Fico triste quando vejo um pai estimulando o seu
filho pequeno – e quando digo pequeno, quero dizer criança, de fato - usar um
celular ou videogame ao invés de sentar-se ao seu lado, abrir um livro e
começar a contar uma história. Cada vez que presencio esta cena, constato a
morte, aos poucos, de mais um futuro devorador de livros.
Infelizmente, isso está se tornando cada vez mais
comum nos lares brasileiros. Um dia desses, um velho amigo me perguntou porque
a nossa geração tinha um gosto maior pela leitura do que as gerações
contemporâneas. Eu lhe respondi com um sorriso nostálgico: culpa da tecnologia.
É evidente que o advento da internet - que conectou o planeta diminuindo o tempo de propagação das
informações, além de abrir um verdadeiro mundo de conhecimento num simples
clicar de teclas – provocou uma grande revolução, de maneira positiva, no
conhecimento das pessoas, mas por outro lado foi matando aos poucos a magia dos
livros, das bibliotecas e principalmente da ‘contação’ de histórias aos filhos,
por parte dos pais.
Hoje, crianças na tenra idade, sem pestanejar, optam
por terem o seu canal no Youtube -
visando a divulgação de vários temas, menos livros. É difícil vermos uma
criança ou pré-adolescente com um canal direcionado à leitura. A maioria dos
youtubers literários já são adolescentes maduros ou então adultos. Os baixinhos
preferem postar sobre minecrafts, jogos eletrônicos e até culinária. Quanto as
obras literárias, nem pensar.
Na geração do meu ‘amigo inconformado’ e também na
minha, a chegada da internet não passava de um sonho ou melhor, de um delírio.
Por isso, quem dominava o cenário eram os vendedores de livros de porta em
porta e também as bibliotecas. Resultado: tínhamos muito mais leitores jovens.
Mas acredito que a magia dos livros ainda pode ser
resgatada pelos pais dos tempos modernos. Para isso, basta apenas um pouco mais
de vontade e tempo. Que tal readquirir aquele velho hábito de abrir um livro e
começar ler uma história para o seu filho antes dele dormir? Incluir na agenda
visitas nas livrarias e bibliotecas? São atitudes simples, mas podem criar nos pequeninos
o hábito pela leitura.
A Pastoral da Criança, um dos principais organismos
de ação social do Brasil - fundado por Dom Paulo Evaristo Arns e sua irmã Zilda
Arns - que tem como objetivo a promoção do desenvolvimento integral de crianças
entre 0 e 6 anos de idade em seu ambiente familiar e em sua comunidade, vem
afirmando há muito tempo que o hábito dos pais em contar histórias para os seus
filhos é fundamental para despertar nas crianças o interesse pelo universo da
literatura. E, cá entre nós, trata-se de uma atitude tão simples. Para isso,
basta você escolher um livro infantojuvenil, criar um conto e até mesmo, narrar
a história da família e as ações vividas no dia a dia.
Você que lê este post e tem filhos ainda crianças,
saiba que as histórias, sejam elas de ficção ou não, são uma parte importante
do desenvolvimento infantil e trazem uma série de benefícios, entre eles:
ajudam a estimular a imaginação, a curiosidade, o desenvolvimento da linguagem,
da escrita, minimizam a solidão, proporcionam relaxamento e ampliam as conexões
cerebrais.
Jair Rangel dos Passos, coordenador da Pastoral da
Criança na Diocese de Cachoeiro do Itapemirim (ES), é professor de língua
portuguesa, literatura e um entusiasta das histórias. “É por meio das
histórias que as crianças se transportam. Quando elas lêem um livro ou uma
historinha, elas vivenciam aquele momento, se colocam dentro da história, se
tornam um personagem e se emocionam. Nós, adultos, temos de ensinar as crianças
a se transportarem para as histórias, é assim que elas vão criar gosto pela
literatura. Eu por exemplo, sempre viajo para a China, para dentro da Bíblia,
para o passado e o futuro, tudo por meio dos livros”.
Eu espero, de coração, que esse post faça com que os
pais voltem a dar a merecida importância para o desenvolvimento da leitura de seus
filhos.
À princípio, quando comecei escrever esse texto, a
idéia era indicar cinco ou 10 livros essenciais para as crianças se apaixonarem
pela leitura, mas então, fui escrevendo, escrevendo e... já viu né? Um texto
que deveria ser curto, acabou extrapolando as linhas.
Prometo na próxima postagem, publicar essas sugestões
livros.
Inté!
2 comentários
Gostei do tema da postagem, diferente e atual.
ResponderExcluirDiante do estímulo desenfreado de uso precoce da tecnologia, pelos pais aos filhos, tenho certo pessimismo em relação ao futuro da leitura, Jam.
Torçamos para que os pais se conscientizem da importância da leitura na formação de seus filhos e voltem a comprar para eles livros, não tablets!
Tudo depende dos jovens pais, Tex. Como você já disse: torçamos para que eles se conscientizem.
ExcluirAbcs!