“A Confraria” foi o segundo livro de John Grisham
que eu li; o primeiro foi “A Firma”. Achei fantástico. A história daqueles três
ex-juízes sacanas –cumprindo pena num presídio federal da Flórida – que apesar
de estarem atrás das grades, conseguem aplicar o chamado ‘golpe do século’ é
por demais sedutora.
Apesar de utilizar vários termos jurídicos durante a
narrativa, Grisham consegue desenvolver
uma escrita fluida que não cansa o leitor, pelo contrário, deixa-o ainda mais
curioso ao virar cada página.
O autor consegue com muito humor, ação e suspense,
fazer uma crítica severa aos jogos de interesse e à busca desenfreada pelo
poder que existem nos meios governamentais americanos. Apesar de ser uma obra de
ficção, o leitor tem uma idéia do que é os bastidores de uma disputa pela
presidência dos Estados Unidos, onde os candidatos nem sempre são tão bem
preparados como imaginamos. Tudo bem que se trata de um romance e por isso
mesmo, nada real, mas é viciante para o leitor ir descobrindo aos poucos os
mais secretos segredos do personagem Aaron Lake; um deputado que a CIA (agencia
de espionagem americana) quer colocar no posto de presidente daquele país.
Através do personagem, passamos a entender a
sordidez que rola atrás das cortinas de um pleito para o cargo político mais
cobiçado do mundo: presidente dos Estados Unidos. Mas alguns que estão lendo esse post podem
perguntar: “Pera aí, mas o livro não é uma simples obra de ficção?” Sim, é. Mas
você acredita que para escrever o enredo de “A Confraria”, o autor não se
baseou em alguns fatos que rolaram nos corredores escuros da política
americana? Claro que sim! Esta é uma das características de Grisham. Aliás,
sempre foi, e ele explora essa peculiaridade à exaustão em suas obras.
Ele critica ainda de uma maneira satírica o sistema
falho de segurança das prisões federais americanas, onde os três ex-juízes
prisioneiros conseguem engendrar um plano debaixo dos narizes dos diretores e
guardas da prisão.
O trio de prisioneiros federais que apronta ‘poucas e boas’ são Roy Spicer que
cumpre pena por roubar uma igreja; Finn Yarber, condenado por sonegação de
impostos e Hatlee Beech, preso por atropelar e matar duas pessoas. Estas três
‘figuras’ formam a Confraria do título do livro.
Eles estão detidos numa prisão para criminosos de
baixa periculosidade – falsários, sonegadores de impostos, médicos, advogados
corruptos, traficantes, entre outros. Spicer, Yarber e Beech exercem o papel de
consultores jurídicos para os seus colegas prisioneiros, revendo processos,
redigindo apelações e resolvendo pequenas disputas internas, faturando pequenos
honorários. Mas eles não estão satisfeitos. Querem mais. E assim começam a
aperfeiçoar um golpe para extorquir dinheiro de respeitáveis senhores ricos de
meia-idade que tem muito a esconder da sociedade.
Através de anúncios pessoais na seção de
classificados de revistas gays, eles procuram potenciais vítimas de sua
chantagem. O golpe começa a dar certo e o dinheiro começa a chover na conta
secreta que possuem em um banco no exterior. Quantias cada vez maiores animam a
ambição dos ex-juízes, que não medem esforços para sugar tudo de suas vítimas.
Longe da
prisão, o deputado Aaron Lake também faz parte de um plano, mas muito
diferente. A CIA quer colocá-lo na Presidencia da República. Interesses em jogo
na indústria de defesa desejam o retorno à guerra fria e conseqüente
reaquecimento do comércio de armas, e cabe a Aaron Lake representar esses
interesses do governo. Vultuosas somas de dinheiro são injetadas nos fundos da
campanha do futuro presidente. A candidatura do deputado sobe aceleradamente
nas pesquisas e o nome de Lake toma conta do país. Ele passa a ser visto como
um novo messias que irá livrar o povo americano do caos.
Ocorre que o destino do virtual futuro presidente
dos Estados Unidos acabara cruzando com o destino dos três ex-juízes
encarcerados.
Ação, suspense e humor se fundem na narrativa de
Grisham que certamente agradará os seus leitores.
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