Os clássicos literários extrapolam qualquer tipo de
gênero. Quando uma obra infanto-juvenil atinge esse patamar, ela se torna
universal, ou seja, deixa de ser um livro direcionado exclusivamente para determinada
faixa etária – no caso, crianças e adolescentes – para atingir todas as idades.
Isto acontece por causa da qualidade do enredo que tem o poder fazer não só os
leitores jovens viajarem no mundo da imaginação’, como também os adultos,
independente da sua idade, nível social e intelectual. “O Jardim Secreto”, de
Frances Hodgson Burnett se enquadra nessa categoria: a dos clássicos.
É impossível não se apaixonar pelos personagens
criados pela autora que fazem parte de um enredo simples, mas ao mesmo tempo
carregado de uma carga emocional enorme. Um enredo do qual podemos tirar muitas
lições de vida.
Lendo “O Jardim Secreto”, cheguei a conclusão de que
as histórias infanto-juvenis contemporâneas são por demais simplórias se
comparadas com a obra de Frances Burnett e outras similares. Basta você
confrontar livros como “O Jardim Secreto”, “A Princesinha”, “Os TrêsMosqueteiros”, “O Escaravelho do Diabo”, “O Príncipe e o Mendigo”, “O Conde de Monte Cristo” com livros atuais do
mesmo gênero, como: Wake, Fade, Sussurro, “Cidade dos Ossos”, “A Seleção” e
etc. Os primeiros por serem clássicos são lidos por jovens e adultos com o
mesmo prazer. Já os demais, atingem apenas determinada faixa etária.
Por esse motivo, tenho o hábito de dizer que os
autores infanto-juvenis do passado estão fazendo muita falta no presente. Fazer
o quê. Quem sabe, no futuro, surja algum escritor ou escritora com o poder de aglutinar
leitores de todas as idades em torno de suas obras.
A história de Frances Burnett me seduziu de tal
maneira que acabei lendo o livro em dois dias; do tipo: numa tacada só. Já
havia lido e gostado de “A Princesinha”, da mesma autora, e por isso, decidi
comprar “O Jardim Secreto” com a certeza de que iria devorar o enredo. Acertei
em cheio. Tinha, também, assistido ao filme de 1993 baseado no livro, mas não
me lembrava de muitos detalhes, inclusive do final. Este, também, foi outro
motivo pelo qual adquiri a obra. Queria preencher muitas lacunas do filme, o
qual também havia adorado.
“O Jardim Secreto” trata-se da história de Mary, uma
menina nascida na Índia, de pais ingleses, que após se tornar órfã retorna à
Inglaterra para viver com o tio em sua grande propriedade campestre. Tímida e
cheia de complexos, pois se acha muito feia, comparada à beleza da mãe, Mary é
desagradável de trato, malcriada, cheia de vontade – enfim, uma criaturinha
difícil. Tudo isso agravado pela vida no enorme casarão de cem quartos, sob a
guarda da governanta pouco interessada.
Mas a curiosidade natural da infância leva Mary a
descobrir que no mesmo casarão vivia um primo quase da sua idade, criança
doentia e enfraquecida pela imobilidade e pela solidão.
O que o companheirismo e a amizade que se
desenvolvem entre os dois faz pela saúde e pelo conhecimento afetivo e social
de ambos é o tema do livro que se desenrola de forma sempre surpreendente. Não
posso esquecer, em hipótese alguma, de outro personagem muito importante e que
ao lado de Mary e de seu primo Collin, formam o trio de crianças de “O Jardim
Secreto”: Dickon, um verdadeiro amante da fauna e flora e que tem um papel
preponderante no enredo.
A autora desenvolve temas absolutamente
contemporâneos, como a valorização da natureza o que torna o livro um texto
ecológico, antes que o termo ecologia fosse inventado.
Cara, confesso que em muitas viradas de páginas, o texto
me emocionou como por exemplo, logo no início, o relato do abandono de Mary,
ainda criancinha, pelos seus pais por causa de uma tragédia familiar.
Um grande livro! Sem dúvida.
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