Quantas vezes você já acessou uma livraria virtual,
tipo Amazon, Submarino, Saraiva, Estante Virtual ou qualquer outra parecida,
com o propósito de comprar determinado livro e no final acabou se interessando
por outro de gênero completamente diferente?
Comigo, já aconteceu várias vezes, a última e bem
interessante ocorreu há menos de duas semanas quando pretendia comprar um
romance “água com açúcar” para dar um tempo nas leituras densas que havia
realizado, mas entonce... acabei dando de cara com Battle Royale do jornalista e escritor japonês Koushun Takami.
Cara, nunca tinha ouvido falar dessa obra, mas após
ler algumas sinopses e críticas na Internet, acabei me interessando, e assim
fui buscar mais informações em sites daqui e também de fora. Só então percebi
que o meu interesse por uma leitura mais leve tinha cedido lugar para uma
história pesada e chocante, mas em contrapartida muito elogiada pela crítica e
também pelos leitores de um modo geral.
Os elogios são tantos que confesso, estou balançando:
compro-compro. Sei não... acho que vou acabar comprando, mas ainda pretendo
aguardar um pouco mais, mesmo porque o saldo do meu cartão de crédito está
perto do estouro, mesmo a obra não custando tão cara: R$ 39,36 na Amazon, onde
até há poucos dias, inclusive, ocupavsa o primeiro lugar dos mais vendidos.
Battle Royale, escrito em 1997, é o romance de estreia de Takami que poir sua vez sofreu uma grande decepção. Não com o livro, mas com a forma como ele foi tratado num importante concurso literário. Eu explico melhor. O manuscrito de seu romance havia chegado à final do Japan Grand Prix Horror Novel, concurso literário voltado para a ficção de terror, mas acabou preterido. Embora habituado a tramas assustadoras, o júri se alarmou com a história do jogo macabro entre adolescentes de uma mesma turma escolar que, confinados numa ilha, têm de matar uns aos outros até que reste apenas um sobrevivente. Detalhe: o organizador da sangrenta disputa é o próprio Estado japonês, imaginado pelo autor como uma totalitária República da Grande Ásia Oriental.
Não deu outra: a ousadia de Takami custou caro e a sua
história acabou sendo preterida pelos críticos japoneses.
Battle
Royale só seria lançado em 1999 e fez bonito, dando o troco
no júri do concurso literário mais importante do Japão. A obra vendeu mais de
um um milhão de exemplares e foi comentada no Japão inteiro deixando um rastro
de polêmica.
A repercussão foi tão intensa que apenas um ano depois
já eram lançadas as adaptações da história para o cinema e para os mangás –
mais tarde, viriam sequências tanto na tela grande como nos quadrinhos. O
filme, que tem no elenco o ator e cineasta cult Takeshi Kitano, chegou ao
Brasil apenas em DVD, enquanto a série em mangá completa foi publicada aqui
entre 2006 e 2011.
Com o lançamento do filme não demoraram a surgir as
comparações com Jogos Vorazes baseado
na saga literária de Suzanne Collins. Leitores e espectadores do mundo todo que
leram os livros e assistiram aos filmes acusaram Collins de ter plagiado a
história do escritor japonês.
Apesar de o ponto de partida ser exatamente o mesmo –
jovens obrigados a se matar entre si como parte de um jogo –, a escritora alega
que só veio a saber da existência da obra japonesa quando o primeiro Jogos Vorazes já estava no prelo. De sua
parte, Takami, cordialmente, declarou que não pretende processar Collins, por
acreditar que cada livro tem algo novo a oferecer. Independentemente disso, a
questão tomou conta da internet, com milhares de páginas de fãs debatendo
semelhanças e diferenças entre as obras.
Para aqueles que conhecem as duas narrativas, de fato,
as semelhanças entre as histórias não são escassas: Em ambas, o governo envia
jovens para um local isolado, onde precisam se matar em um determinado período
de tempo. Todo o horror é transmitido para as massas, como uma espécie de
reality show macabro.
E claro, existem as regras: Se mais de uma pessoa
estiver viva até o fim do game, todos morrem, deixando a edição sem vencedores.
As comparações apenas aumentaram quando Jogos
Vorazes ganhou a sua primeira adaptação cinematográfica, protagonizada por
Jennifer Lawrence.
Mas apesar de terem premissas semelhantes, a execução
de seus conceitos é extremamente diferente. Jogos Vorazes, por mais violento
que seja, é uma franquia com foco no público adolescente. Já Battle Royale é uma jornada diferente: Tanto
o longa quanto o livro são indigestos e extremamente sangrentos sem nenhum
alívio narrativo.
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