Durante a minha vida de leitor, encarei verdadeiros
trucões; daqueles que deixam qualquer pessoa com um baita complexo de ler
livros de terror durante a noite, sozinho ou acompanhado, não importa. Sabe aquela
história que tem o poder de lhe incomodar? Aquela história que provoca um
calafrio que começa na nuca e termina na ponta da espinha? Pois é, é desse
trucão violento que estou me referindo.
Alguns deles como ‘O Exorcista’ precisaram de uma
dose extra de coragem que só encontrei há poucos anos atrás. Outros trucões, inadvertidamente,
acreditei serem moleza, um terrorzinho água com açúcar, mas me estrepei.
No post de hoje resolvi prestar uma homenagem para
essas obras terrificantes que me assombraram durante várias noites, mas por
outro lado, me proporcionaram leituras emocionantes. Vamos á elas! Ah!!! Antes
que me esqueça, alguns de vocês poderão achar que o menino ‘aki’ ficou gagá e
começou a repetir posts. Entonce deixe-me explicar: o post que vocês estão lendo
agora é diferente desse aqui, onde selecionei 10 ‘histórias’ de terror e não 10
livros. A galera pode perceber que no post que escrevi em 2015, fazem parte
vários contos de terror. Por isso, agora optei por deixar os contos de lado e
focar apenas nos livros.
Bem, dada a devida explicação, novamente vamos a
eles!
01
– O Exorcista (William Peter Blatty)
Sempre adiei a leitura de “O Exorcista”, de William
Peter Blatty. Demorei para comprar o livro e também demorei para lê-lo. Recordo
que nos meus dias de estudante secundarista, quando era um verdadeiro rato de
bibliotecas, cheguei a sacar o livro (uma edição de bolso em folha de papel
jornal) da estante, mas ao ler as primeiras páginas acabei desistindo. Cara,
muito medo. Na época que assisti ao filme, ainda usava calças curtas e juro que
fiquei muito impressionado. Aquela virada de pescoço de 360 graus da Regan
possuída e também a sua descida de escada como se fosse uma aranha, haviam
gelado o meu sangue. Por isso meu amigo, encarar a obra de Blatty foi barra.
Quando soube que “O Exorcista” teria sido baseado
nos registros de um caso real, realizado em Mount Rainier, no estado de
Maryland,então... piorou! Aí é que a coragem para ler o livro ‘travou’ de vez.
Mas cheguei a conclusão que tinha de vencer os meus receios e assim, exorcizei todos
os medos quetinha da obra e mandei ver.
Costumo dizer que o livro de Blatty é o ‘Monte
Everest’ do gênero terror. Insuperável.
02
- A Coisa (Stephen King)
O livro de Stephen King é claustrofóbico, angustiante,
tenso e mete medo pra caramba. Enfim, tudo o que uma obra de terror que se
preze deve ter. O palhaço Pennywise é assustador. De todos os vilões da
literatura de terror, confesso que ele foi aquele que mais me assustou. Ele é a
própria essência do mal sob a aparência maligna de um palhaço. Aliás, um
palhaço medonho, um verdadeiro monstro.
Logo em seu início, “A Coisa” já provoca calafrios
no leitor. Ao receber um telefonema de Mike Hanlon, avisando que, após tantos
anos, Pennywise voltou a assombrar a cidade de Derry, o seu amigo Stanley não
suporta o medo e decide se matar. Antes de cometer o suicídio dentro de uma
banheira, Stan ainda consegue escrever na parede com o próprio sangue o nome da
criatura: IT, ou seja, A Coisa.
Na minha opinião, o melhor livro escrito pelo mestre
do terror Stephen King.
03
– Ultra Carnem (César Bravo)
Ultra Carnem é a sequência do eBook “Além da Carne: Contos Insanos”,
de César Bravo. O eBook lançado na raça, ou seja, de maneira independente
vendeu como água no deserto e transformou-se num verdadeiro fenômeno literário.
A obra serviu para fixar o nome de Bravo como um dos expoentes do gênero terror
no Brasil, o que lhe valeu um convite da DarkSide para lançar o seu primeiro
livro ‘fisico’. Nascia assim, “Ultra Carnem”.
Podemos dizer que “Ultra Carnem” é uma trama com
quatro contos que fazem parte de uma mesma história, mas em contextos temporais
diferentes. Tudo gira em torno de Wladimir Lester, um dos personagens de “Ale´m
da Carne” e suas obras de arte amaldiçoadas.
Garanto que os leitores mais frios não conseguirão
controlar o medo ao se depararem com a maligna estátua da ‘Ciganinha’ e também
com o quadro amaldiçoado pintado por Lester. A obra é tão demoníaca que por
mais de dois séculos ficou com a sua tela coberta para que ninguém a visse.
Reza a lenda que qualquer curioso que resolvesse descobrir a tela que Lester
havia pintado, sofreria conseqüências terríveis em sua vida; não só ele, como
também os seus familiares. Em seu primeiro livro “físico” lançado pela
DarkSide, Bravo revela a origem desse quadro; como ele nasceu.
Man... o ‘negócio’ arrepia; mete medo mesmo!
04 – A Casa Infernal (Richard Matheson)
O vilão de “A Casa Infernal” é Emeric Belasco. Quem
é Emeric Belasco? Eu respondo: ele é um dos vilões mais assustadores e
perversos da literatura de terror.
Para entender toda a essência maligna de Belasco,
você deve esquecer o filme “A Casa da Noite Eterna” (1973) de John Hough e se
concentrar no livro. Não estou dizendo que o filme é ruim, pelo contrário, é
uma das melhores produções cinematográficas do gênero terror das últimas
décadas, mas acontece que no romance, Matheson descreve detalhadamente o vilão,
fazendo uma dissecação de toda a sua vida.
“A Casa Infernal”, foi escrita em 1971 e é
lição obrigatória para os fãs do gênero. O clima criado pelo autor é
angustiante e quando comecei a ler não conseguia parar.
A história gira em torno de uma mansão mal
assombrada pelo fantasma do terrível Emeric Belasco. Há 40 anos, ela se mantém
imponente, desfiando todos aqueles que tentam decifrar os seus segredos. Até o
dia em que um grupo de cientista e paranormais decidem entrar na casa para
investigar os seus fenômenos sobrenaturais. Entonce... preparem-se.
Em 2011 escrevi um post dando mais detalhes sobre o
livro de Matheson. Aqueles que se interessarem poderão acessar aqui.
05 – Ed e Lorraine Warren: Demonologistas (Gerald
Brittle)
O livro é tão impressionante que chega a se tornar
auto-sugestivo. Isto acontece porque Geral Brittle aborda o terror real; e
sabemos que há uma grande diferença das obras ficcionais do gênero para as
obras realistas.
Nos romances, você sabe que o enredo é fantasioso e
saiu da mente fértil de um romancista. Quanto a uma obra não ficcional, o
‘negócio’ muda de figura, já que a história contida nas páginas foi baseada em
fatos reais e, confesso, que os fatos documentados em “Ed e Lorraine Warren:Demonologistas” impressionam, até mesmo os mais céticos.
As 272 páginas do lançamento da DarkSide faz com que
o leitor repense todas aquelas brincadeiras bobas feitas no passado com grupos
de amigos que envolviam o sobrenatural e o preternatural. Os tabuleiros Ouija e
as brincadeiras do copo. Lembram-se? Ufa! Ainda bem que não tive essa
curiosidade.
O livro é praticamente uma entrevista com o famoso
casal de demonologistas Ed e Lorraine Warren, onde eles narram detalhes dos
seus casos mais famosos – entre os quais ‘Amityville’, ‘Família Perron’, ‘Caso
Beckford’, ‘Caso Foster’ e, claro, o da famosa boneca ‘Annabelle’ - entremeados
com orientações sobre os riscos de se envolver com o mundo metafísico; uma
brincadeira que pode custar bem caro.
Leitura assustadora.
06
– A Maldição do Cigano (Stephen King)
Olha o mestre do terror e suspense novamente aí!
“A Maldição do Cigano” ou “A Maldição”, é o mesmo livro, só muda o título.
Portanto, o enredo é o mesmo. O primeiro, trata-se do título original, lançado
pela Francisco Alves em 1989 e o segundo é a reedição da Suma de Letras que
entrou ‘bombando’ no mercado literário em 2012 e vendeu muuuito!
Confesso que “A Maldição do Cigano” não é o melhor do
autor – o livro se perde em muitas descrições desnecessárias, além de dar uma
importância exagerada ao drama de um dos personagens principais: o advogado Bill
Halleck – mas sabemos que King é sempre King, por isso, apesar de não ser uma obra
prima, o livro assusta e muito.
A história me causou uma sensação esquisita... uma
mistura de pânico, medo, insegurança, ansiedade. É difícil explicar; só sei que
a cada página virada essa sensação vai crescendo. Talvez, o responsável por tal
miscelânea de sentimentos ruins seja o feiticeiro cigano Taduz Lemke, com o seu
nariz carcomido, que lança uma maldição sobre Bill Halleck, após o advogado ter
atropelado, de forma imprudente, e matado uma velha cigana do clã de Lemke.
King conseguiu criar um personagem enigmático,
forte, cruel, vingativo e que não conhece o medo. O velhinho mandingueiro
inspira poder e... principalmente, calafrios
O final da história é inesperado. Daqueles de deixar
o leitor boquiaberto e impressionado. Brrrrrrrrrr!
Lembrando que “A Maldição do Cigano” foi adaptado
para os cinemas em 1996 por Tom Holland. Ah! Aqui vale uma curiosidade: se
lembram daquele filme “Arraste-me para o Inferno” (2009) de Sam Raimi? Pois é,
alguns cinéfilos acham que Raimi se inspirou no filme de Holland e no livro de
King.
07
– A Estrada da Noite (Joe Hill)
Pois é, filho de peixe, peixinho é. Depois de
falarmos do pai, só nos resta falarmos do filho. Joe Hill herdou o talento de
Stephen King para escrever histórias de terror. Prova disso é “A Estrada da Noite”
que tem um vilão tão casca grossa quanto Pennywise ou Taduz Lemke.
Craddock McDermontt, o velhinho do paletó
assombrado, desperta os medos mais primitivos dos leitores. Você se lembra
daquele ‘reverendo-fantasma’ do filme Poltergeist - com uma expressão macabra -
que atazana a vida da família daquela menina loirinha que, por sua vez, acaba
sendo ‘puxada’ para o além? Craddock é parecidíssimo com ele, mas um
pouco pior. Ele ‘arrepia’ na história. O fantasma só pensa em vingança e é
capaz de tudo para atingir os seus objetivos.
O espírito de Craddock parece estar em todos os
lugares, à espreita, balançando na mão cadavérica um pêndulo reluzente que é
uma verdadeira sentença de morte. Ele tem o poder de hipnotizar as
pessoas e fazer com que elas se envolvam em situações perigosas, colocando em
risco as suas vidas.
Veja mais sobre “A Estrada da Noite” acessando esse
post aqui onde dou mais informações sobra o enredo desenvolvido por Hill.
08
– A Corrente, Passe Adiante (Estevão Ribeiro)
O livro de Estevão Ribeiro fala de um hacker chamado
Roberto Morate que, ao repassar um e-mail que recebeu de uma garota
desconhecida, descobre que salvou a sua vida, mas por outro lado, condenou a
sua alma e de todos que receberam a corrente. Explicando melhor: numa belo dia,
Roberto que tem como profissão roubar senhas bancárias de incautos internautas,
recebe um e-mail misterioso de uma garota que diz ter morrido. Algo do tipo:
“passe esse e-mail para outras sete pessoas e você terá muita sorte. Nem pense
em mandar essa mensagem para lixeira. Se você apagá-la, em 48 horas eu irei
atrás de você, onde estiver...”
Ok, se coloque no lugar de Roberto, o que você
faria? Apagaria a mensagem? Tudo bem. Vamos supor que você excluísse a corrente
para a lixeira, e imediatamente, ouvisse o sinal de seu computador lhe avisando
da chegada de uma nova mensagem. Neste momento, você até já se esqueceu do
suposto “trote virtual”, então a nova mensagem chega ‘rasgando’: “Eu não lhe
avisei para não jogar a mensagem na lixeira!! Vou lhe dar uma nova chance de
viver. Repasse, agora, essa corrente para outras sete pessoas se não irei atrás
de você!! Vai querer contrariar a vontade de uma morta?”
Ehehehe.... Pergunto-lhe novamente: “O que faria?
Mandaria a mensagem, mais uma vez, para a lixeira ou a enviaria para os
endereços de sete amigos virtuais?”
Cara, esse foi o drama do Roberto. Mesmo pensando,
ainda, se tratar de algum trote; aquele friozinho na base de sua espinha, o
alertou que seria melhor ‘despachar’ a corrente. E foi o que fez.
É a partir desse ponto da história que a vilã Bruna
começa a aprontar na história, provocando um festival de calafrios nos
leitores. A personagem criada por Estevão Ribeiro é muito parecida com a Samara
de “O Chamado”; aquela menina que sai rastejando - como se fosse uma aranha -
de dentro de um televisor.
Preciso dizer mais?
09
– Horror em Amityville (Jay Anson)
Jay Anson escreveu um livro-reportagem sobre fatos
que chocaram e perturbaram pesquisadores, religiosos e autoridades, além de
diversas outras pessoas ao redor do mundo. Fatos assustadores que ocorreram
numa casa mal assombrada.
Publicado em 1977, “Horror em Amityville”,
tornou-se um grande sucesso editorial com mais de três milhões de cópias
vendidas: uma verdadeira febre. O livro também serviu de inspiração para várias
adaptações cinematográficas, embora nenhuma delas tenha conseguido transmitir a
sensação de aflição que alguns trechos do livro provocam. Cara, confesso que
fiquei impressionado com alguns capítulos. Caraca!
O autor conta a história, baseada em fatos reais, de
um casal com três filhos, que no dia 18 de dezembro de 1975 mudou-se para uma
bela e enorme casa situada na Avenida Ocean 112, em Amityville, Nova
Iorque, EUA. Vinte e oito dias depois eles fugiram aterrorizados, abandonando
praticamente todos os seus bens, alegando a existência de entidades malignas
assombrando a casa. Vale lembrar que um ano antes, na
mesma casa, havia acontecido um assassinato brutal. Um jovem chamado Ronald
DeFeo Jr. teria assassinado brutalmente, com uma espingarda, a sua família
(pai, mãe e quatro irmãos), enquanto dormiam. Sua explicação para a chacina é
que ele estava agindo conforme a orientação de uma voz misteriosa que ordenava
os assassinatos.
Leitura para tirar o sono... de medo.
10
– Canibais: Paixão e Morte na Rua do Arvoredo
"Canibais: Paixão e Morte na Rua do Arvoredo" do jornalista gaúcho David Coimbra, narra a
história real do açougueiro Ramos e de sua mulher, a sedutora Catarina Palsen. O
casal assassinou dezenas de pessoas na Porto Alegre do século XIX para fabricar
um tipo de linguiça – linguiça feita de carne humana. Ecaaaaa!! Acontece que
essa iguaria se tornou um verdadeiro sucesso na cidade, transformando os
habitantes porto-alegrenses em canibais!
O caso foi tão macabro, mas tão macabro que apesar
de ter ocorrido no século XIX, quando Porto Alegre ainda estava engatinhando –
contando com menos de 20 mil habitantes – nem mesmo a aura de tecnologia ultra
moderna do século 21 conseguiu apagar.
Consta que o açougueiro Ramos degolava,
esquartejava, descarnava, fatiava e guardava as vítimas em baús, moendo-as aos
poucos e transformando-as nas famosas linguiças, que eram vendidas em seu
açougue. A função de sua mulher Catarina era a de seduzir e distrair as vítimas
para que o seu marido pudesse matá-las, geralmente a marretadas.
Livro agonizante e perturbador.
Se você tiver os nervos fracos, melhor dispensá-lo,
caso contrário, devore-o.
Por hoje é só.
2 comentários
It A Coisa ao lado de Os Mortos Vivos de Peter Straub são meus livros preferidos de terror até agora. Simplesmente fantásticos!!!
ResponderExcluirAcho It um dos melhores de King, sem dúvida, mas meu favorito ainda é O Cemitério, por uma laaaaarga vantagem. Na verdade, está entre os meus três preferidos de qualquer autor.
ResponderExcluirE a trilogia House of Darkness, House of Light, de Andrea Perron? Que demora pra ser lançado aqui no Brasil, heim?!
Grande abraço, Jam!