Na semana passada ao comprar um livro sobre o naufrágio
do Titanic lembrei de um ‘causo’ que aconteceu comigo no final dos anos 90.
Naquela época, para ser mais exato em 1998, o filme Titanic com o Leonardo DiCaprio
e a Kate Winslet havia se transformado numa verdadeira epidemia. Quando as
lojas anunciaram a chegada da produção cinematográfica em VHS duplo com um
encarte trazendo fotos e informações adicionais, um colega meu, o Renato, fez
questão de comprar o box, mesmo sabendo que o sistema VHS já estando perto de
decretar a sua morte com a chegada do DVD.
O Renatinho tinha acabado de instalar na sala da
casa de seus pais um sistema de som com caixas amplificadas e de última geração
para aquela época. Combinamos de assistir ao filme logo após a saída do nosso
trabalho.
Até aí tudo bem, se não fosse... a dona Mirtes – que
Deus a tenha – vizinha da mãe do Renatinho e que não saia de sua casa. Ela
tinha toda aquela pompa de recato, austeridade, seriedade, etc. A mulher
parecia uma freira – o que lhe valeu, inclusive, esse mesmo apelido - e todos
evitavam falar frases picantes, fazer brincadeiras, enfim, qualquer coisa que
ferisse a imaculada dona Mirtes. Palavrão, então... vote, vote, vote, vote mil
vezes.
Resumindo; quando chegamos, a “Freira” estava lá.
Pior, resolveu assistir ao filme conosco! Culpa da mãe do Renato que a
convidou. Todos nós, sentados nos sofás controlando as nossas ações e línguas
afiadas, parecíamos santos, a espera de sermos interrogados pela impoluta
mulher em sua cadeira de balanço. Então, de repente, no meio do filme, o
telefone toca e a dona Mirtes vai atender. Agora, imagine o sistema de som
surround do Renatinho, no último, na cena do casco do navio se partindo ao meio
e ainda como brinde, aquela música tenebrosa de fundo. Entonce... enquanto o
casco do navio quebrava, enquanto as paredes da casa do Renatinho tremiam e
enquanto o sistema surround cuspia uma barulheira para todos os lados, a “Freira”
gritou: “Quer abaixar a ‘porra’ dessa
porcaria!!!!”
Cara, depois disso a minha mente registrou todos os
detalhes que eu trago guardados até hoje, e cada vez que me lembro caio na
gargalhada. O Glauco, meu ex-editor, também o mais besteirento de todos nós e que
já conhecia a fama de austera da dona Mirtes, olhou para a galera com os olhos
arregalados e a expressão de pânico estampada no rosto e grunhiu com a boca
cheia de pipocas: “Ela falou porra?! Ela falou porra?!” E repetiu essa pergunta
mais duas ou três vezes com a expressão totalmente atarantada. Ele estava com um
ar enlouquecido; ensandecido, de fato, pela surpresa do choque. Renatinho, por
sua vez, se engasgou com a pipoca e começou a tossir loucamente. Giselda, nossa
secretaria, só conseguia pronunciar: “Hã? Hã? Hã? Hã?”. Estas foram as três reações
que me lembro até hoje.
O choque foi tanto, mas tanto, que ficamos
desorientados e esquecemos de abaixar o som, o que levou a “Freira” a disparar
um novo torpedo: “PMerd... abaixa isso aí que eu estou no telefone!”. Quando
ela descarregou o “PMerd...”, o Francisco, um dos nossos repórteres, saiu rindo
com a mão na barriga, igual um louco, pisando nos pés de todo mundo, derrubando
o que estava na mesa e foi diminuir o volume do sistema de som.
Nem preciso dizer que a dona Mirtes ficou ‘sem graça’
e evitou se encontrar conosco outras vezes.
Toda vez que vejo ou leio algo relacionado ao
Titanic lembro dessa cena hilária e principalmente da expressão mais hilária
ainda do meu ex-editor, grunhindo repetidamente: “Ela falou porra?! “Ela falou
porra?!”. Quanto a risada homérica do Francisco, juro que eu quero esquecer, porque
ela ainda me ‘assombra’ e volta e meia estou lutando para não ter um acesso e
riso durante uma entrevista ou quando estou no ‘ar’.
Pois é, lembrei-me de tudo isso nesse início de
semana quando comprei o livro “Titanic – A História Completa” de Philippe
Masson. As excelentes referencias da obra na web me levou a fazer a compra. Quero
saber os fatos que aconteceram antes, durante e depois do acidente, e tudo indica
que o livro de Masson promete desvendá-los respeitando os princípios do
jornalismo sério, deixando as especulações e historietas sem fundamento de
lado. Vamos ver se é isso, mesmo. Quando terminar prometo resenha-lo, mas acho
que ainda vai demorar um pouquinho por causa da minha lista de leituras um
pouco comprida.
Aproveitando o embalo, também comprei “Horas
Decisivas – A História Real do Mais Ousado Resgate Marítimo” do historiadores
Michael J. Tougias e Casey Sherman. O livro lançado originalmente em 2009 chegou
ao Brasil somente sete anos depois aproveitando a estreia do filme homônimo com
Chris Pine.
“Horas Decisivas” narra um dos resgates marítimos
mais audaciosos da história da guarda costeira americana. No dia 18 de
fevereiro de 1952 um grupo de homens do mar, corajosos e destemidos, se
reuniram para tentar salvar os tripulantes de dois navios petroleiros - Pendleton
e Fort Mercer - afetados por uma forte tempestade e que tiveram seus cascos
partidos ao meio.
Taí galera; causo contado e livros adquiridos.
Inté!
Postar um comentário