Muitas pessoas cantam enquanto tomam banho; eu tenho
o hábito de pensar em baixo do chuveiro. Meio esquisito né? Mas como diz aquele
velho ditado: “cada louco com a sua mania”. Grande parte dos posts do “Livros e
Opinião” surgiram enquanto estava com o sabonete nas mãos e uma ducha quentinha
caindo deliciosamente no corpo. E pra variar, dia desses, enquanto dava uma relaxada
num banho hiper-gostoso, altas horas da madrugada, me deu um insight daqueles
que chegam de repente e sem avisar: “Já pensou se vários filmes famosos tivessem
sido livros antes de se tornarem filmes?” Cara, imagine “Poltergeist, O
Fênomeno” nas páginas e só depois, então, ter a sua adaptação para os cinemas
ou “Seven – Os Sete Crimes Capitais” bombando nas páginas? Mêo, seria
fantástico!
Acredito que tanto o enredo, quanto os cenários e
personagens desses filmes teriam condições de serem melhores desenvolvidos nos
livros. Sei lá galera, ler uma obra literária e só depois vê-la transportada
para as telonas é algo por demais especial para nós leitores vorazes. Fica
aquela expectativa gostosa do tipo: “Puxa como será que os roteiristas vão
adaptar esse trecho do livro?” “Qual ator será escolhido para viver fulano ou
ciclano?”. Vai, não mente hienn?! Não é uma sensação gostosa?
Pois é, após esse insight no chuveiro, decide
escrever um post sobre o assunto, selecionando 10 filmes que, na minha opinião,
seriam verdadeiros Best-sellers se não tivessem... se tornado filmes! Vamos ao
nosso toplist
01
– Seven, Os Sete Crimes Capitais
Este filme daria um BestSeller tão bom quanto “O
Silencio dos Inocentes” de Thomas Harris. Para aqueles que estão achando
exagerada a minha afirmação, basta ver os ingredientes fantásticos do roteiro
elaborado por Andrew Kevin Walker: dois detetives com personalidades totalmente
diferentes trabalhando juntos num caso; um perigoso serial killer, cujo modus
operandi se baseia nos sete pecados capitais; a corrida contra o tempo para
deter o assassino, antes que ele feche o seu círculo, eliminando a sétima
vítimas; a escolha dessas vítimas, de acordo com os seus pecados capitais. Putz!
Que história daria mêo!
O suposto autor poderia dividir o seu livro em sete
capítulos, cada um correspondente a um pecado capital e narrando a corrida dos
dois detetives para conter a onda de mortes do serial killer. O perfil
psicológico das sete vítimas também poderia ser bem explorado. Uhauu! Demais!
Pena que no caso de “Seven, Os Sete Pecados
Capitais” a indústria cinematográfica foi mais esperta do que a indústria
literária.
02
– ET – O Extraterrestre
O filme de 1982 é um dos maiores sucessos de
bilheteria de toda a história do cinema, mas se algum escritor tivesse tido um
‘insight’ antes de Melissa Mathison – Hã-hã!!! E você que pensava que o enredo
havia saído da cabeça de Steven Spielberg, heinnn?!... Nõ, nõ... Ele apenas
dirigiu o blockbuster.
O drama do pequeno extraterrestre E.T., perdido na
Terra e empenhado em telefonar para sua casa, comoveu milhões de espectadores
há 30 anos e poderia, com certeza, emocionar também um grande número de
leitores.
Fico pensando como seria contada nas páginas a comovente
história da amizade especial surgida entre um solitário garotinho e o
carismático ET deixado, acidentalmente, na Terra.
E pensar que o roteiro de Mathison chegou a ser
rejeitado pelos estúdios Columbia Pictures por considerar que não havia um
público para esse tipo de filme. Uma decisão que lamentariam mais tarde, já que
o filme é até hoje um dos títulos mais rentáveis e emblemáticos da Universal
Studios.
03
– Dublê de Corpo
Queria ter lido essa história, mesmo ciente do sério
risco de plágio que o autor imaginário estaria correndo, já que o roteiro
desenvolvido por Brian de Palma e Robert J. Avrech faz várias referências
diretas e indiretas à “Janela
Indiscreta” e “Um Corpo Que Cai”. Mas, quem sabe... talvez... o escritor pudesse
explicar na introdução de sua obra, que estaria fazendo uma homenagem à Alfred
Hitchcock ou então qualquer outra desculpa. Mas
algo que não posso negar é que “Dublê de Corpo” darias um l-i-v-r-a-ç-o.
Cara, o filme é repleto de reviravoltas. Quando você
pensa que vai acontecer algo lógico, pimba! Lá vem um fato inesperado. E por aí
vai. Acredito que os leitores iriam devorar avidamente cada página da história.
Para aqueles que desconhecem o roteiro de De Palma, “Duble de Corpo” conta a história de
um fracassado e claustrofóbico ator de filmes B que sem ter onde morar acaba
recebendo uma proposta irrecusável de um colega: ficar num belo apartamento de
um amigo seu, até conseguir uma casa. No novo apartamento, ele presencia
estranhos acontecimentos com uma vizinha, e passa a persegui-la e a querer
ajudá-la, mas desconhece o perigo que está correndo.
04
– Um Tiro na Noite
Taí mais um roteiro com a marca de Brian de Palma.
Caraca, esse cara não poderia ter nascido escritor ao invés de roteirista ou
diretor?!! No roteiro de De Palma e Bill Mesce Jr., um talentoso técnico de áudio – vivido por John Travolta - que ganha a
vida gravando sons especiais para filmes de terror, acaba captando com o seu
equipamento, acidentalmente, um acidente de carro que mata um candidato à
presidência e fere sua jovem amante. Depois disso, o técnico de áudio é arremessado em um mistério ainda mais
aterrorizante do que qualquer dos filmes em que trabalha! Logo ele e a amante
do candidato precisam lutar para manterem-se vivos, pois vão descobrindo uma
explosiva conspiração política que atinge até mesmo os mais altos níveis
governamentais.
“Um Tiro na Noite” venderia mais do que água no
deserto. Putz, bem que poderia ter saído, primeiramente o livro; aí
entonce...ele estaria livre para ser adaptado para o cinema.
05
– O Sexto Sentido
O final desse filme de horror psicológico é
fodástico. Daqueles finais de derrubar no chão não só o queixo do cinéfilo, mas
todo o seu corpo. Enfim, um tombo completo.
Bem que o indiano naturalizado americano, M.Night
Shyamalan poderia ter optado pelas páginas ao invés das telas. Dessa maneira, nós
leitores inveterados, ganharíamos um presente inesquecível: “O Sexto Sentido” em
livro, antes de ser adaptado para os cinemas. Mas, nem tudo é perfeito...
Mil vezes caramba!!! Aquele final em que o
personagem do Bruce Willis descobre... Caraca, que arraso!!
“O Sexto Sentido” conta a história de um menino
isolado e incomodado com o seu dom de ver e falar com os mortos. Ele recebe o
acompanhamento de um psicólogo infantil, igualmente perturbado, vivido por
Bruce Willis, que tenta ajudá-lo.
O roteiro do filme vai mostrando vários detalhes,
aparentemente comuns, durante os seus mais de 100 minutos de exibição, mas no
final, esses detalhes, supostamente, insignificantes acabam sendo os
responsáveis pelo tombo no telescpectador. Já imaginou tudo isso num livro?!
06
– Chuva Negra
Este filme de 1989 é um de meus favoritos. Há
tempos, imagino os personagens de Michael Douglas (Nick) e Andy Garcia
(Charlie) nas páginas de um romance policial. O roteiro escrito por Graig
Bolotin e Warren Lewis é muito bom e posso garantir que – se o filme não
existisse – teríamos um ‘super Bestseller’.
No cinema, os dois amigos policiais
de Nova York tem a missão de escoltar um assassino membro da máfia japonesa
Yakuza de volta ao seu país natal, o Japão; chegando lá, no aeroporto de Osaka,
o prisioneiro escapa. Nick e Charlie tentam então trabalhar com relutantes
policiais japoneses para tentar recapturá-lo, logo a dupla se vê perdida no
Japão – onde não sabem se deslocar, além de ignorar o idioma -, o que os conduz
ao submundo exótico de Osaka e direto para o centro de uma furiosa e brutal
batalha entre gangues Yakuza.
Acredito que um dos pontos fortes
do livro – isto é, se um dia ele tivesse existido – seria a amizade entre os
dois policiais. Uma amizade tão sólida que um deles chega a desafiar a própria
Yakuza após algo que aconteceu com o seu amigo.
Nossa! Que livro! Mas... paciência.
07
– Ainda Muito Loucos
Sou grato há um amigo por ter indicado esse filme há
alguns ou muitos anos atrás. Valeu, mesmo, Marcelo Daniel. Você é o cara por
isso. Quase sempre lá estou eu assistindo as peripécias do Strange Fruit; um
grupo de rock – fictício – que fazia muito sucesso nos anos 70, mas em meio a
‘fogueira de vaidades’, drogas, mulheres, egos elevados e outras ‘cositas más’
que geralmente acabam culminando com a morte de muitas bandas de rock ou heavy metal, o Strange Fruit também morreu.
Mas num ‘belo dia’, um de seus integrantes resolve
“ressuscitar’ a banda com o objetivo de fazer uma turnê. Seria uma ótima idéia
desde que o vocalista não fosse um inimigo mortal do baixista ou então que o
guitarrista (considerado a alma do grupo) estivesse internado num sanatório ou
ainda que a confiança de todos eles estivesse muito abalada após o fiasco do
último show, há duas décadas, quando absolutamente tudo deu errado no palco.
Apesar dessas circunstâncias, eles resolvem voltar. Cara, o final é
e-m-o-c-i-o-n-a-n-t-e.
08
– Rede de Intrigas
Este filme do diretor Sidney Lumet exibido em 1976
nos cinemas seria um verdadeiro BestSeller. O roteirista Paddy Chayefsky esteve
inspirado quando escreveu a história de um
locutor de noticiário de uma rede de televisão americana que é demitido em razão da baixa audiência do
programa. Ele, então, anuncia que irá cometer suicídio no
ar. Por esta razão, os índices de audiência do programa voltam a crescer, ele
passa a ser conhecido como o Profeta Louco, e é readmitdo. Evidentemente,
quando o tal "profeta" perde a capacidade de seduzir o público,
alguma providência tem que ser tomada contra ele. De preferência, diante das
câmeras e com uma platéia dentro do estúdio....
A tensão que rola durante todo o
filme iria prender os leitores a cada página devorada.
O autor do livro poderia explorar
ao máximo – como aconteceu no filme de Lumet – a falta de ética que rola nos
bastidores da televisão, além da mentalidade capitalista e inescrupulosa dos
empresários ‘todo-poderosos’ que sugam a capacidade e o empenho de seus
funcionários até o bagaço e depois... os jogam fora.
09
– Rain Man
Veja só a sinopse resumida desse filmaço de 1988 com
Tom Cruise e Dustin Hoffman: “Um jovem yuppie
(Tom Cruise) fica sabendo que seu pai faleceu. Eles nunca se deram bem e não se
viam há vários anos, mas ele decide ir ao enterro e quando vai cuidar do
testamento fica sabendo que herdou um Buick 1949 e as roseiras premiadas do seu
pai, sendo que um "beneficiário" tinha herdado três milhões de
dólares. Fica curioso em saber quem herdou aquela fortuna e descobre que foi
seu irmão (Dustin Hoffman), que ele desconhecia a existência. O irmão dele é
autista, mas pode calcular problemas matemáticos complicados com grande
velocidade e precisão. O yuppie seqüestra seu irmão autista da instituição onde
ele está internado, pois planeja levá-lo para Los Angeles e exigir metade do
dinheiro, nem que para isto tenha que ir aos tribunais. É durante uma viagem
cheia de pequenos imprevistos que os dois se compreenderão mutuamente e
entenderão o significado de serem irmãos”.
Cara, será que eu preciso falar
escrever mais alguma coisa? Vai diz aí, daria ou não daria um livro encantador?
Pena que nenhum escritor teve essa idéia antes dos roteiristas Ronald Bass e
Barry Morrow. Fazer o quê? Nós, leitores, só temos que nos conformar.
10
–Uma Janela Para o Céu
Háhahahahahaha! Coloco minha mão no fogo se agora muitos
leitores não estão me chamando de piegas. Ligo não, porque adorei o filme de
1975 com o Beau Bridges e a Marilyn Hassett – por falar nisso, por onde anda
essa excelente atriz que literalmente sumiu após 1992 ? – baseado na história
real da esquiadora americana Jill Kinmont que em 1955, aos 18 anos de idade, revela um
enorme talento para o esqui e aposta certa para vencer os Jogos Olímpicos de
Inverno de 1956. Mas, uma fatalidade põe fim a esse sonho. Após uma queda
brutal na neve, ela acaba ficando paralisada do pescoço para baixo. Ainda que
esteja impedida de praticar esportes para sempre, Jill passa a enfrentar uma
nova batalha: viver e conviver com sua deficiência. Para isso ela vai contar
com a ajuda de amigos, dos pais, parentes e de um novo amor.
Mesmo sendo ‘crianção’, em meados
dos anos 70, lembro-me de que chorei até as gotas no final do filme. Depois,
morrendo de vergonha fiquei sentado com alguns amigos no banco da praça, em
frente ao Cine São Salvador, observando as pessoas que saiam da sala de
exibição. A maioria dos cinéfilos – homens e mulheres - se debulhavam em
lágrimas! Resultado: a vergonha sumiu.
Fico imaginando essa história num
livro. Mas nem tudo é perfeito.
Inté!
9 comentários
Seven, Os Sete Crimes Capitais é mesmo fantástico, principalmente os momentos finais.
ResponderExcluirbomlivro1811.blogspot.com.br
Assisti Seven e também gostei. Com certeza se o livro tivesse existido, iria gostar muito mais (rs)
ExcluirO livro provavelmente seria melhor mesmo !
Excluirbomlivro1811.blogspot.com.br
Curiosamente, uma vez encontrei na biblioteca de uma escola uma novelização em inglês de Rain Man, pela Penguin Books, daquelas para quem está aprendendo o idioma. Não cheguei a ler por que na época achei o resumo chato. Pena que não tinha assistido o filme ainda.
ResponderExcluirNão sabia que existia uma novelização do filme. Uma obra rara, sem dúvida.
ExcluirValeu!
Sempre tive por mim que Titanic daria um longo e sensacional livro, ao estilo ...E o Vento Levou, nas mãos de um bom escritor.
ResponderExcluirConcordo que E.T. emocionaria muitos leitores. Certamente, seria um daqueles livros infanto-juvenis que se lê quando jovem e o marca a tal ponto de lembrar dele para o resto da vida.
Parabéns pela excelente postagem como sempre, Jam!
Muito bem lembrado Tex! Titanic fazia parte da minha pré lista de filmes que entrariam no post, mas infelizmente só cabiam 10 e acabei optando por outros.
ExcluirGrande abraço!
Sempre fiquei imaginando como seria ler "O Sexto Sentido". Principalmente o final! Seria muito bom... Obrigada pela postagem Jam
ResponderExcluirObrigado à você pela visita :)
ExcluirTambém acho que "O Sexto Sentido" daria um livro espetacular.
Abraços e volte sempre!