O hipnotista

12 abril 2023

Um plot principal que tinha tudo para agradar mas acabou estragado por um plot secundário, desinteressante e com várias arestas soltas. Esta é a melhor definição – pelo menos na minha opinião – para uma resenha do livro O Hipnotista do casal de escritores suecos Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril que assinam as suas obras com o pseudônimo Lars Kepler como se fossem um só escritor.

Mas vamos voltar aos plots. O enredo principal que foi mutilado pelos autores diz respeito ao massacre de uma família nos arredores de Estocolmo que abala a polícia sueca por causa dos requintes de violência e crueldade. Os homicídios chamam a atenção do detetive Joona Linna, que passa a investigar os assassinatos. O criminoso ainda está foragido, e há somente uma testemunha: o filho de 15 anos, que sobreviveu ao ataque.

O detetive decide, então, chamar um famoso hipnotista (hipnotizador) que abandonou a carreira por causa de um trauma ocorrido no passado para que tente hipnotizar o garoto fazendo com que ele “volte” ao momento do massacre na esperança de ver o rosto do assassino ou então se lembrar de detalhes importantes que possam ajudar na elucidação do caso. É neste momento que acontece uma revelação surpreendente no enredo e que apanha os leitores de surpresa, mas justamente nesse ponto, o autor, ou melhor, os autores, cortam abruptamente esse plot e passam a explorar uma outra história completamente diferente sem nenhuma ligação com o caso do massacre. Este segundo plot envolve o sequestro de um adolescente que é filho de um dos personagens que fazem parte do primeiro plot. Resultado: O Hipnotista se transforma num livro com dois enredos distintos, o massacre da família que é resolvido logo no começo da história e o outro, o sequestro, que se arrasta até o final da trama.

Cara, achei muito estranha essa linha narrativa adotada por Lars Kepler, muito estranha, mesmo. No final, um enredo estragou o outro. Confesso que o primeiro plot estava prendendo a minha atenção, já que a história ficou turbinada logo depois que a vítima sobrevivente ao massacre foi hipnotizada. Mas, como já escrevi acima, inexplicavelmente, os autores matam essa trama e partem para o “lance” do sequestro.

Outro detalhe que me incomodou foram as descrições ‘cooooompridas’ demais sobre as técnicas de hipnotismo. No capítulo “10 Anos Antes” que narra detalhes sobre o passado do hipnotista Dr. Eric Maria Bark, toda vez que ele vai hipnotizar alguém, Lar Kepler exagera e muito as descrições sobre os procedimentos que devem ser adotados durante esse processo. Juro que por um triz não pulei esse capítulo. Ufa! Mas com muito custo consegui termina-lo.

Quanto ao plot do sequestro, não conseguiu me empolgar, nem mesmo nos capítulos finais quando os autores apelam para uma narrativa mais hollywoodiana com perseguições e enfrentamento do tipo “mocinhos versus bandidos”. Olha... repito, uma pena que tenham “rifado” o plot inicial da trama referente ao massacre da família do garoto.

A orelha do livro com o resumo da trama é a prova maior de que esse plot esquecido merecia maior destaque. Na orelha capa principal que traz a sinopse do enredo, são apresentadas apenas informações sobre o massacre da família e nada sobre o segundo plot envolvendo o sequestro.

Vale lembrar que O Hipnotista é o primeiro livro de uma série sobre o detetive Joona Linna. Confesso que não estou animado para ler a série toda. Com certeza parei no primeiro.

2 comentários

  1. Oi José Antônio, tudo bem? Já tinha visto a capa desse livro nas minhas visitas à livraria, mas não tinha pegado para ler. Que pena que a experiência não foi boa para você. Se um dia eu resolver ler já vou consciente de como a trama se desenrola. Adorei a resenha.

    Abraço!
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com

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    1. Olá Helaina. Infelizmente, o enredo de "O Hipnotista" não foi o que eu esperava. Pelo menos para mim, deixou a desejar. Talvez, com você seja diferente. Aliás, torço para isso. Feliz que tenha gostado da resenha. OBS: Visitei o seu blog. Muito legal. Abraços!

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