Li a resenha de “Os Doze mandamentos” em vários
blogs e grande parte deles criticou o livro de Sidney Sheldon, dizendo que a
obra é muito ruim. Alguns colegas blogueiros afirmaram que o autor nem mesmo parecia ser Sheldon por
causa da má qualidade dos contos.
Olha, desculpem-me, mas eu não concordo. Gente, “Os
Doze mandamentos” é uma obra infanto-juvenil e tanto o seu enredo quanto os
seus personagens jamais poderiam ter as mesmas características dos romances
adultos escritos pelo autor. Isto é obvio.
Quem é fã de Sheldon – como eu – conhece
perfeitamente o seu estilo de escrita. Intrigas, sexo, traições, mulheres
fortes ou submissas, vilão mau caráter ao extremo, sem contar os prólogos que
antecipam parte do enredo, fazendo com que o leitor queime os neurônios para
‘advinhar’ o destino dos personagens principais. Tudo bem, agora coloque todos
esses ingredientes num romance infanto-juvenil. Cara, sem chance!
Penso que vários leitores que apreciam o estilo
literário de Sheldon, leram “Os Doze Mandamentos” de maneira desavisada, acreditando
que teriam pela frente contos semelhantes aos seus enredos tradicionais. E foi,
então, que o calo apertou e o dono do sapato gritou.
Li o livro de apenas 142 páginas em menos de dois
dias. Gostei muito dos contos porque já sabia que encontraria um Sheldon ‘infantil’
e não adulto. E olha que mesmo sendo para essa faixa etária, ele ainda deu uma
apimentadinha em alguns trechos, como no conto relacionado ao do ao sexto
mandamento: “Não Matarás”, onde um homem decide matar a sogra que mora com ele
e vive atrapalhando o seu relacionamento com a esposa.
“Os Doze Mandamentos”, lançado originalmente em
1995, não é a primeira incursão de Sheldon na literatura infanto- juvenil. Neste
mesmo ano, ele escreveu “O Fantasma da Meia-Noite” e em 1991, foi a vez de “O
Estrangulador” .
Em “Os Doze Mandamentos”, Sheldon explica com muito
humor o porque dos dois mandamentos excedentes (Nunca dirás
uma inverdade e Não farás mal ao teu semelhante) não terem chegado ao conhecimento dos homens.
Há também um breve resumo sobre importantes passagens bíblicas, entre as quais
“A Arca de Noé”, “A Torre de Babel”, “Abertura do Mar Vermelho”, “Daniel na
Cova dos Leões” e outras numa narrativa bem leve e despojada . Ah! Antes que
pensem que o autor esteja cometendo algum tipo de sacrilégio com tais passagens
bíblicas, lembro que o humor contido nos textos não tem nada de agressivo, pelo
contrário, é uma irreverência saudável, tornando a leitura muito mais atraente.
Logo depois desse prólogo tem início os contos que
são narrados sem firulas e sem muito blá-blá-blá. São histórias curtas e Sheldon
vai direto ao ponto, evitando que se tornem cansativas. Ele narra situações em
que os personagens descumpriram regras e foram
agraciados por isso. Achei três histórias impagáveis, muito boas, de fato. A
primeira delas é a de um padre que se julga um verdadeiro santo por nunca ter
contado uma mentira. Bom... até o dia que ele se vê num apuro danado, então...
já viu o que acontece, né? A segunda é sobre o capanga de um perigoso mafioso
que mata as suas vítimas sem piedade. Ele se envolve com a amante do capo e é
pego em flagrante. O final é ‘pra lá de inesperado’. E o outro conto é de um
brutamontes que apesar de toda a sua força física nunca revidou uma agressão e
por isso sua vida é apanhar dos outros. Resultado: recebeu o rótulo de ‘covarde
dos covardes”. Mas num ‘belo dia’ ele sai com a mulher para jantar num
restaurante e encontra um cara maior que ele. O valentão além de o chamar de covarde ainda dá uma
cantada descarada na mulher do infeliz. Aí...
“Os Doze
Mandamentos” é um livro muito bom, desde que você leia desprovido da
expectativa de encontrar um Sheldon para adultos.
Inté”
3 comentários
Me irrito muito quando leio opiniões criticando o livro com a justificativa de que nem parece o Sheldon. Num livro infanto juvenil estranho seria se este se parecesse com seus romances picantes, violentos e trágicos. Pior é que logo nas primeiras páginas tem a relação dos livros do autor e esse Os Doze Mandamentos está na categoria infanto juvenil, pra qualquer um ver. Acho esse livro uma delícia. Muito criativo e que agrada públicos de qualquer idade. A única ressalva que tenho é que o conto sobre falso testemunho foge à regra dos que quebram os mandamentos e se dão bem.
ResponderExcluirRonaldo, é isso mesmo. Apesar de ser um livro infanto-juvenil, vários contos de "Os Doze Mandamentos" lembram muito as histórias adultas de Sheldon.
ExcluirAbcs!
Exatamente. Estou lendo e amando os contos, mas o do nono mandamento ne deixou decepcionada (não pela escrita, claro) porque esperava que ele e a vizinha ficassem juntos. Porém, foi genial!
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