15 março 2025

Círculo do Livro: 10 obras antológicas que marcaram época

Galera, me desculpem a demora, acho que fiquei mais de uma semana sem postar nada. Acreditem, vou passar por uma nova cirurgia e estou tentando me reorganizar para “entrar no bisturi”. No meu caso, tudo isso somado as minhas atividades diárias + o trampo corrido no trabalho resulta em atraso nas postagens já que mantenho o blog sem fins lucrativos, como lazer mesmo. Entonce... Mas prometo que serei mais pontual nas próximas postagens.

Mas agora vamos “falar” sobre livros e deixar as divagações de lado. Hoje, quero recordar uma época de ouro que foi vivida por muitos leitores da minha geração. Aliás, será que existe uma época melhor do que a do Círculo do Livro para quem é leitor? Arrisco a dizer que não. Cara, foi um período mágico, mas muito mágico. Só quem viveu aqueles anos dourados para entender essa nostalgia que chega a apertar o coração.

Vale lembrar que foi a editora Círculo do Livro que implantou um dos primeiros clubes de assinatura de livros do País com a publicação de obras que se tornaram antológicas e fizeram parte da vida da maioria dos leitores brasileiros.

Não vá me dizer que você, leitor da minha geração, nunca sonhou em se tornar um sócio do Círculo do Livro para receber aquela revistinha trimestral mágica recheada de novidades literárias? Caráculas! Quando essa revistinha caía em minhas mãos... Uhauuuu!! Que festa!! Eu ficava malucaço. Largava tudo o que estava fazendo para folhear a revistinha do Círculo e escolher os meus livros favoritos.

Se não me falhe a memória, parece que o sócio escolhia duas obras literárias por trimestre: uma de livre escolha e outra dentro de uma lista pré-selecionada, mas que evidentemente era diversificada. Eu ficava dias folheando a revista e fazia também as minhas encomendas, em especial romances policiais e thrillers de suspense e terror. A chegada do vendedor, com as encomendas e o novo exemplar da revista, era sempre um acontecimento único.

A editora surgiu em 1973 através de um acordo firmado entre o Grupo Abril e a editora alemã Bertelsmann e vendia livros por um "sistema de clube", onde a pessoa era indicada por algum sócio e, a partir disso, recebia uma revista quinzenal com dezenas de títulos a serem escolhidos. O novo sócio teria então a obrigação de comprar ao menos um livro no período.

Não sei por qual motivo, mas hoje bateu uma saudade daquela época de ouro que eu e, certamente, milhares de leitores viveram. Taí a razão dessa postagem. Já havia escrito um post mais completo sobre o Círculo do Livro – aqueles que quiserem ler basta clicar aqui – mas agora tive a ideia de selecionar 10 obras antológicas – pelo menos na minha opinião - que foram publicadas pela Círculo do Livro; e também escrever um pouquinho sobre elas. Vamos nessa?

01 – Tubarão (Peter Benchley)

O Círculo do Livro estava ainda no comecinho de sua existência, acho que entrando em seu segundo ano de atividade, quando publicou Tubarão. Tenho quase a certeza de que o filme dirigido por Steven Spielberg ainda não tinha entrado em cartaz. Portanto, a obra era uma novidade e mesmo assim se tornou um dos mais vendidos do catálogo da editora. Depois, veio o filme, e aí... já viu né... a obra de Peter Benchley explodiu em vendagens, mas posso afirmar com tranquilidade que a editora foi a pioneira no lançamento de Tubarão (ver resenhas do livro aqui e mais aqui).

A obra transformou Benchley em multimilionário da noite para o dia. Fez tanto sucesso que o seu autor foi convidado para adaptar as páginas de sua obra para o cinema. E mais! Num filme que seria dirigido pelo gênio Spielberg, que naquela época já era considerado um “menino-prodígio” da indústria cinematográfica de Hollywood.

O enredo é manchado por todos e até aqueles que não leram o livro ou assistiram ao filme conhecem: “quando a comunidade litorânea de Amity é atacada por um enorme e perigoso tubarão branco, o chefe de polícia, um jovem biólogo marinho e um experiente caçador de tubarões embarcam na desesperada missão de destruir o monstro, antes que ele ataque novamente”.

02 – Pássaros Feridos (Colleen Mccullough)

Anotem aí: as editoras Círculo do Livro e Difel foram as primeiras a lançar Pássaros Feridos no Brasil; isso em 1977. Só depois e bem depois vieram as edições de 1980, 1983, 1984, 1985, 1986 e etc, mais etc e novamente etc, pois a obra continuou sendo relançada por várias editoras nos anos seguintes.

A saga de Pássaros Feridos (veja resenha aqui) começa no início do século XX e conta os acontecimentos de três gerações da família Cleary, misturando ambição, amor e ódio; conquistas e derrotas. Ao contrário do que muitos leitores pensam, não se trata de uma simples história de amor proibido envolvendo uma  mulher e um padre. O enredo vai muito mais além. A autora australiana Colleen Mccullough narra a saga de três gerações de uma família no período de 1915 a 1969.

O livro aborda as alegrias e tristezas dos Cleary -  formada pelo casal Paddy, Fee e os seus sete filhos – que devido a dificuldades financeiras decidem mudar-se de sua humildade propriedade na Nova Zelândia e emigrar para a Austrália, após receberem um convite de Mary Carson,  irmã de Paddy .  Como ela não vê o irmão há muitas décadas e encontra-se sozinha e com a saúde debilitada, decide convidá-lo, juntamente com a sua família, á morarem e trabalharem em sua propriedade chamada Drogheda, uma vasta e rica fazenda de criação de carneiros. A partir daí começam os momentos bons e ruins vividos pelos Cleary’s. Alguns personagens morrem, outros nascem; tristezas e alegrias chegam e vão; e por aí afora.

É importante frisar, novamente, que o livro não se resume a uma história de amor proibida, no caso: Meggie Cleary e o padre/cardeal Ralp de Bricassart. A autora vai mais a fundo, contando a saga dos outros filhos e também do próprio casal: Paddy e Fee.

03 – Médicos em Perigo (Frank G. Slaughter)

Querem saber porque esse livro de Frank G. Slaughter é tido como uma raridade no Brasil? Eu conto. Nenhuma outra editora lançou Médicos em Perigo no Brasil a não o Círculo do Livro. Isto significa que na época de seu lançamento em 1984, a venda estava restrita apenas aos leitores que eram sócios do Círculo. Depois disso, nenhum outro executivo de pequena, média ou grande editora se interessou em publicar, novamente, a história de Slaughter o que, sinceramente, é uma pena porque o enredo é pra lá de bom, é excelente, na verdade. Vou mais além, Médicos em Perigo entra tranquilamente no meu Top Five, ou seja, na lista dos meus cinco melhores livros. Não entendo como um enredo desses não teve o reconhecimento que merece.

A obra pode ser encontrada a preços módicos em qualquer sebo que você visitar. Compre logo porque é um livraço (resenha aqui). E além do enredo de primeira, o leitor também terá a oportunidade de ter em sua estante um livro em capa dura do tipo “filho único” publicado por uma única editora de uma editora.

A obra é focada no personagem Mark Harrison, um jovem médico com um futuro promissor pela frente mas quando acaba ingressando no mundo das drogas, “a casa começa a cair”.

Médicos em Perigo dá uma visão ampla do mundo podre da medicina, ou seja, do jogo de interesses envolvendo médicos, donos de clínicas e grandes hospitais que visam apenas o lucro em suas ações; da concorrência entre colegas de trabalho que pode chegar aos extremos; da exploração pela qual os médicos recém formados acabam se tornando vítimas, sendo obrigados a cumprir uma carga horária desumana. É esse o “o ambiente predador” onde Mark é jogado.

Ao aprofundarmos na leitura da obra passamos a entender os motivos que levam um médico jovem e talentoso, com um futuro maravilhoso pela frente a se “prostituir” em seu meio.

04 – Os Sete Minutos (Irving Wallace)

Pois é, meados dos anos 80; o Círculo do Livro no auge, bombando de sócios... Foi nessa época que a antológica e saudosa editora publicou Os Sete Minutos do escritor norte-americano Irving Wallace. A obra já havia sido publicada pela editora Nova Fronteira no final de 1968, depois teve um vácuo de 18 anos sem nenhum relançamento. Mas em 1986, o Círculo do Livro decidiu relançar o livro de Wallace em capa dura numa edição muito luxuosa para os padrões daquela época. Resultado: o livro que já havia sido bem aceito no final da década de 60 deixou os sócios da editora enlouquecidos quando viram a sua imagem impressa na tradicional revistinha dos sócios. Neste mesmo ano, a editora Rio Gráfica também promoveria o relançamento de Os Sete Minutos numa edição mais simples do que a do Círculo, em brochura e com as páginas em em papel jornal. Nem preciso dizer que pintou uma baita frustração nos leitores que não eram sócios do círculo do Livro já que a edição capa dura era exclusividade da galera associada ao Clube.

Posso definir a leitura de Os Sete Minutos como arrebatadora. Fiquei surpreso porque não conseguia largar o livro e quando percebi, me via lendo durante qualquer brecha do meu dia a dia: no banheiro, depois do almoço, entre uma e outra reportagem que fazia. E olha que eu não tenho esse hábito, já que me acostumei a ler somente durante as noites e madrugadas. Mas confesso que Wallace, com o seu livro, conseguiu mudar os meus velhos hábitos. Livraço. Publiquei a resenha da obra em 2011, praticamente no ano de nascimento do blog. Você pode conferir aqui.

O autor fala de um misterioso escritor chamado J.J. Jadway que escreveu Os Sete Minutos considerado o romance mais injuriado e polêmico de todos os tempos.

O livro, na época de seu lançamento, escandalizou toda a sociedade por ser considerado pornográfico e ficou proibido durante 35 anos, ganhando o status de obra maldita, mas por outro lado Cult. Quanto ao seu autor, se tornou um mito, uma verdadeira lenda. Por causa da obra polêmica, há três décadas e meia, Jadway acabou sendo expatriado e a partir desse momento ninguém nunca mais souber informar o seu paradeiro: se ele estava vivo ou morto. Decorrido todo esse tempo, uma editora resolve relançar o polêmico romance que culmina com a morte de um leitor, cujos familiares culpam o livro. O caso acaba indo parar nos tribunais. Livraço.

05 – Esfera (Michael Crichton)

Aha! Ah! Os fãs de Michael Crichton que acreditavam que o autor não fazia parte do catálogo de obras da editora, se enganaram; e se enganaram muito. Anotem aí: Congo, Esfera, Sol Nascente e Parque dos Dinossauros, todos eles figuraram nas páginas da famosa revistinha do Círculo do Livro.

Quero escrever sobre “Esfera” que foi publicado, em primeira mão no Brasil, pelo Círculo do Livro, em 1987. Só depois, outras editoras tiveram a iniciativa de relança-lo. Aliás, o Círculo do Livro após obter licença da Nova Cultural conseguiu algo inédito nos anos 80, uma publicação simultânea com os Estados Unidos, ou seja, Esfera chegou nas livrarias brasileiras no mesmo ano em que foi lançada nos States; uma diferença apenas de alguns dias. O livro seria adaptado para os cinemas no ano seguinte.

A história segue Norman Johnson, um psicólogo contratado pela Marinha dos Estados Unidos , que se junta a uma equipe de cientistas reunidos para examinar uma nave espacial de origem desconhecida descoberta no fundo do Oceano Pacífico. O romance começa como uma história de ficção científica, mas rapidamente se transforma em um thriller psicológico.

06 – Instinto Assassino (William Randolph Stevens)

Instinto Assassino foi mais um lançamento exclusivo da editora em 1982, cujo privilégio de ler o enredo real e chocante escrito por William Randolph Stevens coube apenas aos leitores sócios do Círculo do Livro. Somente quatro anos depois, em 1986 é que teríamos o relançamento do enredo pelo Rio Gráfica.

A história de Instinto Assassino - que acabou virando uma série de TV nos anos 80, se não me engano na Rede Globo - nos dá uma noção exata da complexidade da mente e do modus operandi de um psicopata.

Na obra de Randolph Stevens que também foi o promotor do caso e depois resolveu escrever um livro sobre o assunto, Cristina Henry narra os momentos de terror que passou ao lado de seu marido, o proeminente médico americano, Dr. Patrick Henry com quem chegou a ter um filho.

Ela conviveu durante quase sete anos ao lado de um perigoso psicopata sem perceber nada de anormal, já que o médico insano escondia com perfeição a sua personalidade doentia. Durante todo esse período, Cristina enfrentou várias situações de risco extremo, com a sua vida ficando presa por um fio. O passatempo predileto de seu esposo era armar armadilhas para matá-la ou então fazê-la sofrer, sem que ela nada percebesse.

Um livro chocante e que impressiona, muito. Não recomendo para pessoas altamente sensíveis. Tem resenha da obra aqui.

07 – A Casa dos Espíritos (Isabel Allende)

Taí outra obra que ao ser lançada em 1982 ficou restrita apenas aos assinantes da revista Círculo do Livro. Verrdade; somente essa galera pode se deliciar com o megassucesso escrito por Isabel Allende que estava estreando como escritora. Quando as outras editoras resolveram relançar a história da autora chilena, ainda nos anos 80, os leitores que eram sócios do Círculo já sabiam ‘de cor e salteado’ a saga da família Trueba.

A narrativa é centrada na vida dessa família fictícia e acompanha três de suas gerações por meio das personagens femininas que encarnam o lugar de mãe, de filha e de neta, percorrendo quase todo o século XX.

São três protagonistas, as três gerações de mulheres que são a base para o acompanhamento da sucessão geracional da narrativa; todas com vidas difíceis e acontecimentos marcantes e traumáticos: Clara, a "clarividente", sua filha Blanca e a neta Alba, que é o alter ego da própria Isabel. Essas mulheres, femininas e fortes, enfrentam com coragem as paixões, os dramas familiares e os acontecimentos turbulentos de suas épocas. As vivências e dificuldades passadas por cada uma delas não se interrompem para dar início a um novo ciclo com a seguinte, mas sim se sobrepõem e ecoam em uma ligação mais que maternal, espiritual entre as gerações.

Dentre sua lutas exaltadas pela autora estão o casamento forçado, o amor clandestino, a gravidez como perpetuação de família proprietária, as descobertas sexuais, os abusos sexuais e os tolhimentos condicionados ao gênero. Publiquei uma resenha do livro de Alllende em 2016. Confiram aqui.

08 – A Mulher Só (Harold Robbins)

As editoras Record e Círculo do Livro lançaram, praticamente, juntas o livro de Harold Robbins em 1976. Os fãs do escritor americano de romances populares, um dos escritores mais vendidos de todos os tempos, vibraram, ainda mais porque Robbins estava no auge da carreira quando a obra foi publicada.

O enredo de A Mulher Só narra a saga da personagem JeriLee que sonha se tornar uma escritora famosa e não mede consequência para atingir o seu objetivo. Dessa maneira, ela abandona o marido, a sua cidade, os poucos colegas e até mesmo muitos de seus princípios morais e vai para a luta. Nesta sua nova jornada, ela acaba se prostituindo, além de se envolver com álcool, drogas e dormindo com quem quer que seja, até mesmo pessoas que ela julga desprezíveis, homens ou mulheres, para conseguir chegar onde quer.

Na realidade, o enredo mostra uma inversão de valores, pois o que JeriLee almeja é ser valorizada no meio artístico, no seu caso, dentro do contexto editorial. Mas fica a pergunta: “Será que para se tornar uma pessoa respeitada no mundo do Jet set, vale a pena passar por cima de muitos princípios que você julga moral?

O livro deixou ao fãs de Robbins que assinavam a famosa revistinha daquele famoso clube literário em êxtase total.

09 – As Sandálias do Pescador (Morris West)

O melhor e mais famoso livro de Morris West não poderia ficar de fora do catálogo. A obra lançada em 1986 pela editora fez a alegria leitores associados. 

Defino As Sandálias do Pescador como um livro profético. Na história idealizada pelo escritor australiano, um bispo russo se torna cardeal e em seguida papa – o primeiro papa não italiano em mais de 400 anos.

Uma década e meia após West ter escrito a sua principal obra, eis que o Vaticano também ganharia, após 400 anos, o seu primeiro papa não italiano, ou será que vocês já seesqueceram do polonês Karol Wojtyla, o nosso saudoso e icônico João Paulo II?

Não há como negar as semelhanças entre o fictício Lakota e o real Wojtyla, O personagem do livro é um cardeal ucraniano que, após lutar contra os nazistas, torna-se perseguido e encarcerado pelos soviéticos. Após 20 anos, recebe a liberdade graças a um acordo do premiê russo com o Vaticano,  mas carrega as marcas de seu sofrimento na memória, na alma e no rosto com uma notável cicatriz.

Livraço (ver resenha aqui) também bombou no catálogo do Círculo do Livro.

10 – Nada Dura para Sempre (Sidney Sheldon)

É evidente que um autor que estava na boca do povo em 1994 não poderia faltar no catálogo da saudosa editora. Nada Dura para Sempre de Sidney Sheldon tem um gostinho de emoção misturado a um gostinho de tristeza, afinal ele foi publicado pelo Círculo do Livro já no seu “finalmente”.|O que estou “dizendo” é que dois anos depois, infelizmente, o Clube do Livro encerraria as suas atividades.

No enredo de Sheldon, três jovens médicas – amigas há muito tempo - com personalidades bastante diferentes ficam ainda mais mas unidas pela correria, pelos contratempos e pelas fortes emoções ao começarem a trabalhar juntas no Hospital Público Embarcadero, em São Francisco.

Paige é feliz seguindo a mesma carreira do pai e planeja se casar com seu primeiro amor, mas seu sonho pode ir por água abaixo. Honey abusa de suas habilidades de sedução. Mas será que isso é o suficiente para salvar vidas? Kate, abusada pelo padrasto na adolescência, prometeu que jamais seria tocada por um homem. Porém, sua postura durona acaba despertando interesses masculinos.

Elas dividem os problemas típicos da profissão; contudo, parece que o destino reservou a cada uma delas um novo desafio. Agora, as três deverão enfrentar situações de vida ou morte.

Nada dura para sempre é uma trama repleta de reviravoltas, onde o amor, o medo e a ambição se combinam. Se quiser saber mais sobre o livro clique na resenha aqui.

Taí galera, espero que tenham gostado dessa viagem literária. Atualmente, podemos encontrar diversos clubes de assinatura de livros no Brasil, apresentando variados tipos de curadoria e funcionando nos mais diferentes modelos de negócio, mas iguais ao Círculo do Livro, jamais. Eitcha saudades!!

 

08 março 2025

10 livros sobre empoderamento feminino para celebrar o mês das mulheres

Este post é mais de Lulu do que meu, afinal, a ideia do tema foi dela, além de ter colaborado na seleção das obras literárias que fazem parte dessa lista; a maioria dos livros foram escolhidos por ela, a outra pequena porcentagem “pintou” após sugestões de amigas leitores e zapeadas nas redes sociais. Estávamos numa lanchonete quando ela me lançou a proposta – Nós estamos no mês dedicado a mulher, então por que você não aproveita a data para escrever um texto sobre livros de empoderamento feminino? Tem tantas obras boas. – Pois é, começamos a conversar sobre o assunto, fomos trocando ideais, lapidando a proposta e chegamos à conclusão de que a proposta se encaixaria melhor no formato de lista literária. Pronto, surgiu assim, a postagem que você está lendo agora.

Com o crescimento gradativo do empoderamento como pauta na sociedade, mulheres lidam diariamente com diversas responsabilidades e dificuldades em todas as áreas da vida, mas rompendo com muita perseverança as barreiras que as colocam à prova. Barreiras que aliás estão sendo rompidas há muitas e muitas décadas.

Os livros desempenham um papel muito importante no rompimento dessas barreiras mostrando que é possível enfrentar os maiores medos buscando o que se deseja. Eles são excelentes estratégias para as mulheres obterem conhecimento e empoderamento. Sejam ficcionais ou não, os livros têm a capacidade de abrir a mente, ensinar coisas novas e ainda ajudar as leitoras a ampliar a visão de mundo e a desenvolver discursos condizentes com as ideias que acreditam.

Como diz a escritora norte-americana Lisa Kleypas, “uma mulher que lê muito é uma criatura perigosa”. Talvez por isso, a literatura feminina seja associada na história a movimentos de independência e emancipação do gênero fugindo do contexto explorado por publicações habituais, quase sempre escritas por homens.

Valeu pela ideia Lulu; agora, vamos a nossa lista de 10 livros sobre empoderamento para celebrar o Dia Internacional da Mulher comemorado neste 8 de março. Livros que toda mulher deveria ler paras se conscientizar de sua força, de seu poder.

Ah! E claro, feliz mês das mulheres, aliás vocês são muito especiais para ter somente um dia, vocês merecem muito mais do que isso, merecem um mês inteiro de homenagem e não apenas um dia. E vamos para as obras!

01 – Mulheres que correm com lobos (Clarissa Pinkola Estés)

O livro traz histórias e mitos, que refletem a condição da mulher em diversas situações da vida. A obra que pode ser considerada um clássico continua vendendo “horrores” desde o seu lançamento em 2018.

Segundo a autora e analista junguiana Clarissa Pinkola Estés, os lobos foram pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas indefesas. Mas nem sempre eles foram vistos como criaturas terríveis e violentas. Ela explica em seu livro que na Grécia antiga e em Roma, o animal era o consorte de Artemis, a caçadora, e carinhosamente amamentava os heróis.

Clarissa Estés acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, a autora descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna.

Seu livro, Mulheres que correm com os lobos, ficou durante um ano na lista de mais vendidos nos Estados Unidos. Abordando 19 mitos, lendas e contos de fada, como a história do patinho feio e do Barba-Azul, Estés mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Segundo a analista, a exemplo das florestas virgens e dos animais silvestres, os instintos foram devastados e os ciclos naturais femininos transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações psíquico-arqueológicas' nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher.

02 – Em busca de mim (Viola Davis)

Lulu leu esse livro e adorou. Gostou muito, mesmo. Antes de escrever esse post, estávamos conversando na lanchonete sobre a luta e a perseverança da da premiada atriz norte-americana Viola Davis, protagonista de A Mulher Rei, filmaço que assisti com Lulu, e adoramos. Ela comentava que nós poderíamos até imaginar que atrizes e atores famosos de Hollywood vivem num eterno glamour cercado de uma vida luxuosa e sem problemas. Viola, desmistifica essa visão. 

Em seu primeiro livro, a atriz e agora escritora, descreve sem rodeios toda a sua trajetória, desde a fase de extrema pobreza em que vivia com os pais e seus cinco irmãos na cidade de Central Falls, no estado de Rhode Island, sua formação e formatura profissional sempre com muita dificuldade, até a fase dos testes, as recusas, o preconceito, os primeiros trabalhos no teatro, TV e cinema e os primeiros sucessos, seguidos de prêmios.

Lulu achou o relato de Viola bem íntimo e visceral. A atriz, de fato, abre o jogo sobre a sua vida narrando em detalhes as derrotas e conquistas, as tristezas e as alegrias.

03 – Circe: Feiticeira, Bruxa, entre o castigo dos deuses e o amor dos homens (Madeline Miller)

Indicação minha. Verdade, Li e amei; agora, estarei repassando para Lulu que também está morrendo de vontade de lê-lo. O livro de Madeline Miller conta a história de Circe, a famosa feiticeira da mitologia grega que aparece no Clássico A Odisseia de Homero. A história é narrada em primeira pessoa pela própria Circe desde o seu nascimento até a fase adulta quando passou a ser temida até mesmo pelos deuses olimpianos.

Vemos toda a humilhação sofrida pela personagem quando criança e adolescente enfrentando bullying de todos os lados, principalmente de familiares, incluindo o seu poderoso pai, o deus Hélio (Sol) e sua mãe, a ninfa Perseis que a menosprezavam cruelmente chegando ao ponto de dizer que ela era um ‘nada’ se comparada ao seu irmão Eetes. As humilhações também vinham de suas “amigas”, parentes, homens, etc. Enfim, as pancadas chegavam de todos os lados.

A obra mostra a resiliência e o crescimento de Circe até conseguir se transformar numa mulher temida e ao mesmo tempo amada.  Como já citei acima, li e amei (veja resenha) por isso, super indico.

04 – Eu sou Malala: A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã (Malala Yousafzai e Christina Lamb)

Malala Yousafzai é uma ativista paquistanesa que ficou internacionalmente conhecida por defender o direito das mulheres de terem acesso à educação. Ele morava em uma região dominada pelo Talibã e desafiou as ordens desse grupo fundamentalista de parar de estudar. Seu ativismo fez com que ela se tornasse alvo do Talibã e fosse vítima de um atentado em 2012. Ela sobreviveu e, em 2014, recebeu o Nobel da Paz.

Aos dezesseis anos, Malala se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. A obra foi escrita em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb.

05 – Sejamos todos feministas (Chimamanda Ngozi Adichie)

O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Estas questões são abordadas Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo.

Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. "Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’". Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e - em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são "anti-africanas", que odeiam homens e maquiagem - começou a se intitular uma "feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens".

Neste ensaio agudo e sagaz, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.

06 – O canto da estrela (Carla de Paiva)

Um tributo às mulheres do sertão e uma celebração da resiliência feminina, O Canto da Estrela Dalva, de Carla Paiva, conta a história de Aparecida, uma mulher que enfrenta as amarras da sociedade patriarcal na cidade de Iracema, no Ceará, vale do Jaguaribe.

A narrativa, que demorou quatro anos para ser escrita, se passa entre os anos de 1922 e 1924 — época de uma das maiores secas da região. “A história ganhou corpo aos poucos, e escrevê-la foi uma jornada de descobertas e conexões com minhas próprias raízes”, conta a autora cearense, natural de Iracema, segundo comunicado da editora Patuá.

Paiva, que é graduada em Letras e cursa atualmente Filosofia, inspirou-se em grandes escritores para escrever a obra, incluindo Rachel de Queiroz, Clarice Lispector, Albert Camus e Fernando Pessoa. Outra inspiração destacada por ela são as mulheres com quem conviveu: "através deste livro, consegui trazer ao mundo uma personagem que se assemelha às minhas ancestrais; vejo muito da minha mãe, da minha avó e também um pouco de mim”, reflete.

07 – Lute como uma garota – 60 feministas que mudaram o mundo (Laura Barcella e Fernanda Lopes)

Lulu está lendo e gostando muito. Uma amiga nossa emprestou o livro, uma amiga, diga-se de passagem, que já é avó e agora bem próxima de se tornar bisavó. Ao pegar o livro, Lulu perguntando meio em tom de exclamação – Laura, você leu?! – Na lata, a nossa amiga querida devolveu com aquele olhar matreiro e divertido – Li sim. Por que? Não sou tão garota assim? Saiba que sou fã de Madonna e Beyoncé. – Todos nós, rimos muito. 

Lute Como Uma Garota - 60 Feministas que Mudaram o Mundo, publicado pela editora Cultrix, é um compilado dos perfis de figuras importantes da militância feminista, abrangendo das pioneiras do século XVIII às estrelas pop dos dias de hoje, como Frida Kahlo, Simone de Beauvoir, Oprah Winfrey e Madonna, além de nomes essenciais da luta no Brasil, apresentando um pouco da história da luta das mulheres para ocupar o seu espaço.

Com prefácio de Mary Del Priore, apresentação de Nana Queiroz e todo ilustrado, a obra de Barccella e Lopes mostra a força das mulheres.

08 – Estou com câncer e daí? (Clélia Bessa)

Estou com câncer e daí?, de Clélia Bessa, é o livro que originou o filme Câncer com ascendente em virgem, que estreia no próximo dia 27 de março nos cinemas brasileiros. O drama é dirigido por Rosane Svartman e conta um grande elenco: Suzana Pires, Marieta Severo e Fabiana Karla.

O enredo do livro retrata a jornada de cura da autora, diagnosticada com câncer de mama. São textos curtos, contendo muita sinceridade e bom-humor. Entre os temas abordados, estão a autoestima e a vida amorosa de quem enfrenta a doença, além das emoções em torno da mastectomia, a temida cirurgia de remoção de mama.

09 – Os homens explicam tudo para mim (Rebeca Solnit)

Tem uma passagem desse livro de Rebeca Solnit que é muito engraçada mas que serve para mostrar como alguns homens ainda pensam que sabem mais do que sabem só para se mostrar para uma mulher. Este episódio ocorreu numa festa quando um homem passou horas explicando por que ela deveria ler um determinado livro, sem se dar conta de que estava conversando com a própria autora. A partir desse evento, Rebecca explora o fenômeno machista do ‘mansplaining’, termo usado quando um homem assume saber mais do que uma mulher sobre algum assunto e insiste em explicar, mesmo quando ela tem mais conhecimento. 

O livro discute diferentes formas de violência contra a mulher, desde o silenciamento até a violência física, e apresenta uma visão corajosa e incisiva de machismos muitas vezes não tão evidentes em uma cultura patriarcal.

Rebeca é jornalista, historiadora e escritora premiada, autora de mais de uma dezena de livros sobre assuntos como mudanças sociais, arte, política e feminismo. É ativista em questões ambientais e dos direitos humanos desde a década de 1980.

10 – Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço (Adriana Negreiros)

Esqueça aquela visão romantizada das mulheres no cangaço. Esta visão é completamente deturpada. Elas sofriam e muito nas mãos ou nas garras dos cangaceiro. Pra começar, elas não entravam no cangaço porque queriam mas porque eram sequestradas e violentadas pelos homens do bando. 

gerando um clima de terror imenso entre as sertanejas. Não tinha o que pudesse ser feito se um desses sujeitos demonstrasse qualquer interesse por uma moça (ou menina): se já havia muita violência gratuita contra as pessoas comuns, apenas para o divertimento dos cangaceiros, pior ainda seria se alguém tentasse interferir em seus interesses, fossem quais fossem.

Na minha opinião, isso derruba a tese de que eles eram heróis, justiceiros ou pessoas que lutavam “contra o sistema”, ideia esse que foi reforçada por serem eles uma espécie de força rival das volantes, grupos da polícia cuja violência não deixava nada a desejar à dos cangaceiros.

Bem, resumindo, as mulheres sofriam e muito nas mãos daqueles homens; sem ter o mínimo de voz ativ as eram comparadas a simples objetos de prazer, mas então surgiu Maria Bonita – uma mulher considerada fora da curva naquela época – e mudou todo esse contexto.

A mulher mais importante do cangaço brasileiro, que inspirou gerações de mulheres, ganha agora sua biografia mais completa e com uma perspectiva feminista. Embora a mitificação da imagem de Maria Bonita tenha escondido situações de constante violência, ela em nada diminui o caráter transgressor da Rainha do Sertão. Desde os anos 1990, a data de nascimento de Maria Bonita passou a ser celebrada no Dia Internacional da Mulher.

Taí mulheres, vamos celebrar esse mês tão especial lendo; lendo obras que abordem toda a sua força, coragem e perseverança.

 

03 março 2025

"Os Três Mosqueteiros”: uma releitura que vale um desempate

A primeira vez que li amei; a segunda... bem, não foi tudo aquilo que eu esperava. Estou me referindo ao clássico literário Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas. Agora estou me preparando para o desempate que só será possível com uma terceira leitura do livro sobre os quatro amigos inseparáveis. 

Ainda me lembro que na primeira vez que li as aventuras de Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan – estava debutando do Primário para o Ginasial - e amei; amei tanto que anos depois, ainda nos primórdios do blog, resolvi escrever um post sobre o livro (veja aqui). O tempo passou, eu cresci (rs) e fiz a releitura do clássico e... dessa vez, não foi tão prazerosa assim (explico aqui).

Depois que fechei a edição comentada da Zahar; e que edição! – capa dura, com ilustrações e notas de rodapé – fiquei imaginando o motivo de não ter gostado tanto assim, da releitura. Cheguei a algumas conclusões que classifiquei como plausíveis. A primeira delas pode ter sido as longas notas de rodapé da versão integral e comentada que acabaram truncando a leitura. Isso pode ter acontecido porque eu tenho o hábito de ler simultaneamente enredo e as explicações do autor que são publicadas no rodapé das páginas; e confesso que as tais notas da edição da Zahar são longas ao extremo. Por isso, toda vez que a leitura do enredo engatava uma quinta marcha, lá vinham as notas de rodapé e assim, essa quinta marcha era abruptamente reduzida para uma primeira. Aí meu amigo, até você conseguir buscar a quinta marcha perdida, demorava e muito.

O segundo motivo para não ter gostado tanto da releitura de Os Três Mosqueteiros pode ter sido o momento em que eu o li. O que estou querendo “dizer” é que decidi reler a obra de Dumas numa época atribulada quando estava enfrentando um rol de preocupações – algumas bem complicadas – na minha vida profissional e também na saúde. Estas preocupações podem ter colaborado para desviar a minha atenção fazendo com que eu não focasse somente na leitura do livro e assim, aquela magia de mergulharmos no enredo – que só os devoradores de livros conhecem – acabou se esvaindo.

Galera, confesso que quero sentir aquele prazer fantástico da minha época de estudante “primário-ginasiano” quando ‘engoli’ as páginas de Os Três Mosqueteiros. Por isso, quero muito reler essa história. Esta vontade coincidiu com o desejo de ‘última hora’ que eu tenho de ler uma obra clássica; e nesse caso, nada melhor do que “Dumas na área”.

Quero que essa releitura – como disse acima, esse desempate – seja muito especial. Para que isso aconteça, escolhi reler a obra num período em que a maré se encontra tranquila em meu serviço e também na minha vida particular. Uso aqui, uma frase da minha grande Lulu: “Temos que aproveitar as marés tranquilas de nossa vidas para fazermos as ‘coisas’ que mais desejamos, aquelas especiais, porque assim a nossa felicidade será duplicada ou triplicada. Com isso, recarregaremos as nossas baterias para enfrentarmos possíveis tempestades e tribulações que possam vir no futuro”. Viram só que mulher sábia eu tenho? (rs).

Esta minha preparação para a segunda releitura do clássico de Dumas incluiu a compra da edição luxuosa da Zahar em capa dura de Vinte Anos Depois que é a sequência direta de Os Três Mosqueteiros e um planejamento financeiro para a aquisição de O Visconde de Bragelonne que, por sua vez, é a sequência de Vinte Anos Depois. Aliás, esse planejamento é necessário já que o calhamaço de 600 páginas da Zahar, fora da promoção, ultrapassa a “bagatela” de R$ 100,00.

Com certeza, muitos de vocês que leram essa postagem devem estar se perguntando “porque comprar mais dois livros se o meu objetivo inicial era apenas a releitura de Os Três Mosqueteiros”? Acontece galera, que ao mesmo tempo em que bateu uma vontade enorme de reler, novamente, Os Três Mosqueteiros também bateu a mesma vontade de conhecer a saga completa desses quatro heróis tão carismáticos. E assim, vamos que vamos.

Inté!

Instagram