O que nos motiva a reler um livro? Na semana passada
estava pensando nisso. Na realidade, as motivações são tantas, né galera? Pode
ser uma minissérie ou um filme que você assistiu e acabou lhe despertando uma
vontade enorme de reler o livro que originou a adaptação; pode ser uma obra que
você não tem em sua estante mas leu há muito tempo na biblioteca pública
municipal e agora quer relê-la; ou então o trecho de um enredo que você leu há
décadas mas não se recorda do seu final. São “N” os motivos que podem provocar
uma releitura.
Pois é, hoje quero escrever sobre isso, ou seja, os
livros que pretendo reler e o que acabou provocando essa vontade de reencontrar
com personagens e enredos que eu já conheço ou recordo.
Posso garantir que algumas releituras são muito
prazerosas e valem a pena. Não sei se acontece com você, mas comigo, muitas
vezes esse prazer supera o deleite de uma “leitura inédita”. Talvez seja por
isso que a minha lista de leituras esteja crescendo a cada dia.
Ok, mas vamos ao que interessa, aos livros que
pretendo reler ainda neste ano. Espero que essa lista também sirva como
sugestão para aqueles que seguem esse blog e estão à procura de boas histórias
para devorar.
01
– Jurassic Park (Michael Crichton)
Como já escrevi nessa postagem (ver aqui) existem
livros que damos a vida para consegui-los. Então, quando atingimos o nosso
objetivo, pegando em nossas mãos a “jóia preciosa”, nos transformamos numa
verdadeira criança; daquelas que acabam de ganhar o presente dos seus sonhos,
ficando com aquele sorriso bobo e ao mesmo tempo inocente no rosto. O Parque dos Dinossauros (Jurassic Park),
de Michael Crichton, é um livro que tem essa aura. Pelo menos teve comigo.
Lutei muito para consegui-lo, mesmo porque naquela época – 2001 - não tínhamos
ainda o advento dos sebos on line. Se não encontrássemos o livro que queríamos
numa livraria on line tradicional, tínhamos de procura-lo em um sebo numa
cidade próxima ou distante de onde morávamos.
Posso afirmar que O Parque dos Dinossauros (Jurassic Park) foi o meu primeiro sonho de consumo nesta fase devoradora de livros que começou ainda na infância e dura até hoje. Caráculas, como eu queria esse livro!
Com essa febre chamada “Jurassic World: Domínio” que
invadiu os cinemas, bem antes do seu lançamento, me bateu uma vontade enorme de
reler os dois livros de Michael Crichton que serviram de base para todos os
filmes das duas franquias.
A produção cinematográfica ainda estava na fase de divulgação
com trailers e prólogos bombando no Youtube, além de comentários e análises que
recheavam as redes sociais. Com esse bombardeio de informações antes da vontade
de reler os livros veio o desejo de assistir novamente aos seis filmes que
compõem as duas franquias dos “dinos”. Com isso acabei revendo: “Jurassic Park
- Parque dos Dinossauros” (1993), O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997),
Jurassic Park 3 (2001), Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015),
Jurassic World: Reino Ameaçado (2018) e finalmente Jurassic World: Domínio (2022).
Logo que acionei o play do primeiro Jurassic Park, ao
ver na tela os paleontólogos Dr. Alan Grant e Ellie Satller, além do impagável
Dr. Ian Malcolm ‘pintou’ um desejo incontrolável de reler o livro de Crichton
lançado em 1990.
02
– O Mundo Perdido (Michael Crichton)
Com certeza, O Mundo Perdido será um dos primeiros na minha lista de releituras. Aliás não
dá para ler O Parque dos Dinossauros
e se esquecer da sua sequência. Mas na realidade, pretendo reler esse livro
porque a sua história é muito diferente do filme de 1997, além do mais, David
Koepp que adaptou o roteiro do livro para o filme dirigido por Steven Spielberg
cortou um personagem da obra literária que achei muito importante. Estou me
referindo a Richard Levine. Várias espécies de dinossauros também foram podados
e o enredo mudou radicalmente. Por isso quando me pedem para comparar livro e
filme costumo dizer que ambos são dois estranhos.
Amei o livro muito mais do que o filme, por isso vou
relê-lo.
03
– Nada Dura Para Sempre (Sidney Sheldon)
Pra ser sincero, ‘volta e meia’ lá estou eu relendo
algum livro de Sidney Sheldon. Fugindo um pouco do assunto – mas não fugindo
tanto assim, já que essa divagada está ligada ao tema principal – tenho um
amigo que é fã de músicas bregas. Ele gosta muito; mesmo! Um dos cantores que
ele mais curte é o saudoso Barros de Alencar. Há algum tempo, estávamos
viajando para o litoral paulista, junto com as nossas esposas, quando começou a
tocar “Apenas Três Minutos”. Neste momento o meu amigo disse: - PQP! A vóz desse
cara enfeitiça a gente! Quando eu ouço essa música é como se eu estivesse hopnotizado”
– Eu, Lulu e a Amélia - mulher desse meu amigo - não aguentamos a maneira que
ele encontrou para dizer que gostava da vóz do Barros de Alencar, e rimos
muito.
Entonce, com os livros do Sheldon acontece a mesma
coisa. Os seus enredos enfeitiçam os leitores de uma tal maneira que eles
acabam relendo as suas obras muitas vezes. Um dos livros desse autor que estou
namorando há alguns meses é Nada Dura Para Sempre. Logo o estarei relendo.
04
– Trilogia “As Crônicas de Artur” (Bernard Cornwell)
Galera, sempre que bato os olhos nessa trilogia que se
encontra num lugar de destaque em minha estante, sinto um apetite enorme em
devorá-la. Aliás, não sei porque até hoje não a reli. Talvez por ser uma
trilogia eu acabe me assustando um pouco, mas percebo que o desejo de reler está
superando o receio de adiar a sua leitura em troca de novos livros que adquiri
recentemente.
Os livros Rei doInverno, O Inimigo de Deus e Excalibur que formam a trilogia escrita
por Bernard Cornwel são fantásticos. O carisma dos personagens fisga os
leitores de uma tal maneira que eles não conseguem mais largar os livros. Foi o
que aconteceu comigo. Li a saga em tempo recorde.
A série desmistifica toda a lenda arturiana como
conhecíamos em nossa infância ou adolescência.
Esqueça a Távola Redonda, Camelot, espada mágica,
donzelas suaves, Santo Graal e um Merlin com poderes sobrenaturais. Se prepare
para ver um Lancelot covarde, um Artur sem coroa, um Mordred aleijado e um
Merlin malandro e charlatão, mas muito inteligente e perspicaz. Você deve estar
se perguntando: “Caramba! O autor arrebentou a história de Artur!!” Aqueles que
pensam dessa maneira, se enganam redondamente. Pelo contrário, Cornwell
reescreveu a história de Artur... do verdadeiro Artur, sem damas do lago,
monstros que propõem soluções de enigmas, cavaleiros galantes e espada
encantada que num passe de mágica sai do meio de uma pedra.
Todo o enredo dos três livros que compõem a As Crônicas de Artur foi escrito baseado
em pesquisas arqueológicas e documentos importantes resgatados das décadas de
540 e 600 d.C. Por isso, aqueles que lêem os livros passam a ter uma ideia mais
realista de quem foi esse grande comandante guerreiro que viveu nos séculos V e
VI e que enfrentou os saxões defendendo a Grã-Bretanha de uma invasão. Como já
disse, uma visão realista da história de Artur, sem fantasias e contos de
fadas.
05
– As Mil e Uma Noites (Antoine Galland)
As Mil noites e uma noites, é uma coleção de histórias e contos
populares originárias do Médio Oriente e do sul da Ásia e compiladas em língua
árabe a partir do século IX. No mundo moderno ocidental, a obra passou a ser
amplamente conhecida a partir de uma tradução para o francês realizada em 1704
pelo orientalista Antoine Galland, transformando-se num clássico da literatura
mundial.
Os contos estão organizados como uma série de
histórias em cadeia narrados pela personagem Xerazade, esposa do rei Xariar.
Este rei que ficou louco após ter sido traído por sua primeira esposa, passou a
desposar uma noiva diferente todas as noites, mandando matá-las na manhã
seguinte. Xerazade consegue escapar a esse destino contando histórias
maravilhosas sobre diversos temas que captam a curiosidade do rei. Ao
amanhecer, Xerazade interrompe cada conto para continuá-lo na noite seguinte, o
que a mantém viva ao longo de várias noites – “as mil e uma” do título - ao fim
das quais o rei já se arrependeu de seu comportamento e desistiu de executá-la.
Cara, as
histórias narradas por Xerazade são incríveis. Elas enfeitiçam qualquer leitor
(olha o Barros de Alencar, novamente aí – rs). Os contos de Simbad – O Marujo, Ali Babá e os Quarenta Ladrões, O
Gênio da Lâmpada e os Três Desejos, Califa,
o Pobre, além de tantos outros são impagáveis. Tenho o box lançado editora
Ediouro em 2001. Os dois livros possuem aproximadamente 1.080 páginas da mais
pura magia.
Quando li “As Mil e Uma Noites” me senti o próprio
sultão Shariar, querendo desesperadamente saber o final de cada conto. Resultado:
leitura viciante e noites e mais noites em claro com o livro nas mãos.
São páginas da mais pura magia, contos que prendem o
leitor como uma teia de aranha da qual não se consegue escapar. Algumas
histórias fizeram tanto sucesso que acabaram se transformando em livros
próprios, além de ganhar inúmeras versões para o cinema.
No caso de As
Mil e Uma Noites já comecei a sua releitura que venho fazendo intercalada
com outros livros. Como se trata de uma obra de contos bem curtos, posso relê-los
com outros livros sem sofrer um nó na cabeça (rs).
06
– O Livro de Ouro da Mitologia – História de Deuses e Heróis (Thomas Bulfinch)
No início da resenha de O Livro de Ouro da Mitologia –História de Deuses e Heróis que publiquei em 2011 (ver aqui) escrevi as
seguintes linhas: “Há livros que por mais que relemos nunca nos deixam
esgotados, pelo contrário nos vicia ao ponto de tempos em tempos irmos até a
nossa estante e pegarmos o ‘dito cujo’ para nos saciarmos. Se não o relemos na
sua totalidade, pelo menos folheamos as partes que consideramos mais
interessantes e que queremos reviver”.
O
Livro de Ouro da Mitologia – Histórias de Deuses e Heróis
é uma obra com essas características. Pelo menos para mim. Tanto é verdade, que
já perdi as contas das vezes que o li e reli.”
Fiz questão de publicar acima o que escrevi há mais de
onze anos para que vocês tentem dimensionar o número de vezes que já reli as
histórias desse livro escrito pelo pesquisador Thomas Bulfinch. Posso garantir
que foram muitas releituras. E para variar, os contos da obra voltaram a
despertar o meu interesse e brevemente estarei partindo para um novo reencontro.
Bulfinch escreve de uma maneira direta, sem enrolação
o que torna a leitura fácil, fluindo naturalmente. São 50 histórias que irão
entusiasmar os amantes da mitologia grega. Você vai mergulhar no mundo mágico
da guerra de Tróia; as aventuras de Enéias; a busca pelo velocino de ouro pelos
argonautas; o retorno de Ulisses à Ítaca; conhecer a origem dos famosos
soldados comandados pelo não menos famoso Aquiles, conhecidos por Mirmidões; além
de se informar sobre deuses, heróis e vilões famosos da mitologia grega, entre
os quais Apolo, Juíter, Zeus, Midas, Cupido, Psique, Minerva, Hércules, Teseu,
Perseu, Medusa, Atlas, entre outros.
Bom demais. Tão bom que vale muuuuitas releituras.
07
– Os Três Mosqueteiros (Alexandre Dumas)
Li Os Três Mosqueteiros pela segunda vez em 2011 – a primeira vez, foi ainda na
época do curso primário. Alexandre Dumas conseguiu uma verdadeira proeza na
época: popularizar um romance histórico, transformando-o em capa e espada,
mesclando personagens reais e imaginários. O sucesso de Os Três Mosqueteiros foi tanto que deu origem a inúmeras peças de
teatro, produções cinematográficas e televisivas.
Apesar de já ter lido a obra do autor francês duas
vezes, recentemente optei por relê-la novamente e fui mais além: apesar de já
conhecer a história, optei por comprar o livro ao invés de emprestá-lo de uma
biblioteca pública. Fiz isso por causa da nova edição da Zahar que está um luxo
só.
A editora caprichou tanto nesse relançamento que está virando
a cabeça dos colecionadores e amantes da obra de Dumas.
A tradução viva do texto integral feita por André
Telles e Rodrigo Lacerda é uma verdadeira pérola. Os caras são feras. Eles
conquistaram o prêmio Jabuti em sua categoria graças a tradução de O Conde de Monte Cristo. Isto significa
que a tradução de Os Três Mosqueteiros
também recebeu o mesmo esmero e cuidado. A nova publicação tem ainda capa dura,
acabamento de luxo e muitas ilustrações.
Acha que eu vou perder? Não dá, né?
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