Vocês já pararam para pensar que a maioria dos
livros pós-apocalípticos tem nos zumbis a causa principal do fim do mundo?
Verdade! Perceba que de cada 10 livros do gênero pelo menos oito – para não
falar nove – tem como plot experiências cientificas mal sucedidas ou então um
vírus desconhecido que ataca a humanidade e acaba transformando a maioria dos
habitantes da terra em mortos vivos.
Na postagem desta semana quero fugir um pouco do
convencional e citar alguns livros apocalípticos e pós-apocalípticos, cujos
autores optaram por excluir os zumbis de suas tramas e substituí-los por outras
maneiras mais criativas para devastar a maioria da raça humana. Vamos com as
indicações.
01
– A Guerra dos Mundos (HG Wells)
Me respondam quem poderia substituir, com toda
eficiência, os zumbis num possível ataque devastador ao planeta terra? Na minha
opinião, a resposta mais óvia seriam os alienígenas. Imagine uma raça de um
outro planeta com recursos tecnológicos além da nossa vã imaginação, e que num
“belo dia” decidem roubar o planeta Terra dos humanos. O escritor HG Wdells
teve essa ideia ao escrever A Guerra dos
Mundos em 1898 e que acabou se transformando num clássico da literatura
mundial. O livro abriu caminho para que muitos outros escritores contemporâneos
explorassem o tema em suas obras.
Em A Guerra
dos Mundos, Wells narra a invasão da Terra por marcianos inteligentes,
dotados de um poderoso raio carbonizador e máquinas assassinas.
No livro, os marcianos desembarcam nos arredores de
Londres em cilindros metálicos que são inicialmente confundidos com meteoros.
Não leva muito tempo para as pessoas descobrirem que dentro destes cilindros há
seres alienígenas extremamente hostis e coordenados. Então tem início ao ataque
que pode levar a dizimação de todos os terráqueos. Os marcianos usam armas como
raios carbonizadores e fumaças intoxicantes e letais, alimentam-se de fluídos
humanos e dizimam tudo que encontram pela frente.
O enredo criado por Wells foi adaptado diversas
vezes para o cinema, a última em 2005, por Steven Spielberg, com Tom Cruise e
Dakota Fanning nos papéis principais.
02
– A Estrada (Cormac McCarthy)
Neste romance de ficção pós-apocalíptica, o escritor
americano Cormac McCarthy descreve a jornada empreendida por um pai e seu jovem
filho ao longo de um período de vários meses através de uma paisagem devastada
anos antes por um cataclismo sem nome que destruiu a civilização e boa parte da
vida na Terra.
Após a hecatombe – o autor não dá maiores detalhes de como ela ocorreu - as cidades foram transformadas em ruínas e pó, as florestas se transformaram em cinzas, os céus ficaram turvos com a fuligem e os mares tornaram-se estéreis. Os poucos sobreviventes passaram a vagar em bandos.
Dentro desse contexto, um homem e seu filho não
possuem praticamente nada. Apenas uns cobertores puídos, um carrinho de compras
com poucos alimentos e um revólver com algumas balas, para se defender de
grupos de assassinos. Estão em farrapos e com os rostos cobertos por panos para
se proteger da fuligem que preenche o ar e recobre a paisagem. Eles buscam a
salvação e tentam fugir do frio, sem saber, no entanto, o que encontrarão no
final da viagem.
Além de ganhar diversos prêmios dentre eles o
Pulitzer Prize for Fiction e James Tait Black Memorial Prize, A Estrada foi adaptado em 2009 para o
cinema. Contou com a direção de John Hillcoat e foi protagonizado por Viggo Mortensen e Kodi Smit-McPhee. Apesar de
muito bom, o filme não fez o sucesso esperado na época, sendo recebido, apenas,
de maneira razoável pela crítica e público.
03
– Estação Onze (Emily St. John Mandel)
Saem os zumbis e entra a gripe suína como principal
protagonista dessa hecatombe apocalíptica. O enredo de Estação Onze de Emily St. John Mandel lançado em 2014 se passa na
região dos Grandes Lagos na América do Norte antes e depois de uma pandemia
fictícia de gripe suína, conhecida como "Gripe da Geórgia", ter
devastado o mundo, matando grande parte da população.
O livro que ganhou o Prêmio Arthur C. Clarke em 2015
foi bem recebido pela crítica. Ele apareceu em várias listas de final de ano
como um dos melhores romances de 2014.
No romance de sci-fi pós-apocalíptico, um grupo de
teatro apresenta em Toronto, no Canadá, uma montagem nova da peça shakesperiana
Rei Lear.
Jeevan Chaudhary está na plateia quando o ator
principal, Arthur Leander, tem um ataque cardíaco fulminante. Estudando para
ser paramédico após anos de carreira jornalística como paparazzi e repórter,
ele logo tenta reanimar o ator, mas já é tarde. No palco, uma atriz-mirim de 8
anos, Kirsten Raymonde, vê tudo sem entender exatamente o que está acontecendo.
Pouco depois da morte de Arthur, começam a aparecer na cidade as primeiras
vítimas da Gripe da Georgia, até então limitada apenas à Europa, que em questão
de horas mata uma multidão de pessoas. A partir daí o mundo como conhecemos
começa a se acabar.
Vinte anos depois do “fim”, Kirsten, que conseguiu
sobreviver e faz parte de uma sinfonia itinerante que, além de fazer
apresentações com sua pequena orquestra, também representa peças de Shakespeare
por uma América do Norte dizimada. Sem gasolina, sem energia elétrica, sem
qualquer tipo de tecnologia e combustível para movê-los, o grupo viaja em
carros adaptados puxados por cavalos, oferecendo entretenimento nas cidadelas
que encontram. São, basicamente, bem recebidos por todos, até encontrarem uma
cidade em que está nascendo um culto religioso que pode colocá-los em perigo.
Como já escrevi acima, o livro recebeu rasgados
elogios na época de seu lançamento em 2014.
04
– Metro 2033 (Dmitry Glukhovskiy)
O enredo de Metro
2033 escrito pelo russo Dmitry Glukhovskiy se passa na cidade de Moscovo,
Rússia, após uma catástrofe nuclear que obriga os sobreviventes a se refugiar
nas estações de metrô onde passam a viver. Com o passar do tempo começam a ser
criadas pequenas nações nessas linhas de metrô. Neste cenário desolador, o ser
humano já não tem mais o comando sobre a Terra. Novas formas de vida e monstros
mutantes (não zumbis, fique claro) a dominam, além do ar tóxico contaminado de
radiação surgidos como consequência das bombas nucleares que devastaram Moscou
no ano de 2033.
O protagonista da história se chama Artyom, um jovem
russo que passou sua vida inteira dentro da rede de túneis do metrô. Um dia ele
conhece Hunter um velho amigo de seu padrasto e uma pessoa conhecida por
resolver vários assuntos do metrô, e diz que não só a estação de Artyom, a VDNKh,
está correndo perigo, mas sim todo o sistema do metrô. Ele diz que vai em uma
busca e que se ele não voltar em um dia Artyom deve partir para a estação Polis
que fica no centro do metrô e falar com seus superiores sobre o perigo que se
esconde nos tuneis. Hunter acaba não voltando e Artyom tem que completar a sua
missão de salvar sua estação de nascimento e todos as pessoas que vivem no
sistema de túneis.
O livro que foi muito bem recepcionado na Rússia e
também em outros países, vendendo 4 milhões de cópias ao redor do mundo, inspirou
a criação da franquia de games lançada em 2010. Mas o sucesso do livro de Glukhovskiy
não para por aí já que a história será adaptada em um filme, conforme divulgado
pela Variety. A produção será feita pela TNT-Premier Studios Company da Rússia,
o TV-3 Channel e a Central Partnership Film, e as filmagens estão programadas
para começar em 2020; a estreia na Rússia é prevista para 1º de janeiro de
2022.
05
– A Praga Escarlate (Jack London)
A
Praga Escarlate do mesmo autor do clássico Caninos Brancos foi escrito em 1921, mas
a edição brasileira só foi publicada em 2003 pela Conrad Livros.
A história desenrola-se no século XXI e tem como
personagens principais um velho professor universitário chamado Granser e seus
três netos, todos eles reduzidos à condição de selvagens. Eles fazem parte dos
poucos sobreviventes de uma peste que dizimou a humanidade e destruiu a
civilização em 2013.
O velho professor conta aos netos as aventuras que
viveu para escapar à terrível peste, através do mundo despovoado, de desertos e
de cidades mortas, procurando desenvolver neles os valores do conhecimento e da
sabedoria.
Granser era professor de Literatura da Universidade
de Berkeley em São Francisco e tinha 27 anos quando a praga chegou. As
primeiras notícias falavam de um surto em Nova York e o número de mortos ainda
era baixo. Porém, uma vez contraída a praga, as pessoas morriam muito rápido,
em questão de horas, depois de ficarem com o corpo vermelho como sangue. A
praga foi se espalhando cada vez mais até dizimar quase toda a população
mundial.
Além de ser a última pessoa viva a lembrar da praga,
Granser é, talvez, a última pessoa educada do mundo. Além do desaparecimento da
tecnologia que uma vez existiu, até mesmo a língua havia se reduzido a um falar
quebrado e de vocabulário pequeno. Seus netos já não reconheciam palavras como
educação, civilização e sociedade, por exemplo, e também não sabiam contar.
06
– O Natal de Ômega (Celso Passos Junior)
Oba! Tem escritor brasileiro em nossa lista! Este
livro do carioca Celso Passos Junior, publicado em 2017, recebeu muitos elogios
da crítica e a maioria dos leitores também adoraram.
O
Natal de Ômega nos apresenta um mundo apocalíptico e
pós-apocalíptico. A Terra foi atingida por um fenômeno astronômico, tão raro
quanto mortal. Uma das anomalias mais perigosas que o Universo produz: o buraco
negro primordial. Esta anomalia é uma pequena esfera, mas com um por cento da
massa do nosso planeta e metade da velocidade da luz. Na história, ela atravessa
a Terra em poucos minutos, empurrando bilhões de toneladas de lava e rocha, em
direção à superfície dos cinco continentes.
O mundo é devastado, as cidades arrasadas por
terremotos, erupções e tsunamis. Não há transporte e comunicação, os hospitais
estão lotados. A atmosfera fica escura e tomada por cinzas e gases venenosos.
Os sobreviventes lutam contra as calamidades, fugindo do frio, do caos, da
falta de comida, aquecimento e remédios.
Uma geóloga brasileira luta com a família, pela
sobrevivência. Seu namorado está nos Estados Unidos, tentando a impensável
missão de chegar ao Brasil, lutando contra o frio e as cinzas de Yellowstone,
perigos naturais e bandos espalhando violência.
Rafael e Ana Maria foram os únicos que saíram com
vida da ilha que desabou no Atlântico. Atravessam a África, em meio a incêndios
e grupos terroristas. Um pesadelo além da imaginação, uma catástrofe natural
que somente o ser humano é capaz de piorar. Os sobreviventes não perdem as
esperanças e desafiam a natureza, numa jornada de compaixão e amizade.
07
– A 5ª Onda (Rick Yancey)
Apesar do livro de Rick Yancey ter dado origem a uma
trilogia, a sua recepção pelos leitores foi bem morna, ou seja, nem todos
gostaram. Mesmo assim, ainda ganhou um filme baseado na obra também morno. Mas
vamos lá. No enredo de A 5ª Onda
publicado no Brasil pela editora Fundamento, o ataque de seres extraterrestres hostis
ao nosso planeta chega de maneira sequencial, dividida em partes ou se
preferirem, em ondas de ataques.
Na primeira onda, um pulso eletromagnético retira a
eletricidade do planeta. Na segunda onda, um tsunami gigantesco mata 40% da
população. Na terceira, os pássaros passam a transmitir um vírus que mata 97%
das pessoas que resistiram aos ataques anteriores. Na quarta, os próprios
alienígenas se infiltram entre os humanos restantes, espalhando a dúvida entre
todos.
Com a proximidade cada vez maior da quinta onda, que
promete exterminar de vez a raça humana, uma adolescente precisa proteger seu
irmão mais novo e descobrir em quem pode confiar num planeta perto da
devastação.
Cassie Sullivan, uma das sobreviventes, conta cada
etapa desse ataque e as suas consequências. A garota, juntamente com outros
amigos que conseguiram escapar decidem formar um grupo de resistência e
enfrentar os invasores.
08
– Mundos Apocalípticos: Histórias do Fim dos Tempos (Vários autores)
Fome, Morte, Guerra e Peste, estes são os pilares dos enredos da coletânea de contos dessa obra que reúne alguns dos maiores autores da literatura ficcional. Zumbis passam longe dos enredos
Stephen King, George R.R. Martin e Orson Scott Card
são algumas das feras presentes nesta obra que eu recomendo e muito para os
leitores que estão à procura de narrativas apocalípticas e pós-apocalípticas.
A coletânea de contos organizada por John Joseph
Adams nos presenteia com histórias sobre eventos que levaram ao fim do mundo e
de momentos posteriores ao apocalipse, indo de alguns poucos dias a até
centenas de anos passados. Os destaques ficam para as histórias “Escuros, muito
escuros eram os túneis”, um dos primeiros contos do George R. R. Martin, onde dois
cientistas que vivem numa colônia humana da lua regressam ao que sobrou da
Terra para suas pesquisas. O que não imaginam, no entanto, é que parte da
humanidade sobreviveu, mas não sem sequelas. “Sons da Fala” de Octavia Buttler
onde num futuro próximo a sociedade se deteriora por causa de uma doença que
extingue a capacidade de falar do ser humano. “O Povo da Areia e da Escória” de
Paolo Bacigalupi, no qual a tecnologia transformou a humanidade a ponto de
questionarmos se os protagonistas ainda são seres humanos. “Depois do Juízo
Final” de Jerry Oltion que mostra uma expedição de colonização fracassada num
planeta distante e que retorna a Terra para encontrar um planeta vazio.
São 22 contos; a maioria deles, ótimos.
09
- O Último Homem (Mary Shelley)
Este romance pós-apocalíptico de Mary Shelley foi publicado primeiramente em 1826, oito anos após a sua obra máxima: Frankenstein.
O
Último Homem é narrado pelo personagem Lionel
Verney, o único sobrevivente que conta a história dos últimos momentos da
humanidade, destruída por uma praga que mata, gradualmente, homens e mulheres. Esta
nova doença surge na Ásia e, paulatinamente, se espalha pela Europa. Atinge
fortemente a Itália e, de lá, se alastra para o continente americano causando
milhares de mortes por todo o mundo. A pandemia global expõe a fragilidade da
democracia e da organização social vigente e traz à tona questões existenciais
sobre a natureza e o futuro da humanidade.
A linguagem rebuscada, praticamente poética,
considerada antiquada por algumas pessoas que leram a obra, não faz de O Último Homem um livro comum para todos
os gostos. A obra é bem polêmica: alguns leitores amaram, outros odiaram.
10
– A Dança da Morte (Stephen King)
O livro segue o gênero pós-apocalíptico, retratando
um mundo devastado por uma grande peste durante a década de 1980 (ou seja, em
um futuro próximo, considerada a época do lançamento do livro que ocorreu em
1978).
Em A Dança da
Morte de Stephen King, em questão de horas, um misterioso vírus se espalha
pelos Estados Unidos. Quarentenas são impostas, a internet é tirada do ar,
hospitais entram em colapso. E, então, em menos de dois dias pelo menos 99% da
população está morta. Há terror nessa urgência, mas, ao mesmo tempo, é
impossível não compará-la ao suspense mais lento e angustiante de acompanhar
por dias e meses o desenrolar de uma pandemia sem fim.
Aos sobreviventes do vírus letal resta reconstruir a
sociedade a partir das ruínas do que ficou para trás. Contudo, o renascimento
não garante um mundo melhor e as forças que buscam dar forma ao futuro passam a
lutar entre si.
Os poucos sobreviventes se dividiram em facções: uma
democrática, liderada pela Mãe Abigail, uma senhora de 108 anos; enquanto a
outra é mantida pela brutalidade de Randall Flagg, dono de poderes
inexplicáveis.
The
Stand foi publicada em 1978 pelo "mestre do
terror", Stephen King. Lançado no Brasil como A Dança da Morte, o livro ganhou uma edição expandida nos anos 1990
e duas minisséries de TV: uma em 1994 e outra, mais recente, em janeiro de
2021.
Taí galera, espero que tenham apreciado a lista.
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