E Não Sobrou Nenhum

19 setembro 2020

Li muito Agatha Christie em minha adolescência e juventude, muito mesmo, mas o livro da autora que me conquistou e que jamais esquecerei foi “Assassinato no Expresso do Oriente. Caráculas que final!! Não esperava por aquele desfecho, mas nunca.

Não lia Agatha há muito tempo – cheguei até mesmo a ganhar uma coleção com suas histórias, mas estava focado em outros livros – então surgiu E Não Sobrou Nenhum. Vi tantos comentários positivos que classificavam o seu enredo como o melhor já escrito pela ‘Rainha do Crime’ que resolvi encarar, mas acredito que o chamado gatilho que despertou o meu interesse pela leitura foi mesmo Assassinato no Expresso do Oriente. Pensei comigo: “Poxa, se esse livro for ainda melhor do que o do Hercule Pirot vai ser o céu!”  E lá vou eu compra-lo, já que não o encontrei na biblioteca municipal de minha cidade; contando nos dedos os dias que faltavam para a sua chegada.

Acabei de ler nesta semana e... não foi o que eu esperava. Sei que estou indo na contramão de muitas pessoas que adoraram a história – bastam ver os comentários no portal do Skoob – mas galera, estou sendo sincero, esperava mais. E este ‘esperava mais’ deve-se principalmente ao final do livro. Achei a conclusão muito mal-acabada, ao contrário de vários leitores que consideram o final do livro um dos mais chocantes da literatura policial e de suspense. Desculpem aqueles que pensam assim, mas não achei tudo isso.

E Não Sobrou Nenhum tem todos os elementos necessários para deixar a galera roendo as unhas: um casarão numa ilha isolada que dá arrepios, dez pessoas estranhas – cada uma com um segredo sinistro envolvendo um crime – vivendo por um período nesse casarão, e para finalizar o tempero final: um assassino misterioso que aos poucos vai eliminando essas pessoas; mas faltou a cereja no bolo que foi o final.

Por ter todas essas qualidades o livro não é ruim, pelo contrário, ele desperta o interesse dos leitores. Os capítulos curtos, a linguagem fluída e o clima tenso da narrativa, faz com que você devore as páginas, desesperado para chegar aos “finalmentes”.

No enredo, dez pessoas sem nenhuma ligação aparente – cada uma com um fato marcante em suas vidas relacionado a um crime – são convidadas, ou melhor, ludibriadas por um milionário misterioso chamado Mr. Owen a passar um agradável período de descanso em uma de suas propriedades localizadas na misteriosa Ilha do Soldado. Um a um dos convidados vai morrendo, sendo assassinado de maneiras diferentes. O mistério gira em torno de saber quem é o assassino. Num instante, todos são suspeitos, todos são vítimas e todos são culpados.

É neste clima de tensão e de desconforto que as mortes inexplicáveis começam e, sem comunicação com o continente devido a uma forte tempestade, a estadia do grupo transforma-se num verdadeiro pesadelo. Todos se perguntam: quem é o misterioso anfitrião, Mr, Owen? Existe mais alguém na ilha? O assassino pode ser um dos convidados? Que mente ardilosa teria preparado um crime tão complexo? E por qual motivo?

Logo no começo da leitura quando o segundo convidado é assassinado, as outras oito pessoas restantes já começam a desconfiar uma das outras. A partir desse momento, a autora já começa em sua linha narrativa induzir o leitor a acreditar que o assassino seja um dos convidados restantes.

Quando cheguei nesse ponto da leitura comecei a fazer as minhas conjecturas sobre quem seria o assassino e os seus motivos. E quer saber? Acabei acertando o que achei muito chato, pois queria algo diferente, um plot twist bombástico, à altura dos comentários que havia lido nas redes sociais.

Penso que se Agatha tivesse escolhido um assassino que não fosse um dos personagens que estivessem isolados na Ilha do Soldado; algum personagem secundário ou então um outro que tivesse alguma ligação com o passado de cada um dos 10 convidados, o impacto seria bem maior. Queria um “The End” daqueles que eu dissesse: “Putz, não esperava por isto!” – como disse ao terminar Assassinato no Expresso do Oriente.

A motivação dos crimes também achei fraca, pouco sinistra. Pois é, estava até gostando do livro, mas quando cheguei nas páginas finais... murchei.

 

 

 

 

2 comentários

  1. Que pena você não ter gostado, Jam. :(

    "E não sobrou nenhum" é meu livro preferido da Agatha, tanto que já o li diversas vezes.
    Concordo com você que a motivação dos crimes, nesse livro, não é muito crível, mas lembro que a atmosfera de tensão e suspense criada no livro me marcaram muito quando li pela primeira vez na infância.

    Você já leu "O assassinato de Roger Ackroyd"? O final desse sim é fantasticamente surpreendente, e acredito que você iria gostar, caso ainda não o tenha lido.

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    1. Olá Tex!
      Tenho em minha estante "O assassinato de Roger Ackroyd". Confesso que não estava na minha lista recente de novas leituras, mas depois da sua sugestão vou incluí-lo, com certeza. Gosto de finais com plot twists bem elaborados
      Grande abraço, meu amigo!

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