Seis livros perigosos que prejudicaram a humanidade

22 setembro 2018

Ao longo da história, muitos escritores equivocados escreveram obras que ao invés de contribuir para o aprimoramento da cultura ou então para o desenvolvimento da ciência, serviram apenas para espalhar o medo, a divisão e o ódio. Obras que pregavam a superioridade de uma raça sobre as demais, que incentivavam a matança de mulheres consideradas bruxas, que inspiravam as pessoas a cometerem atos desastrosos, e por aí afora.
Livros que não fizeram nenhum bem para a humanidade, pelo contrário, prejudicaram um grande número de pessoas que infelizmente, optaram por seguir a filosofia ensandecida pregada pelos seus autores.
Selecionei seis obras literárias que foram publicadas ao longo dos anos e que se encaixam perfeitamente nesta categoria. Vamos à elas:
01 – Minha luta (Adolf Hitler)
O livro escrito por Adolf Hitler em 1925 ajudou a disseminar pelo mundo os seus pensamentos antissemitas e racialistas. Idéias que mais tarde foram aplicadas durante a Alemanha nazista e a Segunda Guerra Mundial. Quem não se lembra do assassinato em massa dos judeus, um dos períodos mais tristes da história mundial? Pois é, tudo fruto dos pensamentos genocidas do autor do livro.
Minha Luta (Mein Kampf) tornou-se um guia ideológico e de ação para os nazistas, e ainda hoje influencia os neonazistas, sendo chamado por alguns de "Bíblia Nazista".
02 – A sedução dos inocentes (Frederic Wertham)
Os leitores que são fãs dos quadrinhos – assim como eu – odeiam este  livro que propaga idéias equivocadas das Histórias em Quadrinhos (HQs). No livro lançado em 1954, o psiquiatra alemão-americano Frederic Wertham afirma que as HQs são as grandes responsáveis pelos casos de delinqüência, abandono dos estudos e homossexualidade entre crianças e adolescentes. Acredita nisso?!! Após o lançamento da obra nos Estados Unidos, o governo americano pensou até mesmo em proibir a venda das HQs.
Mas querem saber o que aconteceu algum tempo depois? Eu conto: pesquisadores, também americanos, descobriram que Werthman manipulou os dados usados em sua obra. Em outras palavras, mentiu.
Em “A Sedução dos Inocentes”, o psiquiatra diz que recebeu um grande volume de cartas (milhares), enviadas por bibliotecários, reclamando dos quadrinhos. Ocorre que uma das pesquisadoras, a professora doutora Carol L. Tilley, da University of Illinois Graduate School of Library and Information Science encontrou apenas uma dúzia – se tantas – de cartas. Esse é apenas um dos muitos exageros cometidos pelo médico.
03 – O martelo das bruxas (Heinrich Kramer e Jacob Sprenger)
Os inquisidores Heinrich Kramer e Jacob Sprenger possuíam o que se define hoje como uma estrutura psicológica neurótica. “O Martelo das Bruxas” escrito em 1485 levou muita gente para a fogueira. Os autores indicam uma série de procedimentos para se identificar uma bruxa, por exemplo, se a mulher gostava de conviver com gatos já era suspeita.
O manual de caça às bruxas era dividido em três partes: a primeira ensinava os juízes a reconhecerem as bruxas em seus múltiplos disfarces e atitudes; a segunda expunha todos os tipos de malefícios, classificando-os e explicando-os; e a terceira regrava as formalidades para agir “legalmente” contra as bruxas, demonstrando como processá-las, inquiri-las, julgá-las e condená-las.
Kramer e Sprenger ensinavam passo a passo como conduzir torturas, julgamentos e interrogatórios, geralmente acompanhados de muita violência física e psicológica.
Acreditem, mais de 50 mil mulheres perderam a vida queimadas nas fogueiras, simplesmente por possuírem algum tipo de problema psicológico ou então por terem pensamentos modernos, muito aquém dos da sua época.
04 – Adolescência, sexo e cultura em Samoa (Margaret Mead)
Em 1925, o objetivo de uma jovem estudante de graduação de antropologia era descobrir se a rebelião, o tumulto e a angústia tipicamente adolescentes eram naturais ou culturais. E assim, lá vai a universitária Margaret Mead para Samoa, entrevistar as garotas e os garotos samoanos.
A autora pretendia responder as perguntas sobre sexualidade que se mais se faziam nos Estados Unidos na década de 1920 – em particular com referência às mulheres. Infelizmente para Mead, os garotos que entrevistou em Samoa narraram contos selvagens de promiscuidade sexual e a autora aceitou todos como um fato real. Quanto as jovens mulheres samoanas, disseram que adiavam o casamento por muitos anos enquanto desfrutavam do sexo ocasional, mas que, uma vez casadas ‘sossegavam o fogo” e passavam a criar com êxito os próprios filhos.
Mais tarde, uma das garotas entrevistadas disse se referindo à Mead: “- "Ela não devia ter levado tão a sério, era só uma piada. Como vocês sabem, as meninas de Samoa adoram uma brincadeira".
Fico pensando nos leitores que naquela época decidiram experimentar na prática os ensinamentos dos jovens samoanos – quero dizer, ‘os estranhos contos de fadas dos jovens samoanos’ - pensando que estavam sendo liberais e modernos.
05 – Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas (Joseph Arthur Gobineau)
Este cientista social francês que chegou a ocupar um cargo diplomático na corte de D. Pedro II nunca escondeu a sua animosidade com o Brasil. Segundo ele, o nosso País tinha muita miscigenação. Gobineau afirmava que a mistura de raças era inevitável, e levaria a raça humana a graus sempre maiores de degenerescência, tanto física quanto intelectual. É atribuída a ele a frase: "Eu não acredito que viemos do macaco, mas creio que estamos indo nessa direção".
“Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, publicado em 1855 também passou a ser usado para sustentar a legitimidade do tráfico negreiro. Os pensamentos ‘infelizes’ do autor exerceu grande influencia em muitos outros personagens que deixaram a sua marca negativa na história mundial, entre os quais Hitler que aderiu a linha de pensamento que ficou conhecida por “gobinismo”.
06 – Meu filho, meu tesouro (Benjamin Spock)
Publicado originalmente em 1946, Meu Filho, Meu Tesouro é considerado, depois da Bíblia, o segundo livro mais vendido no Século XX nos Estados Unidos. Em 1998, ano de falecimento do Dr. Benjamin Spock, o livro havia sido traduzido para 42 línguas, com quase 50 milhões de cópias vendidas mundo a fora.
O lançamento do livro foi um marco, ajudando a disseminar as noções de puericultura na população, em uma época em que esses tipos de conhecimentos eram quase que exclusivos da comunidade médica. O livro se tornou um best-seller.
Tudo seriam mil maravilhas se não fosse por um detalhe: o conselho para colocar os bebês para dormir sob seus estômagos. Spock acreditava que se os pequeninos dormissem de costas poderiam sufocar no seu próprio vômito – levando à morte. Os cientistas finalmente descobriram que o conselho de Spock realmente levava a mais mortes por asfixia. As estimativas do número de mortes causadas por este conselho ruim do médico são cerca de 50.000.
Taí pessoal!
Por hoje é só.

3 comentários

  1. Adorei o texto! Desses só tinha ouvido do primeiro. Fiquei pensando, mesmo esses livros passando conceitos distorcidos, o quanto é certo bani-los e não aprender com os erros dos autores...
    Abraços!

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    1. Olá Joelma,
      Fico muito feliz que tenha gostado do post. Pois é, sem contar que ainda temos muitos livros contemporâneos nesta linha. Mas tudo bem, as boas obras e os bons autores compensam.
      Continue comentando as postagens do blog :)
      Grande abraço!

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  2. Eu gosto muito de ler hqs, já tinha ouvido falar sobre a "sedução dos inocentes" e percebi que no livro havia um grande exagero:
    Os jovens delinquentes,ouvidores derock e "maniacos" era tudo culpa de uns gibizinhos?

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