Cinco filmes baseados em livros que assisti no cinema durante a minha infância, ao lado de meu irmão mais velho

30 junho 2022

Já escrevi várias postagens sobre como o meu irmão mais velho ajudou a despertar em mim o gosto pela leitura e também pelo cinema. Ele, juntamente com minha mãe, e alguns de meus professores foram os responsáveis por ter me transformado num devorador de livros. Sou muito grato a todos eles.

Meu irmão, quando mais jovem, era um leitor voraz e também um cinéfilo de carteirinha. Se o filme ou o livro lhe interessava, era o primeiro a marcar presença na fila dos cinemas ou nas portas das bancas de jornais – lembrando que naquela época, essas saudosas bancas também vendiam livros e fascículos de enciclopédias.

Agradeço por ele não ter sido um daqueles irmãos pentelhos e egoístas  que mal olhavam em sua cara e quando olhavam era para brigar ou reclamar para a mãe que o seu irmão mais novo estava fazendo algo que lhe desagradava. Cara, como Deus foi supimpa comigo! Os meus irmãos, tanto o mais velho quanto o do meio foram verdadeiros anjos em minha infância. Só agradeço por isso. Amo eles.

A prova desse relacionamento especial é que o meu “old brother”, todas as vezes em que ia ao cinema fazia questão de me levar. Nunca perguntei o motivo dos convites, mas acredito que a razão principal era o meu interesse por livros e filmes na TV desde pequeno. Como ele sempre foi muito observador – tanto é que virou um excelente advogado – chegou à conclusão de que eu também adoraria assistir aos filmes, mas numa telona ao invés de uma telinha.

Dessa forma lá estava eu, junto com ele, assistindo películas incríveis, algumas delas bem avançadinhas para a minha idade, com enredo até mesmo complicado, mas o incrível nisso tudo era que eu adorava esses filmes, e pode acreditar, compreendia, perfeitamente, os seus enredos.

Quanto a faixa etária para entrar no cinema, não havia problema porque naquela época a fiscalização não era tão rígida como é hoje. É claro que tinham as exceções como por exemplo quando passavam filmes com uma conotação sexual muito grande; nesse caso, a entrada de menores, nem pensar. Ainda bem, né (rs)? Mas quando os filmes eram do tipo “normais” – como diziam naqueles tempos para diferenciá-los das produções que beiravam os pornôs – os gerentes dos cinemas não eram tão rigorosos com relação a faixa etária; sem contar que o responsável pelo cine de minha cidade era um grande amigo de meu irmão.

Na postagem de hoje resolvi reviver aquele período que não sai da minha memória, apesar de já terem passado muitas décadas. A melhor forma que encontrei para prestar um tributo àqueles tempos foi escrever um texto onde relembro seis filmes que assisti em minha infância e que tiveram os seus enredos adaptados de livros. Acho que dessa forma revivo uma das melhores fases de minha vida sem fugir muito da proposta do blog que é o de “falar” sobre obras literárias. Então, vamos que vamos!

01 – O Grande Gatsby (Scott Fitzgerald)

Quando assisti esse filme tinha os meus treze anos de idade e, claro, o mano estava lá do meu lado. Já tinha visto, antes, “Butch Cassidy e Sundance Kid” por isso conhecia Robert Redford que apesar da minha pouca idade, achava um excelente ator. E lá estava ele, agora, ‘na pele’ de um misterioso e excêntrico milionário americano dos anos 1920 chamado  Jay Gatsby. 

O filme de 1974 dirigido por Jack Clayton tinha ainda como protagonista Mia Farrow que seis anos antes havia estourado nas telonas com o clássico do cinema de terror: “O Bebê de Rosemary”.

A produção cinematográfica é bem fiel ao livro de Scott Fitzgerald onde a década de 1920, o jovem Nick Carraway muda-se para Long Island e logo se encanta com as festas e o glamour de seu vizinho, o milionário Jay Gatsby, com quem logo faz amizade. Frequentando a casa do milionário, Nick fica sabendo da paixão secreta que Gatsby sente pela mulher de outro amigo. Esta paixão proibida trará sérias consequências para todos os envolvidos.

O curioso é que muito tempo depois, em 2013, após ter assistido ao remake com Leonardo DiCaprio, não senti a mesma emoção de antes. Sei lá, acho que a magia do passado havia se quebrado no presente.

02 – Os Canhões de Navarone (Alistair MacLean)

Apesar de já ter passado muito tempo, ainda me lembro que alguns filmes chegavam com atraso no cinema da minha cidade como foi o caso do clássico “Os Canhões de Navarone” que só deu os ares de sua graça nas telonas do Cine São Salvador mais de dez após o seu lançamento oficial. 

E, novamente, o meninão aqui, estava ao lado do mano, assistindo ao filme com Gregory Peck, David Niven e Anthony Quinn no frescor (rs) dos meus 12 anos.

Esta película de guerra marcou tanto a minha infância que anos depois acabei comprando o DVD que trago guardado até hoje.

A produção cinematográfica foi baseada no livro de Alistair MacLean publicado em 1957 e que chegou a ganhar várias edições no Brasil através das editoras Nova Cultural e Abril Cultural. “Os Canhões de Navarone” foi mais um filme com roteiro muito fiel ao livro. Viram só como naquela época os roteiristas eram mais espertos (rs).

Na narrativa, durante a II Guerra Mundial, um grupo de homens do exército aliado arrisca-se na escalada dos íngremes penhascos de Navarone, a fim de destruir os dois canhões alemães, que guardam o canal. Porém, os Alemães parecem saber todos os passos que eles vão tomar, gerando assim, a suspeita de traição por alguém.

Apesar de ter amado o filme ainda não li o livro, mas pretendo ler.

03 – 2001: Uma Odisseia no Espaço (Arthur C. Clarke)

Livro e filme foram lançados simultaneamente em 1968. Não me recordo bem, afinal já fazem muitos e muitos anos, mas acho que “Uma Odisséia no Espaço” foi mais um filme que chegou com atraso no cinema da minha cidade. Deve ter passado nas telonas logo no início da década de 70.

Parece loucura, uma criança ter assistido um filme tão complexo como esse e ainda por cima, ter gostado!! Entonce foi o que aconteceu com esse ‘maluco’ aqui.

Logo de cara já fui fisgado pela cena inicial do filme quando um homem pré-histórico descobre a primeira ferramenta um (osso) e aparece batendo em outros ossos de um animal morto, ao som da música ''Assim falava Zarathustra'' (composta em 1891 por Richard Strauss). Putz, que cena especial. Tão especial que foi capaz de conquistar até mesmo uma criança de 11 ou 12 anos naquela época.

Anos depois fui entender que cena antológica representava visualmente o momento em aquele homem pré-histórico já estava ciente do seu poder, ou seja, do ato de pensar que representava a evolução que deu origem ao homem moderno. Isto ficou evidente no momento em que ao jogar o osso para cima, num corte belíssimo do diretor, esse osso se transforma numa espaçonave. Coisa do tipo: “do osso à espaçonave”. Fantástico, não acham?

Uma curiosidade que talvez alguns cinéfilos e leitores desconhecem é que o livro de Arthur C. Clarke foi desenvolvido conjuntamente com sua versão cinematográfica, dirigida por Stanley Kubrick, e só sendo publicado após o filme.

04 – A Um Passo da Eternidade (James Jones)

Taí outro filme bem avançadinho para a minha idade, mas que acabei assistindo após ter entrado no “vácuo” junto com o meu irmão. Aquela cena do beijo do personagem de Burt Lancaster na Deborah Kerr...  como dizia o Mussum dos Trapalhões: “Cacildis”! Que cena! Marcou a minha infância de cinéfilo mirim e depois de adulto, continuou marcando.

A exemplo de Os Canhões de Navarone também não li o livro, mas pretende ler os dois volumes de A Um Passo da Eternidade lançado pela Record.

A obra de James Jones foi nomeada um dos 100 melhores romances do século 20 pelo Modern Library Board. Dois anos depois de seu lançamento, o enredo de Jones seria transformado no filmaço que assisti nos anos 70; mais um dos “atrasadinhos” que passava com frequência no saudoso Cine São Salvador.

Se o livro foi um grande sucesso, o filme não ficou atrás e venceu o Oscar em 1953. Além de Lancaster e Kerr, “A Um Passo da Eternidade” contou com um elenco estelar, entre os quais: Montgomery Clift, Donna Reed , Frank Sinatra e Ernest Borgnine. O sucesso do livro foi tanto que além do filme acabou ganhando, também, adaptações para a televisão e um musical de palco.

05 – Aeroporto (Arthur Hailey)

Fecho essa lista com Aeroporto de Arthur Hailey. Outro filmaço que assisti no início da década de 70; mais um presente do mano. A história tinha como palco o fictício Aeroporto Internacional Lincoln localizado perto de Chicago, Illinois. É tido por muitos críticos como o precursor dos filmes de catástrofe que começaram a surgir nos anos 1970, como O “Destino de Poseidon” e “Inferno na Torre”.

Confesso para a galera que apesar de ter gostado do filme não me recordo de muitas passagens, apenas algumas; mas a música instrumental tema da produção... My God!! Ela não saiu nunca mais da minha cabeça. Que música!! Amei quando criança e continuo amando agora quando me aproximo dos braços da terceira idade. Esta música alcançou sucesso mundial desde que foi lançada, sendo muito conhecida até hoje e ainda lembrada como música sinônimo de aviação e aeroportos.

“Aeroporto” teve três sequências: Aeroporto 75, lançado em 1974, Aeroporto 77, em 1977, e Aeroporto 80 - O Concorde, em 1979.

O filme de 1970 ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante para Helen Hayes por seu papel como uma passageira clandestina idosa e foi nomeado para mais nove categorias, incluindo melhor filme, melhor fotografia e melhor figurino.

Quanto ao livro lançado na mesma época do filme também se transformou num grande sucesso, tanto por parte dos leitores quanto dos críticos.

Taí galera, espero que tenham gostado. Foi muito bom reviver essa fase de ouro da minha vida.

E, obrigado mano por esses momentos especiais.

Inté!

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