A literatura erótica a cada ano está ocupando um
espaço maior nas estantes das livrarias e também nas bienais. Com certeza se
esses livros tivessem sido pulicados num passado distante seriam motivos de
escândalos, e se a publicação acontecesse num passado mais remoto ainda, eles fariam
uma rápida e definitiva viagem para a fogueira... juntamente com os seus
‘heréticos’ autores. Mas como estamos no século XXI, os hábitos, costumes e
ideologias são outros e com isso, tais obras puderam aparecer livremente nas
prateleiras das livrarias físicas e virtuais, além das comentadas bienais
paulistas e cariocas.
Com novas autoras, a literatura erótica ganhou força
em blogs e redes sociais, fazendo nascer ou renascer o desejo de ler sobre
sexo, sem o medo de ser pego no flagra, neurose que dominava os leitores e
principalmente as leitoras de tempos idos, e muitos idos.
Não podemos esquecer também daquelas escritoras que
ajudaram romper o tabu desse gênero literário num período onde tudo era
proibido. Exemplo disso foi Cassandra Rios (1932-2002). Conhecida como “Safo
dos Perdizes”, ela foi a primeira autora brasileira a atingir a marca de 1
milhão de livros vendidos – e escrevendo sobre sexo em plena ditadura
militar. Que coragem!
Décadas após a ditadura, o tabu de que a literatura
erótica não podia ser consumida pelo público feminino, em hipótese alguma, ficou
para trás. Hoje, histórias carregadas de ousadia e sensualidade acabaram
virando coisa de mulher – como atesta o estrondoso sucesso da série Cinquenta
Tons de Cinza.
Vamos ao nosso toplist. Anotem os 10!
01
– Trópico de câncer (Henry Miller)
Trópico de Câncer, publicado no ano de 1934, em
Paris, foi imediatamente proibido em todos os países de língua inglesa. Tachado
como pornográfico, o livro, assim como seu sucessor Trópico de Capricórnio, só
foi liberado nos Estados Unidos e na Inglaterra nos anos 60, aclamado como
parte da revolução sexual. Polêmicas à parte, Trópico de Câncer foi celebrado
pelos maiores intelectuais da época e se tornou um dos grandes clássicos da
literatura americana.
Trópico de Câncer traz um relato autobiográfico e
idiossincrático do personagem Joe, alter ego de Miller, que chega a Paris após
abandonar nos EUA um casamento arruinado e uma carreira estagnada. Mesmo sem um
centavo no bolso, Joe é apresentado à boemia francesa e redescobre seu próprio
talento em dias e noites de boemia, liberdade e alegria sem fim. Ele vive
perambulando pelas ruas, se embriagando e se jogando no mundo sujo do
sexo.
“Trópico de Câncer” faz “50 Tons de Cinza” parecer
um conto de fadas infantil. Um livro, definitivamente, não aconselhado para
todos leitores, mas mesmo assim, uma obra prima, na opinião de muitos.
02
– Toda sua (Sylvia Day)
“Toda Sua’ é considerado na opinião de várias
pessoas, o sucessor do famoso “50 Tons de Cinza”, a obra escrita pela americana
Sylvia Day conta o romance entre Eva Tramell, uma jovem de 24 anos que mora em
Manhattan e que acaba de integrar uma das agências de publicidade americanas
mais conceituadas do país, a Waters Field&Leaman e o milionário atraente
Gideon Cross, dono não só da agência de seu mais novo emprego, como de todo o
prédio em que ela trabalha.
Uma intensa relação calcada apenas no prazer casual
vai, aos poucos, se desenvolvendo para uma paixão ardente – cheia de altos e
baixos, capaz de reviver traumas antigos de ambos.
Pelos comentários que vi nas redes sociais, muitas
pessoas ficaram coradas e até mesmo indignadas com alguns trechos da obra.
Talvez, elas ainda não tivessem intimidade com os livros de Sylvia Day, onde o
sexo está muito acima do enredo.
A exemplo de “50 Tons de Cinza”; “Toda Sua” se
tornou um grande sucesso literário.
03
– História de O (Pauline Réage)
Tido como um clássico da literatura erótica,
“História de O” aborda o tema BDSM, mas do ponto de vista de uma personagem
submissa. Por esse motivo, “50 Tons de Cinza”, na época de seu lançamento, foi
imediatamente comparado ao livro de Pauline Réage – que na realidade é um
pseudônimo adotado pela escritora e jornalista francesa Anne Desclos. Mas para
quem leu os dois livros, essa comparação não passa de uma grande injustiça, já
que a obra de Pauline ou Anne Descclos – tanto faz, é muito mais profunda.
O livro lançado originalmente em 1954 só chegou ao
Brasil em 1990. “A História de O” fala de uma mulher livre e independente, que
é levada por seu amante René a um castelo situado nas proximidades de Paris,
onde ela se torna sua escrava e também de outros homens. Após esse período,
a personagem conhecida apenas por “O” é entregue ao Sr. Stephen, que
compartilha com René os direitos de tê-la como escrava. Ela é marcada a ferro
quente com as iniciais de seu novo mestre Sr. Stephen e é submetida, por sua
própria vontade e consentimento, a uma variedade de práticas sexuais sadomasoquistas.
Pela qualidade literária e pela considerável coragem
com que trata o tema da submissão sexual feminina em um estilo cru e direto, o
romance se tornou um dos ícones da literatura erótica do século.
O livro provocou fortes reações do público e da
crítica, e recebeu o prêmio de literatura erótica Les Deux-Magots,
em 1955.
04
– Trilogia Pede-me o que quiseres (Megan Maxwell)
Taí mais uma trilogia do gênero romance ficcional
erótico. Desta vez saem Christian Grey e Anastasia Steele e entram Eric
Zimmerman e Judith Flores. Quem leu a trilogia ou pelo menos o primeiro livro
achou o enredo bem ousado e com forte doses de erotismo, não ficando atrás da
saga escrita por E.L. James.
A trilogia de Megan Maxwell formada pelos livros –
“Peça-me o que quiser”, “Peça-me o que quiser agora e sempre” e “Peça-me o que
quiser ou deixe-me” – tem um enredo atrevido e contemporâneo. Os livros fizeram
tanto sucesso que a autora espanhola María del Carmen Rodríguez do Álamo Lázaro
(acredite, esse é o nome verdadeiro da autora; Megan Maxwell é apenas um
pseudônimo) rapidinho lançou uma quarta publicação chamada “Surpreenda-me”.
A saga de Maxwell conta a história da secretária
espanhola Judith Flores e seu chefe, o prestigiado empresário alemão Eric
Zimmerman, também conhecido como Iceman: um homem muito sério e com os olhos
azuis mais intensos e sexies que ela já viu.
Após a morte do pai, Zimmerman decide viajar até
Espanha para supervisionar as filiais da empresa que herdou. Nos escritórios
centrais de Madrid conhece Judith, uma jovem inteligente e simpática, por quem
se enamora de imediato. Judith sucumbe à atração que o alemão exerce sobre ela
e aceita tomar parte nos seus jogos sexuais, repletos de fantasias e erotismo.
Com ele descobrirá o seu lado voyeur, e que as
pessoas se dividem em submissos e dominantes… Mas o tempo passa, a relação
intensifica-se e Eric começa a temer que o seu segredo seja descoberto, algo
que poderia ditar o princípio do fim de uma relação.
05
– After (Anna Todd)
Com mais de 10 milhões de livros vendidos e mais de
1,5 milhão de leituras na plataforma online Wattpad, a série “After” é um fenômeno
literário icônico da nova geração. O sucesso da saga criada pela escritora
norte americana Anna Todd foi tanto que até agora já foram escritos cinco
livros. Além disso, a trama saiu das páginas e foi parar nos cinemas no filme
homônimo que estreou nas telonas brasileiras em 11 de abril.
Na trama, Tessa é uma garota de 18 anos que acaba de
deixar a casa de sua mãe para ir morar no campus da faculdade.
Estudiosa, responsável e recatada, ela não quer
saber de festas e nem de paixões. No primeiro dia na faculdade, Tessa conhece
Hardin, um jovem rude, lindo e todo tatuado que implica com seu jeito de garota
certinha. Os dois se detestam, mas ao mesmo tempo não conseguem ficar longe um
do outro.
Logo, começam um relacionamento intenso e
turbulento. Consumida por uma paixão que ela imaginava não ser possível, Tessa
vê sua sexualidade aflorar. Mas por trás do chame irresistível de badboy,
Hardin carrega fantasmas de seu passado, que podem colocar tudo a perder.
Depois de Hardin, Tessa nunca mais será a mesma.
06
– Codinome Lady V (Lorraine Heath)
Para aqueles que procuram uma forma de literatura
erótica mais tranquila e menos ousada, “Codinome Lady B” é uma indicação certa.
De acordo com alguns leitores que apreciaram a obra de Lorraine Heath, a
história tem aquele toque sensual cuidadoso, sem ser vulgar.
Minerva Dodger é uma bela mulher muito rica, mas cansada
de rejeitar pretendentes interessados apenas em seu dote escandalosamente
vultoso, ela decide que é melhor ser uma solteirona do que se tornar a esposa
de alguém que só quer seu dinheiro. No entanto, Minerva não está disposta a
morrer sem conhecer os prazeres de uma noite de núpcias e, assim, decide ir ao
Clube Nightingale, um misterioso lugar que permite que as mulheres tenham um
amante sem manchar sua reputação.
Protegida por uma máscara e pelo codinome Lady V,
Minerva mal consegue acreditar que despertou o desejo de um dos mais cobiçados
cavalheiros da sociedade londrina, o Duque de Ashebury. E acredita menos ainda
quando ele começa a cortejá-la fora do clube. Por mais que ele seja tudo o que
ela sempre sonhou, Minerva não pode correr do duque descobrir sua identidade, e
não vai tolerar outro caçador de fortunas.
Depois de uma noite de amor com Lady V, Ashebury não
consegue tirar da cabeça aquela mulher de máscara branca, belas pernas e língua
afiada. Mesmo sem saber quem ela é, o duque nunca tinha ficado tão fascinado
por nenhuma outra mulher antes.
Mas agora, à beira da falência, ele precisa arranjar
muito dinheiro, e rápido. Sua única saída é se casar com alguma jovem que tenha
um belo dote, e sua aposta mais certeira é a Srta. Minerva Dodger, a megera
solteirona que tem fama de espantar todos os seus pretendentes.
Enredo bem interessante, não acham?
07
– O amante de Lady Chatterley (D.H. Lawrence)
Ao contrário de “Codinome Lady V”, “After” e até
mesmo “Cinquenta Tons de Cinza”, o enredo de “O Amante de Lady Chatterley” de
D.H. Lawrence é ‘trucão carga pesada’. Mas tão carga pesada que a obra chegou a
ser julgada pelo tribunal criminal de Londres, em 1960, por obscenidade, o qual
a editora Penguim venceu ao provar o seu valor literário. Até então, a obra
estava proibida há 32 anos, ou seja, desde 1928.
O livro causou muita polêmica na época por conta de
suas cenas de sexo explícitas e o uso de palavras consideradas
"chulas".
“O Amante de Lady Chatterley” narra a história de Constance
Reid (Connie), que, casada com um nobre paralítico, começa a ter um caso com o
costureiro que trabalha na propriedade do marido.
Lawrence chegou a fazer alterações significativas no
manuscrito original a fim de torná-lo mais aceitável aos leitores, mas mesmo
assim, a obra continuou proibida.
Alguns estudiosos sobre a vida do autor, afirmam que
a história foi baseada nos eventos infelizes de sua vida doméstica e que a
inspiração para a "locação" do livro foi Ilkeston, em Derbyshire,
onde Lawrence viveu por um tempo.
Hoje, “O Amante de Lady Chatterley” é apregoado por
leitores e críticos como um clássico da literatura mundial.
08
– A coleira (Nana Pauvolih)
E quem disse que brasileiras também não escrevem romances
eróticos? Taí a carioca Nana Pauvolih que não me deixa mentir. Alguns leitores
acharam “A Coleira” polêmico e chocante; outros nem tanto, já que consideraram
o enredo bem bobinho. Será?! Sei não, tudo é uma questão de gosto e como os
gostos são diferentes...
A personagem principal da história é Lorenza. Ela é
uma menina de 17 anos e mora com seu pai Otávio, vivendo como uma adolescente
qualquer. Seu pai, para tentar salvar a empresa da família que está enfrentando
sérias dificuldades financeiras, decide se associar a jovem empresário chamado Miguel.
Mas para ajudar Otávio, o rapaz faz uma exigência:
quer Lorenza como sua amante. O pai da jovem aceita o acordo, pega o dinheiro
de Miguel, paga os funcionários e foge com Lorenza para Portugal não cumprindo
a promessa de dá-la como amante a Miguel.
Passam-se seis anos, o pai de Lorenza morre e
entonce... Pelo título e também pela capa do livro já dá para saber o que irá
rolar na vida de Lorenza. Como ela reagiará a tudo isto?
09
– Bem profundo (Porthia Costa)
Vi esse livro em vários blogs e as suas resenhas
derivam para um lugar comum: enredo com um erotismo intenso e extremo. Tão
intenso que a autora dá uma atenção muito maior aos jogos sexuais do que aos
romance e sentimentalismo dos personagens.
Enquanto a ingênua personagem Anastasia Steele de
“Cinquenta Tons de Cinza” narra a sua história de desejo e paixão; “Bem
Profundo” é um mergulho na libertação da sensualidade e da libido da
protagonista Gwendolyne ou simplesmente Gwen. Se Anastasia quer participar de
um conto de fadas, Gwen quer um reencontro com sua feminilidade e com seus mais
sinceros desejos.
Em “Bem Profundo”, Gwen tem como uma de suas tarefas
esvaziar diariamente a caixa de sugestões da biblioteca. Um dia, ela encontra
uma carta direcionada a ela, contendo uma proposta indecente. Um homem
misterioso começa a lhe mandar correspondências de perder a cabeça e fica claro
que ele não quer ficar só no papo! Suas ideias são chocantes, mas excitam
Gwen.
Enquanto sua imaginação está a mil, ela ainda precisa lidar com o professor Daniel, que está fazendo uma pesquisa temporária na biblioteca. Um homem espetacular, em sua opinião. Gwen começa a fazer avanços sobre o professor inspirada pelas cartas picantes que recebe do admirador secreto.
Enquanto sua imaginação está a mil, ela ainda precisa lidar com o professor Daniel, que está fazendo uma pesquisa temporária na biblioteca. Um homem espetacular, em sua opinião. Gwen começa a fazer avanços sobre o professor inspirada pelas cartas picantes que recebe do admirador secreto.
10
– Pequenos Pássaros (Anais Nin)
"Pequenos Pássaros", assim como
"Delta de Vênus", é a ficção erótica mais difundida da escritora francesa
Anais Nin (1903-1977) em todo o mundo. Estas histórias foram escritas na década
de 40 e só publicadas em livro após a morte da autora, em meados da década de
70. Em Pequenos pássaros, treze histórias trazem pessoas - sobretudo mulheres -
que dão vazão à paixão sob todas as formas e encaram seus mais variados anseios
sexuais. A prosa de Anaïs Nin - mulher e escritora à frente do seu tempo - leva
personagens e leitores a lugares recônditos do desejo humano. A autora é
conhecida pela sinceridade com que trata de temas sexuais e eróticos e também
pela delicadeza e musicalidade do seu estilo.
“Pequenos Pássaros” apresenta os seguintes contos:
Os passarinhos, A mulher das dunas, Lina, Duas irmãs, Siroco, Maja Desnuda, O
modelo, A rainha, Hilda e Rango, O chanchiquito, Açafrão, Mandra e A Fugitiva,
cujas histórias, um tanto "chocantes" para os leitores mais
puritanos, falam de paixão, sexo, sensualidade, lesbianismo, etc. tudo de uma
perspectiva feminina, num estilo provocante e ao mesmo tempo com muita sensibilidade.
Taí galera! Se vocês apreciam esse gênero literário,
boa leitura.
3 comentários
Olá!
ResponderExcluirNão sou fã do gênero, mas a curiosidade bateu e eu vim conferir hahaha. De todos citados, eu tenho curiosidade de ler After, pois acredito que vai bem além do que é proposto (talvez esteja enganada). Mas realmente... esse gênero vem crescendo demais!
Curti seu post e comecei a seguir por aqui :)
Beijos,
Blog PS Amo Leitura
Brigaduuuuuuuuu!!!
ExcluirValeu mesmo! Obrigado por seguir o blog.
A exemplo de você - e também, como disse no post, não sou fã do gênero, mas não posso negar que, atualmente, é um dos mais lidos no mundo.
Abcs!!
Engraçado, mais um aqui que não é muito fâ do gênero. Mas se o livro é bom, a gente lê né. Conferi o post só pra ver se um determinado livro estava nele, e está. Desde que vi num catálogo, muitos anos atrás esse livro me despertou curiosidade. Não comprei na época. Semanas atrás achei num sebo, a mesma edição e capa que me chamou atenção anos atrás. Comprei, não li ainda. Falo de A História de Ó.
ResponderExcluirAbraço!