Pequenas grandes mentiras

19 março 2023

Se você gosta de livros que exploram dramas e conflitos familiares, Pequenas Grandes Mentiras da escritora australiana Liane Moriarty é a pedida certa, mais do que certa. A leitura é bem fluida e a trama reserva algumas reviravoltas incluindo o plot twist final bem ao estilo “Hercule Poirot”. Não tem como não fazer uma analogia com os livros do famoso detetive belga escritos por Agatha Christrie. Não; não estou querendo dizer que Moriarty “implantou” em seu enredo um detetive para solucionar um crime que acontece logo no início da história, mas só é esclarecido no final. Nada disso; esqueça o detetive inteligente e com uma alta capacidade de dedução O que estou querendo explicar é que nas últimas páginas de Pequenas Grandes Mentiras a autora reúne todos os principais personagens num local – uma varanda, para ser mais específico – e então, pimba! O culpado pela morte de fulano é revelado. Mais do que isso, o nome da vítima também é revelado. Taí! Méritos para Moriarty que conseguiu criar dois plot twists finais numa tacada só: a revelação do nome do criminoso (a) e também do nome da vítima. Bem diferente dos livros policiais onde a vítima é conhecida logo no início, deixando os holofotes para o seu algoz que é revelado apenas no “The End” da trama. Esta cartada da autora australiana foi um dos pontos fortes do livro, pois o leitor não vê a hora de descobrir quem matou e quem morreu; além dos motivos que provocaram o crime. E posso garantir que essas revelações valem a pena. Trata-se, sem dúvida, de um plot twist muito interessante. 

Além desse twist final, o livro traz outras reviravoltas menos bombásticas ao longo da trama mas nem por isso, menos interessantes. Portanto ao unir drama familiar com vários plot twists, além de um assassinato misterioso, a autora criou uma fórmula infalível de leitura fluida.

Pequenas Grandes Mentiras centra o seu enredo em três personagens principais: Madeline, Celeste e Jane. Três mães, cujos filhos estudam na Escola Pública de Pirriwee. É importante frisar que além delas existem outros personagens secundários que dão um gás a mais na trama. Aliás, acho que nem posso chamá-los de secundários porque a importância deles para os rumos da história é muito importante.

Pequenas Grandes Mentiras aborda alguns assuntos pesados como bullying e violência contra a mulher no próprio lar. Há trechos bem “trucões” nesse sentido.

Liane Moriarty

O crime acontece logo no início do romance durante um evento promovido pela Escola Pública de Pirriwee envolvendo somente os pais dos alunos. Com muita bebida e pouca comida, o encontro de pais dos alunos da escola tem tudo para dar errado. Fantasiados de Audrey Hepburn e Elvis Presley, os adultos começam a discutir já no portão de entrada, e, da varanda onde um pequeno grupo se reuniu, alguém cai e morre.

Quem morreu? Foi acidente? Se foi homicídio, quem matou?

Voltando ao tempo até alguns meses antes desse incidente, Moriarty conta a história dessas três mulheres, cada uma delas com os seus segredos diante de uma encruzilhada.

Madeline é forte e decidida que está no seu segundo casamento. Celeste é uma mulher invejável; bonita e rica tem um casamento que parece perfeito demais para ser verdade. Elas ficam amigas de Jane, uma jovem mãe solteira que semudou para a cidade com o filho Ziggy, fruto de uma noite malsucedida.

Quando Ziggy é acusado de bullying, as opiniões dos pais se dividem. As tensões nos pequenos grupos de mães vão aumentando até o fatídico dia em que alguém cai da varanda da escola e morre. Os envolvidos revelam impressões frequentemente contraditórias tornando cada vez mais difícil descobrir a verdade que só será revelada no final.

O romance reúne num mesmo enredo: ex-maridos e segundas esposas, mães e filhas, bullying e escândalos familiares. Tudo permeado com perigosas meias verdades que os personagens contam para si mesmos na esperança de esconderem ou amenizarem certas situações constrangedoras ou complicadas demais.

Um livro muito da hora.

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