Alguns leitores consideram o livro de David Comfort
sensacionalista, mas uma coisa eles não podem negar: “O Livro dos Mortos do
Rock” tem muitas informações interessantes e que conseguem prender a atenção da
galera até a ‘última gota’. O autor foi minucioso em suas pesquisas e vasculhou
a fundo a vida das sete saudosas celebridades do mundo do rock. A escrita no formato
‘jornalismo investigativo’ aguça a curiosidade dos leitores fazendo com que
eles devorem em pouco tempo as 408 páginas recheadas de informações bizarras,
engraçadas, chocantes e tristes envolvendo o lado secreto – desconhecido dos
fãs – dessas lendas do rock.
Com relação ao carma de sensacionalista que a obra
carrega; olha... não concordo. Comfort escreveu o seu livro baseado em
depoimentos de pessoas próximas dos sete artistas. Entenda ‘pessoas próximas’
como: empresários, filhos, esposas, amantes, amigos, pais, mães, avós e o
escambau a quatro. Uma miscelânea de informações dadas por fontes confiáveis
que tiveram a oportunidade de conviver ao lado das sete feras. Comfort
completou essas informações com uma vasta bibliografia, incluindo livros e
reportagens publicadas em jornais conceituados. Portanto, não vejo onde está o
sensacionalismo.
Agora, falando da obra em si, trata-se de um livraço.
Prato cheio para os fãs que quiserem conhecer detalhes curiosos sobre a vida de
Elvis Presley, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Jim Morrison, Janis Joplin, John
Lennon e Jerry Garcia, ou seja, as sete feras a que me referi no início do
post.
Valendo-se de diversos pontos de vista, tanto de
pessoas próximas quanto dos próprios astros, Comfort mostra que, apesar de
personalidades diferentes, suas histórias de vida tiveram muito em comum.
Ao desafiar os limites da liberdade e da rebeldia,
os sete conheceram o céu e o inferno do estrelato, a mais completa euforia e a
depressão arrasadora. Tornaram-se solitários e autodestrutivos, entregues ao
vício e às pressões por parte de amigos, fãs e empresários.
“O Livro dos Mortos do Rock” pode ser considerada
uma obra desmistificadora já que rompe inúmeros paradigmas, mostrando o chamado
‘lado negro da força’ desses roqueiros. Depoimentos de pessoas ligadas a Elvis
Presley revelam, por exemplo, a intenção do rei em contratar um assassino de
aluguel para eliminar um sujeito que teria saído com uma de suas garotas. O
livro dá detalhes sobre esse fato e o que motivou Elvis a tomar essa atitude
drástica, que felizmente não se concretizou.
O capítulo sobre John Lennon, mostra um ex-beatle dependente
de sua mulher Yoko Ono que determinava tudo o que ele devia ou não fazer, das
coisas mais simples as mais complexas. Vemos, ainda, um John que não gosta de
ter amigos e nem vê importância nisso. – Quando preciso de um amigo, eu alugo –
diz ele.
O livro simula – através de depoimentos – como teria
sido os últimos instantes do chamado ‘Grupo
dos Sete”. Hendrix, Morrison e Cobain teriam sido assassinados? Juro que fiquei
na dúvida, principalmente com relação a Cobain. As provas apresentadas por
detetives e perito legistas, de fato, conseguem plantar a semente da dúvida no
leitor.
As brigas homéricas entre Morrison e Joplin quando
estavam no auge de suas carreiras – eles eram inimigos ferrenhos que se odiavam
– também são relatadas; a morte de Elvis que poderia ter sido evitada pela sua
última namorada, Ginger Alden, que dormia no quarto ao lado do banheiro onde
The King teve o suposto enfarte; a mania bizarra do Grateful Dead, grupo de
Jerry Garcia, em querer drogar todas as pessoas que tivessem contato com eles. Estas
são apenas algumas passagens curiosas do livro.
Todos os Sete, exceto um, tentaram suicídio ou
ameaçaram cometê-lo. Todos os Sete tornaram-se viciados. A maioria morreu por
excesso de drogas. Se um deles não tivesse morrido baleado, poderia muito bem
ter tido o mesmo fim.
Seis dos sete imortais foram presos diversas vezes.
Foras da lei, rebeldes, pregadores da liberdade, tiveram uma postura gloriosa
contra o establishment. O sétimo foi o único de sua espécie, fazendo sua
própria lei - afinal, ele era o establishment: o Rei. O presidente Nixon o
nomeou agente federal de narcóticos. O Rei nunca se permitiu ser um drogado de
rua: nos últimos 20 meses de vida, consumiu 12 mil tipos diferentes de
analgésicos, todos receitados por médicos.
A morte também assombrou a vida da maioria deles
desde a infância. A mãe de dois deles faleceu em acidente de automóvel. A mãe
de outros dois bebia até cair. Aos 5 anos de idade, um deles viu o pai se
afogar. Outro astro insistia em dizer que possuía os "genes do
suicídio" porque os membros de sua família haviam tirado a própria vida.
Achei o livro impactante.
Recomendo.
Detalhes
Livros dos Mortos do Rock
Autor: David Comfort
Editora: Aleph
Páginas: 408
Preço: R$ 55,00 em média
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