6 cartilhas escolares dos anos 70 e 80 que deixaram uma baita saudade

22 novembro 2023

Hoje, o “Livros e Opinião” vai se transformar numa máquina do tempo que levará os seus leitores para a época das saudosas cartilhas escolares que fizeram parte do aprendizado de milhares de estudantes que tiveram o privilégio de viver as gerações dos antológicos anos 70 e 80. Duas décadas mágicas, responsáveis por mudanças sociais, culturais e claro, educacionais em nossas vidas. Sim, “nossas vidas”, porque também vivi os meus melhores momentos nessas duas décadas, principalmente nos anos de 1970.

Por muito tempo perdurou que estar alfabetizado era saber as letras, juntar sílabas e formar palavras, nessa época se aprendia através da repetição de sons e era comum o uso das cartilhas nas escolas, eram o que se chama atualmente de método sintético, principalmente utilizando a fonação e a soletração.

As cartilhas que por muito tempo, sobretudo nas décadas de 70 e 80 fizeram parte do processo de alfabetização eram livros com leituras restritas que partiam de palavras-chave, principalmente substantivos e que priorizavam os métodos que citei acima.

Apesar das cartilhas escolares fazerem parte de um contexto onde as regras comportamentais eram extremamente rígidas e o estímulo ao pensamento crítico dos alunos praticamente inexistia, elas deixaram muitas saudades. Só mesmo aqueles que viveram naquela época para entender tal magia que provoca uma emoção enorme aos vermos uma ilustração ou imagem desses materiais escolares antigos.

A nossa máquina do tempo já está chegando nos anos 70 e 80; período em que era praxe todos os estudantes das escolas primárias e secundárias formarem filas duplas no pátio para cantarem, na hora da entrada, o hino nacional e o hino da bandeira. Depois, essas turmas subiam, em formação, para suas respectivas salas de aula para realizarem os seus deveres escolares tendo como fiéis companheiras as suas cartilhas; as mesmas cartilhas que iremos reviver a partir de agora nessa postagem.

Vamos a elas!

01 – Caminho Suave

Quem tem mais de 40 ou 45 anos de idade com certeza irá se lembrar da cartilha Caminho Suave. Tratada como relíquia e lembrada como uma forma mais tradicional e conservadora de aprendizagem da leitura que as atuais, a cartilha Caminho Suave marcou época. 

Para entender a sua importância, basta lembrar que entre a década de 50 e os anos 1990, passando, claro, pelos imbatíveis anos 70 e 80, estima-se que mais de 48 milhões de brasileiros tenham aprendido a ler seguindo as frases simples da cartilha Caminho Suave, que usava a técnica denominada "alfabetização por imagem", e que ainda desperta memórias afetivas de muitos adultos como a lembrança de um método eficiente para ensinar a ler.

A ideia adotada era bem simples: associar imagens e letras com o objetivo de facilitar o aprendizado. Por exemplo, a letra A era escrita no corpo de uma abelha, a B na barriga de um bebê, a V compunha os chifres de uma vaca. Em razão dessa estratégia, criada pela professora Branca Alves de Lima em 1948, a publicação tornou-se conhecida como um método de "alfabetização pela imagem".

O livro foi um sucesso por décadas, até cair em desuso e perder o prestígio em meados dos anos 1990, quando novas pesquisas da psicolinguística e sociolinguística passaram a tratar a alfabetização como um processo que deveria ensinar mais do que apenas a decifrar letras e sílabas.

02 – Cartilha da Infância

A Cartilha da Infância criada por Thomaz Paulo do Bom Sucesso Galhardo, professor formado pela Escola Normal de São Paulo também pode ser considerada antológica nas décadas de 70 e 80. Ela se baseava no método da silabação e foi publicada no início da década de 1880; em 1890, foi modificada e ampliada por Romão Puiggari, tendo atingido sua 233ª edição, em 1992.

Essa cartilha se caracterizava como uma concretização do método da silabação ou silábico, considerado por Galhardo como “moderno” e “solução intermediária” mais adequada ao ensino da leitura e escrita às crianças, naquele momento histórico. Trata-se de método sintético, de acordo com o qual se inicia o ensino da leitura com a apresentação das

famílias silábicas – aprende-se a sílaba, depois a formação de palavras e, por fim, a estruturação da frase.

03 – Nova Cartilha Analítico Sintética

Para conciliar os dois métodos de alfabetização, o moderno e o antigo, o educador piracicabano Mariano de Oliveira criou em 1916 a Nova Cartilha Analítico Sintética que só viria a ser publicada um ano depois. Ela durou até 1976, tendo o seu auge em 1941. Da sua criação até o início dos anos de 1940, esse material didático conseguiu vender mais de um milhão de exemplares, mantendo a média de tiragem, por ano, acima dos 100 mil exemplares até 1969.

Apesar de no início de 1970 a sua produção ter caído drasticamente para 40 mil exemplares e chegando em 1976 a apenas 1.000 exemplares, essa apostilha continuou sendo usada como principal apostilha de educação infantil em muitas escolas da década de 70 até sair de circulação no final de 1976.

04 – Cartilha Sodré

A Cartilha Sodré que ficou conhecida pelos professores como “Método Sodré de Educação” foi criada pela professora  Benedicta Stahl Sodré. Ela concluiu o curso de professora pelo Instituto de Educação Sud Minucci de Piracicaba, ingressou no Magistério e depois foi removida para a cidade de São Carlos. Lecionou durante 32 anos e concomitantemente, dedicou-se à pesquisa no campo da alfabetização, que resultou na organização de um processo de alfabetização, culminando com seu primeiro livro: “Cartilha Sodré”, que teve uma tiragem espetacular e que auxiliou na alfabetização de milhares de brasileiros.

A sua primeira edição foi lançada em 1940. A partir da 46ª edição, de 1948, a Cartilha Sodré passou a ser publicada pela Companhia Editora Nacional. Conforme dados da editora, de 1948 até 1989, data da última edição, foram produzidos 6.060.351 exemplares. Em 1977, ela foi remodelada pela educadora Isis Sodré Verganini. Além da alteração no formato da cartilha, foram acrescentadas mais 30 páginas.

A Cartilha Sodré tinha um método próprio, o ‘Método Sodré’, ou ‘Alfabetização rápida’ onde todas as lições eram organizadas de acordo com o processo “rápido”. O processo era considerado rápido, porque os alunos eram inseridos imediatamente na aprendizagem das sentenças, palavras e sílabas, sem que houvesse um período preparatório.

Acredito que muitos leitores e seguidores do “Livros e Opinião” quando crianças seguiram esse método de alfabetização em suas escolas.

05 – Tabuada: ensino prático para aprender aritmética

Cara, essa cartilha me provocava terrores e pesadelos dos mais “pesados”. Simples: sempre fui um péssimo aluno quando o assunto se relacionava com números e equações. Caráculas! Tabuada, então... nem pensar. 

Mas independentemente do meu medo com a tão temida matemática, não posso negar que essa cartilha deixou saudades em muitos alunos, principalmente aqueles que estudaram nas escolas dos anos 70.

Tabuada: ensino prático para aprender aritmética vai além das tabelas, trazendo "dicas" das operações matemáticas. Esse material foi bastante utilizado por milhares de alunos do ensino primário na década de 70 em todo o Brasil.

06 – Desenhocop

Este caderninho espiral de capa grossa surgiu no final dos anos 60 e imperou também no início de 1970. O tal do Desenhocop causou uma verdadeira revolução no ensino daquele período, provocando frisson em alunos e professores de educação Artística (nos anos 70, eles eram chamados de professores de Desenho). Como eu não tinha nenhuma aptidão para desenhar, confesso que devo à esse santo caderninho mágico, as minhas notas, pelo menos, razoáveis na matéria.

O Desenhocop tinha um conjunto de folhas finas de papel vegetal com desenhos que abrangiam grande variedade de temas escolares e também do nosso dia a dia. Cada série escolar tinha o seu Desenhocop específico, por isso, o conjunto de temas tinha uma grande variedade, entre os quais vultos da nossa história, religião, ciências, etc.

Como ele funcionava? Simples. Bastava o aluno passar o lápis no contorno do desenho para que ele fosse reproduzido no caderno ou no papel almaço. Depois era só reforçar as linhas copiadas e pronto! A cópia do desenho estava pronta para encarar a fase de pintura. O Desenhocop fazia todos nós, estudantes dos anos 60 e 70, nos sentirmos grandes “artistas”.

E quanto a você? Será que algumas dessas cartilhas colaboraram com a sua alfabetização no passado?

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