Trilogia A Busca do Graal (“O Arqueiro”, “O Andarilho” e “O Herege”)

11 agosto 2013


Depois que eu li o primeiro livro de Bernard Cornwell decidi criar um slogan que serve muito bem para se ter uma noção do que é um enredo elaborado por esse grande escritor: “Leia o primeiro livro de Cornwell e depois deixe de ler os outros se for capaz”. É por aí mesmo galera. Não dá prá você largar as páginas; elas te grudam como se fossem verdadeiras teias de aranha.
O autor britânico se consagrou com a sua releitura das aventuras de Artur e seus cavaleiros. Por isso, se você amou a trilogia “As Crônicas de Artur (“O Rei do Inverno”, “O Inimigo de Deus” e “Excalibur”), certamente também irá amar os livros “O Arqueiro”, “ O Andarilho” e “O Herege”), pois seguem a mesma linha, ou seja, personagens cativantes e carismáticos e descrições de batalhas de tirar o fôlego. Aliás, se temos um “mestre do terror”, também temos um “mestre das batalhas”. Se Stephen King é rei em sua área; Cornwell também é rei no seu setor.
Cara! As cenas de luta nos campos de batalha com flechas espirrando pra todos os lados; aquelas espadas e machados enormes partindo elmos e escudos ao meio; valentes guerreiros tentando romper muralhas de escudos, não se incomodando se vão sobreviver ou não; reis lutando ao lado de um exército bem menor do que o do inimigo, simplesmente pela honra de proteger o estandarte com o brasão de seu reino; homens tentando invadir castelos inimigos escalando as íngrimes paredes da construção e correndo o risco de serem escaldados com um banho de óleo fervente derramado do alto das muralhas. Ufaa!! Deu prá sentir? Cornwell é mestre em descrever tal cenário, conseguindo arrastar todos nós, leitores, para o interior desse contexto, como se estivéssemos ali, no meio da batalha.
Pelo título da trilogia, fica a impressão para o leitor de que a busca pelo Graal acaba se tornando algo místico, parecido com um filme de Indiana Jones que assisti há muito tempo no cinema, onde o tesouro em questão tinha poderes mágicos e etc e tal. Nada disso. Cornwell já provou em “As Crônicas de Artur” que a sua escrita é bem mais realista baseada em pesquisas e levantamentos históricos o que faz com que o enredo se aproxime de um contexto bem mais realista.
Outro detalhe que pode desestimular os leitores menos avisados que ainda não leram a trilogia da Busca do Graal está relacionado às descrições das batalhas. Muitos podem pensar que o confronto entre exércitos de arqueiros se restringe a um grupo de homens ficar enfiando flechas num arco apontando para cima e atirando em outro grupo de homens que, por sua vez, responde da mesma maneira. No, No e No novamente. Pessoal, vocês não imaginam como essas batalhas são emocionantes! Para que não sabe, os arqueiros medievais seguiam a risca uma estratégia de combate nas batalhas. Eles eram tão organizados como uma colônia de formigas. E posso garantir que a descrição de uma luta envolvendo arqueiros é tão emocionante quanto um enfrentamento de dois guerreiros ou dois exércitos com espadas ou machados saxões. Sente só o clima: “As flechas penetravam os cavalos. Thomas não havia tirado o arco do ombro, mas alguns dos arqueiros do príncipe tinham flechas encaixadas nas cordas e miraram nos cavalos, em vez de nos cavaleiros. As flechas entraram fundo, os cavalos relincharam, empinaram e caíram, e os arqueiros, então, avançaram como formigas sobre os homnens...” Cara... é a partir desse trecho que “a coisa pega” em “O Arqueiro”. Nos três livros da trilogia do Graal temos a oportunidade de presenciar lutas eletrizantes: de um lado arqueiros, do outros cavaleiros com suas espadas. Mas enganam-se os leitores que pensam que a habilidade dos arqueiros de Cornwell se restringe ao arco e flecha. Muitos deles também são exímios espadachins e vivem desafiando os seus adversários.
“O Arqueiro”, primeiro volume da ‘Trilogia do Graal’, nos insere no início da trajetória de Thomas; um garoto de 18 anos que vê o pai morrer em seus braços após um ataque-surpresa a aldeia de Hookton. Um lugar simples que escondia um grande segredo: a lança usada por São Jorge para matar o dragão, considerada uma das maiores relíquias da antiguidade.
O jovem escapa e promete ao seu pai moribundo vingar-se dos agressores liderados por um assassino cruel e sanguinário conhecido apenas por Arlequim. Thomas jura ainda – para si mesmo - recuperar o objeto precioso que foi roubado.  Ele deixa o que restou do povoado e viaja para o outro lado do Canal da Mancha, onde se junta a grupos de arqueiros ingleses em permanente combate com os franceses. Começam, então, suas aventuras em campos de batalha. O que ele ainda não sabe é que terá de enfrentar um grande mistério que assombra sua vida: os planos diabólicos do famigerado Arlequim, o assassino de seu pai, que podem alterar o destino de muitos reinos poderosos.
No começo da saga, Thomas - que futuramente ficaria conhecido como ‘Thomas de Hookton, em menção ao povoado onde morava – já é um arqueiro habilidoso, apesar da pouca idade, mas essa habilidade no manejo do arco longo, uma arma mortífera que tornou o exército inglês o mais poderoso da Europa no século XIV, só vai crescendo.
Neste primeiro volume da trilogia, as menções ao Graal são bem discretas, já que o autor foca mais no desejo de vingança de Thomas que reflete numa caçada em busca de Arlequim. Esperando o momento certo, ele se junta ao exército inglês em campanha na França, onde se envolve em batalhas e aventuras que sem perceber o lança na busca do Santo Graal.
Bernard Cornwell
Já no segundo volume da saga – “O Andarilho” – Cornwell cede um espaço maior para o objeto sagrado, fornecendo detalhes importantes sobre o Graal e como a relíquia começou a  fazer parte do destino de Thomas. O autor foi “fera demais” ao optar por deixar o clima místico de lado e transportar a saga da busca do Graal para o século XIV, em plena Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França.
O confronto entre os exércitos dos dois países continua sendo ferrenho com batalhas homéricas protagonizadas por personagens capazes de realizar proezas inimagináveis, graças a sua coragem. Homens que acabam se tornando lendários. Verdadeiros heróis.
Tanto ingleses quanto franceses estão atrás do Santo Graal. Segundo a lenda quem estivesse de posse do objeto sagrado sairia vencedor da guerra. Thomas de Hookton, então,  é enviado pelo rei da Inglaterra numa missão na qual teria de descobrir mais sobre o legado de seu pai, que parece ligado ao Graal. Em seu caminho, o valente arqueiro inglês enfrenta inúmeros vilões e aventuras. Perigos e adversários que o conduzem a outra busca: a de suas verdadeiras origens, ligadas a uma misteriosa família nobre que, por séculos, teria sido a guardiã da mais sagrada das relíquias cristãs, mas que tinha caído na desgraça da heresia. Thomas também descobre que há outros na trilha do Santo Graal. Homens que não se deterão diante de nenhum obstáculo para colocar as mãos na relíquia.
Em “O Andarilho” , o autor volta a usar o cenário da Guerra dos Cem Anos para contar uma saga tão empolgante quanto as aventuras de Artur e seus cavaleiros narrada na série “As Crônicas de Artur”.
Quanto ao “O Herege”, o livro fecha a empreitada de Thomas de Hookton. Ah! Você quer saber se ele consegue encontrar o Arlequim, responsável pelo assassinato de seu pai ou então se o Santo Graal caiu nas mãos de inglês, franceses ou de mercenários ou ainda se Thomas recuperou a lança de São Jorge? Cara... só faltava essa né? Eu bancar o pentelho mais sacana do mundo e bombardear o final desse post com spoilers fatais. Definitivamente não dá. Vamos esquecer. O que eu posso adiantar é as batalhas ficam ainda mais ferrenhas; que a descoberta do verdadeiro nome do Arlequim acaba sendo uma baita surpresa; que temos muitas aldeias saqueadas; que Thomas, pela primeira vez, passa a liderar um regimento de arqueiros, se tornando um soldado hiper-respeitado; que ele consegue salvar um ‘muiérão’ da fogueira; quê e mais quê e novamente outros quês... Melhor lerem toda a trilogia porque vale à pena e como vale!!








9 comentários

  1. Cara, acompanho seu blog a algum tempo ( O descobri em uma pesquisa no google sobre livros raros de Stephen King) e acho muito legal essas suas resenhas. Já tomei várias delas como indicações de livros, incluindo esta. Eu já era afim de ler alguma coisa de Bernad Cornwell e depois dessa com certeza vou subir um pouco a trilogia de Arthur nas minhas prioridades. Continue com esse ótimo trabalho aqui no blog.

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  2. Marco, thanks e thanks!
    Me sinto hiper-feliz quando o blog - que tem por finalidade indicar aos outros leitores obras que li e achei interessantes - está conseguindo, nem que seja de forma mínima, cumprir o seu papel.
    Volte sempre!

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  3. Muito bom! Adorei o "resumão" se tinha alguma dúvida sobre a trilogia, elas se dissiparam lendo o blog. Obrigadoooooooooo

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    1. Que bom que o post lhe ajudou. Fico feliz. E se ainda não leu a trilogia do Graal comece logo, pque vale muito a pena!
      Abcs!

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  4. Olá, minha primeira vez no blog e fiquei positivamente impressionado, acabei a trilogia hoje e achei sensacional! Bom venho nos comentários para ver se você me ajuda com uma dúvida que fiquei após terminar, não sei se o blog ainda é ativo, mas não custa tentar né? Vou colocar a dúvida nas respostas para não dar spoiler a ninguém.

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    1. Quando acabei o livro acabei esquecendo o que aconteceu com a Lança de São Jorge, se alguém se lembrar por favor me ajude! Kkkkkkkk estou quebrando a cabeça mas não consigo lembrar

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    2. ATENÇÃO SPOILLER
      Vamos lá Nicolas.
      Thomas consegue recuperar a lança de São Jorge - apesar de quebrada - na batalha final do livro. Ela estava servindo como apoio para o estandarte do vilão Guy Vexille, mas no final a reliquia acaba sendo recuperada e devolvida ao confessor do rei.
      Belê?
      Abraços!

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    3. Muito obrigado!! E parabéns pelo blog! Com certeza continuarei acessando em busca de recomendações!
      Abraços!

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  5. Já devorei o arqueiro. Comprei só pq eu mesmo sou...um arqueiro.
    O Andarilho está na reta final e tenho que achar O Herege.
    Recomendo MUITO! !!

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