Demorei mais do que o habitual para terminar a
leitura de “O Júri” de John Grisham. Demorei porque o início do livro cansa e
confesso que pensei em mesclar a sua leitura com um outro livro. Não iria
cometer o sacrilégio de abandonar uma obra de Grisham, jamais; mas estava
fortemente propenso a desacelerar a leitura e me dedicar, simultaneamente, a um
outro enredo mais... digamos, mais instigante. Galera, de fato, as primeiras
páginas de “O Júri” por pouco não me deram sono, mas resisti e fui em frente,
esquecendo até mesmo a ideia de pegar uma obra suplementar. Como diz o ditado
popular: “resolvi agarrar o touro a unhas”. E quer sabe de uma coisa? Valeu a
pena! Um pouco antes da metade do livro quando a personagem Marlee entra em
cena, o enredo se transforma numa verdadeira caixa de conspirações cheia de surpresas.
Se tivesse deixado o livro de lado teria perdido uma história e tanto, pelo
menos da metade em diante.
Marlee é uma das personagens femininas mais fodásticas
da literatura. Grisham foi muito feliz na sua criação. Ela é inteligente,
esperta, maliciosa, dissimulada, mas acima de tudo, honesta. Pronto! Me ganhou!
Fiquei apaixonado por ela.
Mesmo aparecendo bem menos do que os outros dois
personagens principais de “O Júri”: Nicholas Easter e Rankin Fitch, as participações
de Marlee são bombásticas e o leitor fica torcendo para que ela reapareça logo
no enredo.
O livro de Grisham questiona até onde pode ir o poder
de um júri e a independência dos jurados durante um julgamento. Agora imagine
se essa disputa judicial colocasse frente a frente uma grande e poderosa
companhia de cigarros e uma pobre viúva, cujo marido morreu de câncer no
pulmão.
Nicholas faz de tudo para ser escolhido como jurado
desse julgamento e mais: conquistar o posto de líder entre os 11 jurados
eleitos. Para isso, arquiteta um plano infalível que o fará ocupar uma das 11
cadeiras. Mas porque ele quer tanto fazer parte desse júri? Teria ele alguma
ligação com a com a viúva que perdeu o marido por causa do vício do cigarro ou
o seu motivo é muito mais complexo? As intenções de Nicholas se tornam claras
antes do leitor chegar na metade do enredo, mas nem isso faz com que a leitura
perca o interesse.
Cartaz do filme "O Júri" com os personagens principais |
Conforme o enredo vai se aprofundando, o leitor vai
conhecendo os segredos que envolvem Nicholas e Marlee que passam a trabalhar
juntos, visando atingir o mesmo objetivo: conseguir fazer a cabeça dos jurados
para um determinado veredito. Mas por que? O motivo da dupla se empenhar tanto
nesse sentido só é descoberto nas páginas finais, e não deixa de ser uma grande
surpresa para o leitor.
E como todo bom enredo tem que ter um vilão
convincente, Grisham caprichou nesse ponto, ao criar Rankin Fitch, um sujeito
maquiavélico, contratado pelos executivos das industrias de cigarro, que usa
das mais sujas artimanhas para intimidar os jurados com o objetivo de conseguir
um veredito favorável aos seus patrões. O embate entre ele e Marlee é fantástico.
A violência física não faz parte desse confronto, apenas a astúcia e a
inteligência de ambos. Quem levará a melhor? Esta disputa vale todo o livro. O
contexto envolvendo os bastidores do julgamento também é muito interessante,
principalmente a interação, repleta de nuances e reviravoltas, envolvendo
Nicholas e os outros jurados.
“O Júri” foi escrito em 1996 e ganhou uma adaptação
cinematográfica em 2003 com um elenco estelar, entre os quais: Rachel Weisz (Marlee), Gene
Hackman (Rankin Fitch), Jonh Cusack (Nicholas Easter) e Dustin Hoffman (Wendell
Rohr, advogado da viúva). O filme fez um grande sucesso, a exemplo do livro.
Taí galera, só posso dizer: aguentem firme a
primeira metade da obra, não desistam, porque depois vocês irão se deliciar as
páginas seguintes.
Valeu!
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