10 personagens que 'arrebentaram' nas pulp fictions

15 junho 2015
Posso afirmar, sem medo de errar, que as pulp fictions fizeram parte da minha puberdade e mais ainda da minha adolescência. No ano passado, escrevi um post onde conto em detalhes os assaltos que fazia na calada da noite ao armário secreto de meu irmão (ver aqui). Foi naquele saudoso esconderijo que comecei a ganhar o gosto pela leitura. Cara, o meu irmão guardava um verdadeiro ‘arsenal de guerra’ no local, desde gibis, enciclopédias, livros, almanaques e é claro as pulp ficitons. Como eu devorava tudo aquilo!! Se hoje, sou um leitor inveterado, devo tudo aquele armário que hoje, infelizmente, não existe mais.
De todas as revistas e livros que ali ficam ‘acomodadas’; as pulps eram as que eu mais gostava. Os livrinhos de bolso editados em papel jornal, principalmente os da Brigitte Montfort eram incomparáveis. Ah! Tinha ainda o “Sombra”, “Coyote”, “Conan”. Iahuuuu!! Cara, estou delirando enquanto recordo aquela época. Fantastic!
Na semana passada, após chegar em casa, depois de um dia estafante de trabalho, pensei comigo: - “Já que devo, em grande parte, às pulp fictions o meu hábito pela leitura, nada mais justo do que escrever um post sobre esses livrinhos que marcaram época”. Decidi, então, postar um texto sobre os heróis e heroínas desse gênero literário que fizeram a minha cabeça.
Anotem aí, galera, os 10 personagens das pulp fictions que marcaram época.
01 – Brigitte Montfort
Mêo, não tem como deixar de começar esse post  por ela... Esta mulher estonteante conquistou, de cabo à rabo, marmanjos e adolescentes da minha geração. Brigitte Montfort ou simplesmente “Baby” é uma agente da Cia letal até a ‘última gota’.  Perita no manejo de vários tipos de armas, desde as mais simples até as mais bélicas, também fala fluentemente vários idiomas. Quer mais? Ok, lá vai:  é especialista no combate corpo a corpo dominando várias técnicas de luta, desde o karatê até a capoeira; além de pilotar qualquer tipo de aeronave.
A famosa personagem - criada pelo escritor espanhol Antônio Vera que assinava suas histórias com o pseudônimo de Lou Carrigan - foi considerada o principal produto da Monterrey, editora especializada na publicação de livrinhos de bolso em papel jornal, autênticos pulp-fictions. Se o miolo desses livros era ‘vagabundérrimo’, suas capas, por outro lado, eram ‘xiques nu urtimo e urtimo grau’.
As capas das histórias de Brigitte Monfort eram produzidas por um dos maiores ilustradores brasileiros do século XX: José Luiz Benício.
A espiã “Baby” marcou tanto a minha adolescência que decidi fazer dois posts inteiramente dedicados à ela. Confiram aqui e aqui.
Com absoluta certeza: essa mulher escultural pode ser considerada um verdadeiro ícone das pulp-fictions.
02 – Buck Rogers
Não tive a oportunidade e tampouco a felicidade de ler Buck Rogers, mas em compensação matei a vontade de assistir Buck Rogers. Pelo que sei o personagem estreou nas pulp fictions em 1928 numa estória escrita por Phillip Francis Nowlan para a revista Amazing Stories, e intitulada Armaggedon 2429 AD. Logo depois vieram os quadrinhos e a seguir os programas de rádio em 1932. E nesta época, o ‘menino aki’ nem sonhava em nascer, já que os meus pais ainda eram crianças (rs). Imagine, sequer, ler uma revistinha pulp da Amazing Stories! Não tinha como!
Por outro lado, a minha fiel companheira Srª Televisão quebrou o meu galho. Em 1979, ela me presenteava, uma vez por semana, com o seriado “Buck Rogers no Século 25”.
As aventuras de Buck Rogers, seja sob a forma de pulp fictions, histórias em quadrinhos, filmes, rádio ou televisão, tornaram-se parte importante da cultura pop dos Estados Unidos. Os americanos tem um respeito muito grande pelo personagem, considerado o primeiro herói espacial do mundo.
03 – O Sombra
Aquela gargalhada sinistra sempre me intrigou. Caraca! Eu achava algo macabro. A primeira vez que conheci essa marca registrada do Sombra foi nos quadrinhos oitentistas da Editora Abril. Adorava as histórias do personagem. Tudo bem que o sujeito jamais errava um tiro com aqueles dois pistolões e ainda conseguia ficar invisível com a sua capa, mas a tal gargalhada era demais. Até hoje, tenho duas dessas revistinhas do personagem, as quais ‘volta e meia’ me vejo folheando e matando saudades.
Mas enganam-se aqueles que pensam que O Sombra teve origem nos quadrinhos. Nada disso. Ele nasceu de um programa de rádio na década de 30, criado por Walter Brown Gibson, onde o ator e diretor Orson Welles lhe emprestava a voz e é claro a gargalhada macabra. Depois, O Sombra passou a integrar o contexto das pulp fictions, ou seja, as mesmas “Amazing Stories” da qual Buck Rogers fez parte. Somente anos depois, ele viria migrar para a TV, quadrinhos e finalmente cinema. Um detalhe que poucos sabem é que O Sombra também apareceu em algumas tiragens de um pulp brasileiro chamado Contos Magazine que circulou com grande sucesso, aqui na terrinha, no período de 1937 a 1945, trazendo histórias de ficção científica, piratas, etc.
O alter ego do personagem nas pulps era Kent Allard e no rádio, cinema e quadrinhos, Lamont Cranston. Suas características principais era o nariz aquilino e olhos negros ameaçadores. Ele sempre usava chapéu, casaco e capa pretos, um anel com um rubi enorme e tinha a boca coberta por um pano vermelho. Seus poderes era o controle da mente e o dom da invisibilidade, além de ser um exímio atirador.
04 – Solomon Kane
Solomon Kane é um puritano do XVI que vaga pelo mundo caçando, monstros, demônios e feiticeiros, armado somente com uma espada e uma pistola. O cara é fera mêo! Enfrentou, sem pestanejar, até o Conde Drácula!
O personagem que fez sucesso nas pulp fictions americanas nasceu em 1926 das mãos (ou da cabeça, tanto faz) do escritor texano Robert E. Howard que seis anos depois brindaria o mundo das pulp com outro presentão: “Conan”. Depois de dominar as revistinhas baratas, Kane migrou para os quadrinhos e finalmente para os cinemas numa produção de 2010.
Nobre deserdado pelo pai, Solomon Kane é um homem cruel e vingativo, saqueador de castelos, que, depois de escapar de um encontro com um intermediário do diabo, decidiu que era hora de mudar de vida. Acolhido por padres, recolhe-se à meditação e abandona as armas, mas algum tempo depois, decide sair vagando pelo mundo com a única vontade de eliminar o mal em todas as suas formas; para tal Kane enfrenta demônios, feiticeiros, vampiros e outras criaturas sobrenaturais.
Creio que as pulp fictions do herói não chegaram a ser publicadas no Brasil, mas em contrapartida, a versão em quadrinhos de suas aventuras circulou por aqui nas décadas de 80 e 90 na revista “Espada Selvagem de Conan”.
05 – Conan
 “Conan, O Bárbaro” ou “Conan, O Cimério” nasceu em 1932 e como já disse escrevi acima, pelas mãos de Robert E. Howard, o mesmo criador de Solomon Kane.
Conan apareceu pela primeira vez na revista pulp “Weird Tales” no conto “The Phoenix on the Sword” (A Fênix na Espada). A história fez um grande sucesso entre os leitores da época e serviu para catapultar o personagem na preferência popular. Esta aceitação, estimulou Howard a escrever novas histórias e assim, surgiram  mais dezenove contos e um romance estrelado pelo personagem. Três desses contos só foram publicados após a morte do autor.
‘O Cimério’ ou ‘Conan’, como queiram, fez tanto sucesso nas pulp, mas tanto sucesso, que no fim da década de 60, a editora Marvel Comics adquiriu os direitos de publicação de suas histórias em quadrinhos. E por uma ironia do destino, esse meio de publicação foi a forma pela qual o personagem ficou conhecido em todo o mundo, superando as pulps, consideradas o seu berço de nascimento. Interessante, não acham?
Pensou que o sucesso do sujeito parou por aí? Que nada! Conan ainda foi adaptado para o cinema por três vezes nas produções “Conan, O Bárbaro (1982), “Conan, O Destruidor” (1984) e “Conan, O Bárbaro” (2001). Os dois primeiros filmes foram interpretados por Arnold Schwarzenegger, já o terceiro contou com o americano Jason Mamoa, que fará o Aquaman em “Batman versus Superman”.
Agora, diga-me pra mim, um personagem que arrebentou nas pulp, romances, quadrinhos, revistas e nos cinemas por três vezes não merece estar nesta lista?
06 – Tarzan
Quando Edgar Rice Burroughs publicou a primeira história de Tarzan, tinha 37 anos e nem ele e seus editores imaginariam que o legado do “homem macaco” se transformasse num verdadeiro império.
Tudo teve início com as revistinhas de papel jornal que tornaram Tarzan um personagem popular. Depois vieram os quadrinhos, revistas, livros, televisão e finalmente cinema.
O personagem fez sua primeira aparição na edição de outubro de 1912 da revista Pulp All-Story e foi um grande sucesso de vendas. A partir daí, a criação de Burroughs não parou mais de crescer.
Uma curiosidade interessante é que o autor nunca esteve na África, por isso, logicamente, não tinha noção alguma daquele continente, mas isso não o impediu de criar um mundo nas selvas com civilizações perdidas, aborígines, tribos de canibais e criaturas exóticas.
Tarzan é filho  de aristocratas ingleses que desembarcam em uma selva africana após um motim. Com a morte de seus pais, Tarzan é criado por macacos na África. Seu verdadeiro nome é John Clayton III, Lorde Greystoke. Tarzan é o nome dado a ele pelos macacos e significa "Pele Branca".
Por ter sobrevivido na selva desde sua infância, Tarzan mostra habilidades físicas superiores às de atletas do "mundo civilizado", além de poder se comunicar com os animais.
07 – Doc Savage
O personagem criado por Henry W. Ralston e o editor John L. Nanovic da Street and Smith Publications conquistou gerações de leitores. O Homem de Bronze, como o herói era conhecido, fez tanto sucesso que teve uma revista só sua chamada “Doc Savage Magazine”. Ao todo foram 181 edições lançadas de 1933 a 1949.
A popularidade do herói, à exemplo de Tarzan, extrapolou as páginas baratas das pulp fictions e invadiu os livros, TV e quadrinhos.
Doc Savage era um aventureiro que foi criado desde seu nascimento para fazer apenas uma coisa: perseguir super-vilões. Ele foi treinado diariamente utilizando uma técnica que não apenas desenvolveu seus músculos, mas também seus cinco sentidos e seu cérebro. Nutrindo verdadeiro desprezo pelas armas (apesar de ser um atirador profissional), Doc inventava aparatos que o auxiliavam em suas batalhas, sendo que algumas de suas invenções estavam muito à frente de sua época, como pequenas bolas de vidro repletas de gás paralisante e binóculos infravermelhos. 
O herói vivia no 86º sexto andar de um arranha-céu, em Nova York e era auxiliado por um grupo de cinco pessoas: um químico, um advogado, um mago da eletrônica, um engenheiro e um arqueólogo.
08 – Zorro
Taí meu herói de infância preferido. Todos os dias me ajeitava na frente da TV em preto e branco na sala da casa de meus pais e engolia com os olhos cada minuto do seriado “O Zorro”. Essa paixão prosseguiu na adolescência, fase adulta e, também, agora na era balzaquiana com o Zorro debochado de Antônio Banderas que eu achei o máximo.
Só me arrependo de não ter tido a oportunidade de ler as pulp fictions do personagem, incluindo a antológica “A Maldição de Capistrano” que deu origem ao herói mascarado. Nem tinha como realizar esse desejo já que a história foi publicada em 1919 numa revista de papel jornal chamada “All Story Weekly”.
Há mais de 95 anos, quando o escritor Johnston McCulley criava o Zorro, os meus pais nem sonhavam em vir ao mundo, muito menos eu. Por isso, só fui realizar o meu sonho – quero dizer, parte dele – há poucos anos atrás  quando adquiri o livro “Zorro” escrito por McCulley e baseado na história pulp “A Maldição de Capistrano”.
A maior prova de que “A Maldição de Capistrano” foi um fenômeno de vendas, naquela época, é que o ator Douglas Fairbank, após ler o conto, decidiu adapta-lo para o cinema. Nascia assim, “A Mascara do Zorro”: primeiro filme do personagem. A película se tornou um ‘arrasa-quarteirões’, o que foi fundamental para o sucesso inicial do personagem. Depois vieram outras produções cinematográficas menos famosas, todas elas baseadas em “A Maldição de Capistrano”..
Zorro não dominou apenas nas pulp fictions, televisão e cinemas; ele também fez muito sucesso nos livros e nas histórias em quadrinhos.
09 – O Coyote
Se o Zorro, ao longo dos anos, ficou conhecido por marcar os seus inimigos com a letra Z; O Coyote adquiriu fama ao disparar um tiro na orelha daqueles que ousassem cruzar o seu caminho. Mas afinal de contas, quem é esse tal Coyote?
Como já expliquei no post “O Coyote: O herói emblemático daspulp fiction que fez história na Editora Monterrey”, ele pode ser considerado o pai dos livros de bolso no Brasil, já que tudo teve início com ele. Em 1956 - logo após a sua fundação – a editora Monterrey lançaria o formato pulp fiction no Brasil tendo como protagonista o justiceiro mascarado. Brigitte Montford só apareceria anos depois. Por isso, o Coyote foi o grande desbravador do gênero livro de bolso com páginas em papel jornal, aqui, na terrinha.
Tanto Brigitte Montford quanto o Coyote foram os grandes responsáveis pelo sucesso editorial da Monterrey, dando aos seus criadores, respectivamente, Lou Carrigan e José Mallorqui o status de grandes estrelas, responsáveis pelo sucesso de vendas da editora. 
Sei não cara, mas acho que Mallorqui era um baita fã do Zorro porque o seu Coyote foi criado à imagem e semelhança de Don Diego de La Veja. Se não vejamos: Dom César de Echagüe, filho homónimo de um rico fazendeiro californiano, regressa a suas terras em 1851, recentemente incorporada aos Estados Unidos. A novela retrata uma Califórnia habitada por uma próspera sociedade hispana mas recém conquistada pelos invasores yanquis, que tratam de se apoderar por todos os meios das minas de ouro que os californianos ocultam. César de Echague é desprezado por todos na California que acreditam ser ele covarde e afeminado. O rapaz é depreciado até mesmo pela sua noiva Leonor de Acevedo e pelo próprio pai, Dom César. Ele não sabem que o jovem César - tido como covarde e afeminado - na realidade, leva uma vida dupla como O Coyote, um justiceiro mascarado que luta pelos direitos dos hispanos.
Ehehehe!!! E aí? O que acham? Acredito que se trocarmos a espada pelos dois revólveres teremos um Zorro genérico. Mas esquecendo as brincadeiras e também as comparações, não há como negar que “O Coyote” ou “El Coyote” foi ao lado de Brigitte Montfort, os dois ‘carros-chefes’ de venda da Monterrey. Mais do que isso, foram responsáveis pela sobrevivência da editora no mercado.
10 - Flash Gordon
Flash Gordon é considerado o segundo herói espacial, depois de Buck Rogers. Ele foi criado para rivalizar com o próprio Rogers e também com Tarzan. Ok, eu explico melhor: Em 1933, a King Features Syndicate abriu um concurso para descobrir personagens de quadrinhos que pudessem competir com Buck Rogers e Tarzan  de sua concorrente,  a Pulitzer Syndicate. Alex Raymond se inscreveu e ganhou, passando a desenhar Flash Gordon e Jim das Selvas (que completava a página) para o New York American Journal. Pronto! Nascia, assim, mais um grande heróis das pulp!
No Brasil, o primeiro capítulo de Flash Gordon no Planeta Mongo foi publicado no nº 3 do Suplemento Infantil do jornal A Nação, do Rio de Janeiro,  em 28 de março de 1934.
O enredo girava em torno das aventuras de Flash Gordon, cujo nome batizava a série, e seus acompanhantes, Dr. Hans Zarkov e Dale Arden. A história começa com o Dr. Zarkov inventando um foguete, no qual os três fazem uma viagem ao planeta Mongo, onde naufragam. Mongo é habitado por várias culturas diferentes, algumas tecnologicamente avançadas, que têm caído uma a uma sob o domínio do cruel tirano Ming, o Impiedoso.
Logo após sua chegada, os três terrestres fazem amizade com o príncipe Barin, herdeiro legítimo do trono usurpado por Ming. Ming baniu o príncipe e seus seguidores — incluindo a própria filha, Aura, noiva de Barin — para o reino florestal de Arboria. Flash, Dale e Zarkov juntam-se então à luta de Barin para recuperar o trono.
Com o passar do tempo, as pulp fictions ficaram pequenas para a fama de Gordon que acabou migrando para os quadrinhos, televisão e cinema.

Taí galera, por hoje é só!

4 comentários

  1. Deve ser bem nostálgico escrever sobre esse personagens né Jam?
    E por indicação sua a algum tempo atrás (acompanho seu blog desde a sua criação e ele foi dos que me impulsionaram a entrar nesse universo maravilhoso dos livros), comprei livrinhos da Brigitte Montfort, e cara tô gostando muito. Enquanto os outros só conheço pelo cinema e ou por séries de tv. Abcs!
    estantepolicial.blogspot.com.br

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  2. Helysson, que bom que o Livros e Opinião foi um daqueles espaços que lhe ajudaram a entrar no mundo dos livros, inclusive criando um blog literário da hora. Quanto ao post em questão, enquanto escrevia senti uma baita nostalgia daqueles anos, sim. Ah! Também sou fã de carteirinha de "Baby", essa agente estonteante da CIA.
    Abrcs!!

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  3. e ai você tem svans desses linvrinhos?

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  4. Muito bom o seu blog amigo,seria ótimo se a s pulps Fictions voltassem á moda.

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