Como será a vida de um Papa na intimidade? Pêra só
um pouquinho porque eu acho que essa pergunta merece dois sinais de
interrogação. Dois não; mas três. Isso mesmo, três interrogaçõezinhas! Então
vou repetir a indagação: “Como será a vida de um Papa na intimidade???” Cara,
vai me dizer que você – independente de seu credo – não gostaria de saber o que
os Papas que passaram pela Igreja Católica faziam nos seus raros momentos de
lazer ou então, quais eram as suas manias? Aqueles que responderam que sim,
gostariam e muito; já podem erguer as mãos para céu e exclamar: -“Obrigado
Santo Nino!” Calma aí pessoal; não se trata de nenhum santo, mas de um
conhecido jornalista e escritor (mais conhecido como jornalista)
norte-americano, falecido em 1997, chamado Nino Lo Bello. Ele é o autor de “O
Incrível Livro do Vaticano e Curiosidades Papais” que revela numa linguagem
fácil e divertida as grandes manias e os pequenos vícios de alguns cardeais que
tiveram a oportunidade de ocupar a Cátedra de São Pedro.
Quando comprei esse livro, me recordo que ainda
estava começando a montar a minha humilde sala de leitura. Tudo era início:
início das estantes, início da poltrona, início da pintura e principalmente
início dos livros. Tudo bem que eu já tinha algumas obras para ‘brindar’ as
estantezinhas novinhas que iriam ficar afixadas na parede da sala, mas percebi
que a categoria ‘Religião’ iria ficar bem rébinha, fraquinha mesma. Talvez,
porque o meu interesse por obras do gênero não seja tão abrangente. Por isso
resolvi juntar essa categoria com outra: História. Huhuhu!! Essa doeu heinn?!!
Foi nessa época que comecei a passar muitas das minhas
horas nas livrarias físicas e virtuais fuçando, fuçando e fuçando na esperança
de encontrar algumas obras religiosas que engrossasse um pouquinho aquela que
seria a parte esquecida e abandonada da minha estante.
Confesso que peguei muita porcaria, mas também ‘pesquei’
obras interessantes. E uma delas foi esse livro de Lo Bello que já reli ‘umas’
três vezes. Não há como negar, o texto te prende mesmo. Uhauu! E como prende! O
que deixa o livro atraente é a linguagem descompromissada do autor que ignora
totalmente as questões políticas e dogmáticas – que cá entre nós, às vezes se
tornam chatas e maçantes – para centrar fogo nos assuntos pouco relevantes. E
posso garantir que são essas informações irrelevantes que tornam a obra
charmosa com o poder de fisgar os leitores.
Esqueça aquelas informações burocráticas relacionadas
a eleições papais ou então sobre como um represente de Pedro deve se comportar ou
ainda como é o dia a dia de um Papa. Não, não. Nada disso. Se prepare para um
festival de curiosidades. E quantas curiosidades! Uma melhor do que a outra. Curiosidades
sobre os Papas e também sobre o Vaticano, diga-se de passagem. Todas elas muito
‘deliciosamente gostosas’ de serem lidas, quer dizer... devoradas.
Por exemplo, você sabia que Pio XII, papa durante a
II Guerra, é lembrado pela aversão que tinha por moscas. Era visto com freqüência
nos jardins do Vaticano com um inseticida numa das mãos e um mata-moscas na
outra, perseguindo os insetos. Ele também ficou conhecido nos bastidores da
Santa Sé pelo seu famoso pão-durismo. Para economizar energia, antes de ir para
a cama, percorria corredores e salões apagando as luzes.
Já, o austero Pio IX, Papa na época do Concílio
Vaticano I, que proclamou a infalibilidade papal, era um jogador de bilhar
inveterado. Um verdadeiro ás com um taco na mão. O autor narra em seu livro que
o papa costumava dar surras memoráveis nos cardeais da Cúria e nos soldados da
Guarda Suíça.
João XXIII, o papa que entrou para a História por
ter convocado o Concílio Vaticano II, responsável pela modernização da Igreja
nos anos 60 era um fumante também inveterado. Ele traçava um maço de cigarros
por dia e seu latim era péssimo. Tinha como passatempo preferido subir na Torre
dos Ventos, a mais alta do Vaticano, e ficar bisbilhotando ruas e janelas
romanas com um binóculo. Lo Bello conta ainda em seu “O Incrível Livro do
Vaticano e Curiosidades Papais” que Paulo VI, sucessor de João XXIII, que
completou a obra de renovação da Igreja, adorava velocidade. Aliás, ele foi o primeiro
pontífice a cruzar o Atlântico de avião, ele levava sempre um cronômetro e, do
banco traseiro do carro oficial, pedia ao motorista que pisasse fundo no
acelerador.
Quanto a João Paulo II, um dos Papas mais queridos
de toda a história da Igreja, foi o primeiro a usar relógio de pulso. Lo Bello
conta em profusão de detalhes todas essas manias e outros pequenos vícios dos
nossos Papas.
“O Incrível Livro do Vaticano e Curiosidades Papais”
também aborda em suas 208 páginas questões históricas sobre o alto escalão da Igreja
Católica, como, por exemplo, se houve um papa judeu, o salário do sumo
pontífice e se existe "impeachment" dos papas.
Além disso, o volume traz o nome do verdadeiro
estilista das estranhas fardas usadas pela guarda suíça, que, segundo o autor,
não foi Michelangelo, como muitos imaginam.
O livro foi lançado em junho de 2000 na Itália e
três anos depois chegaria ao Brasil pela Editora Santuário.
Uma obra literária escrita descompromissadamente por
Lo Bello, para uma leitura também descompromissada, mas nem por isso,
desinteressante.
Um comentário
Esta faltando indicar o nome do tradutor
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