,
dizendo que ele
é um covarde, que nunca teve iniciativa, que jamais saiu
de casa e muito menos teve capacidade para arranjar uma namorada. Por sua vez, Norman
responde que na verdade a culpa é da mãe que nunca deixou ele se relacionar com
mulheres. Os diálogos descritos por Bloch são tensos e algumas vezes chegam a
chocar o leitor pelo teor de sua agressividade. No filme de Hitchcock ouvimos
poucos diálogos entre Norman e sua mãe. Pra ser sincero, quase nada. Norman
diz, apenas, para os seus hospedes, incluindo Marion Crane que a mãe é muito
doente e precisa ficar dentro e casa.
“Psicose” conta a história de Marion Crane, uma secretária
que foge com uma grande quantia em dinheiro de seu patrão que ela deveria
depositar no banco. Durante sua fuga, ela se perde no meio da madrugada, com
uma chuva terrível, indo parar numa estrada secundária e isolada onde se
encontra uma estalagem misteriosa e abandonada chamada Bates Motel.
O proprietário, Norman Bates, um homem antissocial,
vive com a presença de sua mãe dominadora e desagradável em uma casa anexa ao
Motel. Norman a mantém na casa alegando que a mãe é doente e tem acessos de
raiva constantemente, o que pode assustar ou constranger os (pouquíssimos)
hóspedes que param por ali.
É a partir aí que começa o drama de Marion Crane; um
drama que acabará envolvendo muitas outras pessoas.
“Psicose” foi relançado pela Darkside em 2013, quando
obra original já estava esgotada no Brasil há mais de 50 anos. Na época, a
editora caprichou no relançamento, disponibilizando o livro no mercado em duas
edições, uma em capa dura com o logotipo criado por Tony Palladino, e outra em
brochura com a imagem icônica do sangue descendo pelo ralo do banheiro.
A edição em capa dura traz um exclusivo caderno de
fotos com imagens do clássico de Hitchcock.
Vale muito a pena a leitura, como também assistir ao filme. Mas como já disse, leiam o livro primeiro e... se fiquem preparados para o final impactante.
Vale muito a pena a leitura, como também assistir ao filme. Mas como já disse, leiam o livro primeiro e... se fiquem preparados para o final impactante.
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