Há algum tempo teve um programa especial de fim de
ano na emissora de rádio da minha cidade chamado “À Procura de Papai Noel”.
Nele, um grupo de crianças tinha a missão de localizar o bom velhinho que, de
repente, havia sumido, deixando as arvores de Natal vazias e consequentemente,
os baixinhos sem presentes. A pergunta que se repetia a exaustão durante todo o
programa era: “Onde está o Papai Noel?”.
Ontem, vivi uma situação semelhante; bastou trocar o
bom velhinho pançudo de roupas vermelhas por um livro. “A Sombra do Vento” de
Carlos Ruiz Zafón – primeiro volume da saga “O Cemitério dos Livros Esquecidos”
– iria me proporcionar um grande presente, daqueles com aura de Natal: as
chaves para entrar no mundo de Julian Carax, Daniel Sempere, Fermin Romero,
Clara Barceló e companhia. Digamos que a obra de Zafón seria o meu Papai Noel.
Entonce... O livro sumiu!! Verdade! Como se fosse o
próprio Papai Noel fujão do programa de rádio. Tudo aconteceu na noite desta
segunda-feira (27). O menino aqui, vinha acalentando desde as primeiras horas
do dia, a deliciosa expectativa de reler “A Sombra do Vento”. Tomei essa
decisão após comprar “O Labirinto dos Espíritos” que fecha a saga “O Cemitério
dos Livros Esquecidos”. Apesar de já ter lido e adorado os três primeiros volumes
– “A Sombra do Vento”, “O Jogo do Anjo” e “Prisioneiro do Céu” – optei por rele-los
antes de devorar o quarto e último livro da saga.
Cara, ainda me lembro como viajei na leitura de “A
Sombra do Vento” em 2014. Caraca, que
história! O meu desejo de rele-lo era quase incontrolável; então, quando chegou
o momento, por volta das 23H30min, eis que me dirijo a minha de leitura para
cerimoniosamente retirá-lo da estante. Estendi
o braço, abri as mãos para segurá-lo, mas... mas... cadê o livro!! Corro até o
computador, confiro o numero catalogado, volto a estante, mas o livro com o tal
numero não está lá. Demorei aproximadamente 40 minutos para conferir todos os
livros daquela estante, sem sucesso.
Sabe quando você tira o doce da boca de uma criança,
antes dela dar a primeira e desejosa mordida? Pois é, foi assim que me senti. A
própria criança sem o seu doce.
Galera até agora não sei onde o livro foi parar. No
mês passado, quando dona Chiquinha veio fazer uma faxina em minha casa, foi
avisada pela Lulu para que não limpasse as estantes que são os meus verdadeiros
xodós, mas a bondosa mulher insistiu em fazer o serviço completo. Como Lulu é ainda
mais bondosa do que a própria dona Chiquinha, acabou concordando. E assim, lá
vai a dona Chiquinha limpar as minhas estantes. Cara... será que ela trocou
algum livro de lugar? Quero dizer: será que a mulher trocou “A Sombra do Vento”
de lugar? Se trocou, eu não consegui encontrá-lo e perguntar, agora, para a
dona Chiquinha não vai adiantar. Talvez, ela responda: “Claro que não!” ou quem
sabe: “Mininu, não me lembro”. Melhor esquecer.
Bem... tem ainda o lance do “me empresta esse livro?”. Antigamente, todos que iam até a minha
casa e viam aberta a porta da minha ‘saletinha’ de leitura, faziam questão de
entrar – vejam bem, a maioria não pedia para entrar, simplesmente, já iam
entrando – no local para ficar observando os livros. E volta e meia vinha o
pedido: “Me empresta esse?”. Meu, que chute certeiro nas bolas. Como doía essa
perguntinha. O que eu poderia dizer? O livro não é meu, mas está na minha
estante e ainda por cima catalogado com um número? É... acho que essa desculpa
não iria colocar. Poderia, então, lascar simplesmente: “Não empresto!! E vamos
saindo daqui, rápido, vamos, vamos! Acabou a festa!”. Galera, dizer tudo isso na
brincadeira é fácil; agora ter a atitude para dizer ‘na lata’ é difícil. Bem,
que eu me lembre ninguém me pediu “A Sombra do Vento” emprestado, mas sabe como
é... A nossa memória, às vezes, falha e
a minha já passou dos 50, para ser exato, 54. Portanto, os meus neurônios podem
estar querendo me pregar alguma peça.
O lance da reforma. Pois é, lembrei-me também do período
em que reformei a casa. Isto foi há aproximadamente dois anos. Na época, eu e Lulu
encaixotamos todos os livros para protegê-los do pó, já que optei por passar
sinteco no piso da minha humilde residência, quero dizer, da minha humilde
bibliotequinha. E lá ‘vamu nóis’ encaixotando tudo o que vemos pela frente! Depois,
na operação ‘Retorno às Estantes’ demoramos quase um dia para espaná-los, limpa-los
e guardá-los. Ontem, enquanto batia o desespero de não encontrar Sempere e Carax em seus lugares, bateu aquela dúvida: “Será
que enfiei esse livro em algum buraco negro? Entenda-se ‘buraco-negro’ por aquele
lugar errado na estante ou então, esquecido numa caixa que já foi embora. Não,
não. Eu e Lulu sempre fomos muito cuidadosos quando estamos manuseando qualquer
livro, seja ele velho ou novo. Mas mesmo assim, fica sempre fica aquela
pontinha de dúvida, né?
Cara, quer saber de uma coisa. Vou parar de ficar
conjecturando. C-h-e-g-a! O livro sumiu, correto? Entonce não adianta ficar
chorando pelo leite derramado. Sabem o que eu fiz, tão logo dei ciência do
sumiço? Já adquiri um novo volume de “A Sombra do Vento”, o qual prometo à mim
mesmo, guardá-lo com todo o cuidado que não tive com o seu antecessor. E se
alguém me pedir emprestado, deixarei de lado as minhas boas maneiras e rosnarei
como um pitbull enfurecido: Argghhh.... Nãaaaaoo empresto e ponto final!!!!
Brrrrrrrrr!!!
Agora, enquanto aguardo a chegada da obra de Zafón,
estou lendo “O Casamento” de Nicholas Sparks. Optei por escolher um livro light
e bem curtinho, enquanto Sempere, Firmin, Carax e toda sua turma não chegam.
Inté!
2 comentários
Imagino o desespero que deve ter sido, Jam, pois também tenho muito apreço aos meus livrinhos!
ResponderExcluirConcordo quanto ao empréstimo: também não gosto de emprestá-los.
Agora, só fiquei pensando numa coisa: checou se não está faltando mais um na coleção?!
=)
Até a próxima!
Olá Tex!
ExcluirOntem, terminei de conferir todos os meus 436 livros. graças a Deus, estão todos lá. Quanto ao 'novo' Sombra do Vento" chegou no sábado (02) e já foi direto para a minha estante.
Ufa!
Abraços!