10 livros sobre empoderamento feminino para celebrar o mês das mulheres

08 março 2025

Este post é mais de Lulu do que meu, afinal, a ideia do tema foi dela, além de ter colaborado na seleção das obras literárias que fazem parte dessa lista; a maioria dos livros foram escolhidos por ela, a outra pequena porcentagem “pintou” após sugestões de amigas leitores e zapeadas nas redes sociais. Estávamos numa lanchonete quando ela me lançou a proposta – Nós estamos no mês dedicado a mulher, então por que você não aproveita a data para escrever um texto sobre livros de empoderamento feminino? Tem tantas obras boas. – Pois é, começamos a conversar sobre o assunto, fomos trocando ideais, lapidando a proposta e chegamos à conclusão de que a proposta se encaixaria melhor no formato de lista literária. Pronto, surgiu assim, a postagem que você está lendo agora.

Com o crescimento gradativo do empoderamento como pauta na sociedade, mulheres lidam diariamente com diversas responsabilidades e dificuldades em todas as áreas da vida, mas rompendo com muita perseverança as barreiras que as colocam à prova. Barreiras que aliás estão sendo rompidas há muitas e muitas décadas.

Os livros desempenham um papel muito importante no rompimento dessas barreiras mostrando que é possível enfrentar os maiores medos buscando o que se deseja. Eles são excelentes estratégias para as mulheres obterem conhecimento e empoderamento. Sejam ficcionais ou não, os livros têm a capacidade de abrir a mente, ensinar coisas novas e ainda ajudar as leitoras a ampliar a visão de mundo e a desenvolver discursos condizentes com as ideias que acreditam.

Como diz a escritora norte-americana Lisa Kleypas, “uma mulher que lê muito é uma criatura perigosa”. Talvez por isso, a literatura feminina seja associada na história a movimentos de independência e emancipação do gênero fugindo do contexto explorado por publicações habituais, quase sempre escritas por homens.

Valeu pela ideia Lulu; agora, vamos a nossa lista de 10 livros sobre empoderamento para celebrar o Dia Internacional da Mulher comemorado neste 8 de março. Livros que toda mulher deveria ler paras se conscientizar de sua força, de seu poder.

Ah! E claro, feliz mês das mulheres, aliás vocês são muito especiais para ter somente um dia, vocês merecem muito mais do que isso, merecem um mês inteiro de homenagem e não apenas um dia. E vamos para as obras!

01 – Mulheres que correm com lobos (Clarissa Pinkola Estés)

O livro traz histórias e mitos, que refletem a condição da mulher em diversas situações da vida. A obra que pode ser considerada um clássico continua vendendo “horrores” desde o seu lançamento em 2018.

Segundo a autora e analista junguiana Clarissa Pinkola Estés, os lobos foram pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas indefesas. Mas nem sempre eles foram vistos como criaturas terríveis e violentas. Ela explica em seu livro que na Grécia antiga e em Roma, o animal era o consorte de Artemis, a caçadora, e carinhosamente amamentava os heróis.

Clarissa Estés acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, a autora descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna.

Seu livro, Mulheres que correm com os lobos, ficou durante um ano na lista de mais vendidos nos Estados Unidos. Abordando 19 mitos, lendas e contos de fada, como a história do patinho feio e do Barba-Azul, Estés mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Segundo a analista, a exemplo das florestas virgens e dos animais silvestres, os instintos foram devastados e os ciclos naturais femininos transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações psíquico-arqueológicas' nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher.

02 – Em busca de mim (Viola Davis)

Lulu leu esse livro e adorou. Gostou muito, mesmo. Antes de escrever esse post, estávamos conversando na lanchonete sobre a luta e a perseverança da da premiada atriz norte-americana Viola Davis, protagonista de A Mulher Rei, filmaço que assisti com Lulu, e adoramos. Ela comentava que nós poderíamos até imaginar que atrizes e atores famosos de Hollywood vivem num eterno glamour cercado de uma vida luxuosa e sem problemas. Viola, desmistifica essa visão. 

Em seu primeiro livro, a atriz e agora escritora, descreve sem rodeios toda a sua trajetória, desde a fase de extrema pobreza em que vivia com os pais e seus cinco irmãos na cidade de Central Falls, no estado de Rhode Island, sua formação e formatura profissional sempre com muita dificuldade, até a fase dos testes, as recusas, o preconceito, os primeiros trabalhos no teatro, TV e cinema e os primeiros sucessos, seguidos de prêmios.

Lulu achou o relato de Viola bem íntimo e visceral. A atriz, de fato, abre o jogo sobre a sua vida narrando em detalhes as derrotas e conquistas, as tristezas e as alegrias.

03 – Circe: Feiticeira, Bruxa, entre o castigo dos deuses e o amor dos homens (Madeline Miller)

Indicação minha. Verdade, Li e amei; agora, estarei repassando para Lulu que também está morrendo de vontade de lê-lo. O livro de Madeline Miller conta a história de Circe, a famosa feiticeira da mitologia grega que aparece no Clássico A Odisseia de Homero. A história é narrada em primeira pessoa pela própria Circe desde o seu nascimento até a fase adulta quando passou a ser temida até mesmo pelos deuses olimpianos.

Vemos toda a humilhação sofrida pela personagem quando criança e adolescente enfrentando bullying de todos os lados, principalmente de familiares, incluindo o seu poderoso pai, o deus Hélio (Sol) e sua mãe, a ninfa Perseis que a menosprezavam cruelmente chegando ao ponto de dizer que ela era um ‘nada’ se comparada ao seu irmão Eetes. As humilhações também vinham de suas “amigas”, parentes, homens, etc. Enfim, as pancadas chegavam de todos os lados.

A obra mostra a resiliência e o crescimento de Circe até conseguir se transformar numa mulher temida e ao mesmo tempo amada.  Como já citei acima, li e amei (veja resenha) por isso, super indico.

04 – Eu sou Malala: A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã (Malala Yousafzai e Christina Lamb)

Malala Yousafzai é uma ativista paquistanesa que ficou internacionalmente conhecida por defender o direito das mulheres de terem acesso à educação. Ele morava em uma região dominada pelo Talibã e desafiou as ordens desse grupo fundamentalista de parar de estudar. Seu ativismo fez com que ela se tornasse alvo do Talibã e fosse vítima de um atentado em 2012. Ela sobreviveu e, em 2014, recebeu o Nobel da Paz.

Aos dezesseis anos, Malala se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. A obra foi escrita em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb.

05 – Sejamos todos feministas (Chimamanda Ngozi Adichie)

O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Estas questões são abordadas Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo.

Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. "Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’". Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e - em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são "anti-africanas", que odeiam homens e maquiagem - começou a se intitular uma "feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens".

Neste ensaio agudo e sagaz, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.

06 – O canto da estrela (Carla de Paiva)

Um tributo às mulheres do sertão e uma celebração da resiliência feminina, O Canto da Estrela Dalva, de Carla Paiva, conta a história de Aparecida, uma mulher que enfrenta as amarras da sociedade patriarcal na cidade de Iracema, no Ceará, vale do Jaguaribe.

A narrativa, que demorou quatro anos para ser escrita, se passa entre os anos de 1922 e 1924 — época de uma das maiores secas da região. “A história ganhou corpo aos poucos, e escrevê-la foi uma jornada de descobertas e conexões com minhas próprias raízes”, conta a autora cearense, natural de Iracema, segundo comunicado da editora Patuá.

Paiva, que é graduada em Letras e cursa atualmente Filosofia, inspirou-se em grandes escritores para escrever a obra, incluindo Rachel de Queiroz, Clarice Lispector, Albert Camus e Fernando Pessoa. Outra inspiração destacada por ela são as mulheres com quem conviveu: "através deste livro, consegui trazer ao mundo uma personagem que se assemelha às minhas ancestrais; vejo muito da minha mãe, da minha avó e também um pouco de mim”, reflete.

07 – Lute como uma garota – 60 feministas que mudaram o mundo (Laura Barcella e Fernanda Lopes)

Lulu está lendo e gostando muito. Uma amiga nossa emprestou o livro, uma amiga, diga-se de passagem, que já é avó e agora bem próxima de se tornar bisavó. Ao pegar o livro, Lulu perguntando meio em tom de exclamação – Laura, você leu?! – Na lata, a nossa amiga querida devolveu com aquele olhar matreiro e divertido – Li sim. Por que? Não sou tão garota assim? Saiba que sou fã de Madonna e Beyoncé. – Todos nós, rimos muito. 

Lute Como Uma Garota - 60 Feministas que Mudaram o Mundo, publicado pela editora Cultrix, é um compilado dos perfis de figuras importantes da militância feminista, abrangendo das pioneiras do século XVIII às estrelas pop dos dias de hoje, como Frida Kahlo, Simone de Beauvoir, Oprah Winfrey e Madonna, além de nomes essenciais da luta no Brasil, apresentando um pouco da história da luta das mulheres para ocupar o seu espaço.

Com prefácio de Mary Del Priore, apresentação de Nana Queiroz e todo ilustrado, a obra de Barccella e Lopes mostra a força das mulheres.

08 – Estou com câncer e daí? (Clélia Bessa)

Estou com câncer e daí?, de Clélia Bessa, é o livro que originou o filme Câncer com ascendente em virgem, que estreia no próximo dia 27 de março nos cinemas brasileiros. O drama é dirigido por Rosane Svartman e conta um grande elenco: Suzana Pires, Marieta Severo e Fabiana Karla.

O enredo do livro retrata a jornada de cura da autora, diagnosticada com câncer de mama. São textos curtos, contendo muita sinceridade e bom-humor. Entre os temas abordados, estão a autoestima e a vida amorosa de quem enfrenta a doença, além das emoções em torno da mastectomia, a temida cirurgia de remoção de mama.

09 – Os homens explicam tudo para mim (Rebeca Solnit)

Tem uma passagem desse livro de Rebeca Solnit que é muito engraçada mas que serve para mostrar como alguns homens ainda pensam que sabem mais do que sabem só para se mostrar para uma mulher. Este episódio ocorreu numa festa quando um homem passou horas explicando por que ela deveria ler um determinado livro, sem se dar conta de que estava conversando com a própria autora. A partir desse evento, Rebecca explora o fenômeno machista do ‘mansplaining’, termo usado quando um homem assume saber mais do que uma mulher sobre algum assunto e insiste em explicar, mesmo quando ela tem mais conhecimento. 

O livro discute diferentes formas de violência contra a mulher, desde o silenciamento até a violência física, e apresenta uma visão corajosa e incisiva de machismos muitas vezes não tão evidentes em uma cultura patriarcal.

Rebeca é jornalista, historiadora e escritora premiada, autora de mais de uma dezena de livros sobre assuntos como mudanças sociais, arte, política e feminismo. É ativista em questões ambientais e dos direitos humanos desde a década de 1980.

10 – Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço (Adriana Negreiros)

Esqueça aquela visão romantizada das mulheres no cangaço. Esta visão é completamente deturpada. Elas sofriam e muito nas mãos ou nas garras dos cangaceiro. Pra começar, elas não entravam no cangaço porque queriam mas porque eram sequestradas e violentadas pelos homens do bando. 

gerando um clima de terror imenso entre as sertanejas. Não tinha o que pudesse ser feito se um desses sujeitos demonstrasse qualquer interesse por uma moça (ou menina): se já havia muita violência gratuita contra as pessoas comuns, apenas para o divertimento dos cangaceiros, pior ainda seria se alguém tentasse interferir em seus interesses, fossem quais fossem.

Na minha opinião, isso derruba a tese de que eles eram heróis, justiceiros ou pessoas que lutavam “contra o sistema”, ideia esse que foi reforçada por serem eles uma espécie de força rival das volantes, grupos da polícia cuja violência não deixava nada a desejar à dos cangaceiros.

Bem, resumindo, as mulheres sofriam e muito nas mãos daqueles homens; sem ter o mínimo de voz ativ as eram comparadas a simples objetos de prazer, mas então surgiu Maria Bonita – uma mulher considerada fora da curva naquela época – e mudou todo esse contexto.

A mulher mais importante do cangaço brasileiro, que inspirou gerações de mulheres, ganha agora sua biografia mais completa e com uma perspectiva feminista. Embora a mitificação da imagem de Maria Bonita tenha escondido situações de constante violência, ela em nada diminui o caráter transgressor da Rainha do Sertão. Desde os anos 1990, a data de nascimento de Maria Bonita passou a ser celebrada no Dia Internacional da Mulher.

Taí mulheres, vamos celebrar esse mês tão especial lendo; lendo obras que abordem toda a sua força, coragem e perseverança.

 

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