10 livros conhecidos que viraram filmes marcantes nos anos 70

27 novembro 2023


 

Recordando aquele velho ditado popular: “Promessa é dívida”, cá estou para cumprir o que havia prometido no final dessa postagem (ver aqui) quando ‘disse’ que voltaria para fazer um post sobre os livros que renderam filmes de grande sucesso nos anos 70. 

Enquanto selecionava o material necessário para elaborar essa lista percebi o quanto os anos 70 foram importantes para o cinema, produzindo filmes que se tornaram verdadeiras obras primas em seus gêneros; e o melhor: grande parte desses filmes baseados em livros. Resumindo: Os anos 70 foram profícuos em filmes e livros antológicos; tão antológicos que após quase meio século ainda são lembrados por cinéfilos e leitores, obrigando os canais de streamings e livrarias a programarem e comprarem, respectivamente, esses filmes e livros.

Com todo o respeito aos anos 80 e 90, mas na minha opinião, a década de 70 foi a mais produtiva em filmes de sucesso adaptados de livros; obras  que são cultuadas até nos dias de hoje.

E então? Preparados para começarmos a recordar os livraços e os filmaços dos anos de 1970? Páginas e telas caminhando de mãos dadas? Então vamos nessa!

01 – O chefão (Mário Puzo)

Filme: O poderoso chefão (1972)

Mário Puzo lançou The Godfather no final de 1969 e imediatamente a obra se tornou um grande sucesso de vendas o que acabou seduzindo Hollywood a transformá-lo num filme em 1972. No Brasil, o livro ganhou o nome de Chefão e depois devido ao mega sucesso nos cinemas foi republicado trazendo na capa a imagem com os protagonistas do filme de Francis Ford Coppola.

Todos sabem que o filme com Marlon Brando, Al Pacino, James Caan e Robert Duvall foi um estrondoso sucesso comercial e de crítica, pavimentando o caminho para mais duas sequências. O filme foi indicado a 11 categorias do Óscar, das quais venceu 3 categorias, incluindo o prêmio de Melhor Ator para Marlon Brando.

Livro e filme exploram o enredo sobre uma família de mafiosos de origem siciliana que imigra para os Estados Unidos visando ampliar os seus negócios. Lembrando que o livro de Puzo foi o primeiro romance a introduzir a realidade da máfia, tornando usuais termos como omertà, consigliere, e outros, típicos da Cosa Nostra.

A interpretação de Marlon Brando com Don Corleone, o chefe da família de mafiosos, ficou imortalizada e até hoje é considerada uma das melhores atuações de todos os tempos.

02 – Tragédia no mar (O Destino do Poseidon) (Paul Gallico)

Filme: O destino do Poseidon (1972)

Um fato curioso quando se trata de adaptações cinematográficas envolve os livros e os filmes O Poderoso Chefão e O Destino do Poseidon. Os dois livros e os dois filmes foram lançados praticamente no mesmo ano. O Chefão, de Mário Puzo foi publicado originalmente em 1969; O Destino do Poseidon, de Paul Gallico, também. As duas adaptações cinematográficas, seguiram o mesmo caminho: ambas foram lançadas em 1972. Uma outra coincidência é que os filmes foram premiados com o Óscar; em diferentes categorias, mas foram. E para fechar o rol de acasos, filmes e livros foram muito bem recebidos por público e crítica.

O livro de Gallico foi lançado no Brasil, em 1969, pela editora Expressão Cultural com o título de Tragédia no Mar: O Destino do Poseidon. Neste mesmo ano, a Edibolso publicaria uma edição de bolso da obra de Gallico.

Três anos após o lançamento da obra literária viria a produção cinematográfica “arrasa quarteirões” que faturou alto nas bilheterias dos cinemas mundiais. O filme com Gene Hackman, Ernest Borgnine, Roddy McDowall e Shelley Winters, entre outros, é considerado ao mesmo tempo precursor e obra-prima da tendência chamada de 'disaster movie' que passou a dominar Hollywood na década de 70.

Filme e livro narram o drama de um grupo de passageiros de um transatlântico de luxo, o S.S. Poseidon que após ser atingido, na véspera de Ano Novo, por uma onda gigantesca, vira de cabeça para baixo. Um grupo de sobreviventes que está em um salão de baile de um convés superior (mas que depois de virar, fica abaixo da linha d'água) tenta escapar da embarcação visando chegar à casa de máquinas que se localiza no casco do navio.

03 – Tubarão (Peter Benchley)

Filme: Tubarão (1975)

O filme “Tubarão” de Steven Spielberg baseado no livro homônimo de Peter Benchley provocou uma verdadeira histeria na época de seu lançamento chegando ao ponto de afastar muitas pessoas das praias, pois elas temiam ser atacadas por um tubarão branco como aquele dos cinemas.

“Tubarão” foi lançado nos Estados Unidos em 20 de junho de 1975, acompanhado de grande campanha publicitária da Universal Pictures, tornando-se um grande sucesso de crítica e comercial, conseguindo o que foi à época o maior faturamento da história do cinema com um pouco mais de 470 milhões de dólares e a maior bilheteria de todos os tempos, só sendo superada por Guerra na Estrelas (Star Wars) em 1977.

O livro de Peter Benchley (ver aqui e aqui) publicado em 1974 também não negou fogo e foi considerado um grande sucesso, com a versão em capa dura ficando na lista dos mais vendidos por cerca de 44 semanas e a brochura vendendo milhões de cópias no ano seguinte.

Os sucessos de livro e filme também puderam ser percebidos nas grandes filas nas portas dos cinemas e das livrarias na época dos seus lançamentos.

04 – Expresso da meia-noite (Billy Hayes e William Hoffer)

Filme: O expresso da meia-noite (1978)

Em 1977, Billy Hayes escreveu em parceria com o biógrafo Wiliam Hoffer o livro de não ficção Expresso da Meia-Noite onde narra suas experiências e fuga de uma prisão turca após ser condenado no país por tráfico de haxixe.

No início da década de 1970, os Estados Unidos declararam “guerra às drogas” e com isso, Hayes tornou-se um exemplo por tentar contrabandear haxixe para fora da Turquia . Quando sua pena foi estendida para 30 anos, ele decidiu fugir.

O livro foi adaptado por Oliver Stone e dirigido por Alan Parker em um longa-metragem de mesmo nome em 1978. Embora baseado numa história real, o filme omitiu a homossexualidade do protagonista e sofreu acusações de preconceito contra os turcos, cujas prisões virariam exemplo de "lugar execrável".

Apesar dessas polêmicas, o filme que teve uma estreia apenas morna nos cinemas em 1978, acabou ganhando, ao longo dos anos, o status de produção cult.

05 – Desejo de matar

Filme: Desejo de matar (1974)

“Desejo de Matar” que estreou nos cinemas em 1974 foi um marco do subgênero de “filme de vigilante” que marcou os anos 70 juntamente com outra pérola do gênero: “Perseguidor Implacável”. Marcou tanto a década de 1970 que acabou dando origem a uma série de cinco filmes, todos eles com Charles Bronson, além de um remake com Bruce Willis. E por falar no saudoso “cara de pedra” Charles Bronson é importante frisar que “Desejo de Matar” transformou o ator – morto em 2002 aos 81 anos - num ícone dos filmes de ação dos anos 70 e 80.

Baseado em livro homônimo de Brian Garfield publicado em 1972 (ver resenha do livro aqui), foca no personagem Paul Kersey - um pacato arquiteto da cidade de Nova Iorque - que tem sua mulher morta e sua filha estuprada por três bandidos e passa a agir como um "vigilante", perseguindo os criminosos nas ruas à noite.

Com relação ao livro de Garfield vale a pena contar uma curiosidade sobre como surgiu a ideia do autor de escrevê-lo. Vamos lá; Garfield foi inspirado a usar o tema do “vigilante solitário que sai pelas ruas fazendo justiça com as próprias mãos” após alguns incidentes em sua vida pessoal. Em um deles, a bolsa de sua esposa foi roubada; em outro, seu carro foi vandalizado. Seu pensamento inicial era que ele poderia matar o "FDP" responsável. Mais tarde, ele considerou que eram pensamentos primitivos, contemplados em um momento desprotegido. Ele então pensou em escrever um romance sobre um homem que entrou nessa maneira de pensar em um momento de raiva e nunca mais saiu dela. O romance original recebeu críticas favoráveis, mas não foi considerado um best-seller. Dois anos depois de sua publicação, ou seja, logo após o lançamento do filme, em 1974, passou a ser muito procurado, conseguindo assim, mesmo que tardiamente, o sucesso merecido.

06 – Um estranho no ninho (Ken Kesey)

Filme: Um estranho no ninho (1975)

Quando os anos 60 estavam começando ou, sendo mais exato, quando o ano de 1960 começava, um escritor, até aquele momento desconhecido, teve a ideia de se inscrever para ser monitor de um hospício em San Francisco. Ele queria ter uma noção de como os internos daquela instituição se sentiam ficando ali isolados do mundo. Foi nesse momento que esse autor desconhecido começou a imaginar como seria a vida de uma pessoa excêntrica e normal, mas considerada louca por causa de sua excentricidade, fosse parar num hospício. Como ela se sentiria? Como seria o seu relacionamento com os outros internos? Entonce, ele resolveu colocar essa ideia no papel. Pronto! Nascia assim, o livro Um estranho no ninho e ao mesmo tempo começava a surgir um escritor famoso chamado Ken Kesey.

O livro publicado originalmente em 1962 bombou em vendas e 13 anos depois iria parar nas telonas dos cinemas. O filme consagrou Jack Nickolson, firmando o seu nome como um dos atores mais icônicos de Hollywood.

“Um estranho no ninho” foi o segundo filme de maior bilheteria lançado em 1975 nos Estados Unidos e Canadá sendo superado apenas pelo fenômeno “Tubarão” de Stevem Spielberg.

O filme baseado na obra de Kesey ganhou os cinco principais prêmios do Óscar durante a 48.ª cerimônia da premiação em 1976. As estatuetas incluem as de Melhor Ator para Jack Nicholson, Melhor Atriz para Louise Fletcher, Melhor Direção para Miloš Forman, melhor roteiro adaptado para Lawrence Hauben e Bo Goldman e de Melhor Filme.

Livro e filme exploram a saga do personagem R. P. McMurphy (Jack Nicholson), um preso que escapa da condenação fingindo-se de louco. McMurphy é então internado em um hospício, sob a tutela de uma enfermeira sádica que comanda os internos com suas rigorosas sessões de terapia e eletrochoque. Aos poucos McMurphy percebe que o hospício pode ser muito pior que a prisão, nesse novo universo cercado de pacientes inseguros, ansiosos e constantemente dopados.

07 – O exorcista (William Peter Blatty)

Filme: O exorcista (1973)

Falar ou escrever o quê do livro e do filme O exorcista? Cara, é o mesmo que chover no molhado! Todos já sabem que se tratam de verdadeiras obras primas da literatura e do cinema. No meu caso, costumo mensurar a importância dessas duas obras, lembrando que a produção cinematográfica foi a primeira e única do gênero terror, até hoje, a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme. Quanto ao livro, na época de seu lançamento no Brasil, em 1972, pela editora Nova Fronteira, vendeu tanto, mas vendeu tanto que fez com que os lucros obtidos pudessem patrocinar o lançamento da primeira edição do Dicionário Aurélio.

“O Exorcista” pode ser considerado o filme que alavancou o gênero terror, abrindo as portas da sétima arte para as produções do gênero que depois passaram a ser produzidas a exaustão, mas sem nunca terem superado o êxito de seu antecessor que continua sendo considerado o melhor filme de terror de todos os tempos.

Com um diretor de prestígio – William Friedkin havia lançado, dois anos antes, “Operação França”, ganhador do Oscar de Melhor Filme e Direção – e um elenco de primeira linha, encabeçado pelo sueco Max von Sydow, parceiro de Ingmar Bergman em vários clássicos, e a atriz Ellen Burstyn, indicada à estatueta dourada no ano anterior por “A Última Sessão de Cinema”, não tinha como a produção cinematográfica naufragar nas telas. Resultado: um filme de terror antológico.

Quanto ao livro O Exorcista, mesmo após mais de meio século de lançamento ainda continua sendo procurado aos montes pelos leitores nos sebos e livrarias, sim, livrarias, porque várias editoras não se cansam de relançar a história de Blatty em novos formatos, seja em capa dura ou edições de bolsos.

08 – Kramer versus Kramer (Avetry Corman)

Filme: Kramer versus Kramer (1979)

Na minha opinião “Kramer versus Kramer” é um dos melhores filmes de toda a premiada carreira do ator Dustin Hoffman. A produção cinematográfica recebeu nove indicações para o Òscar das quais ‘papou’ cinco: melhor filme, direção (Robert Benton), ator (Dustin Hoffman), atriz (Meryl Streep) e roteiro adaptado (Robert Benton).

Deu para perceber que o filme fez um baita sucesso no finalzinho da década de 70; concordam? Quanto ao livro - apesar da versão cinematográfica ter sido muito mais difundida, o que fez com que muitas pessoas pensassem que não se tratava de um roteiro adaptado – foi muito elogiado pela crítica.

Livro e filme exploram o drama do casal Kramer: Ted e Joanna . Ted Kramer (Dustin Hoffman) é um profissional para quem o trabalho vem antes da família. Joanna (Meryl Streep), sua mulher, não pode mais suportar esta situação e sai de casa, deixando Billy (Justin Henry), o filho do casal. Quando Ted consegue finalmente ajustar seu trabalho às novas responsabilidades, Joanna reaparece exigindo a guarda da criança. Ted não aceita e os dois vão para o tribunal lutar pela custódia do garoto.

09 – Laranja mecânica (Anthony Burgess)

Filme: Laranja mecânica (1971)

Taí mais um caso de escritor que detestou a adaptação de seu livro para o cinema. Anthony Burgess não gostou nem um pouco das mudanças feitas por Stanley Kubrick em seu enredo e cuspiu marimbondos na cara do diretor. Caráculas!! E não é que Kubrick, esse gênio do cinema, conseguiu irritar dois escritores: Anthony Burgess e Stephen King? No caso de King, a decepção foi com o filme “O Iluminado”, o qual o mestre do terror detestou. Mas voltando as atenções para a Laranja Mecânica, Burgess ficou insatisfeito pelo diretor ter glorificado a violência no filme. Para o escritor, a interpretação incorreta de sua obra por parte do cineasta levou uma geração de leitores a repetir o erro.

Anos após o lançamento de “Laranja Mecânica” nos cinemas, Burgess chegou a dizer que jamais deveria ter escrito o livro, pois a própria obra dava margem a interpretações incorretas.

Mas o mais importante nisso tudo foi a aceitação de livro e filme por leitores e cinéfilos que adoraram as duas obras, não dando atenção para esse desentendimento entre Burgess e Kubrick.

A história de “Laranja Mecânica” que se passa em um futuro distópico aborda temas como a criminalidade da juventude, psiquiatria, livre arbítrio e a corrupção moral. No filme, Alexander Delarge (Malcolm McDowel)         é líder de uma gangue de jovens marginais que, por meio de atos violentos, espalham o caos pela cidade. A transformação de Alex de um punk sem moral até um cidadão exemplar doutrinado e sua volta ao estado rebelde, compõe a chocante visão do futuro que Kubrick elaborou a partir do livro de Burgess.

10 – Carrie, A Estranha (Stephen King)

Filme: Carrie, A Estranha (1976)

Fecho a nossa lista com esse livraço e esse filmaço. Claro, né... só poderia mesmo ser do tio King. Aliás, se hoje, Carrie, A Estranha é tão comentado, tão elogiado e tão cultuado, os louros dessa vitória se deve em grande parte a Tabitha Jane Spruce ou simplesmente, Tabitha King; esposa do mestre do terror.

O próprio King revelou em uma entrevista que não tinha muita certeza sobre seguir em frente com Carrie porque ele não estava gostando do que havia escrito, para ser mais enfático, tinha achado o enredo horrível e, então, jogou no lixo, pois acreditava que não condizia com a realidade. Ao ver a atitude do marido, Tabitha foi até o cesto de lixo e não parou de fuçar até ter encontrado o manuscrito todo amassado. Pegou as folhas de papel judiadas e esfregou no nariz de King. Fico imaginando a bronca que o autor levou: “Seu infeliz!! Tá louco?! Você chegou a ler direito o que escreveu?! Então, pode dar um jeito de publicar essa história porque ela é fantástica!” Pronto, nascia assim, um dos livros mais cultuados do autor.

Quanto aos filmes, Várias adaptações de Carrie foram lançadas, mas nenhuma delas supera a produção de 1976 com Sissy Spacek, Pìper Laurie, Nancy Allen e John Travolta; um clássico do gênero terror. O filme teve uma influência significativa na cultura popular. Dirigido por Brian De Palma, “Carrie, A Estranha” recebeu duas indicações ao Oscar, Melhor Atriz para Sissy Spacek e Melhor Atriz Coadjuvante para Piper Laurie, que também foi indicada na mesma categoria pelo prêmio Globo de Ouro. O filme foi marcante e mesmo tendo sido lançado quase trinta anos atrás diversas cenas permanecem na memória de diversas pessoas, como a do banho de sangue, a perseguição das garotas com Carrie no banheiro e as cenas do fanatismo desmedidas de sua mãe.

Um filmaço!

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