Nestes sete anos de Livros e Opinião, fiz vários
amigos virtuais. Blogueiros que como eu, decidiram abraçar os desafios de ter
um blog literário. Conversamos, trocamos idéias, participamos de projetos
conjuntos, além de outros detalhes que foram reforçando essa amizade. Um desses
amigos que tive a oportunidade de conhecer neste período foi o Rafael Michalski
ou, simplesmente, Rafa, do “Biblioteca do Terror”. Gente boa e das boas.
Há duas semanas, ele me falou de um projeto de
leitura chamado “Rainhas do Grito” o qual pretendia lançar na blogosfera e
também nas redes sociais, em conjunto com outros blogs, num tipo de parceria. O
objetivo, como ele mesmo definiu, seria o de “apoiar e disseminar a produção
das autoras brasileiras de terror e suspense, que estão escrevendo algumas das
mais aterrorizantes e inovadoras histórias da atualidade”. E qual seria a
função dos blogues convidados? Simples. Produzir conteúdo sobre o tema, durante
o mês de outubro, incentivando os leitores a lerem e conhecerem melhor as
rainhas do grito. Também teríamos de compartilhar as nossas postagens nas redes
sociais com a hashtag #RainhasdoGrito.
Por achar a idéia bem criativa, topei na hora.
Portanto, no post de hoje quero apresentar duas rainhas do grito que na minha
opinião arrebentaram a boca do balão espalhando calafrios na espinha de muitos
leitores desavisados. Estou me referindo a Rosa Amanda Strausz, 59 anos, e Heloisa Seixas, 66.
Tratam-se de duas rainhas do grito atípicas, já que
elas não escrevem somente sobre terror. Pelo contrário, são bem ecléticas.
Acredito que a situação mais incomum envolve a
jornalista carioca Amanda Strausz que já produziu uma dezena de títulos
infanto-juvenis, entre eles “Mamãe trouxe um lobo para casa”, “Deus me livre!”,
“Alecrim” e “Uólace e João Vitor”. Pois é galera, mas num belo dia (pelo menos,
para nós leitores amantes do gênero terror), a escritora resolveu escrever algo
que fugisse de suas características, alguma coisa que provocasse medo nos
adultos. Entonce, surgiu um livrinho macabro de apenas 109 páginas e com um
título mais macabro ainda: “Sete ossos e uma maldição”, lançado em 2006 pela
Rocco e relançado em 2013 pela Global Editora.
Cara, os 10 contos do livro, de fato, assustam, mas
quatro deles – “Crianças à venda. Tratar aqui”, “Dentes tão brancos”, “O fruto
da figueira” e “Morte na estrada” – são verdadeiras obras primas do gênero
terror. Eles arranham, machucam, enfim, deixam o leitor incomodado com aquele
calafrio que começa na nuca e termina na base da espinha. Se você quiser
conhecer mais detalhes sobre a obra confiram esse post que escrevi em 2016.
Com certeza, Rosa Amanda Strausz merece integrar a
galeria das “Rainhas do Grito”, apesar de ter escrito apenas um livro de
terror.
A segunda autora e jornalista, que para mim, também
merece fazer parte dessa galeria é Heloísa Seixas. Pois... pois, vamos aos
fatos. Logo de cara, na sua estréia como escritora, Seixas não negou fogo. O
seu primeiro livro, “Pente de Venus e Novas Histórias do Amor Assombrado”,
lançado em 1995, virou Cult entre os leitores e arrancou elogios da crítica,
além de ganhar uma indicação para o prestigiado Prêmio Jabuti”. Os contos do
livro tem uma forte influencia gótica, misturando erotismo, sangue e medo com
toques de H.P. Lovecraft e Sade. Já deu pra perceber que se trata de uma
leitura do tipo ‘trucão pesado’.
Depois do lançamento de “Pente de Venus e Novas
Histórias do Amor Assombrado”, a autora realizou
a sua primeira organização de contos de diferentes autores de terror – que se
tornou uma de suas marcas registradas. “Depois: Sete Histórias de Horror e Terror”,
lançado pela Record, recebeu rasgados elogios da crítica especializada.
Entre os autores que figuram nessa antologia estão verdadeiros
mestres do gênero: Edith Wharton, H.P. Lovercraft, Saki, O. Henry, Sheridan Le
Fanu, Alexander Woolcott e Algernon Blackwood. Antes de cada conto, Seixas faz
um breve relato sobre a vida do autor correspondente.
Como enunciado no próprio título, o livro tem sete os contos: Depois; O túmulo; A janela aberta; O quarto mobiliado; Chá verde; Sonata ao luar; e Os salgueiros.
Como enunciado no próprio título, o livro tem sete os contos: Depois; O túmulo; A janela aberta; O quarto mobiliado; Chá verde; Sonata ao luar; e Os salgueiros.
O destaque fica para a obra prima “Os salgueiros” de
Algernon Blackwood, o conto mais longo da coletânea. Uma história que assusta
mas também encanta. Nele, Dois amigos descem um rio em uma canoa. Após pararem
para acampar em uma ilha, adormecem e mais tarde descobrem que não podem voltar
por que o nível da água subiu, decidem passar a noite e fatos estranhos e
inexplicáveis acontecem.
Outros dois livros assustadores dessa Rainha do
Grito são: “Frenesi: História de Duplo Terror” e “A Casa do Passado”. O
primeiro reúne seis contos que têm em comum personagens que gostam de ler
histórias de terror e acabam atormentados pelo medo na vida real, quando o que
está nas páginas de seus livros começa a acontecer de verdade. Quanto ao
segundo é uma coletânea de contos de terror de Blackwood, uma das feras do
gênero, redescoberto no Brasil por Seixas. A obra reúne histórias como “Os
salgueiros”, sua obra-prima, “O quarto ocupado”, ” A Ala Norte” e “A boneca”, clássicos da literatura de
horror. Esta é a terceira coletânea de contos de terror organizada e traduzida pela
autora.
Taí galera, espero que tenham aprovado as duas rainhas
do grito selecionadas pelo Livros e Opinião.
Abração Rafa e galera!
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