Existem personagens da literatura ficcional tão
marcantes, tão especiais que eles nunca cansam, nunca enjoam os leitores por
mais livros que se escrevam sobre eles. Não importa que o autor lance uma
trilogia, uma quadrilogia ou uma saga com seis, oito ou dez livros porque esses
personagens sempre fisgarão a atenção da galera. ‘Entonce’, quando a série literária é encerrada e o autor enterra esse personagem
afirmando que ele nunca mais voltará, bem... aí nós, devoradores de livros que
amamos o ciclano ou a ciclana entramos numa depressão literária profunda.
Com certeza muitos de vocês que estão lendo essa
postagem já enfrentaram tal situação; eu, evidentemente não sou uma exceção.
Um dos personagens que mais marcou a minha vida de
leitor foi um vilão, mas um vilão diferente dos demais. O seu carisma é tão
fluído que na maioria das vezes passamos a trata-lo como um anti-herói e não
como um simples vilão.
Estou me referindo a Hannibal Lecter ou simplesmente “Dr.
Lecter”, o personagem criado por Thomas Harris que está presente nos livros: Dragão Vermelho (1981), O Silêncio dos Inocentes (1988), Hannibal (1999) e Hannibal – A Origem do Mal (2006).
Sempre digo para os meus amigos nas rodinhas de papos
literários que Harris pode ser considerado um gênio, pois ele conseguiu
transformar um vilão cruel, sanguinário e ainda canibal, num anti-herói querido
por grande parte de seus leitores. Cara, é totalmente “fora da casinha” você
gostar ou nutrir algum resquício de simpatia por um personagem considerado um
serial killer perigosíssimo e com o hábito de jantar pedaços de suas vítimas.
Pois é, Harris conseguiu transformar o Dr. Lecter num “sujeito” com carisma suficiente
para ganhar a simpatia daqueles que leram a quadrilogia
O Silêncio dos Inocentes.
Mas deixe-me ser justo. A culpa dessa inversão de
valores do personagem não cabe somente a Harris, mas também ao ator Anthony
Hopkins que viveu o vilão nos cinemas no período de 1991 a 2002. Eu estaria
mentindo se afirmasse que a maioria das pessoas que assistiram ao “Silêncio dos
Inocentes” (1991) não nutriram uma certa simpatia pelo vilão.
Sempre que acesso as redes sociais, procuro alguma
informação sobre uma possível sequência da quadrilogia, mas infelizmente não
encontra nada. Acredito que o fim da saga está sacramentado. Atualmente, Harris
está com 82 anos e não demonstrou até agora em suas entrevistas, algum desejo
de escrever um novo enredo sobre o Dr. Lecter. Assim, acredito que temos de nos
contentar com os quatro livros escritos e rele-los quando bater saudades.
É importante observar que o autor foi desenvolvendo
Hannibal ao longo do tempo, conforme ia escrevendo suas obras, por isso, os
livros que retratam a biografia do médico canibal não foram escritos por ordem
cronológica.
O sucesso das obras foi tanto que o vilão foi parar
nos cinemas e também na TV. A sua estreia nas telonas deu-se no filme
Manhunter, de 1986, sendo interpretado por Brian Cox. A produção passou
despercebida, não alcançando o sucesso esperado.
O personagem só adquiriu o seu verdadeiro êxito
mundial na adaptação do diretor Jonathan Demme, “O Silêncio dos Inocentes”.
Numa excelente interpretação de Anthony Hopkins, que venceu o Oscar de melhor
ator por essa atuação, o personagem Hannibal Lecter passou a ser considerado o
maior vilão da história do cinema, segundo o Instituto Americano do Cinema. O
ator ainda reprisou o papel de Lecter em “Hannibal”, de 2001; e “Dragão
Vermelho”, de 2002.
Na televisão, no período de 2013 a 2015 a NBC produziu
a série Hannibal. O ator Mads Mikkelsen deu vida ao vilão nas três temporadas
do programa, que foi cancelado pela emissora.
E finalmente, em 16 de março de 2007, estreou nos cinemas
a adaptação de Peter Webber para “Hannibal - A Origem do Mal”, sendo Lecter
interpretado por Aaron Thomas, durante sua infância, e Gaspard Ulliel, na
juventude, sendo que este último teve uma atuação muito elogiada.
Para aqueles que ainda não conhecem o personagem – o
que acredito, sejam poucos – Hannibal Lecter é um médico psiquiatra renomado que
adquiriu o hábito de “jantar” alguns de seus pacientes. No primeiro filme, “O
Silêncio dos Inocentes”, ele é convocado, mesmo estando preso, para auxiliar o
FBI a traçar o perfil psicológico de um perigoso serial killer conhecido por
Bufalo Bill.
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