O Homem Terminal

04 janeiro 2013



Os livros de Michael Crichton sempre mexeram comigo; quero dizer, sempre me impressionaram... me encucaram. Após a leitura ficava pensando naqueles lances de nanotecnologia, micro-robôs capazes de entrar na corrente sanguínea e alterar todo funcionamento do nosso organismo; viagens no tempo, principalmente para o período medieval; bactérias oriundas de satélites que caíam na terra, capazes de dizimar toda a população e tecnologia suficiente para trazer perigosos animais pré-históricos de volta ao nosso século.
E para piorar ainda mais esse ‘encucamento’, Crichton apresentava argumentos científicos capazes de sustentar o seu enredo fantástico. Foi assim com aqueles nano-robôs assassinos de “Presa” que invadiam, sem pedir licença, qualquer orifício do corpo da vítima. Foi assim com aquele vírus letal de O Enigma de Andrômeda que chacinou todos os moradores de uma pequena cidade americana. E foi assim, também, com aquela experiência médica que abriu a cabeça de um sujeito para implantar eletrodos em seu cérebro com o objetivo de evitar que ele saísse por aí matando outras pessoas.
Fiquei impressionado com O Homem Terminal, logo no início dos anos 70, quando estava começando a curtir a minha adolescência. Tinha acabado de chegar em casa com os meus pais após uma viagem, acho que acabei ligando a TV, por acaso, e tava lá! O tal do filme baseado no livro de Crichton e que me impressionou pacas!
Ao final da exibição, mesmo sendo ainda um pirralho, refleti que o drama do personagem central que passou por aquela terrível experiência poderia acontecer com qualquer pessoa, inclusive... comigo!!
O cara teve um acidente de carro, bateu a cabeça, sofreu uma pane mental do tipo que desliga um botãozinho que inibe certas atitudes más e a partir daí passa a sofrer lapsos de memória. O problema é que durante esses lapsos, ele perde completamente a inibição contra atos violentos e assume uma postura agressiva, se tornando um perigoso homicida. E tudo culpa dessa lesão cerebral. Pode?! Os argumentos do autor impressionam tanto que até o nome da lesão: Lesão Desinibitória Aguda (LDA) sôa como algo verdadeiro.
Cara, fiquei tão impressionado com o filme que mesmo depois de décadas, ele ainda não saía da minha cabeça. Foi, então que decidi ler a obra de Crichton. Isso aconteceu há pouco tempo atrás e posso garantir que, voltei a ficar encucado. Logo no início do livro, o autor explica que no Japão em 1965 foi realizada um tipo de cirurgia semelhante em 98 pacientes com comportamento violento.
Não há como negar, os argumentos científicos apresentados durante o enredo são muito fortes e ao mesmo tempo que convencem também impressionam o leitor.
Em O Homem Terminal, Crichton narra o drama de Harry Benson, um cientista de computação especializado em vida artificial e que após um traumatismo craniano causado por um acidente, descobre ser portador de LDA – Lesão Desinibitória Aguda – uma espécie de lesão cerebral que o faz sofrer terríveis crises nas quais perde completamente a inibição contra atos violentos e assume uma personalidade agressiva, cometendo crimes dos quais nada lembra ao término da crise.
Por suas atitudes estranhas e por seus delírios, amigos o aconselham a procurar um especialista. É assim que Benson chega à Unidade de Pesquisa Neuropsiquiátrica do Hospital Universitário de Los Angeles e torna-se paciente da Drª Janet Ross. A equipe de cirurgiões, liderada por um gênio da neurocirurgia, transforma Benson na principal cobaia do projeto desenvolvido pelo hospital.
Na tentativa de curar a lesão, o paciente é submetido a uma cirurgia única e inacreditável, onde tudo pode certo ou ficar pior do que já está.
Se você está à procura de um livro de ação com corre-corre entre personagens fuja de O Homem Terminal, e leia Presa – também de Crichton – que certamente cairá melhor para o seu estilo; mas se o que deseja é uma obra tensa; um teste para os seus nervos, corra até uma livraria ou sebo e adquira já esse livro escrito em 1972 por Crichton, ainda no início de sua carreira como escritor.

3 comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Encerrei a leitura de "O homem terminal" ontem. O mote do livro é ótimo. Mas fiquei frustradíssimo com o modo como o Crichton contou a história. Já tinha lido dele "O enigma de Andrômeda", genial! Mas achei "O homem terminal chato demais! O personagem principal, Benson, poderia ser explorado de forma menos linear, simplória. As ações dele depois da cirurgia são altamente previsíveis, tornando o livro modorrento. O livro é um palavrório de expressões técnicas que o deixam ainda mais chato. Parece que o autor apenas quer mostrar o quanto conhece de medicina e tecnologia e que usa uma narrativa ficcional para demonstrar isso. Esperava muito mais de um escritor da qualidade do Crichton. Um dos piores livros que li na minha vida...

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    1. Olá Rafael,
      Existem obras que são polêmicas e por isso agradam alguns e desagradam outros. De Crichton, acredito que "O Enigma de Andrômeda" e "Revelação" se enquadram nessa categoria. Portanto nem todos gostam. Questão de gosto, mesmo.
      Grande abraço e volte sempre!

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