Um plot principal que tinha tudo para agradar mas
acabou estragado por um plot secundário, desinteressante e com várias arestas
soltas. Esta é a melhor definição – pelo menos na minha opinião – para uma
resenha do livro O Hipnotista do
casal de escritores suecos Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril que
assinam as suas obras com o pseudônimo Lars Kepler como se fossem um só
escritor.
Mas vamos voltar aos plots. O enredo principal que foi
mutilado pelos autores diz respeito ao massacre de uma família nos arredores de
Estocolmo que abala a polícia sueca por causa dos requintes de violência e
crueldade. Os homicídios chamam a atenção do detetive Joona Linna, que passa a
investigar os assassinatos. O criminoso ainda está foragido, e há somente uma
testemunha: o filho de 15 anos, que sobreviveu ao ataque.
O detetive decide, então, chamar um famoso hipnotista
(hipnotizador) que abandonou a carreira por causa de um trauma ocorrido no
passado para que tente hipnotizar o garoto fazendo com que ele “volte” ao
momento do massacre na esperança de ver o rosto do assassino ou então se
lembrar de detalhes importantes que possam ajudar na elucidação do caso. É
neste momento que acontece uma revelação surpreendente no enredo e que apanha
os leitores de surpresa, mas justamente nesse ponto, o autor, ou melhor, os
autores, cortam abruptamente esse plot e passam a explorar uma outra história
completamente diferente sem nenhuma ligação com o caso do massacre. Este
segundo plot envolve o sequestro de um adolescente que é filho de um dos
personagens que fazem parte do primeiro plot. Resultado: O Hipnotista se transforma num livro com dois enredos distintos, o
massacre da família que é resolvido logo no começo da história e o outro, o
sequestro, que se arrasta até o final da trama.
Cara, achei muito estranha essa linha narrativa
adotada por Lars Kepler, muito estranha, mesmo. No final, um enredo estragou o
outro. Confesso que o primeiro plot estava prendendo a minha atenção, já que a
história ficou turbinada logo depois que a vítima sobrevivente ao massacre foi
hipnotizada. Mas, como já escrevi acima, inexplicavelmente, os autores matam
essa trama e partem para o “lance” do sequestro.
Outro detalhe que me incomodou foram as descrições ‘cooooompridas’
demais sobre as técnicas de hipnotismo. No capítulo “10 Anos Antes” que narra
detalhes sobre o passado do hipnotista Dr. Eric Maria Bark, toda vez que ele
vai hipnotizar alguém, Lar Kepler exagera e muito as descrições sobre os
procedimentos que devem ser adotados durante esse processo. Juro que por um
triz não pulei esse capítulo. Ufa! Mas com muito custo consegui termina-lo.
Quanto ao plot do sequestro, não conseguiu me
empolgar, nem mesmo nos capítulos finais quando os autores apelam para uma
narrativa mais hollywoodiana com perseguições e enfrentamento do tipo “mocinhos
versus bandidos”. Olha... repito, uma pena que tenham “rifado” o plot inicial
da trama referente ao massacre da família do garoto.
A orelha do livro com o resumo da trama é a prova
maior de que esse plot esquecido merecia maior destaque. Na orelha capa
principal que traz a sinopse do enredo, são apresentadas apenas informações
sobre o massacre da família e nada sobre o segundo plot envolvendo o sequestro.
Vale lembrar que O
Hipnotista é o primeiro livro de uma série sobre o detetive Joona Linna. Confesso
que não estou animado para ler a série toda. Com certeza parei no primeiro.
2 comentários
Oi José Antônio, tudo bem? Já tinha visto a capa desse livro nas minhas visitas à livraria, mas não tinha pegado para ler. Que pena que a experiência não foi boa para você. Se um dia eu resolver ler já vou consciente de como a trama se desenrola. Adorei a resenha.
ResponderExcluirAbraço!
Helaina (Escritora || Blogueira)
https://hipercriativa.blogspot.com
Olá Helaina. Infelizmente, o enredo de "O Hipnotista" não foi o que eu esperava. Pelo menos para mim, deixou a desejar. Talvez, com você seja diferente. Aliás, torço para isso. Feliz que tenha gostado da resenha. OBS: Visitei o seu blog. Muito legal. Abraços!
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