Ouço e vejo muitos comentários sobre Depressão Pós
Livro, a famosa “DPL”, mas acho que acabei de descobrir um novo tipo de
depressão exclusiva de todos nós leitores, a desconhecida: “DDR” que significa:
“Depressão De Releituras”. Pois é, acho que estou passando por ela porque tenho
todos os sintomas suspeitos. O primeiro sinal de alerta surge quando você, de
repente, sente uma vontade incontrolável de reler determinado livro. O segundo
sinal aparece quando você mal começou a releitura de um livro e já está com
vontade de reler um outro. E por fim, o sintoma que comprova que você, de fato,
sofre de DDR é aquele em que nem começamos a reler uma obra e, então, surge a
vontade de encarar uma saga completa. De repente, são três, quatro, cinco ou
mais livros que ingressam na fila.
O leitor começa, assim, a ficar deprimido porque além
dos livros novos que tem em sua lista de leituras, a fila começa a engrossar
por causa das releituras e com isso, a DDR se instala. Há dois tipos de tratamento: o tratamento de
choque e, por fim, o tratamento mais demorado. O primeiro é bem radical, do
tipo: esqueça as releituras e leia apenas os novos de sua lista e espere essa
vontade louca de reler ir se dissipando aos poucos. Já no segundo tratamento: o
leitor deve frear o seu impulso de comprar novos livros e logo na sequência, criar
o hábito de ler dois livros; por exemplo: num período do dia “ataco” uma obra
inédita e no outro período, ataco uma releitura. Neste tipo de tratamento pode
ser aplicada uma pequena variação: releia antes todos aqueles livros os quais
você está morrendo de vontade - porque nada melhor do que aproveitar o momento
em que estamos “morrendo de sede” de beber um enredo literário que nos atrai;
isto é o que definimos de magia da leitura – e só depois passe a encarar as
novas aquisições literárias.
No meu caso, eu prefiro essa segunda opção de
tratamento para a DDR. Mas vocês perceberam como é difícil cuidar desse tipo de
depressão? Mas agora, deixando a linguagem conotativa de lado, quero revelar
para vocês que estou passando por uma fase de releituras. Assim, do nada,
surgiu uma vontade incontrolável de reler ASombra do Vento de Carlos Ruiz Zafon. Este impulso veio no momento em que
estava lendo Circe: Feiticeira. Bruxa.Entre o castigo dos deuses e o amor dos homens de Madeline Miller. Pensei
comigo: “Assim que terminar Circe já começo o livro de Zafon”. Mas ao concluir
a leitura de Circe, optei por iniciar
O Meu Nome é Ninguém – O Juramento de
Valerio Massimo Manfredi que conta a saga de Ulisses, um dos maiores heróis da
mitologia grega. Pensei novamente comigo: “enquanto vou acalentando a doce
sensação de uma releitura de Zafon, bebo na “fonte inédita” de Meu Nome é Ninguém outro livro que
estava morrendo de vontade de ler. Aí, sim, depois, releio A Sombra do Vento.
Me ferr... porque mal tinha alcançado a metade do
livro de Manfredi, a DDR atacou novamente e de maneira brutal. Novamente, do
nada, veio aquela vontade traiçoeira de reler toda a quadrilogia O Cemitério dos Livros Esquecidos do
qual A Sombra do Vento faz parte. A
saga é composta ainda por O Jogo do Anjo,
O Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos Espíritos.
Como eu “disse” essa impiedosa DDR veio rasgando
porque além da quadrilogia de Zafon, ontem surgiu, repentinamente, o desejo de
reler a história do apóstolo São Lucas contada de maneira romanceada no
clássico Médico de Homem e de Almas
de Taylor Caldwell que vendeu milhares de livros em todo mundo. E pra complicar
um pouco mais, vale lembrar que com a exceção de O Prisioneiro do Céu todos os demais livros que desejo reler tem um
número bem considerável de páginas.
Taí galera, apresento-lhes um novo distúrbio comum
para todos nós devoradores de livros, a DDR.
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