Acredito que fui um dos primeiros a adquirir “A Garota na
Teia de Aranha”. Estava muito curioso para saber como David Lagercrantz se
sairia como sucessor de Stieg Larsson na sequência de uma das sagas mais bem
sucedidas da literatura policial contemporânea.
Como sabemos, após o sucesso da trilogia idealizada por
Stieg Larsson – que morreu em 2004, aos 50 anos, vítima de ataque cardíaco,
antes da publicação e do sucesso de seus três livros – os herdeiros do autor,
excetuando a sua viúva que se posicionou contrária a idéia de dar novo fôlego à
saga, concordaram que os
personagens Blomkvist e Lisbeth voltassem a atuar sob nova batuta. O maestro
dessa vez seria Lagercrantz.
Apo se tornar
público, o interesse dos familiares de
Larsson em publicar um novo livro, o circo pegou fogo. A coisa fedeu! Enquanto
o pai e o irmão de Larsson queriam de qualquer maneira a publicação de um
quarto livro pelas mãos de um novo autor, a viúva Eva Gabrielsson se
posicionava totalmente contrária á idéia.
Não pretendo entrar
nos detalhes dessa briga familiar, que acabou se tornando uma ferrenha disputa
judicial. Aqueles que quiserem saber os detalhes desse ‘péga prá capá’ podem
acessar aqui onde dou mais informações. O que pretendo, agora, é falar sobre o
livro que acabei de ler na quinta-feira passada.
Cara, “A Garota na Teia de Aranha” tem um enredo legal,
mas...
Caraca, sei não se foi uma boa Lagercrantz ter aceito
segurar esse rojão. Após ter lido o livro acho que o autor recebeu um
verdadeiro presente de grego dos familiares de Larsson.
Existem dois tipos de personagens na literatura: comuns e
antológicos. Os primeiros, apesar de fazer sucesso junto aos leitores, tem
poucos traços marcantes em sua composição e por isso podem ser ‘tocados’ por
muitos outros escritores, que não sejam o seu criador. Já o segundo tipo...
pode mesquecer. Eles pertencem a uma elite de personagens intocáveis, que só
podem ser ‘manuseados’ por aqueles escritores que lhe deram vida, ou seja, seus
verdadeiros pais. Se algum outro metido a besta resolver mexer nesses
personagens, acredite: vai dar merda. Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist – Lisbeth, bem mais – pertencem a
classe dos antológicos.
Entenderam, agora, porque achei que a
autorização para seqüenciar a trilogia de Larsson foi um ‘presentaço de grego’
para Lagercrantz?
Pois é, mas apesar disso, ele soube lidar,
em parte, com esse presente indigesto. O enredo mesmo sendo um pouco enfadonho
em alguns trechos, consegue prender a atenção do leitor. Os personagens
secundários, também cumprem bem o seu papel. Mas toda vez que Lisbeth e Mikael
são tocados pela ‘pena’ do autor, o negócio fica ‘meio que’ complicado. Larsson
conseguiu imprimir uma personalidade própria a hacker e ao jornalista da
revista Millennium, algo intocável.
Lagercrantz bem que tentou, mas não deu. A sua Lisbeth é mais pacata e
insegura, enquanto a Lisbeth de Larsson é menos cordial e mais firme. Aliás, eu
amava a personalidade dessa garota no passado (rs).
O que posso dizer é que entre mortos e
feridos, alguns se salvaram – enredo e personagens menores -, por o porque
daquela famosa frase: “o livro até que é bom, mas...”.
Inté!
3 comentários
O livro é bom mas está abaixo em minha opinião do primeiro volume da série, que é o único que pretendo reler.
ResponderExcluirbomlivro1811.blogspot.com.br
Concordo Maurilei,
ExcluirTambém acho o primeiro volume o melhor de toda a série.
Concordo, principalmente sobre a Lisbeth. Não me empolgou como os 3 livros. Vale a leitura...mas sem muita expectativa.
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