Muito antes de Dr. Estranho, as gerações dos anos 30 aos 60 já se deliciavam com as aventuras de ‘Mandrake, O Mágico’

22 março 2017

Se eu lhe perguntar qual o mágico, ilusionista ou mago que você mais curte nas histórias em quadrinhos, com certeza a resposta será Dr. Estranho. Ainda mais agora com a febre do filme sobre o personagem. Cara, no meu caso, acredite, a resposta seria diferente. Sem pestanejar eu diria: Mandrake.
Esta ‘fera’ que tinha como companhias inseparáveis a sua cartola preta e um príncipe africano chamado Lothar fez a alegria dos adolescentes das décadas de 1930 a 1960.
Mandrake foi criado em 1934 por Lee Falk (também autor do Fantasma). Falk encarregou Phil Davis (1906 -1964) de desenhar as suas histórias. Nos últimos anos de vida, Davis desenhava a tira com a assistência de sua esposa, Martha. Após a sua morte quem assumiu os desenhos foi o versátil artista Fred Frederick.
O Dr. Estranho conhecido como o ‘Mago Supremo’ só surgiria 30 anos depois, em 1963, pelas mãos de Stan Lee e Steve Ditko. Por isso, considero Mandrake o ‘pai’ do Dr. Stephen Vincent Strange; Dr. Estranho para os íntimos. Quem sabe Lee e Ditko  não se inspiraram no personagem dos anos 30 para compor o seu Doctor Strange. Pois é, quem sabe.
Mandrake é um ilusionista de fraque e cartola que se valia de uma impossível técnica de hipnose instantânea, aplicada com os olhos e gestos das mãos, e de poderes telepatas. Quando o narrador informava que ele executava seu gesto hipnótico, a arma do vilão se transformava em um buquê de rosas ou numa pomba.
Boa parte das aventuras de Mandrake, especialmente as primeiras, foram ambientadas em locações exóticas na África e na Ásia, continentes para os quais o mágico viajava quando saia dos Estados Unidos, onde residia numa cidade não identificada.
Nos primeiros anos, o personagem possuía habilidades sobrenaturais – bem parecidas com a do Dr. Estranho – mas depois seus poderes se tornaram mais verossímeis ficando restritos aos seus conhecimentos de hipnose e ilusionismo.
Uma curiosidade interessante é que Mandrake foi inspirado em um mágico da vida real chamado Leon Mandrake – amigo particular de Lee Falk – que atuava de bengala, cartola, fraque e bigodinho (fisionomia idêntica ao famoso personagem) fazendo um enorme sucesso nos teatros daquela época.
Sacha Baron Cohen que estará vivendo Mandrake nos cinemas
A trama era ambientada nos anos 30, onde "Mandrake" enfrentava criminosos e bandidos  dos mais variados: assaltantes, espiões, e até alienígenas e seres extra-dimensionais (Olha o Dr. Estranho novamente aí!). O mágico também podia contar com a ajuda de sua noiva: A princesa "Narda" (de um reino da Europa Oriental) e de seu amigo: "Lothar" (príncipe africano que usa a "força bruta" no combate ao crime).
Lothar, inclusive, possui o mérito de ser o primeiro personagem negro de destaque numa história em quadrinhos norte-americana, antes dele, os poucos negros que apareciam nos quadrinhos eram personagens secundários ou não mais do que meros figurantes.
No Brasil, "Mandrake" estreou no ano seguinte à sua criação, no "Suplemento Juvenil" (de 1935), uma publicação dedicada à quadrinhos de heróis e tiras de jornal, tipo "Flash Gordon", "Tarzan", e "Pato Donald". Até o começo dos anos 50 o personagem não teve revista própria, mas suas aventuras eram publicadas com grande destaque em jornais e revistas mix: "Mirim", "Gibi" e "Globo Juvenil". No finalzinho de 1950, ‘Mandrake, O Mágico’ passaria a ganhar o seu gibi exclusivo no Brasil. e cara, como eu me deliciei com as suas aventuras!! Posso afirmar, sem medo de errar, que antes de "mergulhar" no meu hobby por livros; os quadrinhos desse mágico elegantérrimo - que só usava ternos finos, fraque, cartolo, capa de seda com forro vermelho e o seu inconfundível bigodinho a 'la escovinha' - eram os meus favoritos.
O sucesso de “Mandrake, O Mágico” não ficou apenas nos gibis. Em 1939, a Columbia Pictures, inspirada no sucesso dos quadrinhos, resolveu fazer o seriado “Mandrake, The Magician”, estrelado Warren Hull. O seriado teve 12 capítulos e fez muito sucesso naquela época.
Cartaz do filme da Columbia Pictures de 1939
E apesar da demora – já tivemos adaptações de ‘Spirit’ e até mesmo de ‘O Sombra’ – o personagem de Lee Falk finalmente ganhará as telonas. Segundo informações do The Tracking Board, a produção ‘Mandrake – O Mágico’ está em desenvolvimento na Warner Bros e trará Sacha Baron Cohen, conhecido por ‘Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América’, no papel principal.
O site norte-americano também confirma que o roteiro será escrito por Tom Wheeler, David e Janet Peoples. Na direção, quem assume é Etan Cohen, de ”O Durão”. Ele é mais conhecido por seu trabalho como roteirista em MIB: Homens de Preto 3 e Trovão Tropical.
Iahuuuuu! E dá-lhes Mandrake!!


Um comentário

  1. Eu comprei uma edição do mandrake da Pixel,mas sinceramente eu gosto mais do Lee Falk escrevendo o fantasma mesmo :P

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