A importância da influência dos pais no hábito da leitura

06 setembro 2018


Fico triste quando vejo um pai estimulando o seu filho pequeno – e quando digo pequeno, quero dizer criança, de fato - usar um celular ou videogame ao invés de sentar-se ao seu lado, abrir um livro e começar a contar uma história. Cada vez que presencio esta cena, constato a morte, aos poucos, de mais um futuro devorador de livros.
Infelizmente, isso está se tornando cada vez mais comum nos lares brasileiros. Um dia desses, um velho amigo me perguntou porque a nossa geração tinha um gosto maior pela leitura do que as gerações contemporâneas. Eu lhe respondi com um sorriso nostálgico: culpa da tecnologia. É evidente que o advento da internet - que conectou o planeta  diminuindo o tempo de propagação das informações, além de abrir um verdadeiro mundo de conhecimento num simples clicar de teclas – provocou uma grande revolução, de maneira positiva, no conhecimento das pessoas, mas por outro lado foi matando aos poucos a magia dos livros, das bibliotecas e principalmente da ‘contação’ de histórias aos filhos, por parte dos pais.


Hoje, crianças na tenra idade, sem pestanejar, optam por terem o seu canal no Youtube  - visando a divulgação de vários temas, menos livros. É difícil vermos uma criança ou pré-adolescente com um canal direcionado à leitura. A maioria dos youtubers literários já são adolescentes maduros ou então adultos. Os baixinhos preferem postar sobre minecrafts, jogos eletrônicos e até culinária. Quanto as obras literárias, nem pensar.
Na geração do meu ‘amigo inconformado’ e também na minha, a chegada da internet não passava de um sonho ou melhor, de um delírio. Por isso, quem dominava o cenário eram os vendedores de livros de porta em porta e também as bibliotecas. Resultado: tínhamos muito mais leitores jovens.
Mas acredito que a magia dos livros ainda pode ser resgatada pelos pais dos tempos modernos. Para isso, basta apenas um pouco mais de vontade e tempo. Que tal readquirir aquele velho hábito de abrir um livro e começar ler uma história para o seu filho antes dele dormir? Incluir na agenda visitas nas livrarias e bibliotecas? São atitudes simples, mas podem criar nos pequeninos o hábito pela leitura.
A Pastoral da Criança, um dos principais organismos de ação social do Brasil - fundado por Dom Paulo Evaristo Arns e sua irmã Zilda Arns - que tem como objetivo a promoção do desenvolvimento integral de crianças entre 0 e 6 anos de idade em seu ambiente familiar e em sua comunidade, vem afirmando há muito tempo que o hábito dos pais em contar histórias para os seus filhos é fundamental para despertar nas crianças o interesse pelo universo da literatura. E, cá entre nós, trata-se de uma atitude tão simples. Para isso, basta você escolher um livro infantojuvenil, criar um conto e até mesmo, narrar a história da família e as ações vividas no dia a dia.
Você que lê este post e tem filhos ainda crianças, saiba que as histórias, sejam elas de ficção ou não, são uma parte importante do desenvolvimento infantil e trazem uma série de benefícios, entre eles: ajudam a estimular a imaginação, a curiosidade, o desenvolvimento da linguagem, da escrita, minimizam a solidão, proporcionam relaxamento e ampliam as conexões cerebrais.
Jair Rangel dos Passos, coordenador da Pastoral da Criança na Diocese de Cachoeiro do Itapemirim (ES), é professor de língua portuguesa, literatura e um entusiasta das histórias. “É por meio das histórias que as crianças se transportam. Quando elas lêem um livro ou uma historinha, elas vivenciam aquele momento, se colocam dentro da história, se tornam um personagem e se emocionam. Nós, adultos, temos de ensinar as crianças a se transportarem para as histórias, é assim que elas vão criar gosto pela literatura. Eu por exemplo, sempre viajo para a China, para dentro da Bíblia, para o passado e o futuro, tudo por meio dos livros”.
Eu espero, de coração, que esse post faça com que os pais voltem a dar a merecida importância para o desenvolvimento da leitura de seus filhos.
À princípio, quando comecei escrever esse texto, a idéia era indicar cinco ou 10 livros essenciais para as crianças se apaixonarem pela leitura, mas então, fui escrevendo, escrevendo e... já viu né? Um texto que deveria ser curto, acabou extrapolando as linhas.
Prometo na próxima postagem, publicar essas sugestões livros.
Inté!



2 comentários

  1. Gostei do tema da postagem, diferente e atual.

    Diante do estímulo desenfreado de uso precoce da tecnologia, pelos pais aos filhos, tenho certo pessimismo em relação ao futuro da leitura, Jam.

    Torçamos para que os pais se conscientizem da importância da leitura na formação de seus filhos e voltem a comprar para eles livros, não tablets!

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    Respostas
    1. Tudo depende dos jovens pais, Tex. Como você já disse: torçamos para que eles se conscientizem.
      Abcs!

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