Brigitte Montfort e O Coyote, dois personagens das pulp fictions que merecem uma adaptação cinematográfica

03 junho 2022

Eu tento entender porque alguns personagens tão emblemáticos da literatura ainda não ganharam uma adaptação cinematográfica. Juro que me esforço para compreender esse pouco caso, mas não consigo. Esta mesma colocação vale também para os personagens das pulp fictions que apesar do passar dos anos – e ‘bota’ anos nisso – ainda continuam vivos em nossas memórias. 

Um dia desses ao passar pela biblioteca pública da minha cidade vi encostada num canto uma caixa com várias revistinhas pulp além de alguns livros de bolso. A minha curiosidade falou mais alto e com a permissão da bibliotecária, esparramei todo aquele material numa mesa e comecei a “viajar” no tempo, para uma época em que devorava aquelas histórias. Ah! Que saudades da minha adolescência (rs).

Brigitte Montfort e O Coyote eram os meus personagens favoritos. Os enredos escritos por Lou Carrigan e J.Mallorqui, respectivamente, me faziam viajar por horas. Vibrava muitos com as artimanhas e peripécias da filha de Gisele e do bandoleiro mascarado.

Enquanto “comia com os olhos” aquele material, a bibliotecária surpreendeu-me com uma pergunta: - “Fico imaginando ela no cinema”. O ‘ela’ ao qual a bibliotecária se referia era Brigitte Montfort. Pimba! Percebi na hora que aquela senhora com os seus 60 anos ou pouco mais também era uma fanzoca da famosa espiã da CIA. A partir daí surgiu a ideia de escrever essa postagem.

Depois do papo agradável que tive com a guardiã dos livros da biblioteca municipal, fiquei imaginando como “Baby” e “O Coyote” se sairiam nas telonas e cheguei à conclusão que eles fariam bonito, só precisando para isso, ganhar uma oportunidade. A mesma oportunidade que foi dada ao “Sombra”, “Flash Gordon”, Buck Rogers”, “O Zorro”, além de outros heróis das pulps. 

Puxa vida, não entra em minha cabeça como a “rainha das pulp fictions” não ganhou uma oportunidade de aparecer nas telonas. Quanto ao Coyote, acredito que as adaptações de “O Zorro” para a televisão e cinemas tenham ofuscado um pouco o personagem mascarado com o seu inseparável sombreiro, mas mesmo assim, “O Coyote” merecia uma oportunidade.

No momento em que preparava essa postagem, minha mente começou a vagar em busca de atrizes e atores perfeitos para interpretarem esses dois personagens. Aliás, escrevi algo sobre esse assunto em 2012 (conferir aqui).

Galera, agora, analisem o currículo dessas duas feras e vejam se eles não merecem com urgência uma adaptação para os cinemas. Começando por esse mulherão estonteante. Pois é, ela se chama Brigitte Montfort, mas seu codinome é “Baby”. Ela é uma agente da CIA letal até a ‘última gota’.  Perita no manejo de vários tipos de armas, desde as mais simples até as mais bélicas, também fala fluentemente vários idiomas. Quer mais? Ok, lá vai:  é especialista no combate corpo a corpo dominando várias técnicas de luta, desde o karatê até a capoeira; além de pilotar qualquer tipo de aeronave.

A famosa personagem - criada pelo escritor espanhol Antônio Vera que assinava suas histórias com o pseudônimo de Lou Carrigan - foi considerada o principal produto da Monterrey, editora especializada na publicação de livrinhos de bolso em papel jornal. Se o miolo dessas pulp era ‘vagabundérrimo’, suas capas, por outro lado, eram ‘xiques nu urtimo e nu urtimo grau’.

As capas das histórias de Brigitte Monfort eram produzidas por um dos maiores ilustradores brasileiros do século XX: José Luiz Benício.

Vamos agora para a origem do Coyote, alter ego de Dom César de Echagüe, filho homónimo de um rico fazendeiro californiano que regressa a suas terras em 1851, recentemente incorporada aos Estados Unidos. O panorama criado por Mallorqui retrata uma Califórnia habitada por uma próspera sociedade hispana mas recém conquistada pelos invasores yanquis, que tratam de se apoderar por todos os meios das minas de ouro que os californianos ocultam. César de Echague é desprezado por todos na California que acreditam ser ele covarde e afeminado. O rapaz é depreciado até mesmo pela sua noiva Leonor de Acevedo e pelo próprio pai, Dom César. Mal sabem eles que o jovem César - tido como covarde e afeminado - na realidade, leva uma vida dupla como O Coyote, um justiceiro mascarado que luta pelos direitos dos hispanos.

Se o Zorro, ao longo dos anos, ficou conhecido por marcar os seus inimigos com a letra Z; o Coyote adquiriu fama ao disparar um tiro na orelha daqueles que ousassem cruzar o seu caminho. PQP! Que mira o sujeito tinha!!

Não dá para negar que se tratam de dois personagens muito emblemáticos e que já deveriam ter ido parar nas telonas há muito tempo. Mas como diz o velho ditado popular: “a esperança é a última que morre”.

 

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