O Júri

09 junho 2019

Demorei mais do que o habitual para terminar a leitura de “O Júri” de John Grisham. Demorei porque o início do livro cansa e confesso que pensei em mesclar a sua leitura com um outro livro. Não iria cometer o sacrilégio de abandonar uma obra de Grisham, jamais; mas estava fortemente propenso a desacelerar a leitura e me dedicar, simultaneamente, a um outro enredo mais... digamos, mais instigante. Galera, de fato, as primeiras páginas de “O Júri” por pouco não me deram sono, mas resisti e fui em frente, esquecendo até mesmo a ideia de pegar uma obra suplementar. Como diz o ditado popular: “resolvi agarrar o touro a unhas”. E quer sabe de uma coisa? Valeu a pena! Um pouco antes da metade do livro quando a personagem Marlee entra em cena, o enredo se transforma numa verdadeira caixa de conspirações cheia de surpresas. Se tivesse deixado o livro de lado teria perdido uma história e tanto, pelo menos da metade em diante.

Marlee é uma das personagens femininas mais fodásticas da literatura. Grisham foi muito feliz na sua criação. Ela é inteligente, esperta, maliciosa, dissimulada, mas acima de tudo, honesta. Pronto! Me ganhou! Fiquei apaixonado por ela.
Mesmo aparecendo bem menos do que os outros dois personagens principais de “O Júri”: Nicholas Easter e Rankin Fitch, as participações de Marlee são bombásticas e o leitor fica torcendo para que ela reapareça logo no enredo.
O livro de Grisham questiona até onde pode ir o poder de um júri e a independência dos jurados durante um julgamento. Agora imagine se essa disputa judicial colocasse frente a frente uma grande e poderosa companhia de cigarros e uma pobre viúva, cujo marido morreu de câncer no pulmão.
Nicholas faz de tudo para ser escolhido como jurado desse julgamento e mais: conquistar o posto de líder entre os 11 jurados eleitos. Para isso, arquiteta um plano infalível que o fará ocupar uma das 11 cadeiras. Mas porque ele quer tanto fazer parte desse júri? Teria ele alguma ligação com a com a viúva que perdeu o marido por causa do vício do cigarro ou o seu motivo é muito mais complexo? As intenções de Nicholas se tornam claras antes do leitor chegar na metade do enredo, mas nem isso faz com que a leitura perca o interesse.
Cartaz do filme "O Júri" com os personagens principais
Conforme o enredo vai se aprofundando, o leitor vai conhecendo os segredos que envolvem Nicholas e Marlee que passam a trabalhar juntos, visando atingir o mesmo objetivo: conseguir fazer a cabeça dos jurados para um determinado veredito. Mas por que? O motivo da dupla se empenhar tanto nesse sentido só é descoberto nas páginas finais, e não deixa de ser uma grande surpresa para o leitor.
E como todo bom enredo tem que ter um vilão convincente, Grisham caprichou nesse ponto, ao criar Rankin Fitch, um sujeito maquiavélico, contratado pelos executivos das industrias de cigarro, que usa das mais sujas artimanhas para intimidar os jurados com o objetivo de conseguir um veredito favorável aos seus patrões. O embate entre ele e Marlee é fantástico. A violência física não faz parte desse confronto, apenas a astúcia e a inteligência de ambos. Quem levará a melhor? Esta disputa vale todo o livro. O contexto envolvendo os bastidores do julgamento também é muito interessante, principalmente a interação, repleta de nuances e reviravoltas, envolvendo Nicholas e os outros jurados.
“O Júri” foi escrito em 1996 e ganhou uma adaptação cinematográfica em 2003 com um elenco estelar, entre os quais: Rachel Weisz (Marlee), Gene Hackman (Rankin Fitch), Jonh Cusack (Nicholas Easter) e Dustin Hoffman (Wendell Rohr, advogado da viúva). O filme fez um grande sucesso, a exemplo do livro.
Taí galera, só posso dizer: aguentem firme a primeira metade da obra, não desistam, porque depois vocês irão se deliciar as páginas seguintes.
Valeu!

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