Que saudades das capas da enciclopédia Conhecer!
Alguns podem considerar estranha a minha afirmação,
já que o correto seria escrever: “Que saudades da enciclopédia Conhecer!”,
quero dizer saudades de um todo (texto e imagens) e não só das capas. Não resta
dúvidas que os assuntos abordados pela enciclopédia da Abril Cultural eram o
‘máximo do máximo’ e com certeza, ajudaram muitos estudantes do ginasial em
suas pesquisas, mas as capas dos fascículos eram um show a parte.
É difícil explicar, mas as ilustrações daquelas
capas fantásticas que vinham acompanhadas de uma pequena introdução sobre o
assunto principal, faziam com que eu me transportasse para o contexto das
imagens, como se eu estive lá. Lembro que após comentar isso – décadas e
décadas atrás - com uma saudosa professora de literatura, ela acabou me esclarecendo
que somente os leitores ávidos tem o dom de interagir não só com os textos, mas
também com as ilustrações. Se isto que a minha ex-teacher disse - ainda nos
anos 70 - for verdade, posso afirmar com plena convicção que já naqueles idos tempos,
eu era o mais inveterados dos leitores.
Recordo que todas as semanas, o meu irmão chegava em
casa com um novo fascículo de “Conhecer” e imediatamente guardava em seu
armário secreto. Cara, que bruta ansiedade ver aquilo! Queria desesperadamente
ler aquela jóia rara, mas o medo de levar uma bronca era maior. Então, era
obrigado a esperar que o mano fosse dar as suas voltinhas para que eu pudesse
“assaltar” o seu esconderijo. O tal armário me proporcionou momentos literários
marcantes; fiz muitas ‘viagens’ inesquecíveis graças à ele. O conteúdo desse
armário foi tão importante em minha vida de leitor que, há algum tempo, decidi
escrever um post inteiramente dedicado á ele (ver aqui)
Os artigos de “Conhecer” me transportavam para o
mundo mágico do saber; enquanto as suas capas me levavam para lugares
deliciosamente surreais. A vontade que eu tinha era a de penetrar naquelas gravuras
com temas dramáticos ou históricos e fazer parte do seu contexto.
Quando o meu irmão concluiu a montagem dos treze volumes, eu
praticamente já tinha lido todos os fascículos da enciclopédia.
Por “Conhecer” ter feito parte da minha vida, nada
mais justo que escrever um post dedicado inteiramente à ela e é claro, às suas
famosas capas que me enfeitiçavam.
Esta enciclopédia antológica da Abril Cultural foi
lançada no longínquo 27 de setembro de 1966. Pelo que eu pesquisei, a
enciclopédia chegava nas bancas de jornais e revistas todas as terças-feiras e
a cada 15 fascículos com 20 páginas, o colecionador podia comprar uma capa dura
vermelha. De posse dos 15 fascículos e
da famosa capa vermelha, ele ia correndo até uma gráfica para providenciar a
encadernação dos fascículos. Pronto! Estava montada a enciclopédia!
Futuramente, estarei dando mais detalhes sobre “Conhecer”
num post específico sobre enciclopédia que deixaram saudades. Por enquanto,
fico apenas com a nostalgia das capas lendárias dessa preciosidade.
22 comentários
Deve ter sido muito bom ter vivido aquela época,a minha geração nasceu com a informação pronta a um click na internet, pena que eles não tiveram a oportunidade de conhecer essas enciclopédias.
ResponderExcluirSei que essa não é o assunto do post em questão mas eu tenho, a coleção Barsa em minha estante (fruto de um presente de uma tia) a qual me orgulho muito.
Abcs!
estantepolicial.blogspot.com.br
A época das enciclopédias é a mesma dos vendedores de livros de porta em porta. Um tempo muito especial. Lembro que ficava contando nos dedos o final de mês - data em que esses vendedores percorriam as residencias - para 'engolir' com os olhos as amostragens dos livros e coleções. Não tenho a Barsa, uma grande enciclopédia, muito menos "O Trópico" que também marcou época.
ExcluirPosso lhe garantir que não foi bom, mas foi ótimo ter sido leitor naquela época, apesar do advento da Internet não passar de um sonho..
Abraços!
Que bom saber que eu não fui o único a viajar nas capas e figuras da Conhecer!
ResponderExcluirMelhor ainda seria alguém ter passado a enciclopédia toda para PDF!
Zeno, com certeza, além de nós, muitos outros leitores viajaram com as famosas capas. Quanto a publicação da enciclopédia em pdf, 'fucei' muito na Net, mas não consegui encontrar nada. Quem sabe um dia, alguma alma caridosa se compadeça e libere esse tesouro para todos nós internautas.
ExcluirSimplesmente amo essa enciclopédia. Quando criança (e na adolescência), tinha a edição de 1969 em casa. Eu viajava naqueles assuntos e, principalmente, através das imagens. Parecia ser um hábito toda a família ter algum tipo de enciclopédia em casa, seja para cultura geral, seja para auxiliar os filhos nos estudos. Pena que esse hábito, aparentemente, desapareceu.
ResponderExcluirTambém tenho ótimas recordações de "Conhecer". Acredito que essa enciclopédia fez parte de uma geração de leitores. As suas ilustrações, de fato, tinham o dom de nos 'chupar' para dentro da imagem.
ResponderExcluirMuitas saudades daquele tempo :)
Abcs!
As ilustrações da Conhecer eram muito bem feitas mesmo! Não só introduziam o assunto: acho que nos faziam sonhar. Penso que quem teve contato com elas até hoje guarda várias dessas ilustrações na memória!
ResponderExcluirParabéns pelo texto!
De fato, essas ilsutrações tinham o poder de nos fazer sonhar... e como!
ExcluirAgora alguém saberia o nome do artista que fazia aquelas ilustrações ? Tem assinatura A. Fedini ou algo assim.
ResponderExcluirAlessandro Fedini foi o mestre ilustrador da Fratelli Fabbri responsável por estas obras de arte. Ele também ilustrou "Medicina e Saúde" e "Ciência Ilustrada".
ExcluirEu sou mais um dos aficionados do Conhecer. Fiz duas Enciclopédias, uma vermelha e outra azul e comprei a do Círculo do Livro. Infelizmente os cupins destruíram as duas primeiras e mais tantas como Georama, Tecnirama, a Bíblia, 2* Guerra Mundial,Mitologia etc. Foi grande a tristeza pela perda. Enfim, que fazer. A idéia de po-las web é excelente, torço por se realizar. Somos todos Irmãos pelo gosto. Abraços.
ResponderExcluirÉpoca inesquecível. Adotar a meta de concluir cada volume era muito estimulante. Quando era adolescente e residia em Maceió em 1974 ganhei um presente, a coleção vermelha, de meu irmão Jose de Moraes Neto. Ele é Professor de História e me estimulou a viajar pelos artigos de cada fascículo. Sou professor de Matemática, Jorge Henrique Duarte.
ResponderExcluirJorge, costumo dizer que as capas dos fascículos de Conhecer eram mágicas porque tinham o poder de transportar-nos para o seu interior, como se estivéssemos lá no espaço ou no interior de um submarino ou ainda observando constelações.
ResponderExcluirDivinamente fantástico.
Alguém sabe se o material da conhecer era brasileiro ou se parte dele era de alguma outra enciclopédia internacional, como foi o caso da belíssima Tecnirama ?
ResponderExcluirNa época tive a sorte de ganhar todos os fascículos da enciclopédia ou quase completo, até hoje tenho na lembrança, viajei em muitos lugares do passado e futuro.
ResponderExcluirEspero que consigamos ter em PDF.
De fato, as capas de "Conhecer" proporcionavam viagens inesquecíveis. O conteúdo da enciclopédia, então, nem se conta!
ExcluirAbcs!
Na minha época, eu fazia o "ginásio" e ao termino das aulas, passava quase todas as tardes, na biblioteca Monteiro Lobato em Salvador, lendo e relendo os facículos da adorada enciclopédia "Conhecer". Era uma "Viagem". Na minha opinião nunca houve uma igual.
ResponderExcluirConcordo, Jbraga. As ilustrações dos fascículos de "Conhecer" eram incomparáveis. Creio que superavam até mesmo a arte da enciclopédia Trópico, outra gigante nesse quesito.
ExcluirAbraços!
Lendo todos os comentários aqui pude voltar no tempo e me lembrar de como a enciclópedia conhecer fez parte da minha formação. O mais interessante, é que começei a ter contato com a enciclédia quando tinha apenas 3 anos de idade e logicamente não sabia ainda ler e é aí que entram as ilustrações do Alessandro Fedini... Eu assimilava parte do conteúdo somente pelas ilustrações e desenvolvia assim, uma base para questionar os adultos e principalmente desenvolver o gosto e interesse pelo conhecimento. Tive oportunidade de viajar para vários lugares no mundo em função da minha profissão e pude presenciar lugares e objetos que foram modelos para essas ilustrações. Consciente (e as vezes inconsciente) pude me lembrar de onde as ví pela primeira vez.
ResponderExcluirCreio que todas as capas podem ser encontradas aqui em um site em espanhol:
ResponderExcluirhttps://www.uniliber.com/buscar/libros_y_coleccionismo_ordenado_por_titulo-a-z_pagina_2?query=Enciclopedia%20Estudiantil
Tenho vários livros destes de 1966 para venda
ResponderExcluirPois é... Conhecer foi o meu primeiro "Google"... Haahahahaha.
ResponderExcluirMas, o que mais me impressionava eram as capas. A coleção era do meu pai, eram edições de 1967 e 68. Mais tarde comecei a me encantar com as capas que, pelo que entendi, eram ilustradas por A. Fedini, se consegui ler direito. Foi tão marcante que acabei por "capturando" o asterisco que ele colocava em sua assinatura. Hoje, tenho duas assinaturas, uma para obras de arte e outra para documentos. Mas, ambas tem o asterisco... homenagem ao meu mestre desconhecido.