A
Desconhecida de Peter Swanson é um exemplo latente de
como um personagem “xarope” pode destruir um enredo razoável ou mediano criado
por um autor. Isso mesmo: razoável ou mediano, porque o plot criado por Swanson
– ao contrário do excelente Eles Merecem a Morte – não passa disso e está muito longe de atingir a escala bom e mais distante ainda de “triscar”
no excelente. Mas se George Foss,
personagem central da trama, fosse menos “xarope” acredito que A Desconhecida poderia ser incluída no
rol das obras razoáveis, daquelas que você lê e logo esquece, mas sem o risco
de abandonar o leitura no meio ou até mesmo no início. E por pouco não fiz
isso, e tudo por culpa desse infeliz do George Foss.
Se fosse comparar esse personagem com algum animal, acho
que a melhor definição seria uma ameba. O cara não tem vontade própria; ele passou
a trama inteira sendo enganado, manipulado e desprezado por uma mulher; e mesmo
assim, adivinhem? Ele “carregou um caminhão de esterco”, durante toda a história,
pela tal dessa mulher. Tipo assim: ela estalava os dedos e ele vinha correndo,
como um cachorrinho corre para o seu dono.
Galera, em determinado momento do enredo, a raiva e o
inconformismo bateram forte em mim, ao ponto de deixar o livro encostado –
temporariamente – e partir para uma outra leitura, geralmente um conto, para
evaporar a minha raiva com o tal George Foss. Só não abandonei inteiramente A Desconhecida porque tinha a esperança
de uma virada no modo de agir do tal personagem, o que nunca aconteceu. Fui até
o fim torcendo por essa virada, mas no último capítulo fiquei com mais raiva
ainda. Foi aí que a ‘coisa fud... de vez”. Depois de lamber a sola direita do
sapato de Liana Decter, ele pede permissão para lamber a sola esquerda. Cara,
aquilo foi a “morte” para mim. Verdade!
Liana Decter, também, não fica atrás. Ela não tem o
mínimo de empatia. Conheci vilões que me balançaram na hora de escolher um lado
– mocinho ou bandido? – outros, eu tive vontade de esganá-los. Não importa, o
que vale é que eles mexeram comigo de uma forma ou de outra. Agora, com relação
a Liana é como se ela vagasse no limbo, indecisa em ser uma vilã ou não. Isto
confunde o leitor e com o desenrolar da trama, ela acaba se tornando chata ao
extremo.
Repetindo o que disse no início da postagem: George
Foss e Liana Decter conseguiram estragar uma trama que poderia ter sido
razoável. Quanto aos outros personagens secundários do livro, também não
ajudam; fracos e chatos demais.
No enredo criado por Swanson, o “xarope” do George
Foss é um rapaz que acaba sendo arrastado para uma trama de paixão e
assassinato quando um antigo amor reaparece. Em uma noite de sexta-feira, a
rotina confortável e previsível de George é quebrada quando, em um bar, uma
bela mulher senta-se ao seu lado. A mesma mulher que desaparecera sem deixar
vestígios vinte anos atrás. Agora, depois de tanto tempo, ela diz precisar de
ajuda e George parece ser o único capaz de salvá-la.
Aceitam um conselho? Esqueçam A Desconhecida e leiam Eles Merecem a Morte; esse sim, vale a pena. Os seus plot twists são verdadeiros
socos no fígado dos leitores. Amei a história.
2 comentários
Falta colocar a busca de Pesquisa na página do Home também, por gentileza.
ResponderExcluirValeu pela dica. Precisa mesmo. Já providenciei. Obrigado!
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