Tô pasmado com as teorias de Laurence Gardner. Cara,
o sujeito bebeu todas! Viajou na maionese. Olha, sou o tipo de leitor
persistente; daqueles que não foge da luta mesmo quando o livro é medonho. Não
adianta, não abandono a contenda de maneira alguma; sempre acredito que o
enredo dará uma virada mágica nos momentos finais, salvando a obra. Por isso,
grudo o ‘inimigo’ com unhas e dentes e só solto em último caso, mas confesso
que não resisti a ‘Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada’ de Laurence Gardner.
Cara, o livro é muito louco, sem pé nem cabeça. Não consegui terminar de ler as
pataquadas do autor. Abandonei as 366 páginas antes de chegar na metade. Tentei
ir até o fim, mas juro que não deu.
Acredito que um dos mistérios que mais intriga os
religiosos, arqueólogos e a comunidade científica, de um modo geral, é a arca
da aliança. Segundo relatos bíblicos, a arca foi
construída no século 13 a.C., por ordem de ninguém menos que Moisés para
guardar as tábuas dos Dez Mandamentos. O Antigo Testamento a descreve como um
móvel de madeira revestido de ouro. Quem a visse ou tocasse nela tinha morte
certeira, com exceção do sumo sacerdote dos hebreus. Antes de desaparecer, ela
era guardada no templo de Jerusalém, erguido no reinado de Salomão. No ano de
642 a.C., para proteger a arca de uma possível invasão ao templo, o rei Josias
teria mandado escondê-la. Depois disso, a Bíblia não faz mais referências sobre
o paradeiro do baú sagrado.
Mas onde está a arca? Ela, de fato,
existiu? Qual o seu poder? Qual a opinião da comunidade religiosa e científica?
Qual a relação dos templários com o artefato? Eram tantas as minhas dúvidas que
acabei indo com toda sede ao pote. Pena que ele caiu e se quebrou.
O livro de Gardner não esclareceu
nenhum desses questionamentos. Parecia que estava lendo um livro sobre
alienígenas.
A primeira chutada de balde do
autor é a de que Moisés não seria judeu, mas um faraó egípcio chamado Akhenaton que fugiu do Egito após tentar
cultuar um único Deus.
O soco no estômago fica por conta
da revelação de que o Monte Sinai não está localizado onde todos pensam que
está: no sul da península do Sinai, no Egito, onde em seu sopé encontra-se o
Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina. Na cabeça do autor, o famoso monte fica em
outra montanha onde foram descobertos os vestígios de um antigo templo egípcio
para uma deusa. Mêo, se prepara porque as pataquadas vão piorando cada vez
mais! Gardner diz que a arca da aliança já existia há muito tempo nesse templo
da deusa egípcia e tinha um poder incalculável. Sabe qual? transformar ouro em
um pó chamado mfkzt. O tal pozinho teria propriedades curativas e... mágicas,
já que permitia que a Arca levitasse.
Desta maneira, de acordo com
Gardner não havia nenhum deus no Monte Sinai só um equipamento qualquer, muito
poderoso, capaz de fabricar um pó também muito poderoso.
Outras teorias amalucadas foram
surgindo no decorrer da leitura, mas ao chegar antes da metade do livro, entreguei
os pontos. Acabei sendo nocauteado, após vários diretos no queixo e no fígado.
Desisti.
Juro que tentei, mas não deu.
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