10 livros sobre true crimes para você ter em sua estante

14 outubro 2023

O chamado “true crime” está catapultando as vendas de livros em todo o mundo, principalmente no Brasil. Uma reportagem que li - em meados de 2022 – não me lembro em qual jornal, revista ou site, afirmava que esse gênero literário passou a ser o mais vendido aqui na terrinha, superando os tradicionais romances policiais, thrillers psicológicos, biografias e autobiografias, além das melosas histórias de amor que tem em Nicholas Sparks o seu melhor e maior representante.

O gênero “true crime” envolve as narrativas que contam crimes reais. Os livros, podcasts ou séries de TV trazem informações sobre a investigação e reconstrução dos fatos envolvendo esses crimes. As histórias tratam da psicologia dos criminosos, bem como da forma como os crimes aconteceram, depoimentos de testemunhas e sobreviventes e o processo de investigação policial. O conteúdo dessas obras é, em sua maioria, jornalísticos: entrevistas, áudios de processos, gravações feitas em tribunais, imagens da cobertura da imprensa dos crimes e diversos outros.

O crime mais comumente retratado é o de assassinato, com uma boa parte dos títulos focando em um assassino em série. A abordagem varia entre análise do perfil do criminoso, o desenrolar do caso – com detalhes sobre as investigações –, explicação do modus operandi (o método do criminoso), e até mesmo equívocos que possam ter acontecido no processo de análise do crime.

Este gênero ganhou cada vez mais espaço nos diferentes tipos de mídia, principalmente nos livros e na televisão. Séries que abordaram os assassinatos da atriz Daniela Perez (Pacto mortal) ou a ascensão e queda da deputada e pastora Floderlis, acusada e condenada pelo assassinato de seu marido em 2019 (Em nome da mãe) explodiram nos streamings alavancando as audiências da Globay e da HBO, respectivamente. O mesmo fenômeno, mas com temas diferentes também vingaram nos livros fazendo com que a maioria das editoras explorassem esse filão ao máximo. Prova disso, foi a DarkSide que chegou até mesmo a criar uma marca relacionada ao tema batizada de “Crime Scene” e que se tornou uma das mais rentáveis da editora carioca.

Resumindo: nunca um gênero literário esteve tão em alta como o true crimes. Por isso, o “Livros e Opinião” também decidiu embarcar nessa onda e elaborar uma postagem direcionada, especialmente, aos leitores que apreciam essa categoria de livros. Neste post, escolhi 10 obras de “true crimes” que ganharam a cabeça da galera. Eles fazem ou fizeram parte de qualquer lista de mais vendidos. Seus temas são intrigantes e certamente irão agradar em cheio. Vamos a eles:

01 – Lady killers (Tori Telfer)

Lady Killers foi inspirado na coluna homônima da escritora Tori Telfer no site Jezebel.com. O livro é um dossiê de histórias sobre assassinas em série e seus crimes ao longo dos últimos séculos.

Telfer caprichou. Acredito que ela gastou muito tempo em suas pesquisas para montar o seu enredo. Escrever sobre assassinas em série, de um modo geral, já é difícil devido a falta de material sobre o assunto, o que não acontece quando o tema diz respeito à assassinos. Por algum motivo, o material sobre homens que matam em série é muito mais amplo do que aqueles que se referem sobre o mesmo tema, mas tendo o sexo oposto sob os holofotes. Apesar disso, a autora conseguiu escrever um livraço.

Com um texto informativo, mas também ao mesmo tempo fluido, Telfer recapitula a vida de catorze mulheres com apetite para destruição, suas atrocidades e o legado de dor deixado por cada uma delas.

Em Lady Killers você vai conhecer, por exemplo, a Vovó Sorriso, que dominou as páginas dos jornais norte- americanos em 1950 por seu carisma e piadas mórbidas. Ela teria matado quatro maridos! Outro destaque é para Kate Bender que recebia viajantes em sua hospedaria e tinha o hábito de assassinar todos que ousavam flertar com ela! Uma verdadeira viúva negra.

O que levou essas e outras Lady Killers do livro a cometerem esses crimes? Como era o seu modus operandi? Como a polícia chegou até elas?  Você irá conseguir desvendar esses mistérios após ler a obra de Tori Telfer.

02 – Serial killers – Anatomia do mal (Harold Schechter)

O subtítulo do livro de Harold Schechter já explica a sua essência: “Entre na mente dos psicopatas”. E é, exatamente, isso que os seus nove capítulos fazem. O leitor acaba mergulhando fundo na mente de predadores assassinos que ficaram famosos ao longo da história por causa das atrocidades cometidas. O autor não esconde absolutamente nada, revelando detalhes macabros de crimes horrendos e os motivos que poderiam ter levado esses serial killers a cometerem tais monstruosidades.

Serial Killers – Anatomia do Mal faz um estudo minucioso da mente dos serial killers, desde a sua infância até a fase adulta, apontando as possíveis causas que poderiam ter levado uma criança normal a se transformar num assassino cruel, sanguinário e sem remorsos.

Schechter que é professor de literatura e cultura americana no Queens College, na Universidade da Cidade de Nova York, renomado por suas obras sobre crimes verídicos, aponta os principais sinais que indicam que uma criança possa vir se tornar um serial killer no futuro. Cara! Impressionante esse capítulo! Ele explica ainda a diferença das categorias de assassinatos: em “série”, “em massa” e “relâmpago”. As nuances entre psicótico e psicopata.

03 – Modus Operandi: Guia de true crimes (Carol Moreira e Mabê Bonafé)

Carol Moreira e Mabê Bonafé tem um podcast chamado Modus Operandi que apesar do pouco tempo em atividade (nasceu em janeiro de 2020) já angariou uma audiência gigantesca.

Agora, as duas trazem para o papel toda a experiência que acumularam em mais de cem episódios em um livro para quem quer saber tudo sobre “true crimes”, um universo que conquista cada vez mais fãs.

Em Modus Operandi: Guia de true crime, as autoras abordam as principais bases do gênero de maneira simples, objetiva e bem-humorada. Entre capítulos sobre sistema de justiça, polícia, investigação, casos arquivados, serial killers e outros, a dupla descreve dezenas de crimes que impactaram o Brasil e o mundo, conta a história de assassinos em série e traz diversas curiosidades e fontes para quem quiser saber mais sobre o assunto.

Com referência a casos célebres, muitos deles contados no podcast do Globoplay, e a filmes e séries, Modus Operandi passeia pela história do gênero, listam os tipos de crime, os passos de uma investigação e como funcionam os sistemas judicial e carcerário.

O famoso Bope carioca ganha um espaço especial quando falam do sequestro do ônibus 174, em 2000, uma tragédia que exemplifica como o “sistema falhou”, de acordo com Mabê. Elas discorrem também sobre como as penitenciárias brasileiras refletem o racismo estrutural.

Tanto o podcast quanto o livro continuam sendo muito elogiados por críticos e leitores.

04 – O Caso Evandro (Ivan Mizanzeck)

No início da década de 90, várias crianças desapareceram no Paraná. Em 6 de abril de 1992, na cidade de Guaratuba, litoral do estado, foi a vez do menino Evandro Ramos Caetano, de 6 anos. Poucos dias depois, seu corpo foi encontrado sem mãos, cabelos e vísceras, o que levou à suspeita de que ele fora sacrificado num ritual satânico. Passados três meses, numa reviravolta que deixou até os investigadores atônitos, sete pessoas — incluindo a esposa e a filha do prefeito da cidade — foram presas e confessaram o crime. O caso, que ficou conhecido como "As bruxas de Guaratuba", teve imensa repercussão. 

Especulações sobre o crime diabólico preencheram páginas e mais páginas de jornais, e ocuparam a programação televisiva. Os desdobramentos judiciais se estenderam por cerca de três décadas.

Neste livro reportagem, criado a partir da pesquisa feita para a quarta temporada do podcast “Projeto Humanos”, Ivan Mizanzuk conta como procedimentos investigativos contestáveis e denúncias de tortura puseram em xeque a validade não apenas do trabalho policial, mas também das confissões dos supostos culpados.

05 – Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano (John Douglas e Mark Olshaker)

Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano se tornou o livro mais vendido da editora Intrínseca em 2017. A obra arrebentou em vendas naquele ano e, agora, nos tempos atuais, ainda continua conquistando novos leitores. O livro fez tanto sucesso que acabou virando uma série na Netflix.

Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano mostra os bastidores de alguns dos casos mais terríveis, fascinantes e desafiadores do FBI.

Durante as mais de duas décadas em que atuou no FBI, o agente especial John Douglas tornou-se uma figura lendária. Em uma época em que a expressão serial killer, assassino em série, nem existia, Douglas foi um oficial exemplar na aplicação da lei e na perseguição aos mais conhecidos e sádicos homicidas de nossos tempos. Como Jack Crawford em O Silêncio dos Inocentes, Douglas confrontou, entrevistou e estudou dezenas de serial killers e assassinos, incluindo Charles Manson, Ted Bundy e Ed Gein.

Com uma habilidade fantástica de se colocar no lugar tanto da vítima quando no do criminoso, Douglas analisa cada cena de crime, revivendo as ações de um e de outro, definindo seus perfis, descrevendo seus hábitos e, sobretudo, prevendo seus próximos passos.

O livro é um fascinante relato da vida de um agente especial do FBI e da mente dos mais perturbados assassinos em série que ele perseguiu.

06 – A Sangue frio (Truman Capote)

Nos anos 60, Truman Capote, revolucionou a literatura com a obra A Sangue Frio. O livro, que narra desde o brutal assassinato de uma conhecida família de Kansas até a execução dos assassinos, é até hoje um marco na história do jornalismo investigativo e, referência para qualquer um que queira escrever um romance de não-ficção.

Mesmo que a obra de Capote fuja um pouco das vertentes do “true crime” já que o autor romantizou os fatos reais, não posso negar que A Sangue Frio foi um divisor de águas, ou seja, foi a partir dele que outros autores começaram a escrever romances policiais baseados em fatos reais, mas não deixando de lado as características principais do gênero “true crimes” onde o autor examina um crime real e detalha as ações de pessoas reais apesar da chamada "romantização da verdade”.

Capote narra os detalhes de um crime que chocou o estado de Kansas, nos Estados Unidos, em 15 de novembro de 1959 quando a respeitada família Clutter foi encontrada morta em sua fazenda na cidade de Holcomb. Os quatro membros: o pai Herbert, de 48 anos; a mãe Bonnie, de 45 anos; a filha de 16 anos, Nancy, e o filho mais novo, Kenyon de 15 anos, foram amordaçados e baleados por Richard Eugene “Dick” Hickock e Perry Edward Smith.

O crime teve ampla cobertura da imprensa local, por se tratar de uma família conhecida e pela gravidade, até então, não explicada das ações. Assim que soube da notícia, Capote resolveu viajar até o Kansas para cobrir a história, levou consigo a também escritora, e amiga de infância, Nelle Harper Lee. Juntos entrevistaram os assassinos e revelaram detalhes da chacina.

O livro foi lançado em 1965, acompanhou Dick e Perry até o dia da execução. O lançamento foi um sucesso instantâneo e, hoje é o segundo livro de crime mais vendido na história.

A narrativa vai muito além da cobertura de um crime, com razões e consequência para a brutalidade. Capote consegue nos fazer imergir na história. Entendendo o que motivou o crime, e os diversos ângulos que ele engloba.

07 – Columbine (Dave Cullen)

Quando falamos de massacres em escolas, o primeiro pensamento na mente de qualquer um é o (infelizmente) conhecido ‘Massacre de Columbine’. Ocorrido no dia 20 de abril de 1999, o caso entrou para a história dos Estados Unidos depois que dois estudantes do Columbine High School entraram no colégio armados e, depois de assassinarem brutalmente 13 pessoas — 12 estudantes e um professor — e ferirem outros 21, se suicidaram.

O trágico episódio — realizado por Eric Harris e Dylan Klebold — teve um impacto significativo na cultura americana e levou a debates sobre controle de armas, bullying nas escolas e saúde mental.

Dave Cullen foi um dos primeiros repórteres a chegar à cena e passou dez anos escrevendo Columbine, livro que hoje é considerado a obra definitiva sobre o tema. Os episódios recontados são uma mistura das reportagens que Cullen publicou na época com anos de pesquisa ― incluindo centenas de entrevistas com a maioria dos diretores envolvidos, a análise de mais de 25 mil páginas de evidências policiais, incontáveis horas de vídeo e áudio, e o trabalho extenso de outros jornalistas de confiança.

Columbine ganhou vários prêmios e honras, incluindo o Edgar Allan Poe Award (2010), o Barnes & Noble’s Discover Award (2009) e o Goodreads Choice Award (2009. Columbine também foi indicado em mais de vinte listas de melhores livros de 2009, incluindo The New York Times, Los Angeles Times, Publishers Weekly, e foi eleito como uma das melhores obras da década de 2000 pelo American School Board Journal.

08 – BTK Profile: Máscara da maldade (Roy Wenzl)

Ao longo de três décadas, um monstro aterrorizou os moradores de Wichita, Kansas. Um assassino em série que amarrava, torturava e matava mulheres, homens e crianças, iludiu a polícia por anos a fio enquanto se vangloriava de suas terríveis façanhas para a mídia. A nação ficou chocada quando os crimes de BTK — a sigla para os termos em inglês bind, torture, kill, que eram sua assinatura criminosa — foram enfim associados a Dennis Rader, um vizinho amigável, marido devoto e respeitado presidente da congregação de uma igreja local.

Este livro é fruto da intensa colaboração entre polícia e imprensa local. Os dois resolveram se unir e trabalhar em conjunto pois entendiam que para manter a cidade informada e a salvo, imprensa – no caso jornal – e polícia precisavam colaborar e já que o BTK queria a atenção da mídia e se comunicava com os jornais locais, por isso, nada melhor do que dividir isso com a polícia.

O autor de BTK Profile: Máscara da maldade é repórter do jornal Wichita Eagle e tinha conhecimento dos crimes do BTK ao longo dos anos. A intenção com este livro era corrigir os erros de edições que falavam dos assassinatos e escrever a versão definitivas sobre o que de fato aconteceu.

09 – Caso Henry: Morte anunciada (Paolla Serra)

Na madrugada de 8 de março de 2021, o menino Henry Borel chegou à emergência de um hospital do Rio sem respirar e com o corpo gelado. Foi levado pela mãe, Monique Medeiros, e seu companheiro, o vereador em quinto mandato Dr. Jairinho. Um mês depois, os dois eram presos, acusados pela morte da criança. 

A investigação da morte do menino de apenas 4 anos tinha tudo para ser arquivada por falta de provas e sepultada nos escaninhos da burocracia oficial. Mas o poder e o prestígio de Jairinho esbarraram em médicos comprometidos com a vida, em policiais focados em descobrir a verdade e na determinação de Paolla Serra, jornalista de “O Globo” que foi a responsável por fazer o caso se tornar conhecido publicamente e teve papel fundamental na investigação da morte de Henry Borel.

Nos últimos oito meses a jornalista se dedicou ao caso e ao livro que relata os bastidores de mais um homicídio infantil que chocou o país. Em “Caso Henry: Morte anunciada”, a autora conta informações exclusivas e inéditas que levaram à prisão do casal. Além disso, o público também poderá ver o perfil de um dos protagonistas dessa trama.

10 – Elize Matsunaga – A mulher que esquartejou o marido (Ullisses Campbell)

Foi em 19 de maio de 2012 que Elize Matsunaga matou o marido Marcos com um tiro na cabeça. Em seguida, esquartejou o corpo por cerca de seis horas, distribuindo os pedaços em malas e desovando em uma mata. Como em um filme, Matsunaga tinha planejado passo a passo após o crime. Visitou os sogros e os mostrou um e-mail falso, do qual o texto havia sido escrito por ela, que se passava pelo marido morto, dizendo que estava tudo bem. Enquanto mostrava a mensagem eletrônica aos pais de Marcos, Elize chorava afirmando que ele havia fugido com uma amante.

Dez anos após o assassinato, muitos se perguntam qual a razão de Elize ter matado seu marido. Neste livro, Ullisses Campbell narra a juventude conturbada de Elize Matsunaga, o relacionamento problemático de seus pais, o estupro na adolescência e muitas outras marcas que afetaram, e provavelmente a afetam até hoje.

Quem é Elize? Por que Elize matou seu marido? Como ela está após anos na prisão? Essa e muitas outras respostas em uma obra de Ulisses Campbell, lançada pela editora Matrix.

As opções estão aí para você que gosta do gênero true crime fazer a sua escolha. Espero ter ajudado.

Por hoje é só galera.

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