Decadência

01 outubro 2015
Muitos perguntam o porquê do livro “Decadência” - escrito por Dias Gomes e lançado em 1995 - mesmo sendo tão bom, ter passado despercebido tanto pela crítica especializada quanto pelos leitores. Quer saber quem foi o culpado? OK, eu conto. O carrasco que degolou a obra literária foi a minissérie homônima que passou na TV Globo, na mesma época.
Cara, juro que eu não entendi o samba do crioulo doido que editora, televisão, produtores e o próprio Dias Gomes (que Deus o tenha) fizeram em 1995. Que confusão, eles aprontaram, mêo!! Cara, veja só, enquanto a minissérie passava na TV, o livro estava sendo vendido nas bancas. É verdade! Dias Gomes escreveu o livro, lançou o dito cujo e simultaneamente mandou ver a mesma história na TV. O que estou querendo dizer é que o autor autorizou que a “toda poderosa”, a “plin-plin” ou a “Venus platinada” – entendam como quiserem – fizesse a adaptação do livro no momento em que ele estava chegando nas estantes das livrarias. Resultado: a maioria dos brasileiros – que na época, eram mais chegados numa televisão do que num livro – deram preferência à história dirigida por Roberto Farias e protagonizada por Édson Celulari.  
Outro fator que contribuiu para o esquecimento do livro foi a preguiça dos produtores da minissérie que absolutamente não mudaram nada do que estava nas páginas. Dessa maneira, os leitores que optaram por ler e simultaneamente assistir Decadência, perceberam com muito desgosto que um era cópia do outro.
Penso que se a minissérie não tivesse existido, a obra escrita de Dias Gomes entraria para o rol dos maiores sucessos literários nacionais. Mas... não foi bem isso que aconteceu.
No meu caso, como já havia assistido a minissérie há muuuuito tempo e nem me lembrava mais dos seus detalhes, acabei amando o livro. Por isso, aqueles que não se recordam das peripécias do pastor Mariel na TV, certamente,  irão devorar com avidez o livro que, repito, é fantástico.
Minissérie baseada no livro que passou na TV Globo em 1995
“Decadência” gira em torno da família Tavares Branco, outro imponete e tradicional, mas atualmente em franco processo de desagregação. É no seio dessa família que o jovem órfão Mariel é acolhido. Sua ambição desenfreada faz com que não se contente com a humilde posição de motorista e passe a buscar avidamente o amor de Carla, uma das filhas de Albano Tavares Franco Filho, patriarca da família e conceituado advogado. O romance entre os dois esbarra no moralismo da família que não admite em hipótese alguma que a sua filha caçula namore um simples motorista. Dessa forma, Mariel acaba sendo expulso da mansão dos Tavares Branco. A trajetória de Mariel segue um caminho tortuoso que o faz buscar respostas no misticismo, tornando-se meteoricamente um importante pastor evangélico, bem mais preocupado em aumentar o seu império e poder do que difundir a mensagem divina. Após alcançar o topo do sucesso e do prestígio, Mariel decide buscar vingança contra os Tavares Branco que o humilharam no passado. Uma vingança que terá sérios reflexos em sua vida.
O pano de fundo do romance de Dias Gomes é a crise de valores e a busca pela ética, deflagradas a partir dos absurdos cometidos na Era Collor.
Enfim, galera, um livraço que por culpa de uma puta falta de estratégia de marketing acabou naufragando.

Inté!

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