Os livros de Michael Crichton sempre mexeram comigo; quero
dizer, sempre me impressionaram... me encucaram. Após a leitura ficava pensando
naqueles lances de nanotecnologia, micro-robôs capazes de entrar na corrente
sanguínea e alterar todo funcionamento do nosso organismo; viagens no tempo,
principalmente para o período medieval; bactérias oriundas de satélites que caíam
na terra, capazes de dizimar toda a população e tecnologia suficiente para
trazer perigosos animais pré-históricos de volta ao nosso século.
E para piorar ainda mais esse ‘encucamento’, Crichton
apresentava argumentos científicos capazes de sustentar o seu enredo fantástico.
Foi assim com aqueles nano-robôs assassinos de “Presa” que invadiam, sem pedir
licença, qualquer orifício do corpo da vítima. Foi assim com aquele vírus letal
de O Enigma de Andrômeda que chacinou todos os moradores de uma pequena
cidade americana. E foi assim, também, com aquela experiência médica que abriu
a cabeça de um sujeito para implantar eletrodos em seu cérebro com o objetivo
de evitar que ele saísse por aí matando outras pessoas.
Fiquei impressionado com O Homem Terminal, logo no início
dos anos 70, quando estava começando a curtir a minha adolescência. Tinha
acabado de chegar em casa com os meus pais após uma viagem, acho que acabei
ligando a TV, por acaso, e tava lá! O tal do filme baseado no livro de Crichton
e que me impressionou pacas!
Ao final da exibição, mesmo sendo ainda um pirralho, refleti
que o drama do personagem central que passou por aquela terrível experiência
poderia acontecer com qualquer pessoa, inclusive... comigo!!
O cara teve um acidente de carro, bateu a cabeça, sofreu uma
pane mental do tipo que desliga um botãozinho que inibe certas atitudes más e a
partir daí passa a sofrer lapsos de memória. O problema é que durante esses
lapsos, ele perde completamente a inibição contra atos violentos e assume uma
postura agressiva, se tornando um perigoso homicida. E tudo culpa dessa lesão
cerebral. Pode?! Os argumentos do autor impressionam tanto que até o nome da
lesão: Lesão Desinibitória Aguda (LDA) sôa como algo verdadeiro.
Cara, fiquei tão impressionado com o filme que mesmo depois
de décadas, ele ainda não saía da minha cabeça. Foi, então que decidi ler a
obra de Crichton. Isso aconteceu há pouco tempo atrás e posso garantir que,
voltei a ficar encucado. Logo no início do livro, o autor explica que no Japão
em 1965 foi realizada um tipo de cirurgia semelhante em 98 pacientes com
comportamento violento.
Não há como negar, os argumentos científicos apresentados
durante o enredo são muito fortes e ao mesmo tempo que convencem também
impressionam o leitor.
Em O Homem Terminal, Crichton narra o drama de Harry Benson,
um cientista de computação especializado em vida artificial e que após um
traumatismo craniano causado por um acidente, descobre ser portador de LDA –
Lesão Desinibitória Aguda – uma espécie de lesão cerebral que o faz sofrer
terríveis crises nas quais perde completamente a inibição contra atos violentos
e assume uma personalidade agressiva, cometendo crimes dos quais nada lembra ao
término da crise.
Por suas atitudes estranhas e por seus delírios, amigos o
aconselham a procurar um especialista. É assim que Benson chega à Unidade de
Pesquisa Neuropsiquiátrica do Hospital Universitário de Los Angeles e torna-se
paciente da Drª Janet Ross. A equipe de cirurgiões, liderada por um gênio da
neurocirurgia, transforma Benson na principal cobaia do projeto desenvolvido
pelo hospital.
Na tentativa de curar a lesão, o paciente é submetido a uma
cirurgia única e inacreditável, onde tudo pode certo ou ficar pior do que já
está.
Se você está à procura de um livro de ação com corre-corre
entre personagens fuja de O Homem Terminal, e leia Presa – também de
Crichton – que certamente cairá melhor para o seu estilo; mas se o que deseja é
uma obra tensa; um teste para os seus nervos, corra até uma livraria ou sebo e
adquira já esse livro escrito em 1972 por Crichton, ainda no início de sua
carreira como escritor.
3 comentários
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEncerrei a leitura de "O homem terminal" ontem. O mote do livro é ótimo. Mas fiquei frustradíssimo com o modo como o Crichton contou a história. Já tinha lido dele "O enigma de Andrômeda", genial! Mas achei "O homem terminal chato demais! O personagem principal, Benson, poderia ser explorado de forma menos linear, simplória. As ações dele depois da cirurgia são altamente previsíveis, tornando o livro modorrento. O livro é um palavrório de expressões técnicas que o deixam ainda mais chato. Parece que o autor apenas quer mostrar o quanto conhece de medicina e tecnologia e que usa uma narrativa ficcional para demonstrar isso. Esperava muito mais de um escritor da qualidade do Crichton. Um dos piores livros que li na minha vida...
ResponderExcluirOlá Rafael,
ExcluirExistem obras que são polêmicas e por isso agradam alguns e desagradam outros. De Crichton, acredito que "O Enigma de Andrômeda" e "Revelação" se enquadram nessa categoria. Portanto nem todos gostam. Questão de gosto, mesmo.
Grande abraço e volte sempre!