Três livros de Sidney Sheldon com o poder de transformá-lo em fã de carteirinha do autor

08 dezembro 2022

Aqueles que acompanham o “Livros e Opinião” sabem o quanto gosto de Sidney Sheldon. Amo os seus enredos. Sheldon era tão produtivo quanto Stephen King; uma verdadeira máquina de lançar obras literárias, uma atrás do outra, mas também, a exemplo de King, uma “máquina” que só colocava no mercado obras de qualidade ou pelo menos, a maioria delas. Aliás, Sheldon vai um pouco mais além já que todos os seus 18 livros lançados, ao longo de sua carreira de escritor, ocuparam as principais listas de mais vendidos pelo mundo afora, incluindo o cobiçado toplist do jornal The New York Times. Viram o que eu escrevi acima? Eu “disse” todos os seus livros lançados e não alguns. Cara, qual escritor consegue lançar uma batelada de livros e colocar toda essa batelada, sem exceções, na lista de mais vendidos? Difícil, né? Pois é, mas para Sheldon, não. Ele conseguiu essa proeza.

Portanto, considero difícil selecionar cinco, oito ou dez de seus melhores livros, mesmo assim, topei encarar o desafio, mais que isso: dificultar esse desafio ao máximo e escolher os três melhores livros do autor.

Antes que alguns leitores critiquem as minhas escolhas, gostaria de lembrar que toda e qualquer lista sempre é pessoal pois reflete a opinião de quem a elaborou, por isso jamais pode ser considerada a última cereja do bolo ou então a “única das únicas”. Pode ser que as minhas três melhores leitura de Sheldon não sejam as suas três melhores. Mas tudo bem, chega de enrolação e vamos com as obras do autor que marcaram a minha vida de devorador de livros e que servirão para transformar muitos leitores em grandes fãs de Sheldon.

01 - O Outro Lado da Meia-Noite

A maioria avassaladora de leitores, além dos críticos consideram O Outro Lado da Meia-Noite a obra-prima de Sidney Sheldon, o seu melhor livro. Portanto, quem sou eu parta discordar; além do mais, eu amei o enredo. Na minha opinião, as personagens Noelle Page, Catherine Douglas e Larry Douglas são três dos personagens mais marcantes criados pelo autor. O romance publicado originalmente em 1973 foi o segundo livro lançado por Sheldon. O Outro Lado da Meia Noite é tão bom, mas tão bom, que até os personagens coadjuvantes se sobressaem, podendo assim, se equiparar aos protagonistas. Que o digam o “bandidaço” Constantin Demeris e o impagável Napoleon Chotas, um advogado muito peculiar. Adorei os dois.

Outro detalhe que torna esse livro diferenciado é o seu prólogo. A cena que marca o início do julgamento de Noelle Page é primorosa. Sheldon, de fato, estava inspirado quando escreveu aquele prólogo arrasador.

O Outro Lado da Meia-Noite é o tipo de história que ‘chupa’ o leitor para interior de suas páginas. É aquele enredo que você não lê, mas devora. Sheldon foi muito feliz na composição de seus personagens. Ele criou um triangulo amoroso avassalador. De um lado temos Noelle Page, do outro, Catherine Alexander e, no meio, Larry Douglas.

O enredo do livro tem traições, vingança, mentiras, inveja e mais um arsenal capaz de prender a atenção dos leitores mais dispersos. Ambientado nas décadas de 30 e 40, O outro lado da meia noite narra as histórias de duas mulheres muito diferentes - que têm em comum o amor pelo mesmo homem. A sensual Noelle é uma famosa atriz que sai dos bairros pobres de Marselha para o sucesso no cinema. A americana Catherine é uma profissional bem-sucedida, mas totalmente insegura com o sexo masculino em geral.

O piloto e herói de guerra Larry Douglas, por quem as duas se apaixonam em diferentes épocas de suas vidas, fecha o triângulo amoroso que desperta o ódio do magnata grego Constatin Demiris, amante de Noelle, um homem que não esquece nem perdoa.

Sem dúvida alguma, um livraço que muitos reputam como o melhor escritor por Sheldon.

02 – Lembranças da Meia-Noite

Não dá para desvincular O Outro Lado da Meia-Noite de Lembranças da Meia-Noite. Os dois são carne e unha.  Quando Sidney Sheldon lançou o primeiro, em 1973, o livro tornou-se uma verdadeira febre mundial, transformando-se em Bestseller da noite para o dia. A história das personagens Noelle Page e Catherine Alexander, de personalidades tão distintas, encantou milhares de leitores, incluindo o “menino” aqui. Portanto, uma continuação da história estava mais do que “na cara” e foi o que acabou acontecendo. Mas cá, entre nós, essa sequência demorou um bocado para chegar. Ela só foi publicada após 17 anos, ou seja, em 1990.

No meu caso, precisava, demais, saber como seria a vida de Catherine Douglas a partir do momento em que Sheldon escreveu a última linha de O Outro Lado da Meia-Noite onde vemos uma Catherine ingênua, fraca e sem amor próprio, mas que vai crescendo aos poucos com o virar das páginas. Os tombos, decepções e rasteiras acabam transformando a personagem numa outra pessoa: esperta, corajosa, astuciosa e até mesmo ambiciosa. Em Lembranças da Meia-Noite também temos um outro personagem muito marcante: Constantin Demiris, o todo poderoso magnata grego, que quer a submissão de todos aqueles que um dia cruzam o seu caminho. Lembrando que ele teve um papel decisivo no primeiro livro.

Além de Demiris e Catherine, há outros personagens marcantes na história como Napoleon Chotas (que retorna), Spyros Lambrou e Melina; o primeiro, advogado; o segundo, cunhado e a terceira, esposa de Demiris. E coincidentemente, os três que resolvem peitar Demiris. Grande parte do enredo se resume no embate entre Spyros e Demiris, dois dos maiores armadores gregos, donos de frotas e mais frotas de navios; um querendo engolir o outro. Enquanto Demiris se encaixa na pele de vilão, Sheldon deu à Spyros o papel de bom moço no enredo.

Prestem atenção no plano armado por Melina para incriminar o seu marido. Cara! Fiquei de boca aberta! Após se cansar de apanhar de Demiris ela decide colocar em prática o ditado grego popular: “Os gregos nunca esquecem”.

Considero Lembranças da Meia-Noite uma leitura obrigatória para todos aqueles que leram e se deliciaram com O Outro Lado da Meia-Noite.

03 – O Reverso da Medalha

Fecho o triunvirato das melhores obras escritas por Sheldon com o fantástico O Reverso da Medalha. Que história... impagável!

Na minha opinião, esse livro pode ser considerado o melhor de toda a brilhante carreira de Sidney Sheldon. Considero-o uma ‘obra épica’, já que aborda os dramas, alegrias, conquistas e derrotas de quatro gerações de uma poderosa família: os Blackwell.

A narrativa de Sheldon começa em 1883, quando o patriarca dos Blackwell, Jamie McGrecor, ainda adolescente, decide deixar a sua família na Escócia e seguir  para um distante povoado na África do Sul em busca de diamantes. O seu sonho é ficar rico, aproveitando o período da ‘febre dos diamantes’ que invade as terras africanas. Jamie come o pão que o diabo amassou e paga um preço altíssimo para conseguir o seu objetivo: ficar multimilionário. O capítulo em que Jamie e o seu fiel escudeiro Panda roubam os diamantes de uma mina super-protegida e até aquele momento inexpugnável é de tirar o fôlego.

Kate Blackwell – uma das personagens mais incríveis criadas pelo autor – é filha de Jamie McGrecor. Sheldon explora todas as fases da vida de Kate: desde a sua infância até a fase adulta, quando ela se casa com David Blackwell, um dos empregados de seu pai, bem mais velho do que ela, mas a quem amou desde criança. Nem por isso, ela deixa de transformar David num joguete visando apenas a expansão de seu império.

Desde o momento que aparece pela primeira vez na história, Kate domina as páginas do romance de Sheldon, graças a sua personalidade forte. Ela não é muito diferente de Jamie McGregor, já que é capaz de fazer coisas terríveis para o bem da Kruger-Brent, conglomerado de empresas que herdou de seu pai. Para ela, a Krueger-Brent está acima do marido, dos filhos e dos netos. Durante as páginas do romance aprendemos a amar e também odiar Kate Blackwell.

O Reverso da Medalha é um livrão para ser devorado em poucas horas. Um enredo que prende o leitor da primeira a última página, bem diferente do desastroso A Senhora do Jogo, de Tilly Bagshawe, considerado a sequência da obra- prima e épica de Sheldon. Se você está pensando em se iniciar no chamado “Universo Literário Sheldon” nada melhor do que começar pelos seus três melhores livros.

Vamos que vamos!

Taí galera,

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