Li muito Agatha Christie em minha adolescência e
juventude, muito mesmo, mas o livro da autora que me conquistou e que jamais esquecerei
foi “Assassinato no Expresso do Oriente.
Caráculas que final!! Não esperava por aquele desfecho, mas nunca.
Não lia Agatha há muito tempo – cheguei até mesmo a
ganhar uma coleção com suas histórias, mas estava focado em outros livros – então
surgiu E Não Sobrou Nenhum. Vi tantos
comentários positivos que classificavam o seu enredo como o melhor já escrito
pela ‘Rainha do Crime’ que resolvi encarar, mas acredito que o chamado gatilho
que despertou o meu interesse pela leitura foi mesmo Assassinato no Expresso do Oriente. Pensei comigo: “Poxa, se esse
livro for ainda melhor do que o do Hercule Pirot vai ser o céu!” E lá vou eu compra-lo, já que não o encontrei
na biblioteca municipal de minha cidade; contando nos dedos os dias que faltavam
para a sua chegada.
Acabei de ler nesta semana e... não foi o que eu esperava. Sei que estou indo na contramão de muitas pessoas que adoraram a história – bastam ver os comentários no portal do Skoob – mas galera, estou sendo sincero, esperava mais. E este ‘esperava mais’ deve-se principalmente ao final do livro. Achei a conclusão muito mal-acabada, ao contrário de vários leitores que consideram o final do livro um dos mais chocantes da literatura policial e de suspense. Desculpem aqueles que pensam assim, mas não achei tudo isso.
E
Não Sobrou Nenhum tem todos os elementos necessários para
deixar a galera roendo as unhas: um casarão numa ilha isolada que dá arrepios, dez
pessoas estranhas – cada uma com um segredo sinistro envolvendo um crime – vivendo
por um período nesse casarão, e para finalizar o tempero final: um assassino
misterioso que aos poucos vai eliminando essas pessoas; mas faltou a cereja no
bolo que foi o final.
Por ter todas essas qualidades o livro não é ruim,
pelo contrário, ele desperta o interesse dos leitores. Os capítulos curtos, a
linguagem fluída e o clima tenso da narrativa, faz com que você devore as
páginas, desesperado para chegar aos “finalmentes”.
No enredo, dez pessoas sem nenhuma ligação aparente –
cada uma com um fato marcante em suas vidas relacionado a um crime – são convidadas,
ou melhor, ludibriadas por um milionário misterioso chamado Mr. Owen a passar
um agradável período de descanso em uma de suas propriedades localizadas na
misteriosa Ilha do Soldado. Um a um dos convidados vai morrendo, sendo
assassinado de maneiras diferentes. O mistério gira em torno de saber quem é o
assassino. Num instante, todos são suspeitos, todos são vítimas e todos são
culpados.
É neste clima de tensão e de desconforto que as mortes
inexplicáveis começam e, sem comunicação com o continente devido a uma forte
tempestade, a estadia do grupo transforma-se num verdadeiro pesadelo. Todos se
perguntam: quem é o misterioso anfitrião, Mr, Owen? Existe mais alguém na ilha?
O assassino pode ser um dos convidados? Que mente ardilosa teria preparado um
crime tão complexo? E por qual motivo?
Logo no começo da leitura quando o segundo convidado é
assassinado, as outras oito pessoas restantes já começam a desconfiar uma das
outras. A partir desse momento, a autora já começa em sua linha narrativa induzir
o leitor a acreditar que o assassino seja um dos convidados restantes.
Quando cheguei nesse ponto da leitura comecei a fazer
as minhas conjecturas sobre quem seria o assassino e os seus motivos. E quer
saber? Acabei acertando o que achei muito chato, pois queria algo diferente, um
plot twist bombástico, à altura dos comentários que havia lido nas redes
sociais.
Penso que se Agatha tivesse escolhido um assassino que
não fosse um dos personagens que estivessem isolados na Ilha do Soldado; algum
personagem secundário ou então um outro que tivesse alguma ligação com o
passado de cada um dos 10 convidados, o impacto seria bem maior. Queria um “The
End” daqueles que eu dissesse: “Putz, não esperava por isto!” – como disse ao
terminar Assassinato no Expresso do
Oriente.
A motivação dos crimes também achei fraca, pouco
sinistra. Pois é, estava até gostando do livro, mas quando cheguei nas páginas
finais... murchei.
2 comentários
Que pena você não ter gostado, Jam. :(
ResponderExcluir"E não sobrou nenhum" é meu livro preferido da Agatha, tanto que já o li diversas vezes.
Concordo com você que a motivação dos crimes, nesse livro, não é muito crível, mas lembro que a atmosfera de tensão e suspense criada no livro me marcaram muito quando li pela primeira vez na infância.
Você já leu "O assassinato de Roger Ackroyd"? O final desse sim é fantasticamente surpreendente, e acredito que você iria gostar, caso ainda não o tenha lido.
Olá Tex!
ExcluirTenho em minha estante "O assassinato de Roger Ackroyd". Confesso que não estava na minha lista recente de novas leituras, mas depois da sua sugestão vou incluí-lo, com certeza. Gosto de finais com plot twists bem elaborados
Grande abraço, meu amigo!