Se existe algo que mete em mim um medo danado é o mar,
o oceano. Viche e mil vezes viche!! To fora! Ainda me lembro quando atravessava
o litoral paulista de balsa com os olhos fechados. Ninguém conseguia me persuadir
a abri-los. Sei lá galera; mar significa para mim abismos infinitamente
profundos cobertos por uma imensidão de água; abismos os quais se pudéssemos
ver a olho nu ficaríamos espantados. Espantados não, quero “dizer”:
estarrecidos.
Tudo bem, vocês podem até me chamarem de bobo, eu não
ligo, mas que o mar me amedronta; amedronta. Isso somado ao “lance” de que
também não sei nadar (rs).
Mas se o mar não me atrai na sua forma real, por outro
lado quando ele passa para as páginas de um livro, então... eu adoro. Amo
histórias que tem o mar como pano de fundo. Personagens destemidos que
enfrentam esse elemento da natureza com toda a coragem ou até com um certo
medo, mas com hombridade. Talvez eu goste tanto desses livros, mesmo detestando
o mar, porque... quem sabe eu queria ser como esses personagens, não é?
Ah! Quero agradecer a Lulu que me deu a ideia desse
post. Ela me disse – Jam, na realidade, você vive uma relação de amor e ódio
com o mar; então porque você não expressa isso numa postagem, escolhendo alguns
livros que tenham o oceano como “coadjuvante”? – Pois é, então complementei a
ideia de Lulu selecionando alguns enredos do tipo “homem versus mar”.
Vamos ao post? Escolhi oito livros onde os personagens
passaram por verdadeiros perrengues no mar. Alguns tiveram sorte e saíram com
vida, outros nem tanto.
01
- A Tormenta – A História Real de Uma Luta de Homens Contra o Mar” (Sebastian
Junger)
A Tormenta, como o próprio subtítulo aponta, é a história de
vários homens e mulheres que em outubro de 1991 enfrentaram uma tempestade
criada por uma combinação de fatores que os meteorologistas a consideraram de
“tempestade perfeita” ou a “tempestade do século”. A tormenta atingiu várias
cidades de Massachusetts, mas a pior parte ficou reservada para os pescadores
de espadarte do porto de Gloucester, principalmente aqueles que no momento do
fenômeno se encontravam com os seus barcos em alto mar, entre os quais os
tripulantes do Andrea Gail que praticamente estavam no olho da tempestade. É a
história desses heróis e heroínas que Sebastian Junger oferece – num cardápio
de primeira – para os seus leitores.
Neste contexto, o drama dos pescadores acaba se
fundindo com a história dos paraquedistas de resgate, conhecidos por PRs, que
muitas vezes são obrigados a driblar o terror de enfrentar ondas da altura de
um edifício de 10 andares para poderem salvar vidas que estão por um fio no mar
bravio.
Junger inicia A Tormenta: A História Real de Uma Luta de Homens Contra o Mar nos
apresentando a tripulação do Andrea Gail. Mais do que mostrar algumas
características desses pescadores, o autor brinda os seus leitores com a rotina
do dia a dia desses homens que entraram para a história de Gloucester ao
enfrentar a tempestade do século.
O filme “Mar em Fúria”, de 2000, com George Clooney,
Mark Wahlberg e Diane Lane foi baseado no livro de Junger.
02
– O Segredo do Abismo (Orson Scott Card)
O Segredo do Abismo do escritor norte-americano Orson Scott
Card é uma novelização do filme homônimo dirigido por James Cameron e que foi
um grande blockbuster em 1989. Apesar de não ser um grande adepto das
novelizações, devo admitir que Scott Card caprichou dessa vez. O livro é muito
bom.
Filme e livro contam a história de uma equipe de
mergulhadores que trabalham numa plataforma civil de exploração de petróleo. De
repente, eles se vêem envolvidos em uma missão de resgate do submarino nuclear
Montana que afundou misteriosamente com 156 tripulantes e, após o ocorrido, não
houve mais contato. A plataforma é usada para a operação que visa resgatar a
tripulação do Montana, pois apesar de saberem onde está o submarino, um furacão
se aproxima e, assim, a Marinha não teria tempo hábil de chegar ao local. Com
isso, a equipe da plataforma se torna a melhor opção para realizar o
salvamento, ficando acertado que o tenente Coffey supervisionará as operações.
Entretanto, Buddy Brigman, um mergulhador que chefia a plataforma, diz aos
militares responsáveis pela operação que a sua equipe não foi treinada para
esse tipo de serviço e se posiciona contra os seus superiores. Mesmo assim,
todos da plataforma acabam sendo obrigados a trabalhar nessa missão, colocando
as suas vidas em risco. O que eles não sabem é que o fundo do mar guarda um
segredo assustador e surpreendente que mudará a vida de todos.
03
– No Coração do Mar (Nathaniel Philbrick)
À exemplo de A Tormenta de Sebastian Junger, No Coração do Mar é uma história real de homens que, de fato, enfrentaram o mar.
No início do século XIX, essa caça às baleias era
considerada como profissão (altamente difícil e arriscada). Os barcos
baleeiros, normalmente medindo cerca de 8 metros, eram lançados ao mar com 6
homens a bordo. Depois de serem manobrados próximo ao gigante mamífero, era
lançado um arpão preso a uma corda atada à pequena embarcação. Assim que o
animal se cansava da luta, os marinheiros matavam-no com uma lança e
rebocavam-no para o deque do navio principal, onde a gordura e o óleo eram
extraídos.
Entre muitos desses barcos estava o Essex. Esse navio
se destacou não por ter um desempenho melhor do que qualquer outro, mas sim por
pela sua trágica e marcante história.
No dia 12 de agosto de 1819, pesando 238 toneladas, o
navio deixou Nantucket para uma expedição no mar que duraria 2 anos e meio. Na
tripulação havia 18 homens e, no comando, estava o capitão George Pollard Jr.
(28 anos). Após o Essex ter sido literalmente destroçado por uma baleia, os
seus sobreviventes tiveram de passar vários dias no mar em um pequeno barco
enfrentando sede e fome.
Diante da absoluta falta de comida, decidiu-se fazer
uma espécie de votação para definir quem seria o próximo a servir de alimento
aos sobreviventes. Para saber quem seria o eleito, eles tiravam a sorte como
num jogo de cartas ou palitos. Enfim, uma verdadeira roleta russa macabra.
Uma história real e chocante.
04
– Horas Decisivas – A história real do mais ousado resgate marítimo (Casey
Sherman)
Taí mais uma história real. O subtítulo do livro já
resume o perrengue vivido pelo guarda costeiro Bernard C. Webber, ou Bernie,
como era conhecido pelos amigos.
‘O pega pra capar’ aconteceu em 18 de fevereiro de
1952, quando o petroleiro SS Pendleton, com 32 tripulantes, que fazia o trajeto
Orleans-Boston, se rompeu ao meio durante uma forte tempestade em Cap Cod,
Massachussets.
Bernie e outros três jovens marinheiros foram convocados
para ajudar no resgate dos tripulantes. Enviados em uma pequena lancha
salva-vidas, eles superaram barreiras aparentemente intransponíveis numa missão
suicida para tentar salvar a vida de dezenas de marinheiros. E conseguiram.
O resgate dos sobreviventes do naufrágio do SS
Pendleton é considerado um dos mais ousados resgates da Guarda Costeira dos
Estados Unidos. Todos os quatro tripulantes do barco de Bernie foram agraciados
com a medalha Gold Lifesaving da Guarda Costeira.
Mais de 60 anos depois daquela noite fadítica, a
história real do resgate do petroleiro SS Pendleton acabou inspirando uma
produção cinematográfica dos estúdios Disney com Chris Pine no papel de Bernie.
Mas antes do filme, teve o livro de Casey Sherman (ver aqui). Aliás, um
livraço!
05
- À Deriva, 76 Dias Perdidos No Mar
(Steve Callahan)
Pelo jeito, histórias reais de homens que enfrentaram
o mar é o que não faltam por aqui. E para “variar” vamos com mais um fato.
Fato; não ficção.
Amante das navegações, Steven Callahan sempre
construiu embarcações e chegou a contribuir para edições da revista Cruising
World, especializada em iates e barcos. Aficionado pela arquitetura naval, ele
adiquiriu muita de sua experiência na prática.
Em meados de 1981, Callahan partiu de Newport, em
Rhode Island nos Estados Unidos, para embarcar em um barco à vela de seis
metros e meio que ele mesmo havia criado. Saindo dos Estados Unidos, ele foi
até as Bermudas e seguiu em direção à Inglaterra.
Após uma violenta tempestade, o seu pequeno barco não
resistiu e acabou naufragando. Ele teve de se arranjar com um pequeno bote
salva vidas. Imagine só, um minúsculo bote no meio de um oceano enoooorme. Brrrrrrrr! Podem acreditar. Callahan ficou
sozinho à deriva no Atlântico em numa balsa inflável de um pouco mais de 1 metro,
com 1kg e meio de comida e 1 litro e meio de água. Assim ele permaneceu por 76
dias, suportando as mais terríveis tempestades, sol escaldante e ataques de
tubarões, até que encontra a terra. Matou a fome comendo apenas peixes e aves,
quanto a sede, bem... leiam o livro.
06
– A Besta (Peter Benchley)
O oceano também tem os seus asseclas que o servem
fielmente. Um desses “capangas” foi a lula gigante, apelidada de “a besta”, que
deu muito trabalho para os personagens do livro A Besta de Peter Benchley, autor do grande sucesso Tubarão.
A besta que empresta o nome ao título do livro é uma
Architeuthis dux, ou seja, uma lula gigante que devido ao desequilíbrio
ecológico provocado pelo homem, começa a atacar e matar banhistas de uma cidade
praiana localizada nas costas das Bermudas. Após uma sucessão de ataques
fatais, Whip Darling, um pescador especialista em vida marítima, que quer
apenas levar uma vida normal ao lado de sua esposa e filha, acaba sendo forçado
a caçar o mostro marinho. O pai de uma das vítimas, um poderoso banqueiro,
promete 200 mil dólares se Darling aceitar a empreitada de sair em alto mar num
barco ultra-equipado juntamente com ele e um professor de oceanografia. Somente
os três, num embate de vida ou morte contra a lula gigante. Como Whip Darling
recusa a oferta, o banqueiro acaba por ameaçá-lo com um argumento infalível e
que não deixa outra opção ao experiente pescador, senão acompanhá-los. E é
nesta parte da obra que o negócio pega. No meu caso, não consegui largar o
livro de maneira alguma e quando percebi, já eram quase 5 horas da manhã! Mas
valeu à pena as horas de sono perdidas. Ação e suspense mesclam a caçada do
trio a Architeuthis dux, acredito que bem mais do que em “Tubarão”.
O combate final entre Darling e a lula é eletrizante.
O pescador enfrenta a besta, em seu barco, armado com uma serra elétrica,
deixando o leitor com a adrenalina nas últimas.
07
– O Destino do Poseidon (Paul Gallico)
Quer perrengue maior no oceano do que um
transatlântico ser atingido por uma onda gigantesca e depois ficar emborcado
abaixo da linha do mar? Ou “falando” o português bem claro: “ficar de cabeça
para baixo”? Deus me livre e me guarde! Entonce foi exatamente isso que
aconteceu com os tripulantes e passageiros do S.S. Poseidon atingido na véspera
de Ano Novo por uma onda gigantesca. Paul Gallico narra o drama dessas pessoas
em seu livro The Poseidon Adventure lançado em 1969 e que deu origem ao
filmaço “O Destino do Poseidon” (1972) com Gene Hackman, Ernest Borgnine e
Shelley Winters.
Livro e filme narram a saga de um grupo de
sobreviventes que está em um salão de baile de um convés superior do
transatlântico (mas que depois de virar, fica abaixo da linha d'água) e tenta
escapar da embarcação liderados pelo reverendo Frank Scott (Gene Hackman). Para
isso, devem chegar à casa de máquinas que se localiza no casco do navio (que
agora está acima da linha d'água), e durante o percurso acabam enfrentando
muitos perigos no navio instável que pode afundar a qualquer momento.
Haja coragem e sangue frio heim?
08
– Tubarão (Peter Benchley)
Fechamos a nossa lista com mais um assecla do “Sr.
Oceano”. E este assecla mete medo, muito medo. Ele deu uma dor de cabeça danada
para um grupo de pescadores que tentaram captura-lo, após ele ter provocado um
banho de sangue numa cidade praieira nos states.
O livro de Benchley lançado em 1974 foi adaptado um
ano depois para os cinemas e se tornou um fenômeno mundial. O filme dirigido
por Steven Spielberg arrebatou multidões aos cinemas.
Livro e filme foram os principais responsáveis em
elevar a fera de barbatanas dorsais ao status de perfeita encarnação do mal. Se
já existiu um bicho-papão na natureza, ele está dentro d’água. A história se
passa em Amity, um balneário ficcional situado em Long Island, Nova York.
Quando o corpo de uma turista é encontrado na praia o chefe de polícia Martin
Brody ordena o fechamento das praias da região. O prefeito Larry Vaughan,
porém, mais preocupado com o dinheiro dos veranistas, consegue abafar a notícia
e libera o banho de mar na cidade.
Quando a situação sai de controle, o xerife Brody
acompanhado de um oceanógrafo e de um pescador especialista em caçar turbarões
decidem sair por mar afora a procura da fera.
É isso aí galera! Espero que aproveitem a leitura
dessas obras, principalmente se você tem um tipo de amor bandido pelo mar:
amando-o mas ao mesmo tempo detestando-o; assim como eu.
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