A Confraria

17 agosto 2017
“A Confraria” foi o segundo livro de John Grisham que eu li; o primeiro foi “A Firma”. Achei fantástico. A história daqueles três ex-juízes sacanas –cumprindo pena num presídio federal da Flórida – que apesar de estarem atrás das grades, conseguem aplicar o chamado ‘golpe do século’ é por demais sedutora.
Apesar de utilizar vários termos jurídicos durante a narrativa, Grisham consegue  desenvolver uma escrita fluida que não cansa o leitor, pelo contrário, deixa-o ainda mais curioso ao virar cada página.
O autor consegue com muito humor, ação e suspense, fazer uma crítica severa aos jogos de interesse e à busca desenfreada pelo poder que existem nos meios governamentais americanos. Apesar de ser uma obra de ficção, o leitor tem uma idéia do que é os bastidores de uma disputa pela presidência dos Estados Unidos, onde os candidatos nem sempre são tão bem preparados como imaginamos. Tudo bem que se trata de um romance e por isso mesmo, nada real, mas é viciante para o leitor ir descobrindo aos poucos os mais secretos segredos do personagem Aaron Lake; um deputado que a CIA (agencia de espionagem americana) quer colocar no posto de presidente daquele país.
Através do personagem, passamos a entender a sordidez que rola atrás das cortinas de um pleito para o cargo político mais cobiçado do mundo: presidente dos Estados Unidos.  Mas alguns que estão lendo esse post podem perguntar: “Pera aí, mas o livro não é uma simples obra de ficção?” Sim, é. Mas você acredita que para escrever o enredo de “A Confraria”, o autor não se baseou em alguns fatos que rolaram nos corredores escuros da política americana? Claro que sim! Esta é uma das características de Grisham. Aliás, sempre foi, e ele explora essa peculiaridade à exaustão em suas obras.
Ele critica ainda de uma maneira satírica o sistema falho de segurança das prisões federais americanas, onde os três ex-juízes prisioneiros conseguem engendrar um plano debaixo dos narizes dos diretores e guardas da prisão.
O trio de prisioneiros federais  que apronta ‘poucas e boas’ são Roy Spicer que cumpre pena por roubar uma igreja; Finn Yarber, condenado por sonegação de impostos e Hatlee Beech, preso por atropelar e matar duas pessoas. Estas três ‘figuras’ formam a Confraria do título do livro.
Eles estão detidos numa prisão para criminosos de baixa periculosidade – falsários, sonegadores de impostos, médicos, advogados corruptos, traficantes, entre outros. Spicer, Yarber e Beech exercem o papel de consultores jurídicos para os seus colegas prisioneiros, revendo processos, redigindo apelações e resolvendo pequenas disputas internas, faturando pequenos honorários. Mas eles não estão satisfeitos. Querem mais. E assim começam a aperfeiçoar um golpe para extorquir dinheiro de respeitáveis senhores ricos de meia-idade que tem muito a esconder da sociedade.
Através de anúncios pessoais na seção de classificados de revistas gays, eles procuram potenciais vítimas de sua chantagem. O golpe começa a dar certo e o dinheiro começa a chover na conta secreta que possuem em um banco no exterior. Quantias cada vez maiores animam a ambição dos ex-juízes, que não medem esforços para sugar tudo de suas vítimas.
Longe  da prisão, o deputado Aaron Lake também faz parte de um plano, mas muito diferente. A CIA quer colocá-lo na Presidencia da República. Interesses em jogo na indústria de defesa desejam o retorno à guerra fria e conseqüente reaquecimento do comércio de armas, e cabe a Aaron Lake representar esses interesses do governo. Vultuosas somas de dinheiro são injetadas nos fundos da campanha do futuro presidente. A candidatura do deputado sobe aceleradamente nas pesquisas e o nome de Lake toma conta do país. Ele passa a ser visto como um novo messias que irá livrar o povo americano do caos.
Ocorre que o destino do virtual futuro presidente dos Estados Unidos acabara cruzando com o destino dos três ex-juízes encarcerados.

Ação, suspense e humor se fundem na narrativa de Grisham que certamente agradará os seus leitores.

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