Para ser sincero deveria ter publicado este texto ontem, mas não deu. Tentei galera, juro que sim, mas não deu. O motivo? Por acaso você tem hemorroidas? Pois é... eu tenho; em segundo grau com exteriorização, mas por enquanto, elas estão voltando sozinhas. Tudo bem, as vezes elas são teimosas, birrentas e demoram para retornar à sua casinha. E nesses momentos... Misericórdia!! O sujeito tem que ter CDF para aguentar o tranco, uma verdadeira fragelação.
Quando fui operado de uma fístula perianal (ver aqui) eu já deveria ter incluído no pacote a cirurgia dessas três hemorroidas (duas
internas e uma externa), mas tremi na base. O pós-operatório da fístula já
estava me assustando pacas. Todo mundo falava que era um ‘martírio em cruz’ e
que eu me preparasse. Como não sou muito resiliente a dor, pensei comigo: “Uma
cruz eu carrego na marra quase parando, mas duas... Deus me livre!” resultado:
fiz somente a cirurgia da fístula. Livrei-me de uma cruz, mas fiquei com outra
(rs).
Cara, ontem estava numa crise FDP, mas hoje a dor deu
uma melhorada após algumas pomadas, anti-inflamatórios e vasodilatadores. Por
isso, estou aqui, sentando numa almofada e digitando esse texto que deveria ter
sido publicado ontem.
Mas vamos ao que interessa. Acho que foi na terça-feira... Estava ‘zapeando’ pelas livrarias virtuais, como de hábito, quando topei com o livro A Bailarina da Morte. Como achei o título sugestivo, fui pesquisar a fundo e descobri que se trata de mais um livro sobre a gripe espanhola que, a exemplo do coronavírus, assolou a humanidade no período de 1918 a 1920. Digo “mais um livro” porque recentemente John M. Barry lançou uma obra com características semelhantes chamada A Grande Gripe.
Comprei recentemente o livro de Barry mas ainda não
tive a oportunidade ler, mas acredito que apesar das similitudes, os dois
livros devem ter as suas diferenças, motivo que pode fazer com que eu acabe
adquirindo A Bailarina da Morte.
De acordo com releases da editora e opiniões de alguns
leitores nas redes sociais, as duas obras literárias mostram que tivemos a
chance de aprender alguma coisa com o passado, mas a nossa indolência e
autoconfiança foram tão desmedidas que optamos por abrir mão desse conhecimento
e o resultado tá aí: hoje estamos sofrendo com um vírus praticamente similar àquele
de quase um século atrás.
A
Bailarina da Morte: A Gripe Espanhola no Brasil,
das historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, lançado em 9 de
outubro, segundo a editora Companhia das Letras, realiza um levantamento
minucioso do vírus que num espaço de dois anos matou entre 20 milhões e 50
milhões de pessoas no mundo, superando o total de vítimas da Primeira Guerra
(1914-1918).
No Brasil, então com 29 milhões de habitantes (13,8%
do contingente atual), pelo menos 35 mil morreram da doença. A gripe espanhola
chegou ao Brasil no início do século XX, a bordo de navios vindos da Europa.
Altamente contagiosa, a moléstia atingiu todas as
regiões brasileiras. A “gripe bailarina” ou influenza espanhola”, como ficou
conhecida na época, paralisou a economia e desnudou a precariedade dos serviços
de saúde. Disputas políticas e atitudes negacionistas de médicos e governantes
potencializaram o massacre, que vitimou sobretudo os pobres. Iludida por
estatísticas maquiadas e falsas curas milagrosas, a população ficou à mercê do
vírus até o súbito declínio da epidemia, no começo de 1919.
Segundo da Companhia das Letras, as autores Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa
Murgel Starling utilizaram em suas pesquisas um vasto acervo de fontes e
imagens da época, recriando o cotidiano
da vida e da morte durante o reinado de terror da "gripe bailarina",
uma das maiores pandemias da história.
Em diversas passagens, a publicação também menciona a
maneira fulminante com que a doença atuava: “[…] quando seriamente infectadas,
[as vítimas] sangravam pelo nariz, pelos ouvidos, pela boca, pelos olhos, pela
vagina (no caso das mulheres); por qualquer orifício do corpo”.
No Rio de Janeiro, muitos doentes recorriam à
homeopatia, que se popularizou à época, e a um remédio chamado Grippina.
No resto do país, vendia-se a promessa da cura com medicamentos como Quinado
Constantino, Mentholatum, Creolisol e Pílulas Sudoríficas de
Luiz Carlos.
As historiadoras também encontraram propagandas de
cloroquina, produzida à época por algumas farmácias, como tratamento contra a
gripe espanhola.
Enfim, um livro muito interessante. Ele está sendo vendido
na Amazon por R$ 59,90. Para os leitores que querem conhecer os detalhes sobre
essa epidemia que deixou o mundo em pânico há aproximadamente 100 anos, algo
muito similar ao que está acontecendo nos dias atuais, A Bailarina da Morte é mais do que recomendado.
Valeu!
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