Um dos momentos mais tristes de minha vida como leitor,
aconteceu em novembro de 2008: mês e ano - o dia não me lembro - em que Michael
Crichton morreu. Olha, confesso que foi um tapa com a mão aberta no meio da ‘oreia’.
Mas um tapa do tipo espalmado, daqueles que pega bem no centro do ‘escutador de
novelas’ e que deixa o sujeito tonto, surdo e sem ação. A primeira coisa que
passou pela minha cabeça foi a de que jamais iria ler, novamente, um livro com
a magia de “O Parque dos Dinossauros”, “Mundo Perdido”, “Presa” ou “Linha do
Tempo”.
Eu sou fissurado nas obras de Crichton. Ele tinha o
dom de convencer os seus leitores usando argumentos científicos razoáveis que tornavam
confiáveis qualquer enredo de ficção, que à primeira vista se pareciam com uma
viagem ou loucura psicodélica. Foi assim com “Linha do tempo”, quando ele criou
um jeito de transportar um grupo de estudantes e cientistas para o Século XIV. Não
uma viagem no tempo amalucada com um enredo bisonho e fraco; mas utilizando
dados científicos, provando ser possível fazer essa viagem. Foi assim, também,
em “O Parque dos Dinossauros” e “ O Mundo Perdido”, quando convenceu a sua
grande legião de leitores de que não era nenhum bicho de sete cabeças
reproduzir animais pré-históricos extintos há milhares de anos, fazendo uso da
biotecnologia.
Pensei comigo: _ “Puxa vida, qual escritor vai conseguir
fazer algo pelo menos parecido com Crichton...” E a resposta era sempre a
mesma: “Ninguém será capaz disso”. Portanto, pelo menos para mim, o legado das
histórias fantásticas com o “selo” Crichton tinha, definitivamente, chegado ao
fim.
Juro que vinha aguardando com esperança e ansiedade
o lançamento de um livro no mesmo estilo de “ O Parque dos Dinossauros”. Sei
lá, algum escritor que fosse fã de Crichton e decidisse prestar uma homenagem
ou então, algum jovem autor da nova safra que desenvolvesse uma história que se
aproximasse daquele enredo mágico. Mas o tempo foi passando e nada. Nestes
quatro anos, não surgiu nenhuma novidade. E quando já estava me conformando,
eis que na terça-feira passada, por acaso, fiquei sabendo que a Editora Rocco
estará lançando um livro póstumo de Crichton. Ihauuuuuuuuu!!! Cara! O Ihauu que
gritei não foi qualquer Ihauuu; foi um Iahuuu com todas as nuances fonéticas:
uivado, gritado, soprado, gorgolejado, em Ré, em Dó, em Fá. Sei lá. Foi um
Ihauuu danado de bom. Isso eu posso garantir.
Veja bem, além de saber que Crichton lançaria um
livro póstumo, também descobri que esse
livro teria as características de “ O Parque dos Dinossauros”!!! Cara; agora pára
e pensa. Será que toda a minha euforia não é merecida? Juda eu, pô!!!
Gente, o novo livro de Crichton se chama ‘Micro’ e a
previsão é de que a Editora Rocco o lance em terras brasileiras no dia 31 de
janeiro próximo.
Segundo release da editora, a trama começa no
sofisticado e selvagem mundo das grandes corporações. Em um escritório trancado
nos arredores de Honolulu, no Havaí, três corpos são encontrados, sem quaisquer
sinais de luta a não ser cortes ultrafinos no corpo. A cena do crime não tem instrumentos
ou armas capazes de produzir tão estranhos ferimentos, nem sinais de invasão ou
arrombamento.
Enquanto isto, em Cambridge, sete promissores
estudantes são convidados por Eric Jansen, irmão de um dos alunos, e pelos
altos executivos da Nanigen MicroTechnologies, INC a se juntarem à pioneira
empresa. Com a promessa de conhecer a tecnologia de ponta que será responsável
por abrir um novo horizonte e mudar a ciência da forma como conhecemos, os
jovens são levados para uma experiência na floresta tropical de Oahu.
A partir daí, o talento de Michael Crichton e de
Richard Preston cria um novo mundo, tão sedutor e crível quanto a Ilha Nublar
de O parque dos dinossauros. Os autores apresentam uma tecnologia
radical e ultramoderna, capaz de reduzir a matéria a tamanhos microscópicos. Os
sete estudantes são obrigados a enfrentar perigos extremos e surpreendentes na
luta pela sobrevivência, tirando forças de si e da natureza.
Espionagem industrial, assassinatos, ganância e
traição são os elementos de fundo de uma ficção científica de primeira. Com Micro,
os fãs de Crichton conhecem um novo universo surpreendente e muito mais
selvagem do que se poderia imaginar.
Pelo release da Rocco, fica no ar se o autor não
estará desenvolvendo algum tema científico relacionado à miniaturização. Algo
do tipo, os personagens principais – no caso, esses sete estudantes – acabam,
por algum motivo, passando por um processo de miniaturização, sendo assim,
reduzidos a tamanhos microscópicos, tendo de enfrentar um ambiente totalmente
adverso e hostil as suas novas formas.
Bem, mas vamos deixar as especulações de lado e falar
escrever sobre o que já é fato nesta “volta” triunfal de Crichton ao mercado
editorial.
Há algum tempo, alguns familiares diretos de
Crichton descobriram, após a sua morte, o original de um novo livro. Crichton
já havia escrito um-terço de ‘Micro’.
Foi então que essas pessoas responsáveis pelo espólio do autor procuraram
Richard Preston, amigo pessoal da família, para saber de seu interesse em dar
sequência ao enredo iniciado pelo autor falecido. Preston concordou, houve
interesse da editora e pronto! “Micro” já estava confirmado como o mais novo
lançamento de Crichton.
"Michael estava escrevendo em sua melhor forma, com um grande senso
de aventura, em um mundo estranho que parece quase além da imaginação",
disse, "Para mim foi um desafio irresistível terminar a história e fui guiado
por um desejo de honrar o trabalho e a criatividade de um dos autores mais
visionários." Disse Preston que é conhecido por um livro de não ficção sobre
o vírus Ebola: “The Hot Zone”.
Bem, tai pessoal! Vamos aguardar em contagem regressiva a chegada do dia
31 de janeiro para termos em mãos essa verdadeira jóia rara. Um livro que,
certamente, tem tudo para se transformar em mais um grande sucesso de Crichton,
mesmo tendo dividido o livro com outro autor.
Inté!
3 comentários
Provavelmente o livro é muito bom, como os anteriores de Crichton. Há um outro livro póstumo dele que foi publicado: Latitudes Piratas. Foi escrito nos anos 70 (se não me engano) mas nunca lançado. Encontraram em seus arquivos após sua morte. Esse é 100% dele. Li e recomendo, daria um ótimo filme.
ResponderExcluirHenrique, desconhecia Latitudes Piratas, então procurei informações sobre o livro na Net e achei,à primeira vista, uma obra bem interessante. Crichton demonstrou todo o seu talento nesse "lance" de reconstituição histórica qdo escreveu Linha do tempo.
ExcluirAbcs!!
Recomendo esse livro. Muito bom mesmo!
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