Os fãs de carteirinha de Kvothe, Bast, Denna, Auri,
Elodin e companhia limitada já estão com o saco transbordando de impaciência
com relação ao lançamento do terceiro e último livro que fechará a saga do
famoso arcano. Também não é para menos, pois já se passaram mais de dez anos
que O Temor do Sábio, segundo livro
da saga Crônicas do Matador do Rei, foi lançado no Brasil. De lá para cá,
Patrick Rothfuss usou e abusou da paciência de seus leitores.
Cara nunca vi um troço desses! Ao longo dessa década, em
cada ano surgia uma data diferente para o lançamento do livro, todas elas
falsas ou se preferirem o termo da moda: fakenews. Então quando Rothfuss
aparecia em algumas de suas raras entrevistas, ele simplesmente lançava um
balde de gelo na cabeça de seus leitores dizendo que ainda estava trabalhando
na narrativa de Kvothe e não tinha nenhuma previsão de lançamento da obra. E
foi assim no decorrer desses dez anos. Até a Amazon tentou dar um empurrãozinho
ao anunciar uma provável data de lançamento em sua página; mero engano. Nem
mesmo isso conseguiu tirar o impassível Rothfuss do seu sossego.
Mas tudo indica que uma luz está surgindo no fundo do
túnel. Tudo bem, que seja uma lamparina bem fraquinha; mas está surgindo. Não,
não é isso. Ainda não foi definida uma data de lançamento de As Portas de Pedra (alguns como meu,
insistem em chamar de Os Portões de Pedra)
por isso, nada de comemorações antes do tempo.
O que acontece é que o autor decidiu liberar para a
galera o prólogo de seu livro. Acredita nisso?! Verdade! Autor de O Nome do Vento e O Temor do Sábio leu no dia 21 de dezembro de 2021 o prólogo do
terceiro livro. O fato considerado épico pelos fãs da saga aconteceu durante a
live no Twitch para arrecadar fundos para o “Heifer International” que ajuda
comunidades ao redor do mundo. Nem preciso dizer que a galera foi à loucura.
Rothfuss também deixou no ar que As Portas de Pedra terá, praticamente, o mesmo número de páginas de
seu antecessor, O Temor do Sábio. Por
isso, os leitores já podem ir esperando perto de 1.000 páginas já que a edição
do segundo volume da saga lançado no Brasil pela editora Arqueiro teve 960
páginas.
Recentemente, Rothfuss disse numa entrevista que está numa
fase de intensa revisão da narrativa. Ele quer garantir que não haja nenhum
furo na história, por isso diversos aspectos do chamado “Universo Kvothiano”
estão sendo criados e recriados para que tudo se encaixe perfeitamente no final
do livro 3.
Mas vamos ao que interessa, a divulgação do prólogo de
“As Portas de Pedra”, traduzido em português. Segura aí galera!
“Ainda
era noite no meio de Nalgures. A Pousada Marco do Percuso encontrava-se num
silêncio profundo e era um silêncio de três partes. Se o horizonte já mostrasse
o mais suave tom de azul, a pequena cidade estaria toda agitada; haveriam
gravetos crepitando, o tranquilo sussurro de água fervendo para mingaus ou
chás; e o ruído lento e úmido, de pessoas caminhando pela grama, já teria
varrido o silêncio dos degraus das casas com a aspereza de uma velha vassoura
de bétulas..
Se
Nalgures fosse grande o suficiente para merecer vigias, eles teriam reclamado e
resmungado como se esse silêncio fosse um estranho indesejado. Se houvesse
música... mas não, claro que não havia música. Na verdade, não havia nenhuma
dessas coisas, e então o silêncio permaneceu.
No
porão da Pousada Marco do Percuso, havia o cheiro de fumaça de carvão e ferro
queimado. Em todos os lugares havia evidência de trabalho apressado,
ferramentas espalhadas, garrafas deixadas em desordem, um derramamento de ácido
sibilou baixinho para si mesmo, tendo derramado sobre a borda de uma grande
tigela de pedra. Perto, os tijolos de uma pequena forja faziam pequenos e doces
ruídos de ping enquanto esfriavam. Esses pequenos ruídos esquecidos adicionaram
um silêncio furtivo a um grande eco. Eles o amarraram como pequenos pontos de
fio de latão brilhante. O contraponto desse silêncio era uma batida suave de tambores
por trás de uma música.
O
terceiro silêncio não foi algo fácil de notar. Se você ouvisse o suficiente,
poderia começar a senti-lo no frio do cobre das fechaduras da Pousada Marco do
Percurso, apertadas, para manter a noite afastada. Ele se escondia nas madeiras
grossas da porta e se aninhava nas pedras cinzentas da fundação do prédio. E
estava nas mãos do homem que projetou a pousada enquanto se despia lentamente
ao lado de uma cama nua e estreita. O homem tinha cabelos ruivos de verdade, vermelhos
como chamas. Seus olhos estavam escuros e cansados e ele se movia com o
cuidado lento de um homem que está gravemente ferido, ou cansado, ou velho além
de sua idade.
A
Pousada Marco do Percurso era dele, assim como o terceiro silêncio era dele.
Isso era apropriado, pois era o maior silêncio dos três, mantendo os outros
dentro de si. Era profundo e largo como o fim do outono. Era pesado como uma
grande pedra lisa de rio”.
Taí galera, gostaram?!
Pois é, fica, agora, a esperança de que Rothfuss
também libere um capítulo extra para o deleite de todos nós. Ahahaha!! Podem
acreditar esse sonho é possível, já que o autor disse que há essa
possibilidade.
Quanto a data de lançamento de “As Portas de Pedra”...
repito, por enquanto nada.
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