Obras clássicas de Agatha Christie serão revisadas para remover linguagem ofensiva

27 abril 2023

Depois da Ian Fleming Publications Ltd, companhia que tem direito sobre as obras de James Bond, que recebe o nome de seu autor, decidir promover uma série de atualizações nos livros do famoso agente secreto inglês escritos entre o período de 1951 a 1966 excluindo todos os trechos considerado racistas mas mantendo o texto o mais fiel possível ao original e ao período em que ele se passa (ver aqui); agora chegou a vez dos editores dos livros da “Rainha do Crime” tomara atitude semelhante.

Os livros clássicos da autora britânica Agatha Christie (1890-1976) serão revisados para remover linguagens ofensivas presentes nos textos, como referências racistas e descrições físicas consideradas ofensivas por alguns leitores. A informação foi dada, recentemente, pelo jornal The Telegraph do Reino Unido.

Segundo a imprensa britânica, a editora HarperCollins, responsável pela publicação de romances policiais de Christie, como Rainha do Crime e Histórias de Miss Marple, detalhou que passagens como "um judeu, é claro", que descreve o personagem Poirot em O Misterioso Caso de Styles, de 1920, foi retirada da nova versão.

Além disso, na obra Os Casos Finais de Miss Marple e Duas Outras Histórias, a descrição de um servo como "negro" e "sorridente" foi substituída apenas para "o que acena", retirando a alusão à sua raça. No romance de 1937, intitulado Morte no Nilo, as descrições ao "povo núbio" foram excluídas.

Conforme noticiado pela CNN, a prática de reedição dos conteúdos literários está se tornando cada vez mais comum entre as editoras. Como já escrevi acima, , as histórias de 007 escritas por Ian Fleming estão passando por um processo similar; mas não é só: as produções de Roald Dahl, autor de A Fantástica Fábrica de Chocolate, passou por esse mesmo processo. No entanto, as atuais mudanças dividiram as opiniões entre os leitores e alguns alegaram que reescrever os clássicos é uma forma de censurar documentos históricos.

A alternativa encontrada diante do debate por algumas empresas é de lançar duas versões, uma corrigida e uma original, a fim de permitir "a escolha dos ledores de decidir" qual história preferem, como destacado em nota pela editora Puffin, dos livros de Dahl.

Sei não, mas tudo indica que teremos mais obras de autores clássicos passando por esse mesmo processo que já está virando uma febre entre muitos editores. Vamos aguardar quais outras editoras seguiram esses passos; por enquanto apenas a Ian Fleming Publications Ltd e a editora HarperCollins aderiram a moda.

 

Um comentário

  1. E quando começarem a revisar as obras de Machado de Assis, Monteiro Lobato, Lima Barreto e outros ? A história tem seus problemas, mas é história e deve ser mantida como é, justamente para o que os mesmos erros não sejam cometidos novamente. É triste ver que George Orwell (1984) realmente detalhou o que está acontecendo.

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