Fiquei surpreso ao ver na Net tantos comentários
desfavoráveis ao novo trabalho de Dan Brown. Surpreso porque tinha quase
certeza de que os sites e blogs brasileiros e estrangeiros iriam derramar
elogios para a mais recente aventura do simbologista mundialmente conhecido,
Robert Langdon. Mas a ‘coisa’ foi bem diferente e ‘bóta’ diferente nisso. Cara,
a maioria dos sites implodiram “Inferno”! Acharam a história excessivamente descritiva
e por isso mesmo, cansativa; fantasiosa ao extremo e com personagens fracos.
Respeito tudo o li, mas por outro lado, também discordo
de tudo o que li. Devorei “Inferno” numa tacada só. Acho que demorei cinco ou seis
dias para ler o livro, mesmo estando abarrotado de serviço em casa, no jornal e
na rádio.
Não achei que Brown desenvolveu personagens fracos
como foi publicado em alguns blogs americanos. Pelo contrário. Na minha
opinião, o autor criou personagens fortes e carismáticos, bem mais marcantes do
que os de “O Símbolo Perdido”, “Ponto de Impacto” e até mesmo “O Código da
Vinci”. Vai... seja sincero. Será que você se lembra dos personagens desses três
livros? E se por acaso se lembra; será que eles deixaram alguma saudade? Agora
o que dizer de uma Sienna Brooks ou então de uma Elizabeth Sinskey ou até mesmo
daquele diretor baixotinho do Consórcio que não tem nem mesmo um nome? Brown os
dotou de um carisma peculiar e que não existe em seus personagens de obras
passadas.
Sienna Brooks, literalmente, engole Sophie Neveu de
“O Código da Vinci”; Elizabeth Sinskey faz o mesmo com Katherine Solomon, de “O
Símbolo Perdido” e até mesmo o vilão Bertrand Zobrist é mais interessante do
que o chato e animalesco Mal’akh de “O Símbolo...”
Com relação à Brooks, a garota literalmente arrasa
nas páginas. Juro que já estou sonhando em vê-las nas telas. Ela é capaz de
criar uma miscelânea de sentimentos ambíguos nos leitores que vão do amor ao
ódio e do respeito ao desprezo. Você começa amando e idolatrando Sienna, depois
quer que ela sofra, na sequência volta a amá-la, depois sente um ódio mortal e
assim por diante. Só mesmo perto do final da história é que o leitor vai
entender os motivos que levaram a personagem a tomar uma atitude que todos
julgavam monstruosa, mas na realidade não era. Neste momento do enredo, a
galera sente vontade de estraçalhar o corpo da personagem e ainda atirar os
pedaços sanguinolentos aos os cães; mas quando você descobre a verdade sobre os
atos de Brooks, pronto! Ela passa a ser a própria Madre Tereza de Calcutá. Daí,
logo depois, ela diz algo que já te irrita. E assim vai. Cara, sinceramente,
adorei a personagem. Acho que estou apaixonado por ela (rs). Acredito que a
diferença de Sienna Brooks para as outras (os) coadjuvantes que tiveram a honra
de trabalhar com Robert Landgon é que ela não mantém aquele padrão de pessoa ‘certinha’
do início ao fim da história. Posso classificá-la como uma camaleôa. Isso
mesmo! Uma camaleôa! Porque na realidade, só ela conhece a verdadeira razão dos
seus atos e quando os pratica não pede autorização prá ninguém. Ela
simplesmente coloca os seus planos em ação porque acha que é o certo. Robert
Langdon que o diga! Por isso, quando no final do livro vemos uma Sienna Brooks
frágil e carente, mesmo que por pouco tempo, passamos a gostar ainda mais da
moça. Quero dar os parabéns para Brown que conseguiu criar o seu melhor
personagem, depois é claro, do famoso simbologista de Harvard.
Já Elizabeth Sinskey, a toda poderosa diretora-geral
da Organização Mundial de Saúde (OMS) é descrita como um ‘muiérão’ de cabelos
compridos e prateados, apesar de sexagenária. Uma verdadeira miss meu amigo! Nada
de vovó ou titia e capaz de colocar qualquer ‘modelinho’ metida à besta no
bolso. Com uma personalidade forte e franca, acostumada a ‘dar ordens e não a
receber ordens’, ao longo da história ela será obrigada a mudar essa filosofia.
O seu encontro com Siena Brooks – intermediado por Langdon - é um dos momentos mais especiais e
interessantes do livro. Temos a oportunidade de ver frente a frente, duas
mulheres de personalidades fortes e distintas que trabalham em lados opostos,
mas que acabam... Putz, chega vai, se não vou acabar estragando essa parte com
spoilers.
À exemplo de Sienna, o vilão Zobrist também tem é ambíguo
ao limite. Tipo o cara que tem uma preocupação nobre com determinado problema
social, mas escolhe os meios errados para solucionar esse problema.
Quanto ao diretor do Consórcio é uma figura; e que
figura. Etcha baixotinho que só quer levar vantagem. A cena final envolvendo o
personagem e o seu ‘cupincha’ é hilária. O Consórcio em si é algo bem surreal.
A função dos profissionais que compões esse grupo – que segundo Brown existe em
vários países, mas com um nome diferente – é fazer... Calado!! Ia soltando mais
um (spoiler)... sem querer.
Portanto, galera afirmar que os personagens de
“Inferno” são fracos, creio que seria uma grande injustiça.
Bem, quanto ao excesso de descrições de obras de
arte, museus, basílicas e trechos sobre a Divina Comédia de Dante Alighieri que,
segundo alguns sites e blogs, acabam deixando a história cansativa; não vejo
bem assim.
Essas descrições são essenciais para o enredo da
trama e sem elas, a história ficaria muito superficial. Além do mais, pelo
menos para mim, tais descrições não são cansativas, pelo contrário, são muito
interessantes. Me deliciei com a descrição e as curiosidades sobre a Galleria degli Uffizi, um enorme palácio,
situado em Florença, na Itália e que abriga um dos mais famosos museus do
mundo. A Cadetral ou o Duomo de Florença, considerado um dos lugares mais
emblemáticos da Itália. A Basílica de São Marcos onde se encontra a famosa obra
de arte Os cavalos de São Marcos. A Igreja de Santa Sofia, em Istambul,
considerada a maior igreja do mundo. O Battistério, uma construção com cúpula
em forma de pirâmide feita para receber a pia batismal onde Dante foi batizado.
Brown não só descreve esses lugares mágicos de
Florença, Veneza e Istambul, como também revela curiosidades fantasticamente
fantásticas! O mesmo acontece com as obras de artistas famosos como: Botticelli
que transpôs para a tela o poema de Dante Alighieri ou então de Vasari autor do
quadro “A Apoteose de Cosmo I”, mais conhecida por “A Apoteose de Vasari”, cuja
semelhança com a “A Apoteose de Washington” no Capitólio dos Estados Unidos é
muito grande. Ah! Preste atenção, também, na curiosa história sobre os famosos
‘Cavalos de São Marcos’, com certeza, o leitor a achará bem interessante.
Quanto as informações sobre Dante e o seu famoso
poema “A Divina Comédia’, seria uma baita injustiça taxá-los de cansativos.
Brown nos revela detalhes íntimos sobre a vida do grande poeta que tinha um
amor platônico por uma moça muito bonita na época, chamada Beatriz Portinari e
que acabou se casando com um outro homem. Foi esse amor que fez com que Dante
transformasse Beatriz em sua musa inspiradora ao longo de sua obra. Há ainda
revelações interessantes sobre o exílio de Dante, obrigado a abandonar
Florença, cidade a qual amava. Brown explica em detalhes os motivos desse
exílio e como ele influenciou profundamente a sua obra-prima “A Divina Comédia”.
Sinceramente não dá pra afirmar que essas descrições
tornam a leitura maçante e cansativa. Cara! Elas são interessantíssimas!!
Agora, falando escrevendo sobre o enredo de
Inferno - procurando não detoná-la com spoilers - o autor acertou a mão. Ao
contrário de seus livros anteriores; em “Inferno”, a ação já invade o romance
de 443 páginas logo de cara. Já no início, o ‘negócio’ pega quando Langdon é
obrigado a fugir de um hospital onde está internado, no exato momento em que
uma assassina de aluguel invade o seu quarto, ‘cuspindo’ balas prá todos os
lados. A fuga de Langdon que conta com a ajuda de Sienna é espetacular e certamente
irá prender a atenção dos leitores.
A narrativa é ágil e dinâmica – daí, também, a
necessidade dos trechos descritivos – caso contrário, a história vai se
transformar somente num festival de tiros e perseguições. As reviravoltas na
trama são outros fatores positivos. Coisa do tipo: você vai lendo... vai
lendo... acreditando... acreditando... e então descobre que tudo aquilo que
acreditava ser verdade, simplesmente não é! Aliás, Brown é mestre nisso, mas em
“Inferno”, ele se supera.
Na trama, o famoso professor de simbologia de
Harvard, Robert Langdon se encontra no coração da Itália. De lá, ele é
arrastado para um mundo angustiante centrado numa das obras literárias mais
duradouras e misteriosas da história: O Inferno, de Dante Alighieri.
Numa corrida contra o tempo, ele luta contra um
adversário de intelecto avançado, um geneticista que está ‘anos-luz’ à frente
dos cientistas de sua época. Seu nome: Bertrand Zobrist que acaba de criar uma
praga que pode dizimar o mundo. O vilão usa o principal poema de Dante, A
Divina Comédia para camuflar pistas importantes. E o mundo só poderá ser salvo
se essas pistas forem decifradas. É aí que Langdon entra. O simbologista mergulha numa caçada frenética para encontrar
respostas e decidir em quem confiar, antes que o mundo que conhecemos seja
destruído.
Logo no início do livro, Langdon encontra-se numa
cama de hospital desorientado e com um ferimento à bala na cabeça. Quando um
novo atentado contra a sua vida acontece dentro do centro médico, Langdon se vê obrigado a fugir e, para isso, conta
apenas com a ajuda da jovem médica Drª Sienna Brooks.
De posse de um macabro objeto que Sienna encontrou
no paletó de Langdon, os dois tem que seguir uma série inquietante de códigos
criada por uma mente brilhante, obcecada tanto pelo fim do mundo quanto por uma
das maiores obras-primas literárias de todos os tempos: A Divina Comédia”. E
só. No mais, leiam o livro, vale à pena.
Um comentário
O livro diferente dos outros de Dan Brown.. é um pouco cansativo. mas no fim a história e muito interessante.
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