Muitos perguntam o porquê do livro “Decadência” -
escrito por Dias Gomes e lançado em 1995 - mesmo sendo tão bom, ter passado despercebido
tanto pela crítica especializada quanto pelos leitores. Quer saber quem foi o
culpado? OK, eu conto. O carrasco que degolou a obra literária foi a minissérie
homônima que passou na TV Globo, na mesma época.
Cara, juro que eu não entendi o samba do crioulo
doido que editora, televisão, produtores e o próprio Dias Gomes (que Deus o
tenha) fizeram em 1995. Que confusão, eles aprontaram, mêo!! Cara, veja só,
enquanto a minissérie passava na TV, o livro estava sendo vendido nas bancas. É
verdade! Dias Gomes escreveu o livro, lançou o dito cujo e simultaneamente
mandou ver a mesma história na TV. O que estou querendo dizer é que o autor
autorizou que a “toda poderosa”, a “plin-plin” ou a “Venus platinada” –
entendam como quiserem – fizesse a adaptação do livro no momento em que ele
estava chegando nas estantes das livrarias. Resultado: a maioria dos
brasileiros – que na época, eram mais chegados numa televisão do que num livro –
deram preferência à história dirigida por Roberto Farias e protagonizada por
Édson Celulari.
Outro fator que contribuiu para o esquecimento do
livro foi a preguiça dos produtores da minissérie que absolutamente não mudaram
nada do que estava nas páginas. Dessa maneira, os leitores que optaram por ler e
simultaneamente assistir Decadência, perceberam com muito desgosto que um era
cópia do outro.
Penso que se a minissérie não tivesse existido, a
obra escrita de Dias Gomes entraria para o rol dos maiores sucessos literários
nacionais. Mas... não foi bem isso que aconteceu.
No meu caso, como já havia assistido a minissérie há
muuuuito tempo e nem me lembrava mais dos seus detalhes, acabei amando o livro.
Por isso, aqueles que não se recordam das peripécias do pastor Mariel na TV,
certamente, irão devorar com avidez o
livro que, repito, é fantástico.
Minissérie baseada no livro que passou na TV Globo em 1995 |
“Decadência” gira em torno da família Tavares
Branco, outro imponete e tradicional, mas atualmente em franco processo de
desagregação. É no seio dessa família que o jovem órfão Mariel é acolhido. Sua
ambição desenfreada faz com que não se contente com a humilde posição de
motorista e passe a buscar avidamente o amor de Carla, uma das filhas de Albano
Tavares Franco Filho, patriarca da família e conceituado advogado. O romance
entre os dois esbarra no moralismo da família que não admite em hipótese alguma
que a sua filha caçula namore um simples motorista. Dessa forma, Mariel acaba
sendo expulso da mansão dos Tavares Branco. A trajetória de Mariel segue um
caminho tortuoso que o faz buscar respostas no misticismo, tornando-se
meteoricamente um importante pastor evangélico, bem mais preocupado em aumentar
o seu império e poder do que difundir a mensagem divina. Após alcançar o topo
do sucesso e do prestígio, Mariel decide buscar vingança contra os Tavares
Branco que o humilharam no passado. Uma vingança que terá sérios reflexos em
sua vida.
O pano de fundo do romance de Dias Gomes é a crise
de valores e a busca pela ética, deflagradas a partir dos absurdos cometidos na
Era Collor.
Enfim, galera, um livraço que por culpa de uma puta
falta de estratégia de marketing acabou naufragando.
Inté!
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