Tão bom quanto “Circe” de Madeline Miller. Esta é a melhor
definição para o livro do escritor, jornalista e arqueólogo italiano Valério
Massimo Manfredi. Aliás, deixe-me fazer uma pequena mudança nessa definição: sai
o “bom” e entra o “ótimo”. Portanto, Meu Nome é Ninguém – O Juramento é tão
ótimo quanto Circe.
Adorei o livro logo de cara porque gosto de narrativas em
primeira pessoa, ou seja, quando o protagonista da história assume o controle
total do enredo como se dissesse para o escritor: “Se manda que agora eu assumo
daqui para frente”. Somado a isso, eu também adoro mitologia grega. Quer mais?
Amo esses dois personagens da mitologia: Circe, a Feiticeira e Ulisses. Sendo
assim, para gostar do livro só faltava ele ser bem escrito; e diga-se, Meu
Nome é Ninguém - O Juramento é tão bem escrito quanto a obra magnífica de Miller. Resultado:
amei, amei e amei a história de Massimo.
Cara, imagine só, Ulisses, um dos personagens mais
famosos da mitologia grega – tão famoso que ganhou de Homero um poema só seu no
evento mais célebre de toda a mitologia: a Guerra de Tróia – contando de viva
voz toda a sua história; desde o seu nascimento até a sua participação na
guerra causada pela mulher mais bonita do planeta.
Como arqueólogo que é, além de escritor, Massimo
cavucou à fundo as origens do personagem, desenterrando informações inéditas
que nunca haviam sido reveladas em nenhum livro sobre o tema. Como foi o nascimento
de Ulisses ou Odisseu, porque ele ganhou esse nome e quem lhe deu esse nome,
como foi o início de seu treinamento e como ele aprendeu a desenvolver as suas
habilidades de persuasão, a importância e a influência do avô de Ulisses em seu
crescimento, além de muitos outros detalhes até outrora, desconhecidos sobre a
infância e adolescência do herói.
Passando pela sua fase adulta, os leitores descobrirão
como o herói conheceu Penélope, como eles se apaixonaram e como foi o seu
casamento; como Odisseu conheceu Aquiles, outro herói famoso da Guerra de Tróia,
e como foi o desenvolvimento dessa amizade – vale lembrar que Ulisses foi, de
fato, o único herói que Aquiles, verdadeiramente respeitou.
Meu Nome é Ninguém – O Juramento, explica minuciosamente a origem da Guerra de Tróia, um evento que começou após a quebra de um
juramento idealizado por Ulisses. As vitórias, derrotas, conflitos, alegrias,
tristezas; enfim, como era o dia a dia dos heróis gregos em seu acampamento ao
redor das muralhas de Tróia. Tudo isso narrado por Ulisses.
Massimo ainda encontrou espaço em sua obra para contar
outras passagens importantes da mitologia grega envolvendo Hércules e o famoso
argonauta Jasão que tiveram um envolvimento, mesmo que indireto com Ulisses.
O autor também explora em seu livro, a lenda grega de
Admeto e Alceste. Na tragédia, Admeto é condenado a morte e sua esposa Alceste
aceita dar sua vida em troca da dele. Ele então, vai até o Hades e consegue
trazê-la de volta à vida. A questão é que quando ela retorna... – acredite, essa lenda também tem relação com Ulisses, mesmo que de maneira indireta.
Outra curiosidade revelada pelo escritor em Meu Nome é
Ninguém - O Juramento que eu não sabia e também, com certeza, a maioria de vocês
desconheciam era o envolvimento entre Helena de Tróia e Ulisses. Não conto mais
detalhes para não revelar spoillers, mas adianto que por muito pouco, Ulisses quase
foi o escolhido de Helena. Fico imaginando como seria vê-lo no lugar de
Menelau.
Enfim galera, um livro que pode ser chamado de “livraço”.
Agora, pretendo ler a segunda e última parte da duologia de Mássimo (Meu Nome é Ninguém - O Regresso) que narra a
viagem tumultuada e cheia de perigos que Ulisses/Odisseu realizou em seu
retorno à Ítaca após os 10 anos de guerra contra os troianos. Agora, some esses 10 anos com outros 17 – que foi o tempo que durou a viagem de Ulisses. Viu só o resultado? Pois é, temos 27 anos! Este foi o período de tempo que o famoso herói grego ficou longe de sua amada
Penélope e de seu filho Telêmaco, na época recém-nascido.
Inté!
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