A desconhecida

03 dezembro 2022

 

A Desconhecida de Peter Swanson é um exemplo latente de como um personagem “xarope” pode destruir um enredo razoável ou mediano criado por um autor. Isso mesmo: razoável ou mediano, porque o plot criado por Swanson – ao contrário do excelente Eles Merecem a Morte – não passa disso e está muito longe de atingir a escala bom e mais distante ainda de “triscar” no excelente. Mas se George Foss, personagem central da trama, fosse menos “xarope” acredito que A Desconhecida poderia ser incluída no rol das obras razoáveis, daquelas que você lê e logo esquece, mas sem o risco de abandonar o leitura no meio ou até mesmo no início. E por pouco não fiz isso, e tudo por culpa desse infeliz do George Foss.

Se fosse comparar esse personagem com algum animal, acho que a melhor definição seria uma ameba. O cara não tem vontade própria; ele passou a trama inteira sendo enganado, manipulado e desprezado por uma mulher; e mesmo assim, adivinhem? Ele “carregou um caminhão de esterco”, durante toda a história, pela tal dessa mulher. Tipo assim: ela estalava os dedos e ele vinha correndo, como um cachorrinho corre para o seu dono.

Galera, em determinado momento do enredo, a raiva e o inconformismo bateram forte em mim, ao ponto de deixar o livro encostado – temporariamente – e partir para uma outra leitura, geralmente um conto, para evaporar a minha raiva com o tal George Foss. Só não abandonei inteiramente A Desconhecida porque tinha a esperança de uma virada no modo de agir do tal personagem, o que nunca aconteceu. Fui até o fim torcendo por essa virada, mas no último capítulo fiquei com mais raiva ainda. Foi aí que a ‘coisa fud... de vez”. Depois de lamber a sola direita do sapato de Liana Decter, ele pede permissão para lamber a sola esquerda. Cara, aquilo foi a “morte” para mim. Verdade!

Liana Decter, também, não fica atrás. Ela não tem o mínimo de empatia. Conheci vilões que me balançaram na hora de escolher um lado – mocinho ou bandido? – outros, eu tive vontade de esganá-los. Não importa, o que vale é que eles mexeram comigo de uma forma ou de outra. Agora, com relação a Liana é como se ela vagasse no limbo, indecisa em ser uma vilã ou não. Isto confunde o leitor e com o desenrolar da trama, ela acaba se tornando chata ao extremo.

Repetindo o que disse no início da postagem: George Foss e Liana Decter conseguiram estragar uma trama que poderia ter sido razoável. Quanto aos outros personagens secundários do livro, também não ajudam; fracos e chatos demais.

No enredo criado por Swanson, o “xarope” do George Foss é um rapaz que acaba sendo arrastado para uma trama de paixão e assassinato quando um antigo amor reaparece. Em uma noite de sexta-feira, a rotina confortável e previsível de George é quebrada quando, em um bar, uma bela mulher senta-se ao seu lado. A mesma mulher que desaparecera sem deixar vestígios vinte anos atrás. Agora, depois de tanto tempo, ela diz precisar de ajuda e George parece ser o único capaz de salvá-la.

Aceitam um conselho? Esqueçam A Desconhecida e leiam Eles Merecem a Morte; esse sim, vale a pena. Os seus plot twists são verdadeiros socos no fígado dos leitores. Amei a história.

2 comentários

  1. Falta colocar a busca de Pesquisa na página do Home também, por gentileza.

    ResponderExcluir

Instagram